O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 27 de março de 2016

BRASIL:Justiça e Justiceiros! (Onde já vimos este filme que, invariavelmente acaba mal?)


Por corresponder rigorosamente ao entendimento do blog "Cidadania" sobre os recentes acontecimentos na politica brasileira, decidimos transcrever parte do artigo abaixo identificado.

2  Lula da Silva foi o melhor Presidente que o Brasil teve desde, pelo menos, Jucelino Kubitscheck.

Num  pais onde só existiam praticamente duas classes – a dos milionários e a dos miseráveis -, ele ocupou-se destes e tirou 14 milhões de brasileiros da miséria mais absoluta, dando-lhes casa, pão, electricidade e escola e vacinas aos filhos. Mas ele e Dilma deixaram para trás a emergente e incipiente classe média, a que apenas exigiram impostos sem nada darem em troca. É essa classe média, atingida em cheio pela desaceleração da China e pela queda do preço das matérias-primas, que agora está nas ruas contra o PT.

Fartos de esperar por um pais que falha sempre o encontro com o seu destino.
Anda a nossa direita toda contente com as desventuras do PT brasileiro porque julgam que assim podem continuar a ajustar contas com Sócrates, por interposto Lula, e varrer dos livros da História o sucesso da governação de esquerda que Lula levou a cabo e que o mundo inteiro teve de reconhecer. Não sei se Lula está ou não envolvido nas coisas de que a justiça o acusa, mas sei que a pretensão de resumir à corrupção do PT e ao “Lava-Jato” todos os problemas do Brasil revela uma grande ignorância. No topo, como o demonstrou o “Mensalão”, a corrupção deriva directamente de um sistema constitucional que, na prática, impede qualquer Presidente de governar sem de alguma forma comprar votos no Congresso. Mas o problema da corrupção no Brasil vai muito para além disso, pois começa no policia de patrulha e continua no médico do hospital. É um problema endémico e cultural, um veneno espalhado por toda a sociedade brasileira e cuja solução não é adivinhável. O “Lava-jato” não vai deixar pedra sobre pedra de todo o edifício político, administrativo e económico do Brasil. E depois?

Numa situação de decomposição geral em que todo o país vive hoje, a justiça podia funcionar como uma salvaguarda: o Estado de direito face ao estado de corrupção moral generalizada.
Mas o que se tem visto é outra coisa: a tentação de fazer a justiça que a rua e alguns media exigem leva a espezinhar princípios fundamentais de uma sociedade democrática regida pela lei. É sintomático que a Ordem dos Advogados Brasileiros tenha sentido a necessidade de lembrar o fundamento de tudo: ”Os fins nunca justificam os meios”. Porque há quem julgue que sim...até ao dia em que lhes baterem à porta. Há quem julgue que vale tudo e que os juízes justiceiros não devem deter-se em detalhes enquanto não puserem atrás das grades os que a rua e a imprensa tabloide julgou culpados. Já vimos este filme vezes suficientes para poder ignorar que acaba sempre mal. Num Estado de direito a sério não é tolerável que o juiz de instrução seja também o que faz o julgamento e dita a sentença. Não é tolerável que ordene e divulgue escutas entre um suspeito e o seu advogado. Não é tolerável, ao contrário do que aqui dizia na semana passada o representante sindical dos juízes brasileiros, que as escutas sejam divulgadas publicamente como forma de incentivar os julgamentos populares. Não é admissível, sob pena de qualquer país ser ingovernável, que um simples juiz de instrução possa escutar as conversas do Presidente da República e divulga-las para a imprensa, ao sabor da sua conveniência processual. Não é admissível, lá como cá, que as pessoas sejam presas para prestar declarações, inexistindo qualquer indício de fuga à justiça. É impossível não questionar, jurídica e eticamente, a figura da “delação premiada”, que pune o legitimo direito de negar a acusação, premiando os delatores, e sem qualquer garantia da veracidade do que se diz para salvar a pele. E, obviamente, só os incautos ou os de má-fé podem achar natural que um juiz de primeira instância (ainda  para mais publicamente engajado contra um político) impeça esse político de tomar posse como ministro, sem que isso ponha em causa de forma frontal o principio da separação de poderes e abra caminho a essa coisa que a direita detesta ouvir mas que é a qualificação adequada: uma República de Juízes. Sim, eu também acho que Lula nunca devia ter aceitado o expediente de que lançou mão para poder abrigar-se atrás de um tribunal superior e tendencialmente menos influenciável. Mas isso é fácil de dizer quando não se está numa situação em que se sente que o jogo é desigual e politicamente motivado.

O Brasil está à beira do abismo, e ninguém sabe como tudo isto vai acabar. Mas seria bom que os que têm mais responsabilidades, queiram ou não a condenação de Lula e do PT ou o impeachment de Dilma, não arrisquem deitar fora a criança com a água do banho. Que, por inadvertência ou desforra, não estejam a preparar o caminho para um golpe militar, que depois lamentarão “democraticamente” – como sucedeu com Carlos Lacerda, em 67, depois de realizar a bestialidade da ditadura militar que os seus inflamados escritos contra o governo constitucional de João Goulart ajudara a preparar. Um Brasil de novo fechado pelos militares 8e eles não precisam de muito para serem convencidos...) seria a desgraça final. Excepto para os que acham que é mais importante garantir a prisão de Lula a qualquer custo do que evitar que a democracia também vá presa.

Miguel Sousa Tavares, in “Expresso” de 25 de Março de 2016, excerto do artigo intitulado “O Terror e o Medo”

sábado, 26 de março de 2016

sexta-feira, 25 de março de 2016

quinta-feira, 24 de março de 2016

segunda-feira, 21 de março de 2016

sábado, 19 de março de 2016

terça-feira, 15 de março de 2016

sexta-feira, 11 de março de 2016

A frugalidade do multimilionário dono do IKEA e a pedagogia do seu exemplo!



Ingvar Kamprad, o multimilionário que fundou a Ikea, conhecida multinacional sueca de venda de mobiliário e acessórios de decoração, só compra roupa na feira da ladra e em segunda mão. A revelação foi feita pelo próprio num documentário que será emitido na televisão sueca, conta o jornal britânico The Guardian.

Kamprad, que faz 90 anos no próximo dia 30 de março, será dono de uma fortuna estimada em 65,5 mil milhões de euros, segundo relatos recentes da imprensa sueca, e foi considerado pela Forbes a quarta pessoa mais rica do mundo em 2006. No entanto, e conforme recorda o Guardian, os seus gastos parcimoniosos têm chegado várias vezes às páginas dos jornais. O estilo de vida austero que tanto lhe agrada está plasmado no código de conduta da empresa que fundou: a "Bíblia da Ikea", como é conhecida, decreta que "desperdiçar recursos é um pecado mortal" e um dos maiores males da humanidade.

De origens humildes, Kamprad garante que é da natureza dos habitantes de Smaland, a região sueca onde nasceu, ter um comportamento frugal, e no documentário que será exibido pela TV4 da Suécia garante que foi mesmo essa avareza que lhe permitiu fazer da Ikea uma das marcas mais conhecidas em todo o mundo. O Dagens Industri, um diário de Estocolmo que teve acesso ao documentário em questão, avança mesmo uma citação do multimilionário, referindo-se à sua indumentária: "Julgo que não estou a usar nada que não tenha sido comprado numa feira da ladra. Significa que quero dar um bom exemplo", sublinha.

No documentário, sabe-se ainda que Kamprad frequenta o mercado local de Älmhult, onde fica a sede da Ikea (o nome da empresa é um acrónimo das iniciais do seu nome, Ingvar Kamprad, juntas com
Elmtaryd, a quinta onde cresceu, e Agunnaryd, a sua terra natal). É lá que se abastece e faz questão de comprar os iogurtes que estão quase no limite do prazo de validade - e por isso mais baratos. A sua filosofia contra o desperdício leva-o a poupar mesmo no barbeiro: desde que, na Holanda, pagou 22 euros por um corte de cabelo, prefere tratar da sua imagem quando viaja, sobretudo para países em desenvolvimento. "A última vez foi no Vietname", admite.

Até há pouco tempo, o fundador da Ikea conduzia um Volvo 240 de 1993, que só abandonou porque a idade obrigou-o a deixar de se sentar ao volante. Já quando viaja de avião, prefere a classe turística e privilegia sempre os transportes públicos. Chegaram a recusar-lhe a entrega de um prémio porque o viram chegar de autocarro e duvidaram da sua identidade.
Sempre à procura de cortes nos gastos, em 1973, Kamprad saiu da Suécia para a Dinamarca, onde conseguiu obter impostos mais baixos para a Ikea, e foi o mesmo motivo que o levou a mudar-se para a Suíça anos depois.

Só em 2010 o multimilionário começou a retirar-se progressivamente da administração da Ikea e da fundação que constituiu em nome familiar para administrar a cadeia de lojas - que tem sede no Luxemburgo, conhecido como o paraíso fiscal da Europa: entregou a direção aos filhos - tem quatro - e regressou definitivamente à Suécia em 2014, depois da morte da mulher.

in DN de 10 de Março 2016

quarta-feira, 9 de março de 2016

Força e Coragem

É preciso ter força para ser firme,
mas é preciso coragem para ser gentil.
É preciso ter força para se defender,
mas é preciso coragem para baixar a guarda.
É preciso ter força para ganhar uma guerra,
mas é preciso coragem para se render.
É preciso ter força para estar certo ,
mas é preciso coragem para ter dúvida.
É preciso ter força para manter-se em forma,
mas é preciso coragem para ficar de pé.
É preciso ter força para sentir a dor de um amigo,
mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.
É preciso ter força para esconder os próprios males,
mas é preciso coragem para demonstrá-los.
É preciso ter força para suportar o abuso,
mas é preciso coragem para fazê-lo parar.
É preciso ter força para ficar sozinho,
mas é preciso coragem para pedir apoio.
É preciso ter força para amar,
mas é preciso coragem para ser amado.

É preciso ter força para sobreviver,
mas é preciso coragem para viver.

terça-feira, 8 de março de 2016

Há Palavras que Nos Beijam


Há palavras que nos beijam 
Como se tivessem boca. 
Palavras de amor, de esperança, 
De imenso amor, de esperança louca. 

Palavras nuas que beijas 
Quando a noite perde o rosto; 
Palavras que se recusam 
Aos muros do teu desgosto. 

De repente coloridas 
Entre palavras sem cor, 
Esperadas inesperadas 
Como a poesia ou o amor. 

(O nome de quem se ama 
Letra a letra revelado 
No mármore distraído 
No papel abandonado) 

Palavras que nos transportam 
Aonde a noite é mais forte, 
Ao silêncio dos amantes 
Abraçados contra a morte. 


Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

domingo, 6 de março de 2016

Esta familia foi visitar a avó...


"Tudo o que é demais, cheira mal!", disse a avó...

sábado, 5 de março de 2016

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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Património Natural

Algarve