O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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quarta-feira, 19 de agosto de 2020
segunda-feira, 20 de março de 2017
O Poema Pouco Original do Medo
O medo vai ter tudo
Pernas
Ambulâncias
E o luxo blindado
De alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém os veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos
o medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões continuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casa de passe
conferencias várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com certeza a deles
Vai ter capitais
Países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
Amantes silenciosos
ardentes
e angustiados
Ah o medo vai ter tudo
tudo
(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)
O medo vai ter tudo
Quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos
Sim
a ratos
Alexandre O’Neill, in “Abandono Viciado”
terça-feira, 8 de março de 2016
Há Palavras que Nos Beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
sábado, 20 de junho de 2015
Poema aos homens constipados - Lobo Antunes
Pachos na
testa, terço na mão,
Uma botija, chá
de limão,
Zaragatoas,
vinho com mel,
Três aspirinas,
creme na pele
Grito de medo,
chamo a mulher.
Ai Lurdes que
vou morrer.
Mede-me a
febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos,
fecha a janela,
Não quero
canja, nem a salada,
Ai Lurdes,
Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses
como me sinto,
Já vejo a morte
nunca te minto,
Já vejo o
inferno, chamas, diabos,
Anjos
estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios
nas suas danças
Tigres sem
listras, bodes sem tranças
Choros de
coruja, risos de grilo
Ai Lurdes,
Lurdes fica comigo
Não é o pingo
de uma torneira,
Põe-me a
Santinha à cabeceira,
Compõe-me a
colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus
no cobertor.
Chama o Doutor,
passa a chamada,
Ai Lurdes,
Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e
pão de ló,
Não te levantes
que fico só,
Aqui sozinho a
apodrecer,
Ai Lurdes,
Lurdes que vou morrer
António Lobo
Antunes –
(Sátira aos
HOMENS quando estão com gripe)
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sábado, 29 de março de 2014
Et puis, ce fut l’hiver …
Il semble qu’hier j’étais encore jeune, nouvellement
marié et je m’aventurais dans ma nouvelle vie avec ma conjointe.
Pourtant il appert qu’il y a bien longtemps de cela et je
me questionne où sont passées toutes ces années.
Je sais que je les ai toutes vécues selon mes espérances
et mes rêves et de la façon qu’elles étaient à l’époque.
Mais, il est ici….
L’hiver de ma vie qui m’a attrapé par surprise.
Comment suis-je arrivé si vite ici?
Où sont passées toutes ces années et où s’est envolée ma
jeunesse?
Je me rappelle bien d’avoir vu des personnes âgées
pendant toutes ces années et qu’elles avaient beaucoup d’avance sur moi.
Cet hiver était encore si loin que je ne pouvais deviner
ou imaginer ce qu’il était.
Mais, il est ici….
Mes amis sont retraités, grisonnent et se déplacent plus
lentement. Je vois aussi des personnes encore plus âgées.
Quelques-unes sont en bonne forme, d’autres moins que
moi, mais je vois de grands changements.
Je me rappelle qu'ils étaient jeunes et vibrant mais,
tout comme moi, leur âge est plus apparent.
Je suis devenu le vieux que j’avais l’habitude d’observer
et que jamais je n'aurais imaginé devenir.
Maintenant, à chaque jour, je réalise que prendre une
douche est devenu la réelle tâche du jour.
Faire une sieste n’est plus un luxe, mais une nécessité
car, si je ne le fais pas volontairement, lorsque je m'assois je m’endors
immédiatement.
J’entre maintenant dans cette nouvelle saison de ma vie
sans être préparé aux malaises, aux souffrances, à la perte d'une certaine
force, l’habilité de fonctionner et de faire des choses que je désirais tant
,mais que je n’ai jamais réalisées.
Au moins, je sais que l’hiver de ma vie est arrivé.
Je ne sais pas ce que sera sa durée mais une chose est
certaine, lorsque ce sera terminé et que s'en sera fini sur cette terre, une
nouvelle aventure va commencer !
Oui, j’ai des regrets quant à certaines choses que je
n’aurais pas dû faire et d'autres que j’aurais dû m’efforcer d’accomplir.
Il n'en reste pas moins que je suis très fier de
plusieurs choses que j'ai faites et de certaines bonnes actions que j'ai a mon
actif.
Tout cela fait partie de mon vécu.
- Tu oublies des noms, ce n’est pas grave, car les autres
ont même oublié qu’ils te connaissaient...
- Tu réalises que tu n’es plus aussi habile à accomplir
certaines choses et que les choses que tu aimais faire ne t’intéressent plus
autant et alors ....
- Tu dors mieux dans une chaise longue avec la télévision
allumée que dans ton lit. Cela s’appelle un « pré-sommeil » et non de
l'insomnie...
- Tu as tendance à utiliser des mots débutants pas un «Q»
: «Quoi ?», «Quand ?», «Quel ?», « Qui » ?
- Tu te plains que les imprimeurs utilisent de plus
petits caractères dans leurs publications…
- Les villes et les villages ont éloigné les coins de
rues de plusieurs pieds. Les trottoirs sont moins au niveau...
- Maintenant que tu as les moyens d’avoir des bijoux
dispendieux, tu as peur de les porter partout...
-Tu t’aperçois que tout ce qui se vend dans les magasins
est sans manche et ce qui t’apparaissait comme des taches de rousseur sont
devenues des taches brunes…
-Tout le monde chuchote maintenant...
- Dans ta garde robe, tu as des vêtements de trois
grandeurs, dont deux que tu ne porteras plus jamais...
Tout cela indique que tu es entré dans l'hiver de ta vie.
Par conséquent, si tu n’es pas encore dans ton hiver,
laisse-moi te rappeler que le temps passe beaucoup plus vite que tu ne le
penses.
Alors, s’il y a des choses que tu désires accomplir
durant ta vie, s’il te plaît fais-le vite.
Ne remets pas à plus tard ...
La vie est si courte.
Fais ce que tu peux aujourd’hui même afin de vraiment
profiter de toutes les saisons de ta vie.
Alors vis pour aujourd’hui et fais part de toutes les
choses dont tu rêves à tes proches et à ceux que tu aimes.
Ils apprécieront et t'aimeront pour ce que tu es et se
souviendront de ce que tu as fait pour eux durant toutes ces années passées.
Ce n’est pas ce que tu auras amassé, mais ce que tu auras
dégagé qui indiquera quel genre de vie tu as vécue.
La vie est un cadeau et ta manière de vivre sera un
cadeau pour ceux qui te succèderont.
Rends-la fantastique et vis-la bien !
Amuses-toi aujourd’hui!
Fais quelque chose de plaisant !
Sois heureux !
Aies une belle journée !
Rappelles-toi: ” La vraie richesse est la santé et le
bonheur.
Vis heureusement en 2014 !
En terminant, considères ce qui suit :
Aujourd’hui, tu as atteint ton plus grand âge, mais tu es
également plus jeune que tu seras demain.
Alors profites de cette journée le temps qu’elle durera.
D'ailleurs, le terme «Vieux » est intéressant dans
certains cas tels que: «Vieilles chansons» «Vieux films» et le meilleur de tous
:«Vieilles amies et vieux amis » !
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Madrugada
Um leve tremor precede à madrugada
Quando mar e céu na mesma cor se azulam
E são mais claras as luzes dos barcos pescadores
E para além de insânias e rumores
A nossa vida se vê extasiada
O
poema é de Sophia de Mello Breyner Andresen, a foto de Ana Margarida Santos.
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Pescadores,
Poesia
domingo, 14 de abril de 2013
Estamos, realmente, em tempo de um abraço amigo!
Soneto do Amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinicius de Moraes
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Cresce a miséria ao povo amordaçado

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
JOSÉ RÉGIO
Soneto escrito em 1969.
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
JOSÉ RÉGIO
Soneto escrito em 1969.
domingo, 22 de agosto de 2010
Luar de Agosto...em Armação de Pêra!

Luar da noite de 21 para 22 de Agosto, captado por um grande profissional que quis reservar a sua identidade, na praia de Armação de Pêra.
Nesta Vila convivem o óptimo com o péssimo, paredes meias. Os elementos naturais com o resultado da acção do homem que insiste em não se posicionar à altura daqueles.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Presença
UM POEMA DA NOSSA ARMAÇÃO POR TORQUATO DA LUZ NO SEU BLOG OFÍCIO DIÁRIO

Armação de Pêra
Entra-me em casa o murmúrio do mar
e ao fim da tarde assoma na janela
uma gaivota que me vem deixar
a mensagem mais simples, mais singela,
que podia na vida desejar:
esta certeza de que estás comigo
mesmo quando te ausentas e eu invento
mil e uma formas de escutar no vento
o eco das palavras que te digo.
(Do livro "Espelho Íntimo", a lançar no próximo dia 26, às 19 horas,na Livraria Barata, Av. de Roma, 11-A, Lisboa)
Armação de Pêra
Entra-me em casa o murmúrio do mar
e ao fim da tarde assoma na janela
uma gaivota que me vem deixar
a mensagem mais simples, mais singela,
que podia na vida desejar:
esta certeza de que estás comigo
mesmo quando te ausentas e eu invento
mil e uma formas de escutar no vento
o eco das palavras que te digo.
(Do livro "Espelho Íntimo", a lançar no próximo dia 26, às 19 horas,na Livraria Barata, Av. de Roma, 11-A, Lisboa)
sábado, 14 de março de 2009
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