A economia de Armação de Pêra assenta essencialmente no turismo. O conjunto de actividades concorrentes e adjacentes ao turismo fazem o todo económico que ocupa a população local e até outra de outras paragens que aqui acode às necessidades geradas pela procura.
As actividades lúdicas destacam-se neste contexto. Quem conhece bem a Vila, sabe que esta não tem oferta suficiente para a procura, por um lado pela sua insipiência, uma vez que, hoje em dia, a “indústria” da diversão carece de investimentos mais elevados que há vinte, trinta anos atrás, e por outro, a oferta nunca foi suficiente para a procura potencial.
Com efeito, a oferta, na guerra da concorrência, vai-se sofisticando na captação de clientelas, o que determina uma capacidade de investimento cada vez maior.
A entrada no “negócio” de multimilionários como Cristiano Ronaldo, com investimentos galácticos com televisões à mistura nas inaugurações, depois da abertura das filiais das grandes discotecas de Lisboa sucessivamente durante os últimos anos, permite concluir acerca da natureza do destino previsto para os pequenos comerciantes do género.
Na verdade sempre assim sucedeu. Albufeira com as suas discotecas históricas como o “7 e ½”, já há quarenta anos ou mais, atraiam os veraneantes de Armação de Pêra que ali acorriam depois do “Casino” esmorecer, por falta de oferta à altura das expectativa dos adolescentes à época na Vila.
O “showbusiness” instalou-se, desde os primórdios do turismo moderno em Albufeira (facto a que Cliff Richards, sinceramente enamorado do Algarve, não terá sido alheio) e o turismo de Armação foi sempre essencialmente familiar, mais doméstico, tranquilo e conservador.
Bastará recordar que, só nos finais dos anos sessenta apareceu a primeira “boite” que era também restaurante, intimista, no edifício do Casino, que concorria com este, embora destinado a segmentos especificos da mesma procura.
Pouco tempo depois, surgiu uma outra “boite” a “Aquarius”, que constituiu uma verdadeira lufada de ar fresco na “noite” armacenense, uma vez que já se tratou, em termos relativos, de um investimento elevado, exclusivamente privado, com uma gestão experiente de um profissional do ramo, oriundo da “noite” de Cascais.
Durante duas ou três épocas polarizou a procura, foi um êxito e correspondeu às expectativas dos interessados, apesar de em percurso gradualmente descendente, e sempre sem prejuízo dos apelos de Albufeira.
O Casino e a sua “boite” e depois a “Aquarius” completavam, com o Cinema (do barracão) a oferta lúdica empresarial da noite de Armação, durante os primeiros quinze anos da fase do turismo moderno (depois de 1958).
Entretanto foram várias as iniciativas, consubstanciadas na abertura de “Pubs”, o primeiro deles o "Fernando's Hidaway, por baixo do Santola, no balneário reorientado, depois o "Funky Chicken" iniciativa de duas cidadãs suecas (inglesas afinal, segundo o comentário do Luís Ricardo), na Rua Rainha Santa, onde hoje é uma loja de móveis, sem grande longevidade e de seguida pela mão do Carlos "Padeiro" (sim, o Carlos da concessão da Praia Grande) e do Fernando "Peras" com o "Cântaro", frente à bomba da gasolina, mais tarde, discotecas, bares de alterne, todas de vida curta, satisfazendo a procura residual, a qual foi, cada vez mais generalizadamente, respondendo aos apelos de outras “noites” algarvias que também se foram disseminando pela Praia da Oura, Rocha, etc.
Com o vinte e cinco de Abril, a já evidente decadência do Casino e a experiência autogestionária de Vilalara, a discoteca local satisfez a procura de Armação de Pêra, mas com carácter conjuntural e sem futuro à vista.
Por essa altura, festa, festa era no "Luis da Conquilhas" onde se comia noite dentro, uns pregos, bifanas e conquilhas, oferta na qual o Luis Ricardo, já nostálgico da revolução que estava para ser, mas não foi, foi percursor em Armação de Pêra.
Pelos idos dos oitenta foi no "Zé Gato", no apoio de praia, uma vez mais reorientado, por baixo do mini-golf, que durante várias épocas a "noite" acontecia e pela primeira vez se aproximou da praia. Um êxito difícil de superar!
Em Armação, mais recentemente, nos primórdios dos noventa, surgiram ofertas de “noites” de praia, a primeira pela mão do popular Calixto, na então inusitada e reorientada Kubata, e bares/ discotecas de pequena dimensão que melhoraram substancialmente a qualidade da oferta nocturna, aparentemente sustentáveis, mas que não perderam a dimensão “doméstica” que não satisfaz a expectativa cosmopolita de grande parte da procura estacionada em Armação.
E assim, no contexto da pacatez doméstica, com os seus altos e os seus baixos, tem decorrido a oferta da noite de Armação, nos últimos anos!
Este ano porém, o apoio de Praia justamente apodado de “mamarracho” na Praia dos Pescadores, e que nasceu no seio de muita controvérsia e contestação popular, decidiu chocar de novo, agora durante a noite...
Não satisfeito com a exploração diurna, o “mamarracho” decidiu-se por uma incursão noite dentro. Até aqui, tudo bem...não fora a sua intenção de “concorrer” com as discotecas...
Optou por música “hard” e pelo volume, insuportável para quem não o procura, do ruído que produz.
Quis, ostensivamente, ser diferente daqueles que oferecendo bares de praia, acompanham com musica apropriada, no grau de volume correcto ao bem estar e ao desfrute tranquilo de uma noite de Agosto, junto ao mar!
Até aqui, passe o despropósito do incómodo geral que proporciona às habitações circundantes, que não são poucas, tudo normal. É para situações destas que a lei do ruído existe, bem como as suas pesadas coimas para os prevaricadores, entre outras consequências penalizadoras.
O que não está verdadeiramente dentro dos limites é a arrogância do proprietário que diz para quem o quiser ouvir que os residentes na zona “tem mas é que colocar vidros duplos” se se quiserem salvaguardar do ruído!
Nunca visto!
Mas, ainda mais grave que o descaramento do interessado é a legitimação para esta prática anti social, por parte de quem dirige a entidade responsável pela atribuição da licença especial de ruído, no âmbito das actividades ruidosas temporárias a Câmara Municipal de Silves, pela boca do seu Vice Presidente quando afirmou, segundo testemunhas oculares, que até acha bem que o bar tenha música!, (sabendo de antemão que a questão não é a música mas o elevado grau do seu volume).
Nunca visto!
Por seu lado, a fiscalização da autoridade marítima que afirma não ter o equipamento necessário para efectuar as medições, nada faz, quando podia fazer, se cumprisse as suas atribuições e competências.
Entretanto os residentes na zona reclamam providências, mas a Câmara de Silves faz ouvidos de mercador.
Pudera! Pensando o Vice Presidente como pensa!
Que compromissos poderão justificar a opção pela ilegalidade que o excesso de ruído representa e pela intranquilidade da procura turistica tradicional?
Ou será só evidência de um grave problema de surdez que não permite a tão sagaz personagem enxergar o óbvio e agir em conformidade?
15 comentários:
O Luis das conquilhas era o actual Luis Ricardo ex candidato `Junta?
Deixem as pessoas trabalhar em paz.
o "Funky Chicken" não foi uma iniciativa de duas raparigas suecas, mas sim de duas inglesas. Uma delas, a Dianne, é esposa do Rui Sequeira - O Ruizinho - que na altura era recepcionista na Estalagem Algar - ainda do dr. Nogueira - e mais tarde do Hotel Garbe. Vive em Ferragudo e têm um restaurante na Praia dos Caneiros.
O Cântaro, foi iniciativa e explorado pelo Fernando "Peras - se bem que tivesse inicialmente a parceria do Carlos "Padeiro". O Fernando Palma "Peras", desapareceu tragicamente em Angola.
Pelos comentários e pelo texto do post verifico serem muito conhecedores da história da noite de Armação de Pêra.
Mas nem um comentário sobre o problema.
Porque será?
Aqui entra uma ciência, a Psicologia,para não entrar nouta, mas tudo e todos são tratáveis.........
Já não se pode ouvir música "Hard" em Armação de Pêra, querem ver?!? só se pode ouvir música de betinhos e azeiteiros... não admira a decadência em que se encontra a vila, com tantos azeites!!!
Esse "sr." que nos manda meter vidros duplos deve estar um pouco desanimado com a fraca adesão de clientela este ano.
Esse sr rouba! Vi uma criança pedir um copo de água ao balcão e uma das brazucas (provavelmente pouco legais) dizer-lhe: "moça, diz à mamãe que o copo de água são 20 cêntimos".
Se isto tudo não for pesadelo, este país vai mal!
não vai, cabe a todos nós fazer valer o simples direito que nos assiste, há livro amarelinho e muito mais.
Ainda bem que á alguem que faça alguma coisa pra Juventude ...........assim podemos nos divertir na nossa terra , saim e vejam as outras terras seus tristes de..... os bailinhos nao fazem ruido ??????????
Ja vi se fosse algum famoso a vir fazer festas de verao que ja nao havia problema :)) ....... Ranhosos como voces que criticam é que deram cabo da Noite em Armaçao . Isto tudo por uma festa semanal :)) Palhaçada
Boa tarde,
Para meu espanto, tamanha semântica descritiva apenas descreve o que lhe convêm.
A história nocturna de Armação de Pêra, merecia no mínimo, uma alusão ao Albatroz, Capelinha, Lei Seca e Cotage. Pelo que acompanhei foram parte de uma época épica de Armação.
O que leva a tamanha perseguição a este espaço? Inveja? Desconforto? Alguma será, mas duvido seriamente que quem escreveu este post goste realmente de Armação de Pera, senão vejamos, todos os estabelecimentos comercias nocturnos de Armação estão abertos até tarde, há imensos turistas e o barulho nas ruas faz-se sentir até perto da uma da manhã! Vamos mandar as pessoas para casa? A Lei do ruído não permite barulhos que afectem terceiros após as 22 horas! Depois há a Feira, com músicas de todos os estilos e barulhos de carrosseis e apitos e confusão... fecha-se também?
Tenho que concordar com o último comentário, Os Armacenenses (nem todos) movidos pelo ódio e pela inveja têm definitivamente acabado com Armação e a sua bela vida nocturna. Todos os Concelhos possuem apoios de praia, com música alta e onde as pessoas se divertem (provavelmente muitos que aqui criticam já foram e pagam bem para ir ao Meo, Nossolo, etc...), só Silves não pode ter! Também não vos vi a reclamar dos "Amália Hoje", onde estavam?
Quanto ao espaço em si, o que conheço é que há dois proprietários, um que era dono da antiga "Palhota", que tinham que lhe dar um espaço, por o terem retirado do outro, depois há outro proprietário que entrou com a cara e o dinheiro, por outras palavras, uma sociedade. Pelo que me constou, cumpre todas as normas legais, inclusive licença especial de Ruído.
O copinho de água que ai falam, está o valor afixado no estabelecimento e porquê? Há pessoas que se dizem responsáveis e que vão para a praia com os filhotes e não gastam 0,30€ numa água de 1,5 Litros, depois de 2 em 2 minutos, como está muito calor, vão pedir água. Ora, nem é pela água, mas sim por custar pagar a um funcionário para levar horas a dar copos de água.
Como conclusão o dono deste blogue é um autentico cobarde, ao fazer referências directas a falas e pessoas sem se identificar, porque como não as pode provar, o tribunal saia-lhe caro, enfim, azia!
Amigo escritor, CIDADANIA é saber viver em sociedade e quem não respeita gostos musicais, arquitecturas e outros, pelos vistos nem sequer dá a cara, não deve ser bom cidadão, deve sim ser bom espalha brasas.
Abraço
Oh labrego a água não se nega a ninguém!
A noite em Armação nunca existiu oh Toino.
Ali não negam, os supermercados também não! Vai lá ao Continente e pede um copo de água............e não é 1 são 1000 de seguida.
Havia ai uma bica de água, que é dela? Já foste ao cinema? teatro? concerto? vendem........... água!
Só por curiosidade se tivesses um café óh "labrego" e te entrassem lá os mesmos putos de 5 em 5 minutos a pedir água o que fazias? já sei que no teu café não vendias águas, porque a água dá-se certo?
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