O Dia Mundial da Poupança, como qualquer “Dia Mundial” tem um caracter de apelo a principios comummente aceites cuja celebração visa trazer ao consciente dos cidadãos do mundo, de uma forma simples e simbólica, uma orientação, dada de boa-fé, com as melhores intenções.
A proliferação de Dias Mundiais porém talvez tenha tornado a soma dos seus gritos de alerta numa algazarra que não permite ouvi-los distintamente, razão pela qual, provavelmente, a sua criação e eficácia não passem de isso mesmo:intenções, boas naturalmente, mas apenas intenções!
Sem embargo, num mundo de ricos e pobres a questão da Poupança e as suas virtualidades não é uma questão qualquer!
Diz o povo – e não costuma enganar-se - que rico não é quem muito ganha, mas quem muito poupa!
Contudo, neste sistema de desenvolvimento, gerador de poucos ricos e de milhões de pobres, actualmente em crise profunda da qual, seriamente, muito dificilmente sairá, e se assim for, agravando-se o fosso entre ricos e pobres e engrossando-se o lote destes ultimos face àqueles, parece residir no consumo a esperança de manutenção de um status quo que sabemos de antemão não servir a uma inversão deste paradigma.
O consumo é que sustenta o emprego, diz-se!
E realmente, os anos dourados que antecederam a crise (colapso?), foram bem evidentes acerca das virtualidades (?) do consumo e sobretudo do excesso do mesmo.
Foi o consumo desenfreado de bens e serviços que se produziam e sobretudo dos que não se produziam que permitiu a aparente riqueza que caracterizou a economia virtual em que vivemos e sustentou, pelos vistos para além do sustentável, o emprego.
Depois de constatado o logro para onde esta vocação remeteu o nosso sistema de desenvolvimento, o caos, tentamos reerguer e reorientar o mesmo, exactamente no mesmo sentido e direcção que aquele seguiu até se estatelar.
Como se um médico ministrasse ao seu doente, com vista ao seu restabelecimento, exactamente o mesmo remédio que o acamou!
Mas, como iremos recuperar o emprego sem que as empresas produzam e estas como poderão produzir, se não venderem, se os consumidores não consumirem, perguntará o leitor?
Pergunta de dificil resposta realmente! Não só para nós, o que não seria preocupante, mas para todos os peritos em economia, com muitos (senão todos) o Prémios Nobel da economia incluidos!
No seio da complexidade e sofisticação em que a economia global se converteu, ou melhor, no seio da complexidade desconhecida da economia global, poucas são as certezas, inumeras são as dúvidas e incomensurável a ignorância.
Parece assim, no seio da ignorância em que nos encontramos, que o Consumo e a Poupança, se encontram numa guerra sem quartel, porquanto:
Sem Consumo não haverá sustentação para o estatuto económico e social dos Paises ditos Desenvolvidos, tal como o conhecemos.
Sem Consumo não haverá sustentação para a ascenção economica e social dos Paises ditos em Desenvolvimento ou sub Desenvolvidos, para o estatuto de Paises Desenvolvidos, tal como o conhecemos.
No entanto, por outro lado:
Sem Poupança não haverá sustentabilidade para a Humanidade, neste Planeta!
Se todos os paises tivessem um grau de desenvolvimento como o português, dizem os especialistas, já seriam necessários dois Planetas Terra!
Nesta conformidade, a poupança, em ultima análise, assentará numa lógica da mais fina e profunda racionalidade: os bens são finitos porque a capacidade de produzi-los tem um limite que é aquele imposto pelos recursos do Planeta.
Dizem outros especialistas que o Planeta, quando se saturar do Homem, expulsá-lo-á, como já fez com outras espécies.
Perguntamos nós: que raio de espécie é esta que caminha alegremente para o suicidio colectivo?
Respondem outros especialistas: que o Homem integra o suicidio no seu código genético!
Será que Carlos Drummond de Andrade tem mesmo razão:"Não há vivos, há os que morreram e os que esperam a vez."?
Em qualquer dos casos e porque por cá andamos antes de morrer, nesta encruzilhada só nos ocorre a definição de Albert Einstein quanto a insanidade:
Insanidade é continuar a fazer do mesmo modo e esperar um resultado diferente!
O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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