O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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segunda-feira, 21 de julho de 2025

Armação de Pêra Cresce, Mas Fica para Trás

Nos últimos anos, Armação de Pêra tem-se destacado como a freguesia com maior crescimento populacional no concelho de Silves, registando, de acordo com os Censos de 2021, um impressionante aumento de 23,4%. Com uma área territorial de apenas 8 km² e uma densidade populacional de 751,4 hab/km², Armação aproxima-se, em termos de compactação urbana, de cidades como Lisboa, Atenas ou Nápoles. Esta concentração populacional, longe de ser um problema, representa uma oportunidade rara para a eficiência da gestão urbana. Quanto mais densa for uma cidade, mais barato se torna manter os serviços básicos como abastecimento de água, drenagem e recolha de resíduos. No entanto, essa vantagem estrutural está a ser desperdiçada. Enquanto Silves e São Bartolomeu de Messines, apesar de representarem metade da população do concelho, registam uma taxa de crescimento negativa (-3,2%), continuam a absorver a maior parte do investimento público municipal. Silves concentra os principais serviços públicos, os equipamentos culturais e as infraestruturas mais bem cuidadas. Na cidade de Silves, as ruas não cheiram a lixo nem têm buracos nas calçadas. Armação de Pêra, pelo contrário, paga mais do que recebe. Com um forte peso no turismo, no comércio e na atividade económica local, é um motor de receita para o concelho — mas não é tratada como tal. Apesar do crescimento e da densidade, não se verifica o correspondente investimento em equipamentos públicos, mobilidade, espaços verdes, ou reforço dos serviços essenciais. Nos últimos 12 anos, é legítimo perguntar: 👉 Qual foi o investimento estrutural significativo feito pela Câmara Municipal em Armação de Pêra? 👉 Onde estão os equipamentos públicos que acompanham o crescimento da freguesia? 👉 Por que razão as decisões continuam a ser tomadas em gabinetes distantes dos cidadãos, com pouca escuta ativa e ainda menos ação concreta? A gestão municipal não pode continuar a ignorar os dados e a realidade do território. Governar não é apenas manter o centro histórico arranjado, mas garantir coesão territorial, equilíbrio nos investimentos e justiça social entre freguesias. O crescimento de Armação de Pêra precisa de ser acompanhado de investimento — não apenas por razões de equidade, mas por uma questão de visão estratégica. Se Armação cresce, é porque tem potencial. E esse potencial merece ser reconhecido, respeitado e sustentado.

domingo, 20 de julho de 2025

Praia de Armação de Pêra: o problema não está só nas concessões

A recente publicação do jornal Terra Ruiva, sob o título “Na Praia de Armação de Pêra – Sobe o mar, falta areal e sobram concessões privadas e públicas”, traz à tona um problema que há muito se sente, mas que poucos têm coragem de enfrentar com profundidade: o crescente aperto da praia frente ao aumento da procura e à diminuição do espaço disponível. Mas será que acabar com as concessões é mesmo a solução? É inegável que o espaço útil na praia está cada vez mais reduzido. A subida do mar, as alterações climáticas e a configuração natural da baía tornam a situação ainda mais complexa. No entanto, culpar apenas as concessões – sejam elas privadas ou públicas – parece simplista. Quem hoje utiliza uma concessão com toldos, caso esta desapareça, não deixará de vir à praia; apenas competirá por um espaço ainda mais escasso no areal livre. Além disso, não se discute o tamanho dos chapéus-de-sol, a quantidade de espaço que cada família ocupa ou o comportamento dos utilizadores. Tudo isso influencia o usufruto coletivo da praia, mas raramente entra no debate. A solução, portanto, deve ser mais ampla e estrutural. É preciso olhar para além da linha do mar. A norte da Praia do Olival, observando imagens do Google Earth ou fotografias antigas da década de 70, é possível ver a mudança radical no território: uma densificação urbana acelerada, incentivada por sucessivas decisões camarárias que priorizaram receitas imediatas em detrimento da sustentabilidade da vila. Hoje, Armação de Pêra conta com cerca de 11 mil alojamentos. Durante a época alta, a população flutuante pode atingir os 50 mil habitantes. A pergunta impõe-se: há espaço de praia suficiente para todos durante a praia mar? Claramente, não. E o problema não está na concessão de 1,8 m2 de sombra com espreguiçadeiras. Está, sim, na forma como se permitiu – e continua a permitir – a ocupação do território sem planeamento urbano coerente. Entre o minigolfe e a praia do Olival, a faixa de areia é ainda mais exígua, emparedada pela falésia. A pressão sobre esta zona é enorme, e qualquer solução que se limite a “acabar com as concessões” será apenas um paliativo. Talvez esteja na hora de pensar em alternativas mais criativas e sustentáveis: criar zonas balneares alternativas ao longo do concelho, investir em transportes e acessos que facilitem a distribuição dos banhistas por outras praias menos sobrecarregadas, repensar o urbanismo local e criar mais espaços públicos de lazer fora da linha costeira. Armação de Pêra não pode continuar a crescer em população e construções enquanto a sua frente marítima permanece limitada e vulnerável. É hora de pensar o futuro com seriedade, pois areia não se fabrica e o mar não recua.

quarta-feira, 16 de julho de 2025

A Matemática e o Futuro de Portugal: Uma Reflexão Necessária

Os resultados da 1.ª fase dos exames nacionais do ensino secundário revelam uma realidade preocupante: enquanto disciplinas como Português e Biologia registaram melhorias significativas nas médias — passando, respetivamente, de 11,1 para 12,6 valores e de 9,9 para 12,4 — a disciplina de Matemática A sofreu uma descida acentuada. A média desceu de 12,1 para 10,5 valores, e 42% dos alunos não conseguiram sequer alcançar a positiva. Este dado não pode ser ignorado, sobretudo num país que ambiciona crescer sustentadamente e afirmar-se num mundo cada vez mais competitivo e tecnológico. A Matemática é muito mais do que uma disciplina escolar: é uma linguagem universal, uma ferramenta de pensamento crítico, de resolução de problemas e de inovação. Está na base de áreas estratégicas como a engenharia, a economia, a medicina, a inteligência artificial, a cibersegurança, entre muitas outras. Um país que negligencia a formação matemática dos seus jovens compromete o seu próprio futuro. Estes resultados devem servir de alerta, não apenas para o sistema educativo, mas para toda a sociedade. Não se trata de culpabilizar os alunos, os professores ou os programas curriculares, mas de refletir profundamente sobre o que está a falhar. Será o ensino demasiado teórico e descontextualizado? Será a pressão dos exames um entrave à aprendizagem significativa? Teremos políticas de apoio eficazes para alunos em dificuldades? Se queremos uma sociedade mais justa, preparada e competitiva, é imperativo valorizar a Matemática desde os primeiros anos de escolaridade, promovendo metodologias ativas, o uso de tecnologias educativas e um ensino que mostre a aplicação prática do conhecimento. Também é fundamental investir na formação contínua de professores e reforçar o apoio aos estudantes que apresentam maiores dificuldades. Portugal precisa de jovens capazes de pensar de forma lógica, crítica e criativa — e a Matemática é uma das chaves para essa capacidade. Melhorar os resultados nesta disciplina não é apenas uma questão académica: é uma questão de desenvolvimento nacional.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Ainda a "porra" da racionalidade na utilização dos recursos!

Proibido lavar carros e encher piscinas devido a seca do Alentejo

In: Observador de 20.07.2017

As fontes decorativas serão encerradas. As regas nos jardins também deverão ser reduzidas. São algumas das medidas aprovadas para reduzir os efeitos da seca que regista os piores níveis desde 1995.


Com a aprovação desta quarta-feira do Plano de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, 15 localidades do Alentejo vão ser obrigadas a restringir o consumo urbano de água, noticia o DN.

Não vai faltar água nas torneiras. Não há restrições para o consumo humano. Aliás estão definidas as prioridades: primeiro os humanos, depois animais, regas agrícolas e piscinas, lavagens etc”, disse João Matos Fernandes, ministro do Ambiente ao DN.

O governante alertou para o facto de a situação de seca, com os piores níveis desde 1995, ser “cada dia mais preocupante, principalmente na bacia do Sado”. João Matos Fernandes garantiu também ter soluções para o problema. O ministro revelou que foi feito um investimento de 510 milhões de euro na pré-reserva de camiões cisterna e estão a ser feitos furos em Odemira, Arraiolos, Avis, Borba, Alandroal e Mértola.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

A real gana vence a racionalidada mais vezes que aquelas que devia, para mal dos nossos pecados(despesa pública)!


O HOMEM, O SHOWBUSINESS E O ANIMAL

Ainda sobre a "maldita" racionalidade aquela que é habitualmente arquiinimiga da real gana - aquela outra que é a responsável por fazermos o que queremos, porque sim ou apenas porque não, sem necessidade de prestar contas a quem quer que seja, sobre o que quer que seja (dando curso pleno ao animal que há em nós)- vivem em permanente conflito, "não se podendo ver uma à outra"- como o Ray Charles e o Stevie Wonder"diria um humorista-.

Nada de novo a estibordo, dirão os mais eruditos!

Sucede é que, quando, naquele conflito, alguém que o perfilha, adopta e trata da sua vida tomando a parte da real gana nessa dualidade: racionalidade versus real gana, as consequências dessa opção estratégica, podendo sempre prejudicar alguns terceiros mais incautos, prejudica, sempre e em primeiro lugar o próprio, pois começando por obrigá-lo a colocar mal os problemas com que se depara, dificilmente ou nunca lhe permitirá obter uma resposta certa.

Tal como dantes, até aqui tudo bem, dirão, uma vez mais os eruditos!

Sucede porém que, as más consequências de dar curso à real gana em prejuízo da racionalidade, multiplicam-se com o número dos problemas, ou a complexidade e, ou, sofisticação dos mesmos, e não só, mas também com a categoria dos agentes da acção.

Esquecendo outras situações em que o principio se verifica invariavelmente, importa, ao que aqui interessa,o efeitos destas concessões à real gana, em espécimes que, por natureza das suas funções, lidam e gerem problemas de outrém, destinatários passivos (como as populações), com meios oriundos das contribuições da generalidade dos cidadãos-contribuintes (o erário público).

Nestes casos, na ausência de um "medidor" da racionalidade ou da real gana por que pautam a sua conduta pública através da gestão dos meios que lhes foram distribuídos para administrar, restam-nos os meios comuns: uma oposição eficiente, quando existe, as eleições quando ocorrem e sempre os artigos de opinião, na comunicação social.

Para muitos é bastante, para outros insuficiente; Deixemos por ora esta questão igualmente crucial na gestão do interesse público.

Tudo isto a propósito de um comentário ao n/ post "Amigos, amigos, racionalidade no uso dos recursos e ineficiências à parte!", o qual, com total transparência perante os visitantes, reproduzimos de seguida:

Boa tarde.
Poderiam esclarecer, caso assim o pudessem ou o entendessem, qual a fonte ou fontes que recorreram quando referem:
1 - gastos anuais com o sistema de água ("A Câmara de Silves gasta anualmente no sistema de abastecimento de água 3,7 milhões de euros, mas a receita obtida com a venda do serviço é de 3 milhões pelo que o prejuízo é de 700 mil euros anuais");
2 - Perdas de água ("As perdas de água ascendem a 60 %, o que quer dizer que mais de 3 milhões de m3 vão “pelo cano” que não o do abastecimento público, o que representa cerca de 1,5 milhões de m3/ ano.");
3 - Reabilitação de rede de abastecimento de água nos últimos 5 anos ("...só foram reabilitados 2,1 km de rede, quando deveriam de ter sido 45 km.").
Agradecia o esclarecimento, com a indicação da ou das respectivas fontes de tais dados, para um melhor esclarecimento da situação, para todos os cidadãos do concelho de Silves.
Não posso deixar de manifestar a minha tristeza de, por mais uma vez, olhar-se apenas para a freguesia do lado, para ver o que está ou irá ser feito/realizado e não equilibrar com o que foi feito e encontra-se a ser realizado na própria Freguesia. Parece que a galinha da vizinha é melhor que a minha, segundo o provérbio, mas sempre com receio que a dela engorde mais que a minha, por caminhos travessos.
Atenciosamente,


Sem outro comentário, por ora, informamos que a fonte que utilizamos para fazer o post foi o RASARP 2015, Volume 1 - Caraterização do setor de águas e resíduos publicação da ERSAR, que sintetiza a informação mais relevante referente à caraterização do setor do saneamento básico no ano de 2014, referenciada a 31 de dezembro, abordando a sua caraterização e evolução, os principais intervenientes, os principais números em termos de recursos do setor, a análise económica e financeira, os principais resultados da avaliação da qualidade do serviço prestado aos utilizadores e a análise relação das entidades gestoras com os utilizadores dos serviços.

A fonte pode ser encontrada aqui:http://www.ersar.pt/pt/site-publicacoes/Paginas/edicoes-anuais-do-RASARP.aspx

"That's all Folks", como diria "Buggs Bunny", um animal (coelhinho) muito inteligente, muitas vezes Chico Esperto, mas invariavelmente racional, porque sendo um boneco animado não é o animal que parece mas sim uma criação do homem!

sábado, 8 de julho de 2017

Amigos, Amigos, Racionalidade no uso dos recursos e Ineficiências à parte!

O nosso último post “Como comprar votos em vésperas de eleições” gerou alguma controvérsia na blogosfera – o que não é novo, nem indesejável – mas lá por isso, nada nos impede de considerar os comentários, na blogosfera ou fora dela, algumas vezes, injustos, outras vezes aberrantes e muitas vezes de vistas curtas.

Sem recear a critica, seja ela de que natureza for e independentemente do seu mérito, gostaríamos de revisitar o comentário em questão, o qual aproveitamos para ampliar na sua visibilidade reproduzindo-o de seguida, em primeiro plano, para que não restem duvidas acerca da lealdade no debate de ideias no Blog CIDADANIA, antes de entrarmos propriamente na defesa dos nossos pontos de vista, nos quais assentou o nosso último post, aquele mesmo que gerou a indignação do visitante cujo teor transcrevemos:

Luís Guedes disse...
O Blog Cidadania já teve melhores dias, mas, percebe-se... quando chegam as eleições, há que começar a bater no ceguinho, distorcendo e recortando factos conforme dá mais jeito...

No Lavajo e Benaciate, terras do nosso concelho, aonde existem munícipes como eu que também pagam impostos, mas que não têm água em século XXI, empreitada de 1 milhão de euros, com financiamento aprovado por fundos comunitários a 85%, o que significa que para a câmara só decorre uma despesa efectiva de 15%... e olhe que esta obra ando eu e mais 399 e tal famílias que residem no concelho a implorar há décadas!!!

Uns posts mais abaixo, no mesmo blogue, e noutras noticias já vindas a público, inclusivo com direito a discussão pública na sede dos Armacenenses, sabe-se que em Armação de Pêra, sem considerar as substituições de condutas antigas em fibrocimento que já foram efectuadas nestes últimos dois/três anos, a Câmara vai investir 2 milhões de euros, sem financiamento comunitário, portanto, tudo suportado pelo orçamento municipal, por todos os munícipes do nosso concelho, de Armação a São Marcos da Serra (alguns que não sequer têm água pública, como eu), para renovar toda a rede de águas e esgotos da baixa de Armação de Pêra e acabar de vez com o problema das cheias, com um projecto que já está sendo elaborado só pelo maior especialista do país... Nada contra, parece-me muito bem, que se resolva o problema e que se melhore qualidade de vida às pessoas

Eu que resido no Lavajo pergunto então ao Blogue Cidadania se devo continuar a viver sem água em pleno século XXI, para que os senhores autores deste blogue vivam ainda melhor??! Eu não pago impostos como os senhores? Não pago também IMI? Talvez vocês paguem mais, porque escolheram viver à frente da praia... eu vivo no campo, porque não tenho meios para viver à frente da praia, e então devo ser tratado como cidadão de segunda à luz da lei, é isso?!? É a tal igualdade que os senhores defendem?!? Parece que Salazar está de volta para criar desigualdades!

O blogue Cidadania já teve melhores dias. Neutralidade, imparcialidade e independência zero... com as eleições à porta, há que começar a fazer campanha, julgava eu que este blogue era isento na matéria, mas já vi que não e ainda por cima falta ao respeito a mim e a todos os contribuintes que residem noutros locais do concelho que não sejam de Armação de PÊra... nenhum de nós merece, nem os armacenenses!


O nosso visitante snr. Luís Guedes, em “modo” “ofendido” veio, claramente em defesa da sua “dama”, privilegiar, como aquela, o investimento na construção da rede de distribuição de água em Lavajo e Benaciate.

Pensando poder contribuir para um esclarecimento da questão, racional e não exclusivamente político-partidário, vejamos então o seguinte:
A Câmara de Silves gasta anualmente no sistema de abastecimento de água 3,7 milhões de euros, mas a receita obtida com a venda do serviço é de 3 milhões pelo que o prejuízo é de 700 mil euros anuais.

Com este prejuízo anual, recorde-se: de 700 mil euros, a Câmara de Silves ou qualquer outra, tal como qualquer cidadão, ou recorre ao crédito, engrossando a divida, ou retira o dinheiro de outras verbas do respectivo orçamento, de “caras” ou de “cernelha”, que deveriam ser investidas, dizemos nós, no desenvolvimento do concelho.

Atentando nos seguintes factos:

As perdas de água ascendem a 60 %, o que quer dizer que mais de 3 milhões de m3 vão “pelo cano” que não o do abastecimento público, o que representa cerca de 1,5 milhões de m3/ ano.

Nos últimos 5 anos só foram reabilitados 2,1 km de rede, quando deveriam de ter sido 45 km.

Como é que podemos concordar com a prioridade do investimento em Lavajo e Benaciate?

Não seria mais racional canalizar o investimento na deteção de fugas, reduzi-las a metade e recuperar pelo menos 750 mil euros?

Por outro lado, não podemos deixar de ter presente que falta de água pública não impediu que alguns residentes em Lavajo e em Benaciate tenham construído as suas piscinas, não tendo nós nada contra as piscinas ou contra quem tem meios para tê-las.

Sucede é que ainda temos menos contra a racionalidade ou contra as medidas de força maior que se justificam em casos, exactamente de força maior!

Em matéria de impostos, sem olvidar que paga mais um T0 em Armação de Pera com vista de betão, do que uma das vivendas de luxo com piscina em Lavajo, importa-nos mais saber – visando não continuar a pagar porque sim e independentemente da sobrecarga fiscal que todos suportamos, sabendo-se bem que as necessidades da receita resultam, na maior parte das vezes da incompetência, ineficiência e, ou, solidariedades paroquiais de pacotilha que determinam e agravam uma despesa excessiva- em que medida cada euro gasto pode reduzir a despesa, logo, potencialmente, a carga fiscal, do que as prioridades estabelecidas para a despesa numa lógica de que o cidadão-contribuinte está lá “no matter what?” para ordenhar sempre que necessário como se de uma vaca leiteira (saudável e inesgotável) se tratasse!

Hoje em dia, perder a quantidade de água que se perde no concelho, por ineficiência da rede, a qual não é destinatária, por parte do Município, da devida reparação prioritária e urgente, negligenciando um dever económico e ecológico fundamental, É UM CRIME!

Um CRIME por acção de gerir a riqueza pública que a água constitui, como se se tratasse o pais, de um Estado rico e perdulário, num planeta ambientalmente perfeito;

Um CRIME por acção de gerir as receitas dos cidadãos-contribuintes, aplicando- as através da realização da despesa sem respeito pelas prioridades, racionais e economicamente mais relevantes e sustentáveis.

Nada nos move contra o desenvolvimento de Lavajo e Benaciate, ou que qualquer outra localidade em igual ou pior situação, porém também nada nos move a favor da despesa irracional num contexto de necessidades inventariadas e òbvias que se adiam em manifesto prejuízo da economia, do ambiente e de todos os cidadãos-contribuintes!

A apimentar a coisa: tudo isto em mais um ano de secas severas,com concelhos a verem a àgua dos furos alternativos a secarem e a terem de transportar àgua em auto cisternas para servir as populações, cujo consumo se encontra racionalizado e reduzido.

Não contem connosco para isso!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Terceira idade: o que podia ser o completar de um ciclo virtuoso e é a exclusão, mesmo num Estado Social.



O escritor Knud Romer fala sobre a morte de seu pai e a solidão dos idosos na Dinamarca, um país várias vezes eleito o mais feliz do mundo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Indignação é Participação. Participação é Cidadania.

Temos neste sítio manifestado sobejas vezes a nossa opinião sobre a qualidade da representação política dos cidadãos, nas várias assembleias: da república, municipais ou de freguesia.

Daquela representação temos dito “cobras e lagartos” e, estamos seguros de que o fazemos justamente.

Na verdade estamos certos que a vontade dos cidadãos sofre um enorme estrangulamento e distorções graves ao exprimir-se na sua representação política.

Pensamos, também o temos afirmado amiudadas vezes, que o voto não esgota a opinião dos cidadãos, pelo que, só através de uma maior participação se pode controlar melhor a qualidade da representação formal, assim como completar as funções de cidadania que se encontram extraordinariamente reduzidas no exercício do direito de voto.

Porém, no “nosso ataque cerrado” à classe política, nunca pusemos o sistema democrático em equação porquanto este se encontra fora de qualquer cogitação.

Esta introdução para enquadrar as fotos seguintes, resultado da imaginação popular brasileira, mas também de um evidente défice da classe política do pais irmão.

Assim como de uma participação mais ousada que a conhecemos por cá!

O problema de fundo afinal não é português ou brasileiro, é de todas as democracias, maior naquelas onde a participação dos seus cidadãos é mais retraída, menor naquelas onde a participação dos seus cidadãos é mais intensa.

Evidência clara dessa omissão, é a que resulta hoje, dramaticamente para o bolso dos cidadãos-contribuintes, exactamente por termos deixado "a política para os políticos"!

Fora das democracias, obviamente, o problema não se coloca!





quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Onde não há caridade não pode haver justiça

Um caso para a Câmara Municipal de Silves, Junta de Freguesia de Armação de Pêra, Segurança Social e Delegação de Saúde de Silves resolverem, uma vez que QUANDO NÃO HÁ SOLIDARIEDADE NÃO HÁ JUSTIFICAÇÃO PARA OS IMPOSTOS!

sábado, 10 de setembro de 2011

A Privatização da Água a Referendo. Uma Petição para subscrever e levar a sério!

A prevista privatização da água é, materialmente, um verdadeiro disparate. Mas, para além disso, um bem alheio ao governo, este ou qualquer outro, pelo que este não pode, nem deve, dispôr do mesmo sem uma consulta séria aos respectivos proprietários - os cidadãos -. E, quanto a nós, o assunto e a consulta são de tal modo importantes, que não se podem esgotar na confiança concedida aos representantes do povo eleitos por sufrágio directo e universal. Alías esta última consulta não integrou esta questão, pelo que os deputados não têm poder para sobre ela decidir em nome do povo.


Agir legitima e democráticamente nesta importante matéria implicará assim uma consulta generalizada aos cidadãos, através de Referendo. Não há outra forma de o fazer, com respeito pela vontade dos cidadãos.


Corre pela Net uma petição sobre a matéria, a qual, aconselhamos vivamente a todos os cidadãos que a subscrevam.


Eis o texto da mesma e o respectivo endereço electrónico:


A água é parte constituinte do planeta Terra, como qualquer recurso, apresenta valores muito escassos e face a esse facto a sua gestão torna-se premente e indispensável.





Com o exponencial crescimento da população humana e com a tipologia de vida que a Humanidade tem vindo a desenvolver, a pressão sobre a água doce disponível tem vindo a acentuar-se. 




O Homem, como todos os seres vivos tem a necessidade deste bem para a sua sobrevivência. 



Estes factores obrigam a que a gestão deste bem seja feita com a maior cautela. 



Desse modo, consideramos que algo tão fundamental não deve e não pode ser alvo de uma gestão privatizada que naturalmente visaria a lógica empresarial com base na obtenção de lucros e mais-valias.


Acresce que o fornecimento deste bem deve ser Universal, não podendo mais uma vez estar sujeito a cálculos ou premissas de cariz financeiro. 




Nesse sentido, vimos desta forma solicitar que o controlo da gestão da água e respectiva rede de abastecimento seja garantido pelo Estado, dotando as autarquias locais, ou outra entidade central de financiamento que permita a manutenção da distribuição , de forma a garantir a sua Universalidade e qualidade, mediante um preço justo, devendo este ser calculado em função do consumo e sua tipologia, nunca tendo por base a localização geográfica dos cidadãos.


Considerando ser esta uma decisão que afecta directamente os Direitos fundamentais, vimos propor que seja realizado um referendo nacional com vista a garantir a legitimidade de uma medida desta natureza em prol da Democracia e da Cidadania. 



http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N11644

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Os reais mecanismos da História...



Documentário A NÃO PERDER, elucidativo acerca do mecanismo que realmente "produz" uma boa parte da história.

Com uma simplicidade inquietante explica aquilo que muitos responsáveis politicos e da comunicação social parecem ignorar. Quer quando agem no exercicio das suas funções, quer, sobretudo quando se dirigem aos cidadãos, contribuindo efectivamente para a opacidade da informação, para a desinformação e para a ignorância de todos.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Armação de Pêra: "La Palisse" visita as Grutas!


ALGUMAS VERDADES de LA PALISSE

A visita às grutas é uma actividade ancestral em Armação de Pêra, pelo menos desde que há pesca artesanal.

(melhor diriamos um passeio ancestral. De acordo com a informação de um visitante do blog, as visitas com caracter turistico, começaram com a aquisição do primeiro barco a motor, iniciativas esta e aquelas, da Junta de Turismo, de boa memória)

A pesca artesanal assegura a captura do pescado da melhor qualidade em Portugal.

O pescado de Portugal é disputado pelos melhores cozinheiros do mundo e viaja de avião para muitos dos melhores restaurantes do mundo.

O pescado português tem uma quota parte, inalienável, daquilo que constitui uma das principais atracções de Portugal: a sua gastronomia.

Armação de Pêra é uma estância turística importante no Algarve que atrai centenas de milhares de forasteiros, nacionais e estrangeiros.

O Algarve é um pólo de atracção turística dos mais importantes do pais.

O Turismo é a principal industria exportadora de Portugal, decisiva para a sua economia e a de todos nós sendo a que mais contribui para o equilíbrio da balança comercial

Só com o desenvolvimento económico de Portugal poderemos ter um pais sustentável, uma carga fiscal e um nível de desemprego aceitáveis.

A dimensão da nossa economia e a incapacidade de investimento dos agentes económicos portugueses são de tal forma exíguos que carecem decisivamente de investimento estrangeiro para poder crescer por forma a fomentar a riqueza compaginável com os níveis de bem estar e de consumo que apaixonaram os portugueses nos últimos 25 anos.

A exiguidade da actividade económica e portanto da economia foi sendo substituida pela despesa do estado à conta da distribuição dos fundos europeus que praticamente esgotámos e do endividamento do estado que não é mais possível obter.

Portugal encontra-se, pela primeira vez na sua história, confrontado consigo próprio e com as suas limitações, esgotadas que se encontram todas as possibilidades de sustentar-se à conta de riqueza alheia (mais território, o açúcar, as especiarias, o ouro, as remessas dos emigrantes, os fundos europeus e por fim o crédito, esgotaram-se).

Restam-lhe os recursos próprios, com principal destaque, uma vez que outras riquezas naturais não beneficiaram o território dos portugueses, para aqueles que melhores mais valias poderão gerar: os recursos humanos.

ALGUMAS CONCLUSÕES de LA PALISSE

A Praia, as grutas, Armação de Pêra, os pescadores e a pesca artesanal são anteriores às concessões de Praia, à Policia Marítima e à lei que obriga as embarcações a, somente adentro dos corredores de navegação, poderem estar a menos de 300 metros da areia.

A pesca artesanal é uma actividade profissional que atraí cada vez menos interessados porquanto é uma profissão de risco, com custos certos e receitas incertas, condicionada pelas condições climatéricas como pela incapacidade dos
responsáveis para organizarem e implementarem formas mais eficientes tendentes à optimização do contributo para a economia desta actividade económica ancestral.

Sendo certa e sabida a importância da sua contribuição para o património que é a nossa gastronomia e a enormidade do défice comercial entre o pescado que consumimos, importado (só os japoneses consomem mais peixe per capita que os portugueses) e aquele que capturamos.

Profissionais liberais, os pescadores como outros, que são daqueles que, dentro do sistema (legal e fiscal) menos beneficiam do Estado social (não têm garantia de emprego, nem garantia no desemprego).

As visitas às grutas não são, economicamente, suficientemente interessantes para motivarem agentes económicos a empreenderem a sua exploração empresarial.

As visitas às grutas são provavelmente, a única oferta de interesse turístico de Armação de Pêra, para além do Sol e Praia.

Constituem por isso, durante um período muito curto em que gozam de alguma procura, uma garantia de emprego (actividade) para aqueles cuja actividade não passa de um subemprego (a pesca artesanal).

Sendo que o resultado desta prestação de serviços privada beneficia Armação de Pêra ajudando na paupérrima oferta turística de que dispõe e ajudando esta, ajuda o Algarve a continuar a ser um destino turístico importante que contribui decisivamente para a principal industria exportadora nacional a qual resiste estoicamente ao natural défice da balança comercial de Portugal com o exterior, dadas as profundas limitações da nossa economia, dos nossos agentes económicos e agora do estado muito mais limitado no apoio aos mesmos, em anulá-lo e, muito mais em invertê-lo em nosso favor.

Portugal só sairá do atoleiro em que se encontra com a optimização da soma dos contributos individuais na produção de mais riqueza para ter muito mais economia.

Para isso é importante produzir mais e melhor, mas tão importante quanto isso é haver sintonia criativa e cúmplice entre aqueles que produzem e querem produzir mais e aqueles que, dispondo de poderes públicos têm dos mesmos uma concepção exclusiva de poder que se afirma sobretudo pelo seu exercício e evidenciação repressiva e ou majestática, em vez de o assumirem como factor contributivo da facilitação na criação de riqueza, ao serviço da comunidade e também da economia.

Sem perderem os fins sociais para que foram criados, integrarem-se no aparelho produtivo, ao seu nível e no âmbito das suas funções.

É claro que o desenvolvimento económico, num estado de direito democrático, não é incompatível com a segurança das pessoas. Nem a lei é feita para ser pervertida. Mas a lei é também senão sobretudo, um instrumento de desenvolvimento que se cria na medida das necessidades na comunidade, alterando-se ou complementando-se as vezes que forem necessárias à sua adequação à realidade e às necessidades.

Ora, os corredores de nevegação foram criados para segurança dos banhistas protegendo-os sobretudo de embarcações de recreio perigosas como as motas de àgua, como é bem de ver e não para embarcações de pesca, bem visiveis, lentas e conduzidas com mestria por profissionais.

Mas, mesmo assim, é sempre possível criar mais corredores de navegação, onde os profissionais na condução das embarcações possam desenvolver a sua actividade económica de relevância com mais eficiência e eficácia.

E a Policia Marítima, em vez de ser parte do problema, porque é sustentada pela comunidade dos contribuintes, pode bem virar as suas peças de artilharia para atacar as soluções, empenhando-se por dar resposta, ou contribuir decisivamente para a resposta a estas necessidades. Afinal é também uma questão de segurança. Só que deste modo uma segurança preventiva e não um exercicio puro e duro de autoritarismo.

DE NOVO VERDADES de LA PALISSE

Os portugueses já são os contribuintes sujeitos à maior carga fiscal na Europa.

Só com mais economia poderemos ter melhor receita e, por essa via, uma carga fiscal aceitável.

Todos e cada um dos portugueses tem de fazer melhor a sua parte!

Não faças amanhã aquilo que podes fazer hoje!!!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Um pais de loucos (?)....


Transcrição do artigo do médico psiquiatra Pedro Afonso, publicado no jornal 
Público, de 2010-06-21



Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da
Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.



Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes.

Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.


Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade.

Enquanto o legislador se entretém maquinal mente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos
ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.



Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família.

Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e
produtividade.

Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a
casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejada de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão
cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.



Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho
presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição
da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.



Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês,
enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário.
Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.



Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos
números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um
mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência
neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.



E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se
há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.



Pedro Afonso

Médico psiquiatra

“A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas.” (Horácio)

terça-feira, 5 de abril de 2011

Porque silenciam a Islândia?

(Estamos neste estado lamentável por causa da corrupção interna – pública e privada com incidência no sector bancário – e pelos juros usurários que a Banca Europeia nos cobra.
Sócrates foi dizer à Sra. Merkle – a chanceler do Euro – que já tínhamos tapado os buracos das fraudes e que, se fosse preciso, nos punha a pão e água para pagar os juros ao valor que ela quisesse.
Por isso, acho que era altura de falar na Islândia, na forma como este país deu a volta à bancarrota, e porque não interessa a certa gente que se fale dele)

Não é impunemente que não se fala da Islândia (o primeiro país a ir à bancarrota com a crise financeira) e na forma como este pequeno país perdido no meio do mar, deu a volta à crise.

Ao poder económico mundial, e especialmente o Europeu, tão proteccionista do sector bancário, não interessa dar notícias de quem lhes bateu o pé e não alinhou nas imposições usurárias que o FMI lhe impôs para a ajudar.
Em 2007 a Islândia entrou na bancarrota por causa do seu endividamento excessivo e pela falência do seu maior Banco que, como todos os outros, se afogou num oceano de crédito mal parado. Exactamente os mesmo motivos que tombaram com a Grécia, a Irlanda e Portugal.
A Islândia é uma ilha isolada com cerca de 320 mil habitantes, e que durante muitos anos viveu acima das suas possibilidades graças a estas “macaquices” bancárias, e que a guindaram falaciosamente ao 13º no ranking dos países com melhor nível de vida (numa altura em que Portugal detinha o 40º lugar).

País novo, ainda não integrado na UE, independente desde 1944, foi desde então governado pelo Partido Progressista (PP), que se perpetuou no Poder até levar o país à miséria.

Aflito pelas consequências da corrupção com que durante muitos anos conviveu, o PP tratou de correr ao FMI em busca de ajuda. Claro que a usura deste organismo não teve comiseração, e a tal “ajuda” ir-se-ia traduzir em empréstimos a juros elevadíssimos (começariam nos 5,5% e daí para cima), que, feitas as contas por alto, se traduziam num empenhamento das famílias islandesas por 30 anos, durante os quais teriam de pagar uma média de 350 Euros / mês ao FMI. Parte desta ajuda seria para “tapar” o buraco do principal Banco islandês.

Perante tal situação, o país mexeu-se, apareceram movimentos cívicos despojados dos velhos políticos corruptos, com uma ideia base muito simples: os custos das falências bancárias não poderiam ser pagos pelos cidadãos, mas sim pelos accionistas dos Bancos e seus credores. E todos aqueles que assumiram investimentos financeiros de risco, deviam agora aguentar com os seus próprios prejuízos.

O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um referendo, tendo os islandeses, com uma maioria de 93%, recusado a assumir os custos da má gestão bancária e a pactuar com as imposições avaras do FMI.

Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a realização de novas eleições.
Foi assim que em 25 de Abril (esta data tem mística) de 2009, a Islândia foi a eleições e recusou votar em partidos que albergassem a velha, caduca e corrupta classe política que os tinha levado àquele estado de penúria. Um partido renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições, e conjuntamente com o Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que lhes garantiu 34 dos 63 deputados da Assembleia). O partido do poder (PP) perdeu em toda a linha.

Daqui saiu um Governo totalmente renovado, com um programa muito objectivo: aprovar uma nova Constituição, acabar com a economia especulativa em favor de outra produtiva e exportadora, e tratar de ingressar na UE e no Euro logo que o país estivesse em condições de o fazer, pois numa fase daquelas, ter moeda própria (coroa finlandesa) e ter o poder de a desvalorizar para implementar as exportações, era fundamental.

Foi assim que se iniciaram as reformas de fundo no país, com o inevitável aumento de impostos, amparado por uma reforma fiscal severa. Os cortes na despesa foram inevitáveis, mas houve o cuidado de não “estragar” os serviços públicos tendo-se o cuidado de separar o que o era de facto, de outro tipo de serviços que haviam sido criados ao longo dos anos apenas para serem amamentados pelo Estado.

As negociações com o FMI foram duras, mas os islandeses não cederam, e conseguiram os tais empréstimos que necessitavam a um juro máximo de 3,3% a pagar nos tais 30 anos. O FMI não tugiu nem mugiu. Sabia que teria de ser assim, ou então a Islândia seguiria sozinha e, atendendo às suas características, poderia transformar-se num exemplo mundial de como sair da crise sem estender a mão à Banca internacional. Um exemplo perigoso demais.

Graças a esta política de não pactuar com os interesses descabidos do neo-liberalismo instalado na Banca, e de não pactuar com o formato do actual capitalismo (estado de selvajaria pura) a Islândia conseguiu, aliada a uma política interna onde os islandeses faziam sacrifícios, mas sabiam porque os faziam e onde ia parar o dinheiro dos seus sacrifícios, sair da recessão já no 3º Trimestre de 2010.

O Governo islandês (comandado por uma senhora de 66 anos) prossegue a sua caminhada, tendo conseguido sair da bancarrota e preparando-se para dias melhores. Os cidadãos estão com o Governo porque este não lhes mentiu, cumpriu com o que o referendo dos 93% lhe tinha ordenado, e os islandeses hoje sabem que não estão a sustentar os corruptos banqueiros do seu país nem a cobrir as fraudes com que durante anos acumularam fortunas monstruosas. Sabem também que deram uma lição à máfia bancária europeia e mundial, pagando-lhes o juro justo pelo que pediram, e não alinhando em especulações. Sabem ainda que o Governo está a trabalhar para eles, cidadãos, e aquilo que é sector público necessário à manutenção de uma assistência e segurança social básica, não foi tocado.

Os islandeses sabem para onde vai cada cêntimo dos seus impostos.
Não tardarão meia dúzia de anos, que a Islândia retome o seu lugar nos países mais desenvolvidos do mundo.

O actual Governo Islandês, não faz jogadas nas costas dos seus cidadãos. Está a cumprir, de A a Z, com as promessas que fez.

Se isto servir para esclarecer uma única pessoa que seja deste pobre país aqui plantado no fundo da Europa, que por cá anda sem eira nem beira ao sabor dos acordos milionários que os seus governantes acertam com o capital internacional, e onde os seus cidadãos passam fome para que as contas dos corruptos se encham até abarrotar, já posso dar por bem empregue o tempo que levei a escrever este artigo.

Por Francisco Gouveia, Eng.º /Jornal de Negócios/28.03.2011

domingo, 3 de abril de 2011

Assim não iremos lá! (Mesmo que por automatismo eleitoral o pareça)

Miguel Sousa Tavares no Expresso de Sábado, faz uma síntese terrível mas muito atenta do discurso titubeante do Dr. Passos Coelho ao longo dos últimos dias, a qual, pela sua importância esclarecedora importa transcrever, mesmo que de forma ainda mais reduzida:


24/3- Passos Coelho reconhece perante Bruxelas, que não tem nenhuma alternativa para apresentar ao PEC que ela apoiou e que ele chumbou: O mercado subiu os juros para 8,0%!


25/3- Passos Coelho anunciou uma alternativa ao PEC socialista: o aumento do IVA, para além de, com o voto dos mesmos que o ajudaram a chumbar o PEC, ter liquidado seis anos de tentativas de impor a avaliação aos professores. O mercado subiu os juros para 8,2%!


26/3- Passos Coelho, em vez do aumento do IVA, propõe o corte de salários e do 13º mês. O mercado, porque era sábado, não se pronunciou!


27/3- Passos Coelho afirma-se disponível para governar com o FMI. O mercado, porque era domingo, manteve-se omisso!


28/3- Passos Coelho sugere que se privatizasse a Caixa Geral de Depósitos. Os mercados reabriram e os juros subiram para 8,5%!


29/3- Passos Coelho explicou ao mundo através do “Wall Street Journal” que tinha chumbado o PEC 4, porque as medidas afinal eram insuficientes. Aos portugueses anunciou que o PSD ia finalmente pensar num programa de governo e um plano de “estabilização financeiro a médio prazo”. Os mercados subiram os juros para 8,8%!


30/3- O PSD apresenta um conjunto de banalidade e explica que mais não pode dizer para “não abrir o jogo” antes de tempo. Compreensivos, os mercados subiram as taxas para 9,1%.


Dizemos nós que temos boas razões para concluir que estamos entregues à bicharada.


O manequim da rua dos fanqueiros, na sua performance Sec. XXI, poderá ser um bom rapaz, honesto até, o que será sempre até prova em contrário, não só por mérito próprio mas também porque gozará de, nestas matérias, de presunção de inocência, o que sucede em resultado de séculos de civilização.


Sobre o que temos fundadas dúvidas (assentes numa ausência total de indicadores que este agente politico tenha alguma vez dado em tantos anos de actividade) é de que esteja à altura das incumbências que os baronetes do PSD lhe atribuíram, com autonomia e poder efectivos.


Certeza temos, pelo que já vem dito e por total convicção pessoal, é a de que jamais possa estar tal personagem à altura das necessidades do pais!


O problema é que o conhecido, testado e habitual bom senso eleitoral dos portugueses, está reduzido a pronunciar-se sobre a oferta partidária e os partidos, tal como os conhecemos, infelizmente, não esgotando as soluções possíveis, maniatam aquelas que catalogam de tal forma, que até parece a todos não existirem mais.


Pelo contributo objectivo que a sociedade civil, por omissão, confere ao monopólio dos partidos existentes e às politicas que defendem e empreendem, bem como à sua sustentabilidade, tem muito a repensar-se e com carácter de urgência!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Europa: Desenfreada contra a parede?


Entrevista de um professor chinês de economia, sobre a Europa, o Prof. Kuing Yamang, que viveu em França:

1. A sociedade europeia está em vias de se auto-destruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas, ao mesmo tempo, os europeus não querem trabalhar. Só três coisas lhes interessam: lazer/entretenimento, ecologia e futebol na TV! Vivem, portanto, bem acima dos seus meios, porque é preciso pagar estes sonhos de miúdos...

2. Os seus industriais deslocalizam-se porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho na Europa, os seus impostos e taxas para financiar a sua assistência generalizada.

3. Portanto endividam-se, vivem a crédito. Mas os seus filhos não poderão pagar 'a conta'.

4. Os europeus destruíram, assim, a sua qualidade de vida empobrecendo. Votam orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la.

5. Mas, para além de se endividar, têm outro vício: os seus governos 'sangram' os contribuintes. A Europa detém o recorde mundial da pressão fiscal. É um verdadeiro 'inferno fiscal' para aqueles que criam riqueza.

6. Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores.

7. Portanto o seu sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. A deslocalização da sua capacidade produtiva provoca o abaixamento do seu nível de vida e o aumento do... da China!


8. Dentro de uma ou duas gerações 'nós' (os chineses) iremos ultrapassá-los. Eles tornar-se-ão os nossos pobres. Dar-lhes-emos sacas de arroz...

9. Existe um outro cancro na Europa: existem funcionários a mais, um emprego em cada cinco. Estes funcionários são sedentos de dinheiro público, são de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, estão muitas vezes em greve. Mas os decisores acham que vale mais um funcionário ineficaz do que um
desempregado...

10. Vão (os europeus) direitos a um muro e a alta velocidade...

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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