O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ainda a propósito da pretendida salvação da Fábrica do Inglês...


Lemos com atenção o último post do Vereador do PS.

A sua preocupação com a transparência parece-nos de louvar e constitui um verdadeiro “acto revolucionário” em Silves e de uma pedagogia cívica elementar, sem embargo da Constituição da República determinar o principio da administração aberta de há muito, facto que em nada diminui a importância da sua determinação, publicamente assumida, já que até aqui e nesta sede temos vivido em completa opacidade, apesar daquele comando constitucional.

Quanto ao apoio mensal que se encontra em cogitação, concordamos que não tem sentido tomarem-se decisões avulsas, com implicação na despesa, sem as enquadrar previamente num plano de acção global e adequado às circunstâncias. Estamos em crer que os apoios sociais ao desemprego contam com modalidades de apoio que poderão responder às necessidades de conservar os trabalhadores do museu, na sua orbita, sem obrigar o município a decisões intrépidas mas temerárias, na situação económica-financeira que vive o concelho e o pais.

Já quanto “à colaboração de todos” para se encontrar a solução, quando se refere ao referendo, cuja realização, já o referimos, constituiria mais uma iniciativa cívica exemplar, consideramos que corre o risco de ser apodado de demagogo.

Na verdade e muito embora nada sugira ainda quanto à pergunta a fazer à comunidade, ela será muito naturalmente só uma e a esta estará vedado conter um programa de acção para o caso concreto.

E a acção no caso concreto, como também já referimos, é múltipla e diversíssima.

Aliás, será nas diversas etapas desse programa de acção eventualmente caucionado por um SIM no referendo, que a gestão desta despesa eventualmente a assumir pelo Município, poderá ser sustentável, pesada ou desastrosa, sendo que para isso em nada participarão os verdadeiros interessados e destinatários do custo: os cidadãos-contribuintes.
A legitimidade da resposta ao referendo por outro lado, até atenta a participação habitual ou melhor a abstenção habitual, pode ser de grande utilidade ou para um enorme “lava mãos” à laia de Pôncio Pilatos, ou um “cheque em branco” onde possa caber qualquer quantia.

Daqui que a proposta de referendo do estimado Vereador, contendo uma incomensurável acção de pedagogia cívica e politica, corre o risco de, um dia, “cair-lhe em cima” atribuindo-se-lhe a autoria de uma inteligente caução popular para um imenso disparate.

Para tal dislate terá o Snr Vereador de precaver-se, já para a descredibilização do instrumento do Referendo que dai pode resultar, teremos nós de precaver-nos...


Vêm daí as reservas que temos colocado ao cenário sugerido.

Lamentamos por fim a falta de iniciativa no âmbito de uma solução regional para este problema e outros que assolam outros concelhos, como aquela que sugerimos com vista à salvaguarda do património edificado do Algarve e à sua salvaguarda no interesse geral, histórico, artístico, turístico e económico.

Se calhar exigimos de mais... aos nossos representantes!

1 comentário:

Anónimo disse...

O PS ou o Dr. Fernando Serpa, ao propor o referendo, para um assunto desta natureza, está pura e simplesmente a ser irreponsável.
Foram mandatados, assumam as decisões mesmo nos casos mais difíceis. Alijar a responsabilidade das decisões para cima de quem os elegeu pode significar que não seriam as pessoas mais indicadas para representar o Povo.
Cumpram a vossa missão e, no caso da Fábrica do Inglês, não se deixem embalar.
Parece que estão anestesiados.
A Fábrica do Inglês ainda é dos accionistas e a Câmara não tem que intervir.
Quanto ao conteúdo do Museu, há que encontrar um entendimento para o preservar onde está ou noutro local, se for imperativo fazê-lo, mas só em última instância.
Insisto que tanto o Museu como o Teatro Mascarenhas Gregório, ao lado, fechado, pertença da falida Autarquia, são credores da vossa melhor atenção e devem estão activos.
Que impere o bonsenso. Cuidado com falsas argumentações.
Silvense preocupado.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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