domingo, 1 de março de 2020
A fábula do Sapo e o Escorpião ou a génese de uma nova aberração em Armação de Pera?
Você me carrega nas costas para eu poder atravessar o rio? - Perguntou o escorpião ao sapo.
De jeito nenhum. Você é a mais traiçoeira das criaturas. Se eu te ajudar, você me mata em vez de me agradecer.
Mas, se eu te picar com meu veneno - respondeu o escorpião com uma voz terna e doce -, morro também. Me dê uma carona. Prometo ser bom, meu amigo sapo.
O sapo concordou.
Durante a travessia do rio, porém, o sapo sentiu a picada mortal do escorpião.
Por que você fez isso, escorpião? Agora nós dois morreremos afogados! - disse o sapo.
E o escorpião simplesmente respondeu:
Porque esta é a minha natureza, meu amigo sapo. E eu não posso mudá-la
HeloisaPrieto. (O livro dos medos)
Armação de Pêra, originalmente uma aldeia de pescadores, foi progressivamente, com o advento do turismo, por um lado, descaracterizando---se face à vocação original, por outro, apresentando nova identidade.
Na verdade, o turismo sendo a principal actividade económica da Vila, foi, por via da grande procura e da, também, cada vez mais massificada oferta, o principal modulador, para o melhor (economia local) e para o pior (edificação de verdadeiras aberrações urbanísticas e estéticas) desta “nova” localidade.
Do advento do turismo, doméstico, de uma forma inicialmente tímida no início do sec. XX, que evoluiu, algumas décadas depois, com o pós-guerra e à boleia dos ventos da Europa em Paz (anos 50), para uma declarada vocação económica oficial visando aproveitar a procura dos viajantes europeus, ficaram “deixas” patrimoniais em imobiliário, que constituem verdadeiros exlibris da Vila, únicos, à medida da terra e da sua história, deslumbrantes.
Justamente considerados de INTERESSE MUNICIPAL, são eles o Chalet da família Caldas e Vasconcelos e o edifício do CASINO.
Enquanto o CASINO continua abandonado, depois de ter circulado, à boca pequena, pela população a ideia de ser intenção da Câmara “adjudicá-lo” por forma não identificada à dita VilaVita, o que é facto é que tal não veio a suceder, mantendo-se o edifício à disposição do acaso, já que não é patente qualquer proteção especial ao imóvel, que continua a degradar-se a olhos vistos, o Chalet da família Caldas e Vasconcelos, depois dos seus proprietários muito suarem para o vender, acabou por ser adquirido pela dita VilaVita, através de uma qualquer sociedade daquele universo empresarial.
Face à estrutural passividade (ou apenas incapacidade económica) da iniciativa privada empresarial local e também nacional no que a Armação de Pêra diz respeito, a aquisição do Chalet por parte de um grupo empresarial, com peso e expressão local, causou, numa primeira abordagem, natural satisfação.
Por um lado adivinhava-se uma intervenção séria na reabilitação do imóvelcom décadas de hibernação, o que veio rapidamente a verificar-se, permitindo ganhos patrimoniais óbvios, atento o facto de, enquanto imóvel protegido - declarado de interesse municipal -, não ser possível adulterá-lo ou descaracterizá-lo, pensava-se então.
Por outro, sendo a vocação económica da Vila o turismo, a antevisão do aumento da oferta hoteleira, a qual é patentemente reduzida, animou os observadores, amigos de Armação, desde logo pela criação de postos de trabalho, depois pela atração de turistas de segmentos de mercadoclaramente insignificantes neste mercado.
Eis senão quando, constatamos que, qual ferroada do escorpião no Sapo da fábula, que a pequena aberração que se encontrava no terreno do Chalet, uma casota de apoio, erigida nos anos oitenta, de duvidosa legalidade e que não integrando obviamente o projeto original deveria ter tido como destino inevitável a demolição, veio a ganhar foros de um segundo imóvel, de dimensão desmesurada, desajustada e desproporcionada face ao corpo principal e à area do lote.
Não temos, por princípio, nada a opôr, bem pelo contrário, à iniciativa privada. Consideramos mesmo que muitas das limitações da nossa economia resultam do facto de não existirem empresas nacionais de dimensão internacional, cuja capacidade de investimento pudesse influir decisivamente no nosso crescimento/sustentabilidade económica.
Daí que consideramos também que a iniciativa privada possa e deva desenvolver-se à vontade nesta economia de mercado.
Porém, como diz o povo, à vontade, não é à vontadinha!
Existem regras inultrapassáveis! As do património classificado de relevante interesse, quer municipal, quer regional, quer nacional, são exemplo disso, pois a propriedade desse património, socializou-se, transferiu-se da esfera privada para a social por via do seu mérito e características inculcadas na memória colectiva que se deve perpectuar.
Neste caso, a iniciativa da empresa adquirente do Chalet, se se apresentou prestes a prestar um beneficio de caracter patrimonial à Vila reabilitando o imóvel principal, logo, logo, deu-lhe a ferroada fatal, implantando desadequadamente um segundo imóvel, cuja natureza incaraterística vai reduzir o belo edifício, exlibris de Armação, a um conjunto menor. Uma verdadeira pichagem selvagem num quadro de autor.
Decisões destas caracterizam a natureza de escorpião da fábula de muitos dos investidores que, aparentando agir em nome do bem (para si e também para todos), na primeira oportunidade revelam prosseguir tão só o bom (por si e para si).
Entretanto, a Câmara Municipal de Silves guarda de Conrado o prudente silêncio.
Nada de novo na progressão da degradação do pouco património desta Vila, qualquer que seja a cor da sua gestão municipal, quaisquer que sejam as respetivas motivações.
O povo da Vila, qual Sapo da fábula, assiste incrédulo a mais uma ferroada de morte do Escorpião, no seu património.
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Patrimonio Cultural, prevenir é melhor que remediar
A Conferência Internacional “Património Cultural: Prevenção, Resposta e Recuperação de Desastres” decorrerá na quinta e na sexta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, e visa analisar a gestão mais eficaz em situações de crise, de forma a controlar e minimizar perdas e danos, de acordo com fonte da organização.
Contactada pela agência Lusa, Isabel Raposo Magalhães, uma das organizadoras, apontou que há novos riscos para o património, para além dos mais antigos e conhecidos, que são os sismos, as inundações e os incêndios.
"O grande crescimento do turismo em Portugal e, consequentemente, dos visitantes de museus, palácios e outros espaços culturais, levam ao aumento dos riscos de acidentes com as peças de arte e também de vandalismo", apontou a responsável, que trabalha no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa.
Por outro lado, os ataques terroristas em grandes cidades com património importante, não apenas no oriente, mas também na Europa, "têm levado ao encerramento de museus e a maiores receios de destruição de obras de arte".
A nível mundial, os especialistas estão preocupados com "a urbanização galopante, e o alastrar de guerras e conflitos pelo mundo, com a destruição de património, e o tráfico de obras de arte", alertou.
Questionada pela Lusa sobre a situação em Portugal, Isabel Raposo Magalhães disse que "há maior consciência do problema, mas há uma grande necessidade de apostar na prevenção, trabalhar com as organizações envolvidas em rede, e de incluir a sociedade civil".
"Temos de colaborar cada vez mais, e estabelecer uma rede de cooperação para desenvolver uma política de prevenção e gestão estratégica e eficaz. As pessoas têm de estar preparadas para reagir da melhor maneira e depois lidar com os danos", defendeu.
Recordou que esse trabalho em rede é feito pelos organismos culturais, pela Proteção Civil e serviços de emergência, organismos internacionais e pelas universidades, que estudam os fenómenos e os casos concretos.
"Todos os grandes organismos internacionais - como a UNESCO, o ICOM [Conselho Internacional dos Museus], o ICCROM [Centro internacional para o estudo, preservação e restauro da propriedade cultural/The International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property] - estão preocupados com a incidência dos riscos do património cultural no mundo", disse.
Esta conferência marca o cinquentenário da inundação de Florença, em Itália, e acontece no ano em que, no mesmo país, a cidade histórica de Amatrice teve o seu património cultural severamente afetado por um sismo, que provocou uma imensa devastação e mais de duzentos mortos.
O encontro - que conta com o apoio institucional da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) - reúne, na comissão organizadora, além de Isabel Raposo de Magalhães, do Museu Nacional dos Coches, Rui Xavier, da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Saraiva, da Fundação Oriente, e Xavier Romão e Esmeralda Paupério, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Entre os oradores esperados estão Lina Kutiefan, diretora-geral das Antiguidades e Monumentos da Síria, que irá falar sobre "O Património Cultural da Síria durante a crise".
Também são esperados Corine Wegener, do Instituto Smithsonian, que tutela um conjunto de museus nos Estados Unidos, e que falará sobre o programa desta entidade, aplicado na resposta aos desastres, e João Seabra Gomes, da Direção-Geral do Património Cultural, que abordará a “Estratégia para a segurança preventiva em Palácios e Museus”, afetos àquela entidade.
Portugal também tem sido palco de catástrofes que atingem o património cultural, nomeadamente os grandes sismos de Lisboa e Angra do Heroísmo - recorda a organização -, os incêndios dos Palácios de Queluz e da Ajuda, da Igreja de S. Domingos ou do Teatro D. Maria II, ou as inundações de 1967, que provocaram graves danos às coleções do Museu Gulbenkian.
Além de fomentar a partilha de experiências, o encontro visa ainda alargar e reforçar bases de cooperação internacional – também com os países do mundo lusófono - e também em Portugal.
Serão abordados temas como a análise e gestão de riscos, o efeito da catástrofe a médio e longo prazo nas instituições, casos paradigmáticos que fazem parte da história da conservação, métodos e técnicas para prevenir e recuperar património.
Diário Digital com Lusa
domingo, 27 de dezembro de 2015
Em Armação aprendeu-se a lição!
Longe vão os dias em que o Casino caminhava a passos largos para uma verdadeira lixeira.
Por iniciativa conjunta deste blog e de um extenso "abaixo-assinado" de amigos do Casino, foi o mesmo justamente considerado PATRIMÓNIO MUNICIPAL(Imóvel declarado de interesse municipal).
Longe vão os dias em que o imóvel se encontrava patentemente abandonado servindo para pichagens múltiplas e de gosto duvidoso, para colagens de posters-anúncios de corridas de touros apoiadas pela junta de freguesia e câmara municipal.
Hoje, sem que tenha deixado de merecer um tratamento muito mais adequado (o que é possível e desejável), já foi destinatário de uma pintura que permite concluir que a Junta ou a Câmara ou ambas, olham o imóvel com outros olhos e aprenderam a lição, com os meios disponiveis que não serão muitos.
Hoje, é também portador de uma mensagem de evidente pedagogia, que o dignifica e protege:"O Património é de todos. Ajude a preservá-lo!"
Bem hajam os novos dirigentes autárquicos que evidenciam deste modo uma outra sensibilidade para esta parte do que de relevante lhes incumbe zelar!
Bem haja ainda mais um futuro para o Casino à altura do melhor do seu passado!
sábado, 3 de agosto de 2013
As geringonças do Rogério Pinto em Pêra
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Foto-denúncia de uma visitante de Pêra. |
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
O desamor dos autarcas do concelho e freguesia por Armação e seu património é criminoso!
A "reabilitação" do frontispício da Fortaleza é uma evidência acerca do que o poder local que temos é capaz!
Capaz de nutrir um desprezo despudorado, à vista de todo o mundo, pelo património, mesmo o declarado de interesse público como é o caso da nossa Fortaleza!
Quem trata assim dos seus interesses, como pode alguma vez ser capaz de tratar dos interesses alheios (dos eleitores)?
quarta-feira, 6 de junho de 2012
CASINO:Imóvel de Interesse Municipal em resultado de uma acção EXEMPLAR!
“Por proposta dos Autarcas Socialistas, a Câmara deliberou na passada Segunda atribuir o interesse Municipal ao edifício designado por “Casino de Armação de Pêra” e remeter o dossier para a Assembleia Municipal.
Quero aqui reconhecer a longa e decisiva batalha travada pelos Armacenenses. O empenho do Luís Ricardo na elaboração e apresentação das sucessivas propostas, abaixo assinados … notas de imprensa, idas às reuniões públicas camarárias… As brilhantes e decisivas intervenções da Ana Cristina Santos na Assembleia Municipal, na defesa intransigente deste valioso património, sendo a porta voz de todos nós. A teimosia persistente dos responsáveis do Blog da Cidadania que sempre mantiveram a chama acesa, e o seu alerta para o apetite voraz de quem apenas vê naquele espaço euros, esquecendo que ali também reside a memória de uma comunidade que importa preservar. Aqui fica o meu singelo reconhecimento. Bem hajam! Proposta que a Vereação Socialista levou à Câmara Municipal.”
Fernando Serpa, Vereador da CMSilves, in Blog: “Verador c. m. Silves”
O imóvel conhecido por “Casino de Armação de Pêra” foi finalmente declarado como IMÓVEL DE INTERESSE MUNICIPAL.
Num post de 14 de Janeiro de 2007 com o titulo “Casino de Armação de Pêra: a roleta russa”, o blog Cidadania iniciou uma intervenção pública em defesa do imóvel e da sua conservação ao serviço da economia da Vila, dentro da sua vocação inicial, tentando resgatá-lo de um destino a que já tinha sido votado de há muito: a exclusão e a acelerada degradação até ao abate.
Mantendo a chama acesa entre Janeiro de 2007 e Janeiro de 2011, nesta data demos os primeiros passos no sentido do lançamento de uma Petição Pública que conduzisse à classificação do edifício como de interesse Municipal, visando por este intermédio a sua patrimonialização e com esta uma garantia adicional para a sua conservação e futuro mais cuidado.
Em resultado dos valores em causa e da total identificação da população com a preservação e conservação do imóvel, o interesse generalizado das forças vivas da Vila e do seu primeiro subscritor Luís Ricardo foram imediatos.
Sem embargo das muitas batalhas que a Vila tem, ora em curso, ora por travar, a classificação do Casino com imóvel de interesse Municipal é justa e constitui uma vitória da vontade do povo de Armação, que, desta vez, fez por isso!
A Vereação socialista cumpriu o que da mesma se esperava, isto é, que representasse a vontade do povo de Armação. Assim acontecesse sempre (o povo com uma causa justa, pela qual pugna com empenho e dedicação; uma classe política que se assumiu efectivamente como mandatária do povo que representa)e este concelho não apresentaria, certamente, todos os inúmeros défices que exibe!
O mesmo se diga quanto a todos os restantes concelhos do Pais e, por maioria de razão, quanto ao próprio Pais!
Neste sentido, Armação de Pêra, se não por outras razões que não invocando não queremos diminuir, por virtude desta iniciativa, da participação que motivou e teve, e da boa execução do mandato político, constitui um EXEMPLO!
Nos tempos que correm não é coisa pouca!
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
ESCÂNDALO em Armação de Pêra: Casino à Venda!



Enquadramento histórico do edifício conhecido por Antigo Casino de Armação de Pêra
As décadas de 50 e 60 em Portugal foram um período de grande construção e do ordenamento do território.
Planos, projectos, modernismo, experimentalismo, abertura ao exterior, deram lugar à edificação dos novos pólos turísticos, equipamentos, como os casinos de segunda geração, os hotéis, grande hotéis, as piscinas, etc., foi a era dos equipamentos, das infra-estruturas, e do turismo de massas cujo desenvolvimento se acentuava na Europa do pós-guerra e do qual se anteviu poder o pais vir a beneficiar, justificando pesado investimento relativo no urbanismo balnear.
Armação de Pêra pelas extraordinárias condições naturais de que dispunha foi objecto de um, entre esse grande número de planos para a costa portuguesa então levados a cabo o que, tendo apetrechado a povoação com outros meios de sustentabilidade e desenvolvimento económico, fê-la suportar, a prazo, um pesado custo: o da completa descaracterização!
De pequena aldeia no inicio do seu desenvolvimento turístico, passou a ter dois pólos bem distintos: a aldeia propriamente dita, dos pescadores, e o bairro novo balnear.
Com eles, outros tantos pólos de sustentabilidade e fixação da população: a actividade piscatória e o turismo.
A massificação da procura que durante a década de 70 e as seguintes se foi progressivamente acentuando determinou a descaracterização definitiva quer do pólo primitivo, a aldeia dos pescadores, quer do pólo constituído pelo bairro novo balnear, por via da proliferação generalizada da construção em altura, implantada de forma desordenada.
Esta explosão de fogos para habitação poupou alguns, poucos, ex libris da Vila, dos quais merece destaque o Antigo Casino, o qual simboliza uma época, caracterizada pelo desenvolvimento e ordenamento do território, criação de infra estruturas, concepção e implementação do urbanismo balnear e concomitante abertura ao exterior, e o fim de um ciclo de vários séculos de existência da pacata e tranquila povoação de Armação de Pêra.
Uma referência integrante do ambiente cultural da Vila
Porém, em resultado do primeiro enxerto que recebeu esta primitiva povoação de pescadores, foi-lhe legado um edifício excêntrico na sua relação com os demais, ontem, como, por outras razões, hoje, de arquitectura revivalista, que foi implantado em localização que lhe atribuiu a vocação patente de cómodo e retém de um esplêndido desfrute da singular beleza natural da baía de Armação de Pêra.
E foi nessa vocação que a povoação primeiramente se reviu porquanto, nas demais que também caracterizaram a oferta do Casino, as diferenças sociais, culturais, os hábitos e os afazeres não permitiram, durante os primeiros anos da sua actividade, que delas, a grande generalidade dos autóctones, tivesse serventia, sem que tenha alguma vez renunciado à noção de pertença que a natureza pública da construção do implante no seio da sua Baía, que constituiu o pólo do desenvolvimento que se lhe seguiu, sempre justificou e legitimou.
O edifício constitui assim desde a data da sua inauguração, em 1958, para a população da Vila, uma autêntica referência.
Uma referência do reconhecimento público da beleza da sua paisagem natural e da modernidade, reportados à época da sua instalação.
Uma referencia enquanto bem cultural, gerador de valores de civilização e de cultura, numa povoação num estádio de desenvolvimento pouco mais que rural.
Uma referência de abertura e desenvolvimento que contribuiu para fixar os seus naturais no seu meio próprio, reduzindo as necessidades de recurso à emigração e generalizando a sustentabilidade da comunidade.
Uma referência de acolhimento e serviço que caracterizou a abertura da povoação ao turismo de massas, o qual se veio a constituir como a sua actividade económica por excelência.
Uma referência de desenvolvimento, harmonioso, proporcionado em coexistência pacífica com a caracterização original da povoação.
Uma referência de pausa e serenidade em alto contraste com os restantes elementos construídos da paisagem urbana da Vila, que lhe foram sendo adicionados posteriormente, e por isso,
Uma referência do ciclo que aí se concluiu, o qual se confinou ao longo de séculos à aldeia piscatória e à ruralidade envolvente.
Uma referência de recuperação intra-psíquica, prazer estético, conforto decorrente de um ambiente limpo e despoluído, de espaço público disponível, de visão do equipamento público disponível.
Referências estas que constituem claramente contornos definidores do facto de estarmos perante um imóvel que constitui elemento do chamado meio ambiente cultural, de Armação de Pêra, conceito já autonomizado há muito pelos especialistas, mas ainda um pouco arredado do conhecimento comum.
A “patrimonialização” devida, pela vontade do povo de Armação, em razão da relação estabelecida com o edifício, pela simbologia histórica do mesmo e pelos seus atributos arquitectónicos e paisagísticos.
As sociedades contemporâneas, em resultado da tendência de homogeneização cultural, carecem de uma ligação afectiva às referências do passado, uma vez que padecem do que alguns especialistas designam como “amnésia colectiva”, em virtude do seu distanciamento e alheamento relativamente ao passado.
Perante tal circunstancialismo, é tão comum quanto legitimo pretender-se que não só o passado seja recuperado, como também sejam sublimadas todas as actividades e expressões que se possam transformar num instrumento ao serviço do fortalecimento da identidade de uma comunidade.
As acções em que tais pretensões resultam, verdadeiros resgates do passado mediante a “patrimonialização” dos elementos culturais locais, assumem para além de uma vertente identitária, um carácter instrumental, pois permitem a oferta de bens e actividades culturais, as quais respondem aos anseios de uma população carente de vínculos de identificação, para com o território, com o passado e com a comunidade dos seus concidadãos.
Na verdade, a herança cultural contribuí para uma certa estabilidade, permanência e continuidade dos pertences culturais que, ao mesmo tempo que permitem estabelecer uma simbologia entre o passado, o presente e o futuro, promovem um sentimento de pertença por parte de todos nós.
É sabido que o Património não é só o legado que é herdado, mas o legado que, através de uma selecção consciente, um grupo significativo da população deseja legar ao futuro.
Como ensina Ballard, a noção de património surge “quando um indivíduo ou um grupo de indivíduos identifica como seus um objecto ou um conjunto de objectos” (Ballard, 1997:17). E falar de património pressupõe, por tudo o que preteritamente vem referido, falar de identidades, na medida em que pode ser definido como uma síntese simbólica de valores identitários (Santana, 1998:37-49), que contribuem para um sentimento de pertença e de identificação de um colectivo social.
Mas se é certo que o património, enquanto operação simbólica, não deve ser confundido com a cultura, constituída esta pela acumulação da experiência cultural humana em toda a sua profundidade e diversidade, não é menos certo que, enquanto síntese simbólica, o património fornece elementos de significação cultural, particularmente relevantes num contexto de globalização onde coexistem leituras diferenciadas, permitindo situar-nos em relação ao passado quando, muitas vezes, já nada resta dele.
Não esquecendo que, as acções de patrimonialização e a criação de produtos turístico-patrimoniais, permitem configurar as opções estratégicas em torno de uma politica de turismo, a qual integra, em Portugal, qualquer politica de desenvolvimento e afirmar o respectivo território simbólico, nas escalas de prestigio dos destinos turísticos, o que, de algum modo, conservará activamente o edifício ao serviço da sua vocação original depois da mesma lhe ter sido subtraída, em razão de indefinições a que importa pôr fim.
(Fundamentação da petição:
PETIÇÃO
CASINO DE ARMAÇÃO DE PÊRA BEM CULTURAL DE INTERESSE MUNICIPAL)
sábado, 7 de maio de 2011
A questão da qualidade da intervenção da reabilitação da Fortaleza de Armação de Pêra
É necessário assegurar a qualidade das intervenções de reabilitação em geral e a das realizadas em monumentos históricos, em particular.
A falta de qualidade das intervenções em monumentos históricos, pode traduzir-se em danos irreversíveis ao património histórico-arquitectónico.
Um monumento ou um edifício histórico é, ao mesmo tempo, uma construção e um bem cultural.
As intervenções que o envolvam pressupõem conhecimentos técnicos dos materiais e sistemas construtivos tradicionais e contemporâneos: por um lado, as velhas "artes e ofícios" e os materiais originais são, muitas vezes, preferíveis às tecnologias que hoje têm mais peso nos hábitos dos construtores; por outro lado, pode haver vantagem em lançar mão de materiais e tecnologias avançadas, que ainda não entraram nesses hábitos.
Tratando-se de intervenções sobre bens culturais, elas devem respeitar os princípios da conservação, pressupõem uma filosofia própria e métodos especializados de estudo, avaliação e intervenção multidisciplinares, capazes de se adaptarem a cada caso concreto.
As intervenções de conservação do património histórico-arquitectónico são sempre perturbadoras do equilíbrio em que ele se encontra, representando um risco para a sua integridade e autenticidade. Devem, por consequência, cingir-se ao mínimo necessário para atingir, com eficácia, os objectivos preconizados.
Pelo que observamos, as obras que decorrem na Fortaleza de Armação de Pêra não tem em atenção os sistemas construtivos tradicionais, nomeadamente na aplicação dos materiais utilizados.
Não queremos pôr em causa a bondade da realização das obras, dada a sua evidente necessidade, mas, perguntamos nós, tratando-se de um monumento classificado o cuidado na realização das obras não deveria ter sido outro?
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Casino: Imóvel de Interesse Municipal, with a little help from my friends!

Com a ajuda dos seus amigos o edifício do Casino virá a ser um imóvel classificado!
O empenho e a adesão com que a petição foi divulgada no “terreno”e apoiada com assinaturas em menos de oito dias, durante os quais já contou com, pelo menos, cinquenta apoiantes, permitem-nos algum optimismo!
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
PETIÇÃO CASINO IMÓVEL DE INTERESSE MUNICIPAL: LOGISTICA E OPERACIONALIDADE..
Esta é uma hora de empenhamento e iniciativa. Uma hora de mostrar no concelho que existimos proactivamente, envolvemo-nos e participamos.
Ao invés de outras petições e salvo melhor opinião, esta petição não circulará on-line, para que se demonstre, caso dúvidas persistam, que a comunidade se encontra realmente empenhada nesta causa positiva, isenta e relevante.
Todos os que concordem com o teor da petição, pretendam subscrevê-la e não se cruzando com algum dos voluntários que recolhem assinaturas, poderão fazê-lo, sublinhando o seu envolvimento e determinação na prossecução dos objectivos em vista evidenciando à classe política dirigente do concelho que não se limita a um mero click no computador e que por isso vai:
1. Imprimir o pdf.
2. Preencher os seus dados pessoais obrigatórios, para que a adesão seja aceite e contabilizada.
3. Enviar o original do pdf. POR CORREIO (há quanto tempo não passamos por lá?) ao cuidado do primeiro subscritor, e para o seguinte endereço:
Luís Patrício Pereira Ricardo
Rua Coronel Santos Gomes, 23 3º C
8365-113 Armação de Pêra
4. Todos serão avisados, ou no facebok ou através de post no Blogue CIDADANIA, quando estiver reunido o número de assinaturas válidas, considerado conveniente.
5. O sucesso não depende da iniciativa, dependerá da participação da comunidade de cidadãos.
Blogue CIDADANIA
E-mail: cidadania.pt@gmail.com
sábado, 8 de janeiro de 2011
CASINO: O TEXTO DA PETIÇÃO À CÂMARA MUNICIPAL DE SILVES

PETIÇÃO
CASINO DE ARMAÇÃO DE PÊRA BEM CULTURAL DE INTERESSE MUNICIPAL
O conhecimento, estudo, protecção, valorização e divulgação do património cultural constituem um dever, estipulado em lei, do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais.
Através da salvaguarda e valorização do património cultural, deve o estado assegurar a transmissão de uma herança nacional cuja continuidade e enriquecimento unirá as gerações num percurso civilizacional singular.
O Estado protege e valoriza o património cultural como instrumento primacial de realização da dignidade da pessoa humana, objecto de direitos fundamentais, meio ao serviço da democratização da cultura e esteio da independência e da identidade nacionais.
Todos têm direito à fruição dos valores e bens que integram o património cultural, como modo de desenvolvimento da personalidade através da realização cultural.
Todos têm o dever de preservar o património cultural, não atentando contra a integridade dos bens culturais e todos têm o dever de defender e conservar o património cultural, impedindo, no âmbito das faculdades jurídicas próprias, em especial, a destruição, deterioração ou perda de bens culturais.
Todos têm o dever de valorizar o património cultural, agindo, na medida das respectivas capacidades, com o fito da divulgação, acesso à fruição e enriquecimento dos valores culturais que nele se manifestam.
Todas as afirmações precedentes, valores expressos ou subsumidos, fins em vista, direitos e deveres invocados têm consagração legal na Lei nº 107/2001 de 8 de Setembro.
É assim que, em exercício dos poderes de cidadania e designadamente dos direitos e deveres naquela Lei consagrados, e considerando:
1.- Tratar-se o conjunto que integra o edifício do chamado “Antigo Casino de Armação de Pêra”, o qual representando um testemunho material com valor de civilização e de cultura, constitui um bem cultural, por todas as razões conhecidas da população e do município e melhor explanadas na fundamentação anexa a esta petição.
2.- Ser o conjunto que integra o edifício do chamado “Antigo Casino de Armação de Pêra” expressão do pioneirismo das bases da oferta turística portuguesa, na única zona balnear do concelho de Silves – Armação de Pêra – representando justamente por isso um valor cultural de significado regional, mas predominante para o município de Silves.
3.- Ser já o conjunto que integra o edifício do chamado “Antigo Casino de Armação de Pêra” reconhecido pelo Ministério da Cultura como se tratando de “um dos pontos de referencia ao nível do património edificado na região.” (http://radix.cultalg.pt/visualizar.html?id=11231) e classificado como um dos dez edifícios de finalidade cultural :(http://radix.cultalg.pt/listar.html?tabela=5&contexto=526),
(a par do Teatro Mascarenhas Gregório, Teatro Lethes, Cine teatro Louletano, Escola de Musica de Loulé, Edifício da Antiga Albergaria de Albufeira, Santa Casa do Povo de Marmelete, Edifício António Aleixo e Sede do Rancho Folclórico do Calvário).
Vêm, os cidadãos abaixo identificados e assinados, peticionar à Câmara a que V.Exa preside, se digne dar inicio aos procedimentos administrativos tendentes à urgente CLASSIFICAÇÃO do conjunto que integra o edifício do chamado “Antigo Casino de Armação de Pêra” como de INTERESSE MUNICIPAL, nos termos da legislação em vigor e com todas as legais consequências.
Os Abaixo assinados:
Nome: BI/Cidadão: Assinatura
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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
PETIÇÃO: CASINO DE ARMAÇÃO DE PÊRA BEM CULTURAL DE INTERESSE MUNICIPAL
O conjunto que integra o Casino de Armação de Pêra constitui um bem cultural cuja conservação se impõe em resultado de um direito que assiste à população da Vila, em exclusividade.
O total abandono a que foi votado há tantos anos, permite concluir que, se queremos que aquele imóvel prossiga o papel que lhe cabe na Vila, teremos de fazer mais que lamentar a sua hibernação degradante. Teremos de agir na prossecução dos interesses da comunidade.
Um primeiro passo será obter a classificação do conjunto como de INTERESSE MUNICIPAL!
Eis a fundamentação da PETIÇÃO PÚBLICA que se encontra em fase de recolha de assinaturas:

Enquadramento histórico do edifício conhecido por Antigo Casino de Armação de Pêra
As décadas de 50 e 60 em Portugal foram um período de grande construção e do ordenamento do território.
Planos, projectos, modernismo, experimentalismo, abertura ao exterior, deram lugar à edificação dos novos pólos turísticos, equipamentos, como os casinos de segunda geração, os hotéis, grande hotéis, as piscinas, etc., foi a era dos equipamentos, das infra-estruturas, e do turismo de massas cujo desenvolvimento se acentuava na Europa do pós-guerra e do qual se anteviu poder o pais vir a beneficiar, justificando pesado investimento relativo no urbanismo balnear.
Armação de Pêra pelas extraordinárias condições naturais de que dispunha foi objecto de um, entre esse grande número de planos para a costa portuguesa então levados a cabo o que, tendo apetrechado a povoação com outros meios de sustentabilidade e desenvolvimento económico, fê-la suportar, a prazo, um pesado custo: o da completa descaracterização!
De pequena aldeia no inicio do seu desenvolvimento turístico, passou a ter dois pólos bem distintos: a aldeia propriamente dita, dos pescadores, e o bairro novo balnear.
Com eles, outros tantos pólos de sustentabilidade e fixação da população: a actividade piscatória e o turismo.
A massificação da procura que durante a década de 70 e as seguintes se foi progressivamente acentuando determinou a descaracterização definitiva quer do pólo primitivo, a aldeia dos pescadores, quer do pólo constituído pelo bairro novo balnear, por via da proliferação generalizada da construção em altura, implantada de forma desordenada.
Esta explosão de fogos para habitação poupou alguns, poucos, ex libris da Vila, dos quais merece destaque o Antigo Casino, o qual simboliza uma época, caracterizada pelo desenvolvimento e ordenamento do território, criação de infra estruturas, concepção e implementação do urbanismo balnear e concomitante abertura ao exterior, e o fim de um ciclo de vários séculos de existência da pacata e tranquila povoação de Armação de Pêra.
Uma referência integrante do ambiente cultural da Vila
Porém, em resultado do primeiro enxerto que recebeu esta primitiva povoação de pescadores, foi-lhe legado um edifício excêntrico na sua relação com os demais, ontem, como, por outras razões, hoje, de arquitectura revivalista, que foi implantado em localização que lhe atribuiu a vocação patente de cómodo e retém de um esplêndido desfrute da singular beleza natural da baía de Armação de Pêra.
E foi nessa vocação que a povoação primeiramente se reviu porquanto, nas demais que também caracterizaram a oferta do Casino, as diferenças sociais, culturais, os hábitos e os afazeres não permitiram, durante os primeiros anos da sua actividade, que delas, a grande generalidade dos autóctones, tivesse serventia, sem que tenha alguma vez renunciado à noção de pertença que a natureza pública da construção do implante no seio da sua Baía, que constituiu o pólo do desenvolvimento que se lhe seguiu, sempre justificou e legitimou.
O edifício constitui assim desde a data da sua inauguração, em 1958, para a população da Vila, uma autêntica referência.
Uma referência do reconhecimento público da beleza da sua paisagem natural e da modernidade, reportados à época da sua instalação.
Uma referência enquanto bem cultural, gerador de valores de civilização e de cultura, numa povoação num estádio de desenvolvimento pouco mais que rural.
Uma referência de abertura e desenvolvimento que contribuiu para fixar os seus naturais no seu meio próprio, reduzindo as necessidades de recurso à emigração e generalizando a sustentabilidade da comunidade.
Uma referência de acolhimento e serviço que caracterizou a abertura da povoação ao turismo de massas, o qual se veio a constituir como a sua actividade económica por excelência.
Uma referência de desenvolvimento, harmonioso, proporcionado em coexistência pacífica com a caracterização original da povoação.
Uma referência de pausa e serenidade em alto contraste com os restantes elementos construídos da paisagem urbana da Vila, que lhe foram sendo adicionados posteriormente, e por isso,
Uma referência do ciclo que aí se concluiu, o qual se confinou ao longo de séculos à aldeia piscatória e à ruralidade envolvente.
Uma referência de recuperação intra-psíquica, prazer estético, conforto decorrente de um ambiente limpo e despoluído, de espaço público disponível, de visão do equipamento público disponível.
Referências estas que constituem claramente contornos definidores do facto de estarmos perante um imóvel que constitui elemento do chamado meio ambiente cultural, de Armação de Pêra, conceito já autonomizado há muito pelos especialistas, mas ainda um pouco arredado do conhecimento comum.
A “patrimonialização” devida, pela vontade do povo de Armação, em razão da relação estabelecida com o edifício, pela simbologia histórica do mesmo e pelos seus atributos arquitectónicos e paisagísticos.
As sociedades contemporâneas, em resultado da tendência de homogeneização cultural, carecem de uma ligação afectiva às referências do passado, uma vez que padecem do que alguns especialistas designam como “amnésia colectiva”, em virtude do seu distanciamento e alheamento relativamente ao passado.
Perante tal circunstancialismo, é tão comum quanto legitimo pretender-se que não só o passado seja recuperado, como também sejam sublimadas todas as actividades e expressões que se possam transformar num instrumento ao serviço do fortalecimento da identidade de uma comunidade.
As acções em que tais pretensões resultam, verdadeiros resgates do passado mediante a “patrimonialização” dos elementos culturais locais, assumem para além de uma vertente identitária, um carácter instrumental, pois permitem a oferta de bens e actividades culturais, as quais respondem aos anseios de uma população carente de vínculos de identificação, para com o território, com o passado e com a comunidade dos seus concidadãos.
Na verdade, a herança cultural contribuí para uma certa estabilidade, permanência e continuidade dos pertences culturais que, ao mesmo tempo que permitem estabelecer uma simbologia entre o passado, o presente e o futuro, promovem um sentimento de pertença por parte de todos nós.
É sabido que o Património não é só o legado que é herdado, mas o legado que, através de uma selecção consciente, um grupo significativo da população deseja legar ao futuro.
Como ensina Ballard, a noção de património surge “quando um indivíduo ou um grupo de indivíduos identifica como seus um objecto ou um conjunto de objectos” (Ballard, 1997:17). E falar de património pressupõe, por tudo o que preteritamente vem referido, falar de identidades, na medida em que pode ser definido como uma síntese simbólica de valores identitários (Santana, 1998:37-49), que contribuem para um sentimento de pertença e de identificação de um colectivo social.
Mas se é certo que o património, enquanto operação simbólica, não deve ser confundido com a cultura, constituída esta pela acumulação da experiência cultural humana em toda a sua profundidade e diversidade, não é menos certo que, enquanto síntese simbólica, o património fornece elementos de significação cultural, particularmente relevantes num contexto de globalização onde coexistem leituras diferenciadas, permitindo situar-nos em relação ao passado quando, muitas vezes, já nada resta dele.
Não esquecendo que, as acções de patrimonialização e a criação de produtos turístico-patrimoniais, permitem configurar as opções estratégicas em torno de uma politica de turismo, a qual integra, em Portugal, qualquer politica de desenvolvimento e afirmar o respectivo território simbólico, nas escalas de prestigio dos destinos turísticos, o que, de algum modo, conservará activamente o edifício ao serviço da sua vocação original depois da mesma lhe ter sido subtraída, em razão de indefinições a que importa pôr fim.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
INDIGNAÇÃO: Património das Consciências!
Poema de Ruy Barbosa, poeta brasileiro, falecido em 1923, aqui dito por Rolando Boldrim.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Bloomberg elogia investimento de Salazar

A agência Bloomberg escreve hoje, quinta-feira, que o antigo ditador António de Oliveira Salazar poderia ser recordado como o melhor investidor que Portugal já teve, caso o banco central autorizasse o país a beneficiar das suas reservas de ouro.Em proporção com o tamanho da economia, Portugal armazena mais ouro que qualquer outro país na Europa, a maioria do qual acumulada durante os 36 anos da ditadura de Salazar com poupanças e o dinheiro das exportações portuguesas, incluindo volfrâmio (tungsténio) e da indústria conserveira.

"Com o aumento do preço do ouro, fica-se com ganhos acumulados, mas não se pode transformá-lo em dinheiro", declarou à Bloomberg David Schnautz, do Commerzbank AG em Londres. "É um colchão para um cenário extremo".
O défice orçamental de Portugal está três vezes acima do limite aplicável aos membros do Euro e a sua dívida externa vai chegar aos 84% do PIB este ano. A agência de notação Standard & Poor's deu a Portugal o segundo pior rating dos 16 países da Zona Euro, apenas precedido da Grécia.As 382,5 toneladas de ouro que Portugal tem estão avaliadas em 14,7 mil milhões de dólares, cerca de 6,8% do PIB português após conversão para euros, indicam os cálculos da Bloomberg e os dados do FMI. O ouro das reservas de Itália corresponde a 4,8% da sua economia, seguida da Alemanha com 4,2%. Já as reservas da Grécia valem 1,4% do seu PIB.
A agência de notação Moody's, que cortou o rating de Portugal em dois níveis a 13 de Julho, apenas olha para as reservas de ouro nos casos em que os governos precisam de gerar dinheiro em divisas fortes como o dólar e o Euro. E isso não se aplica a Portugal, declarou Anthony Thomas, analista de dívida soberana da Moody's citado pela Bloomberg.
O ouro de Portugal é gerido pelo Banco de Portugal, cuja regulamentação indica que os ganhos procedentes das vendas de ouro têm de ser colocadas numa conta e não podem ser transferidas para o tesouro público. O Banco de Portugal paga um dividendo todos os anos ao governo por ganhos com juros e com os títulos de valor mobiliário. O dividendo pago em 2009 foi de 203 milhões de euros, indicou o BdP à Bloomberg a 2 de Julho.

Acerca do Dr. Salazar já ouvimos quase tudo o que há para ouvir, designadamente muito do que consta desta noticia.
Desconheciamos porém que havia uma Lei que impedia o Governo de usar o ouro!
Não deixa de ser estranho que, tendo a Assembleia da República todos os poderes legislativos e algumas vezes, como é o caso da actual Assembleia, poderes de revisão constitucional, exista uma Lei - a que torna o ouro intocável - não tenha sido ainda objecto da atenção deste e doutros Governos!
Sobretudo em períodos mais agudos da crise estrutural em que Portugal de encontra, historicamente, por principio.
Ouvimos uma daquelas "petites histoires" do Dr. Salazar da qual decorria a razão, uma vez dada por este a um colaborador mais chegado, acerca da sua "fobia" pela acumulação do ouro e que residia, segundo o próprio, na profunda convicção que tinha da incapacidade "genética" dos portugueses para se saberem governar.

Desconhecendo a autenticidade da estória, por aquilo que é conhecido do Dr. Salazar não repugna aceitar como verdadeira.
Sabemos por outro lado que, entretanto, já alienámos várias toneladas do chamado "ouro do Salazar", provavelmente antes da entrada em vigor daquela Lei a que a noticia se refere.
Compreende-se assim que tenha sido criada uma Lei com vista a evitar o recurso fácil ao "ouro do Salazar"por parte dos Governos, porque se sabe que a tendência para tal recurso é sistemática!
O que não se compreende, ou aceita, é porque é a mesma sistemática!
Pelos vistos, a ser verdadeira a preocupação do Dr. Salazar, a Classe Politica, pelas piores razões, tem confirmado as razões da sua preocupação!
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Depois de saber-se o que se sabe, será imperdoável perder um dia que seja!...
Apesar de compreendermos a qualificação dada pelo Dr. Manuel Ramos acerca "das inexplicáveis e surpreendentes hesitações de alguns membros da Câmara Municipal quanto à legitimidade e dever da autarquia em assumir quaisquer compromissos no que é, por enquanto, uma empresa privada." , compreendemos aquilo que poderá ter sido a contextualização de tais hesitações, no pressuposto de que desconhecemos por completo o teor das mesmas.
É certo que o património existe, assistindo-lhe a qualidade e características que motivam o interesse municipal e agora até, público, independentemente da classificação formal propriamente dita.
Mas não é menos certo que a aplicação das receitas dos contribuintes carece do estabelecimento prévio de critérios, os quais serão tão mais transparentes quanto mais legitimados e, ou formalizados se encontrarem
E se isto é sempre verdade, em períodos de aperto constitui uma verdade mais disciplinada.
Se o interesse público, de acordo com a legislação citada implica a despesa para a autarquia que o autor do texto refere, pois que assim seja, porquanto todos conhecem ou podem conhecer porque razão é o orçamento municipal onerado com tal encargo, pressupondo-se que toda a cadeia de avaliações e decisões que conduziram a tal assumpção foi preenchida e o mesmo não foi resultado de mais uma liberalidade da real gana de quem quer que seja, prática esta relativamente generalizada. A isto se chama transparência!
Já uma decisão avulsa, não devidamente avaliada e ou ponderada formalmente por instancias reconhecidamente aceites como competentes, poderá ser sempre apodada de opaca, porquanto subjectiva, não testada pelo crivo daqueles a quem os cidadãos incumbiram de avaliar objectivamente o seu valor relativo ou absoluto em nome de valores respeitáveis que a comunidade pretende salvaguardar.
Claro está que o facto do património em questão constituir propriedade privada, prestes a mudar de titular em razão de constituir garantia de obrigações dos seus actuais titulares em situação de incumprimento, enfim em situação de alguma indefinição, e os dinheiros públicos, em nada ajuda o decisor a decidir.
Por preferirmos a transparência à opacidade, aceitamos no caso concreto a hesitação. Mas não uma hesitação qualquer, pois hesitação não é sinónimo de ignorância, paralisia ou amorfismo. Aquela, por outro lado, também não é sinónimo de indiferença, irresponsabilização ou de indisponibilidade para agir, arrastamento, indefinições que persistam, tendo por onde se definir.
Em qualquer caso, são boas as noticias aquelas que apontam para o reconhecimento do mérito do imóvel, suficiente para alcançar a classificação de interesse público.
Urge então iniciar o procedimento respectivo tendente a tal finalidade, sem quaisquer delongas.
Hoje em dia, nenhuma delonga dos que tiverem legitimidade para tanto, será perdoável!
sexta-feira, 16 de julho de 2010
“Riqueza subaquática: Os verdadeiros Jardins naturais de Armação de Pêra "

Durante muitos anos a população de Armação de Pêra reclamou por não dispor a Vila de um jardim à altura dos pergaminhos da sua beleza natural, das necessidades dos seus naturais e dos que a visitam, do bem-estar numa instância de lazer e turismo que se pretende de excelência.
As obras de requalificação da frente mar, apesar da controvérsia que a solução estética implementada não deixa de gerar, amenizaram, sem dúvida, esse importante défice de equipamentos de bem-estar público.
Enquanto, à superfície, este é o ponto-da-situação, o mesmo não se passa onde a acção humana ainda não teve a oportunidade de influir de forma tão massiva. Falamos necessariamente do fundo do mar, cuja beleza especifica, na nossa baía, é verdadeiramente impar.
De facto, por virtude de condições geográficas que lhe oferecem protecção natural, a nossa baía tem uma riqueza extraordinária no que à elevada biodiversidade diz respeito, onde se incluem espécies raras, algumas protegidas pela “Rede Natura 2000”, outras identificadas pela primeira vez em Portugal, porquanto dispõe de um dos maiores e mais lindos recifes naturais da nossa costa, situados a cerca de 4 milhas da costa.
Há 500 milhões de anos, minúsculos animais sem esqueleto e flutuantes, associaram-se a algas microscópicas e fixaram-se às rochas, formando colónias. Estes animais coloniais não são mais do que os corais e a concentração destas colónias dá origem a áreas naturais absolutamente singulares – os recifes de coral.
Os Recifes de Coral são ecossistemas extremamente antigos, frágeis e muito ricos em biodiversidade. Uma associação simbiótica entre um animal (anémona) e um vegetal fotossintetizante (microalga) fornece a base para as maiores construções já realizadas pela vida sobre o nosso planeta.

Sendo ecossistemas muito delicados e preciosos, qualquer distúrbio no seu ambiente pode condicionar negativamente o seu crescimento e matar muitas outras formas de vida que dependem directa ou indirectamente deles.
A pequena alga fotossintetizante fornece parte do alimento do coral, enquanto recebe protecção e nutrientes do mesmo. Assim, os dois coexistem há milhões de anos, construindo formações que abrigam diversas outras formas de vida e constituem uma verdadeira floresta submarina, com uma beleza rara e uma riqueza de cor, forma e grande variedade de vida verdadeiramente inigualáveis.
Os primeiros estudos dos recifes datam dos finais do século XVIII, tendo como preocupação principal a descrição cartográfica, a geomorfologia e a origem, assim como a composição taxonómica da flora e fauna.
Em 1923 a Royal Society of London organizou uma expedição à grande barreira de coral da Austrália, obtendo dados sobre o plâncton e bentos dos recifes, assim como sobre a alimentação e metabolismo dos corais.
De então para cá, o grande interesse pelos corais não deixou de aumentar e conduziu mesmo à criação, em 1982, da revista “Coral Reefs” o que evidencia a progressivamente maior atenção que a comunidade cientifica confere a estes ecossistemas.
Na verdade, também os recifes de Armação de Pêra têm granjeado a curiosidade da comunidade científica. De facto são várias as Universidades que desenvolvem actualmente e em parceria com o centro de mergulho local, projectos de investigação científica que estão a ser publicados pelo mundo, divulgando a extrema riqueza biológica dos nossos recifes.
Por outro lado, é também patente o reconhecimento por parte dos muitos mergulhadores que têm tido o privilégio de usufruir deste mundo fascinante para a grande maioria desconhecido, reportado habitualmente com êxtase, diante de tamanha beleza natural.
Estes testemunhos justificam ambicionar-se legitimamente o desenvolvimento do ecoturismo em Armação de Pêra, para nós inovador, mas já clássico noutras paragens, como é o caso das ilhas Maldivas, as quais se tornaram famosas sobretudo pelos seus recifes de coral.
Pioneira neste ecoturismo, a organização Dive Spot, sediada em Armação de Pêra, assegura, já hoje aos mais motivados, através da sua equipa técnica altamente especializada, que inclui biólogos marinhos, instrutores, divemasters e skippers treinados e certificados com os mais altos padrões de qualidade e segurança, este serviço especializado e inovador.
Mas nem tudo são rosas para os recifes.
Infelizmente estes habitas prodigiosos correm riscos... as técnicas de pesca destrutivas como redes de arrasto, a sobrepesca e a pesca selvagem, a qual, noutras latitudes, chega mesmo a recorrer à dinamite, têm efeitos devastadores nestas frágeis estruturas.
A poluição e as mudanças climáticas podem constituir também factores de ameaça séria.
De facto, periodicamente alguns recifes sofrem subidas de temperatura de água que fazem com que a frágil associação entre animal e alga se desfaça: os corais perdem as algas e a sua cor, dando-se o fenómeno conhecido por branqueamento ou “bleaching”.
A beleza destes ecossistemas pode assim ser usufruída mas a sua fragilidade aconselha a aproveitar com cuidado e com sustentabilidade os nossos corais: são um mundo de cores, de oportunidades, mas sobretudo de vida e de geração de vida.
Por todas as razões ecológicas, económicas, estéticas e turísticas, é absolutamente fundamental que a nossa comunidade se interesse e queira conhecer e dar a conhecer a todos a mais valia natural subaquática que a baía de Armação de Pêra dispõe, aprendendo a respeitar e a preservar esta maravilha que a natureza nos concedeu, como uma responsabilidade pessoal, comunitária mas intransmissível.
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