O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Com o nosso dinheiro, não!


Editorial de Paula Bravo publicado no Jornal Terra Ruiva sobre a Fábrica do Inglês


No dia em que escrevo estas linhas, ainda se discute o futuro da Fábrica do Inglês e a ideia peregrina que a administração da fábrica apresentou: que a câmara compre este empreendimento!

Há quem veja na falência da fábrica apenas mais uma prova da incapacidade que o concelho parece ter em gerir possibilidades e criar riqueza. Sendo uma pessoa naturalmente optimista, vejo apenas um investimento mal gerido que começou mal e terminou de mão estendida à autarquia. Muitos dos que me lêem recordam, com certeza, a abertura deste espaço de lazer e logo o que considerei o primeiro erro de palmatória: era necessário pagar para aceder ao espaço da fábrica. E lembro também como arregalei os olhos perante os preços praticados pelo restaurante/ marisqueira ali existente! E como correu extraordinariamente mal a primeira "prova de fogo" da Fábrica, para onde a Câmara Municipal transportou o Festival da Cerveja e como muitas pessoas que conheço juraram que nunca mais lá voltavam para jantar, depois de horas de espera e de um serviço feito apenas com a boa vontade de muitos empregados da Alisuper recrutados à última hora para, sem nenhuma experiência, atenderem os milhares de pessoas que ali se deslocavam.

Na minha opinião, estes factores condicionaram negativamente o futuro deste espaço que desde o início se fechou à cidade, aos habitantes do concelho e ignorou a realidade sócio-cultural do mesmo. Os de fora, com quem eventualmente esperavam rentabilizar o espaço não foram os suficientes, não obstante o êxito de alguns espectáculos que ali foram apresentados durante o verão.

Não fiquei, portanto, admirada quando a fábrica deixou de ter actividades, quando encerrou, quando se ouviu dizer que ia ser transformada em empreendimento imobiliário.

Mas fiquei admirada quando soube que a administração da fábrica, liderada pelo irmão da presidente da câmara estava a propor à autarquia a venda da fábrica. E ficarei verdadeiramente chocada se essa proposta for considerada seriamente. Por duas razões principais: não existem quaisquer condições financeiras para a autarquia pensar sequer em assumir um compromisso dessa ordem, que implicará dezenas de milhões de euros. Num concelho em que a câmara municipal teve necessidade de recorrer a um empréstimo de 15 milhões de euros para pagar aos fornecedores e onde é a principal responsável pelo "entalanço" em que vivem muitas empresas do concelho, tal possibilidade é absolutamente imoral!

Por outro lado, não vejo da parte da Câmara qualquer possibilidade de por em funcionamento e rentabilizar um espaço que a iniciativa privada não conseguiu manter. Se até aqui não conseguiu ter sucesso, como faria a Câmara para inverter tal situação? (Nem é a câmara a entidade apropriada para tal gestão.)

Quanto à alternativa oferecida pela administração da Fábrica, a de que a câmara assuma as despesas de funcionamento durante seis meses, penso que é dinheiro que a autarquia estaria a deitar à rua, numa opção que não conseguirá adiar o inevitável.

Concordo, sim, que a câmara procure com os futuros proprietários do espaço uma solução de compromisso que permita manter em funcionamento o Museu da Cortiça, um museu de prestígio com grande valor para a história da cidade. Mas nada mais. Não compete às entidades públicas corrigir as asneiras da tão proclamada iniciativa privada. A autarquia pode e deve incentivar a iniciativa privada, anulando a burocracia nos processos, facilitando a instalação de empresas, aliviando a carga fiscal... mas a utilização do dinheiro público obriga a que as empresas ofereçam garantias que a Fábrica do Inglês não pode oferecer.

Acrescento ainda que neste capítulo de possíveis aquisições de edifícios, deveria a autarquia de Silves fazer um levantamento dos edifícios com valor histórico e patrimonial e estabelecer uma lista dos edifícios considerados realmente importantes para o concelho. A seguir, deveria estabelecer o que é possível e mais importante realizar nesses espaços. E só a seguir, verificar a possibilidade da sua aquisição. Em todas as freguesias do concelho há edifícios que mereciam atenção, ser comprados, transformados, que mereciam encher-se de vida, actividades.

É necessário que a autarquia considere as diferentes necessidades de cada freguesia e inverta a tendência de concentrar os grandes investimentos financeiros na cidade de Silves.



E faço desta consideração um voto de Ano Novo. Um Bom Natal e um Ano Novo cheio de positivismo para todos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Orçamento Participativo ficou-se pela reunião de câmara!

No passado dia 11 de Dezembro realizou-se uma reunião extraordinária da Câmara de Silves, para aprovação do Orçamento e das Grandes Opções do Plano para 2010.

O Orçamento participativo é um instrumento que visa transformar os poderes locais em agentes activos no combate às fracturas sociais, económicas e políticas com que hoje se debatem os regimes democráticos.
Em Silves, o OP ficou mais uma vez adiado.
Uma Promessa pública com pelo menos quatro anos, uma realidade, já de há muito, em muitos municipios e até Juntas de Freguesia, foi mais uma vez esquecida por Isabel Soares.

As prioridades por aqui são outras...


Intervenção de Isabel Soares em Abril de 2008

sábado, 12 de dezembro de 2009

Referendo sobre a Fábrica do Inglês

Saiu-nos a fava?


“O PS de Silves quer a realização de um referendo local sobre o papel que a autarquia poderá desempenhar na salvação da Fábrica do Inglês, empreendimento emblemático da cidade que está em risco de fechar. A proposta foi ontem feita em reunião de Câmara, mas não foi votada. A Fábrica do Inglês deve à Banca 6,5 milhões de euros.”

Esta noticia do jornal “Correio da Manhã”, da qual, até à hora a que escrevemos, não tivemos qualquer confirmação, designadamente nos blogues dos Vereadores, a confirmar-se, motiva-nos um ou outro comentário.

Nos dias que correm, quando se reclama, pelos sectores democráticos mais esclarecidos, um incremento da participação dos cidadãos na administração da coisa pública, estimulada pelo próprio Estado (sucessivos Governos) em sequência de acordos internacionais (Agenda Local 21), só nos podemos congratular com a iniciativa de um referendo local.

Seja a pretexto da Fábrica do Inglês seja qualquer outro que o justifique.

A dita “salvação” da Fábrica do Inglês é um tema complexo e mais complexa é a teia de questões que suscita ou pode suscitar.
Sabemos que muitas delas nunca virão a público e outras que hão-de vir, não irão, infelizmente, ser suficientemente apreendidas pela grande maioria dos cidadãos do concelho. Tomar uma posição consciente, nestas circunstâncias, será como acertar no Euromilhões.

Se por um lado a Fábrica do Inglês é um imóvel que constitui, sem qualquer dúvida, em termos relativos, património municipal relevante e potencial turistico igualmente interessante e necessário, no mar da escassez da oferta do concelho, é verdade e relativamente pacífico.

Por outro, o seu passivo é exorbitante para as finanças do concelho e a sua aquisição determinará um agravamento da despesa, a qual, somente poderá ser suportada, entre outras, pela via do aumento dos impostos municipais, sobretudo se o destino do imóvel for o de continuar a ter uma exploração monocórdica e negativa, como até aqui, passando então a ficar confortavelmente sentado à mesa do orçamento, para o atormentar e a todos nós, até ao infinito!

De forma que, um referendo, tendo um interesse politico inegável, dificilmente constituirá um contributo positivo para o problema. Para o PS talvez, uma vez que dessa forma “se vê livre” de um verdadeiro imbróglio. Mas para o concelho? Interessará um veredicto pelo sim ou não, simplesmente?

Suponhamos que ganharia o Sim.Simplesmente!

A Exploração do empreendimento!

O orçamento municipal fica extraordináriamente sobrecarregado e não tendo vocação para a gestão do empreendimento, vai sustentá-lo politicamente, sobrecarregando ainda mais o estafado orçamento municipal, então para além do serviço da divida.
Sempre poderá conceder a terceiros a exploração do local, para se livrar, aprioristicamente, dos encargos com a mesma. Essa hipotese é aterradora e faz-nos lembrar o coma progressivamente mais profundo ou a morte lenta do Casino de Armação de Pêra que acabou onde sabemos durante o numero de anos que conhecemos.

Manter a exploração nos termos em que tem sido feita ou com os mesmos interpretes, para além de empresarialmente ser uma decisão desastrosa, seria politicamente escandaloso.
De modo que, ou a exploração faz parte de uma dinâmica regional com outros suportes, parceiros e estratégia ou estará condenada ao fracasso.


O Preço não é uma questão de somenos!

Claro que adquirindo o Municipio o imóvel, pelo valor da dívida (quanto a nós um valor que ultrapassa em muito o limite máximo, não nos passando pela cabeça que venha a ser esse, no caso positivo), todos os obrigados nas responsabilidades bancárias (sociedade, administradores avalistas(?) terceiros avalistas(?) fiadores(?) titulares de prédios terceiros dados em garantia, etc.) ficariam profundamente aliviados e o Municipio e os cidadãos-contribuintes seriamente apertados.

Não será pois de somenos a questão do preço!
Dadas as responsabilidades, eventualmente pessoais de certos accionistas e ou administradores, não será indiferente o Municipio comprar ou recusar comprar o imóvel, como não será indiferente o preço pelo qual o vier, se for caso disso, a adquirir.

Aqui reside a importância do alarde e, sobretudo do silêncios à volta da questão, os quais explicam a dificuldade na tomada de decisões.


Suponhamos agora que ganharia o Não!

Este activo concelhio estaria ameaçado por uns quantos anos. Envolvido num processo de insolvência, manter-se-ia num atoleiro burocrático-administrativo por um longo periodo.

As execuções dos credores ficariam suspensas até final do processo. A venda judicial seria o destino do imóvel.

Os co-obrigados nas responsabilidades bancárias seriam os alvos dos credores exequentes, já que a devedora principal, encontrando-se em processo de insolvência, teria as execuções, contra si, suspensas!

A quando da venda judicial, praticamente no termo do processo de insolvência, o imóvel iria à praça por um valor certamente inferior ao valor que, hoje, os donos da empresa reclamam, como se o valor dos imóveis não tivesse sido violentamente abalrroado pela crise que está à vista de todos!

Mas, o Municipio, recorde-se, tem, do ponto de vista administrativo, quanto ao destino do imóvel, “a faca e o queijo na mão”. Na realidade aquele espaço será sempre e só o que o Municipio entender por bem, razão pela qual não se corre o risco de um futuro desvirtuamente do destino do imóvel para a especulação imobiliária.
Assim tudo levaria a crer que “esperar para ver” deveria ser a atitude correcta do Municipio, atendendo às patentes dificuldades orçamentais que atravessa, bem como o OGE.

Na melhor oportunidade – a quando da venda judicial – depois de se preparar para o efeito, licitaria o imóvel com vista a, uma vez livre e desonerado, dar-lhe o destino adequado, pelo melhor preço e sem quaisquer remeniscências de passivos, expressos ou ocultos.

Se for este o panorama, desconhecemos que danos colaterais virão a suceder e a quem. Sabemos é que serão de elevado montante!

Por aqui se vê também como seria fácil ao Municipio resolver a questão que os proprietários da Fábrica lhe colocam se atendesse exclusivamente aos fins principais que tem por incumbência prosseguir, sem abandonar este activo, apenas o deixando para melhores nupcias.

A coberto porém da importância cultural e lúdica deste empreendimento, mesmo sem quaisquer garantias de que ele venha a prosseguir no curto prazo o desiderato que o torna importante, acoitam-se outros interesses, protecções e eventualmente até viabilizações de outras empresas, outros negócios...

Por isso e apesar de pensarmos que a utilização dos referendos só pode revestir-se de interesse democrático no sentido do aprofundamento da democracia participativa e com ele da maior proximidade dos cidadãos ás decisões de que são destinatários, estamos crentes de que, neste caso, arranjando-se energia suficiente para “montar” um referendo, arranjar-se-ia também a necessária para “montar” uma instituição regional que se vocacionasse para a defesa e salvaguarda do património algarvio, em estado de abandono ou perigo, no interesse da economia da região e da sua principal arma: O Turismo!

"É por isso que a nossa mocidade anda aí nas drogas!"



O Que se Leva Desta Vida, vídeo de Bruno Canas, a estória no Ionline

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

El sistema

Jósé António Abreu
De como pode a arte estar ao serviço da comunidade


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O circo saíu à rua!

Snr. Dr., pela minha saude, não escreva hieróglifos...


António Feio vitima de um trocadilho muito sério

É contada na 1ª pessoa e com algum sentido de humor porque o narrador é um conhecido humorista. A estória porém, poderia ter sido bem mais dramática se não fosse detectado o erro humano a tempo e horas.
Senão vejamos. Ou antes... passemos à leitura do caso contado por António Feio que, como todos sabemos, anda a contas com um bichinho malvado que lhe quer causar estragos e que ele quer debelar com muita determinação e força.

"Na semana passada fiz a minha primeira sessão de quimioterapia.
O meu Oncologista receitou-me um medicamento para os enjoos(SOS)que eu muito cautelosamente fui comprar à farmácia. Eram 13h30 e estava eu à porta da Farmácia para aviar a receita. Para espanto meu,percebo que a Farmácia fecha à hora de almoço. Ok. A solução era voltar uma hora mais tarde e assim o fiz.

Quando voltei pouco antes das 14h30(hora de reabrir)esperei que a porta abrisse. Esperei e continuei a esperar até às 14h45. E lá chegou uma senhora a falar ao telemóvel que devia estar a tratar de um assunto muito importante porque a porta primeiro que abrisse ainda demorou mais uns cinco minutos.

Finalmente consegui entregar a receita à senhora da Farmácia. Confesso que o ar da senhora era no mínimo assustador. A receita (ainda a tenho comigo, assim como o recibo do remédio) tinha escrito METOCLOPRAMIDE.

Paguei e vim-me embora.
Durante esse dia e os seguintes, os tais sintomas de enjoos e náuseas provocados pela quimioterapia deitaram-me completamente abaixo. Fui mesmo obrigado a cancelar os espectáculos que tinha a norte do País.
Na sexta-feira fui ter com o meu oncologista para lhe pedir qualquer coisa que me aliviasse o mal estar. Ele assim o fez e receitou-me um outro remédio que comecei a tomar logo e que rapidamente começou a fazer efeito.
No Sábado, Domingo e Segunda, voltei a sentir-me bem.Hoje fui novamente ao Hospital para fazer a segunda sessão de quimioterapia e, qual não é o meu espanto, quando falava do meu estado de má disposição da semana passada e mostrava os comprimidos que andava a tomar, quando percebi que o remédio que eu andava a tomar para os enjoos não era para os enjoos mas sim para a Diabetes.
Em vez do tal METOCLOPRAMIDE, estava a tomar METFORMINA!
A senhora da Farmácia tinha-me, pura e simplesmente, dado um medicamento errado. Não só passei vários dias a tomar um remédio que não me aliviava, como ainda por cima, me diminuía os níveis de açúcar no sangue!!! Podia só ter tido um ataque de hipoglicemia.

Este texto é só um desabafo.Agora saiam da frente que eu vou ali abaixo "TRATAR DA SAÚDE" à senhora da Farmácia. Ou não fosse hoje o DIA MUNDIAL DA SAÚDE (LOL)"

Parece uma "Conversa da Treta" mas foi de verdade! Dá para acreditar? Como é possível existirem pessoas com tamanha incapacidade para o bom desempenho das suas funções profissionais? Em lugares como este não é suposto estar alguém de idoneidade comprovada para a função?
Assim... não!!!!
Sempre ouvi dizer que: - "com a saúde não se brinca" A VIDA É LINDA ...SORRIA PARA ELA!
Todo este engano e mais que se têm verificado são, em minha opinião, por culpa dos médicos e não só dos farmacêuticos.

Senão vejamos:Por que carga de água 90% dos médicos continuam a escrever aquela letra chamada de médico, que eu raramente entendo uma letra quanto mais uma palavra. Será que este tipo de escrita não pode enganar um farmacêutico, quando se trata de um medicamento com nome parecido como foi o caso desta situação?
Porque os politicos não criam lei para que estes senhores sejam obrigados a escrever letra bem legível ou até de imprensa para evitar situações gravíssimas para os doentes?

ANTÓNIO FEIO

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

AQUI D’EL REI PELA SALVAÇÃO DA FÁBRICA DO INGLÊS!


O Senhor Vereador Fernando Serpa trouxe ao conhecimento público um conjunto de informação sobre a situação difícil em que se encontra a “Fábrica do Inglês”, bem como da urgência da sua superação, no interesse do concelho, da educação, da cultura e acrescentamos nós, do Algarve.

A premência que colocou no apelo, através da sua divulgação massiva e no próprio contacto directo, caso a caso, merece uma solidariedade acrescida da sociedade civil, sendo que, o projecto, ele próprio, já reúne condimentos suficientes para a mobilização daquela e as enfermidades económico-financeiras que a ameaçam de morte, emprestam-lhe um colorido dramático que justificam plenamente uma verdadeira “cruzada” de participação por parte de todos os bem intencionados e amigos do Algarve.

Defendendo como defendemos a participação da sociedade civil e atribuindo ao défice de participação da mesma a causa da maior parte dos males deste pais, não podíamos deixar de intervir, pronunciando-nos sobre os dados em presença (reportamo-nos aos constantes das actas daquela reunião e restantes informações publicadas no jornal “Voz de Silves”, nº. 453).

Fazemo-lo ao nosso jeito, inflamado aqui, inflamatório acolá, apesar da solenidade do assunto, informando desde logo que não nos move outro intuito que não seja o de participar, tentando concorrer para a solução com os meios -restritos- ao nosso alcance, sempre sem prejuízo dos valores e princípios por que norteamos a nossa participação neste Sítio.

Numa primeira análise, a transcrição da Reunião Extraordinária de 02-12-09, constitui um documento precioso sobre o estado de espírito dos presentes, o qual muito próximo do “pânico”, evidencia, desde logo, a elevada conta em que têm a Fábrica do Inglês, a importância que lhe atribuem e o elevado risco de colapso em presença, bem como a sintonia dos presentes, apartidária, na sua salvação, mas também a confissão expressa de que acordaram todos um pouco tarde (segundo o Dr. José António Silva esta reunião deveria ter ocorrido há 4/5 meses atrás) e alguns ainda nem sequer se levantaram (registe-se o facto de, uma vez mais, a Vereação não dispor atempadamente de documentação essencial para a preparação de tão importante reunião).

Ainda no decurso de uma primeira análise, a Administração da Fábrica do Inglês, em nosso entender e salvo melhor opinião, não fez o trabalho de casa!

A importância do assunto requereria ter um plano em carteira como competiria aos primeiros interessados – os accionistas-.

Não ter dinheiro ou crédito não é sinonimo de não ter um plano, de não ser diligente e profissional na elaboração de relatórios sintéticos para, atempadamente, serem postos à disposição de todos os presentes numa reunião que se pretendia decisiva para o futuro da empresa e a última instancia de apelo.

De alguma forma pretendeu-se uma decisão por parte de quem não dispunha de informação suficiente para decidir em consciência, o que é sempre um mau princípio quando estamos a falar de uma intervenção que se pretende cirúrgica para um caso de vida ou morte.

O clima de alarme, o apelo ao coração, à nostalgia, ao medo da perca, não nos parecem bons conselheiros, e a manterem-se, não prenunciam, um final feliz!

E muito menos o prenuncia uma súbita caída do tema ao nivel da "petit caísse" que sustentará três trabalhadores e nas soluções criativas para contornar juridicamente os imperativos legais, tudo para os próximos meses.

Convenhamos que, de uma brevíssima análise, escandalosamente incipiente e genérica da situação complexa que a realidade apresenta, passou-se, abruptamente, para uma detalhada contabilidade para a gestão do curto prazo, da tesouraria, enfim de uma fracção ínfima da realidade, socialmente relevante é certo, mas ainda assim muito relativamente, atentos os números que o desemprego apresenta actualmente.

Sem pôr em causa a boa-fé e as melhores intenções da malograda administração da Fábrica do Inglês, se fossem ocultos os seus intuitos não teriam tido um comportamento muito diverso.

A legitimidade para colocar os pontos nos ii como vimos de fazer, advém do facto da solução cogitada se esgotar no recurso ao Município e ao seu orçamento – aos contribuintes numa palavra – para solver o passivo (astronómico para a realidade concelhia) de uma empresa privada insolvente, a pretexto do seu putativo interesse público.

É pouco, em nosso entender, para vencer os engulhos que o sucesso do empreendimento tem pela frente.

Podemos sempre ir a um Banco pedinchar. Será no entanto sempre melhor propor-lhe um negócio, consistente de preferência.

E, a solução politica que a administração da Fábrica do Inglês, pela forma utilizada, procurou, está “curta nas mangas” ao cidadão-contribuinte, sendo mais típica de um pretendido arranjo (atabalhoado) de bastidores que de uma reunião extraordinária de uma Câmara onde se pretende o concurso forçado do orçamento municipal, isto é, de todos nós, nos tempos e no contexto das aflições, que vivemos.

Por outro lado, numa segunda análise, a diversidade dos pontos de partida deixam-nos alguma perplexidade quanto ao ponto de chegada.

Se o “voluntarismo” do Dr. Fernando Serpa nos parece autêntico, embora refreado pelo peso que a aquisição do imóvel pode representar para o estafado orçamento municipal, no que é seguido de perto pela Dra Lisete Romão, Vereadores do PS, atentos aos sinais que o governo do seu partido vai dando todos os dias acerca das dificuldades na obtenção de receita que sustente a despesa – desmesurada- do OGE, já, por outro lado, a “contenção” positiva do Dr. Rogério Pinto, Vereador do PSD, nos parece voluntarista e tendencialmente ameaçadora do parco orçamento municipal.

Por outro lado ainda a Dra Rosa Palma, Vereadora da CDU, esteve suficientemente presente e suficientemente ausente para se perceber que está solidária com a manutenção dos postos de trabalho dos três trabalhadores e a conservação em funcionamento do Museu da Cortiça – a menina dos olhos – do ex-Vereador Dr. Manuel Ramos, mesmo sabendo, como saberá, que os custos envolvidos, neste particular suficientemente conhecidos, serviriam para criar, sustentadamente, vinte vezes mais postos de trabalho.

O PS cumpre, também aqui, uma vez mais,o seu desígnio histórico de: O entalado!


Postos estes considerandos, importará deixar uma opinião sobre soluções possíveis!

Assim, sinteticamente:
Porque o turismo (o maior gerador de emprego por milhão de dólares investidos)(ainda hoje e talvez cada vez mais o maior exportador nacional) é e continuará a ser um sector de importância vital para a região do Algarve e, de resto, para o Pais.

Porque a oferta turistica, estaremos todos de acordo, não pode prefigurar-se, atento o peso e responsabilidade que apresenta no quadro da nossa economia, resumido ao Sol e Mar que é o que tem sido, pouco mais ou menos, até aqui!

Porque sabemos e é relativamente comum saber-se pelos guias turísticos acerca da falta de produtos para “vender” aos turistas, relativamente “profissionalizados” no consumo de bens da cultura e do património.

E porque pensamos que todo o património existente no Algarve (no Pais) deveria ser reinventariado, bem como as suas carências rigorosamente levantadas e estudado na vertente do seu restauro na óptica conjugada do criterioso respeito pelo seu valor histórico-patrimonial intrínseco e da vocação económica que lhe poderia ser adicionada, tudo em ordem a assegurar que o património gere os recursos necessários à sua manutenção física, à criação e sustentação de emprego ao mesmo inerente, à prossecução da sua finalidade pedagógica, estética, cultural e turística, transformando-os em agentes vivos da preservação da nossa identidade cultural e de divulgação da nossa história e cultura, numa época em que se admitem as limitações à nossa independência, como a ordem natural das coisas, seria de meridiana prudência acautelar através destes meios a preservação física e viva da memória colectiva, contributo insubstituível para a definição da história daquele que foi um dia o território dos Portugueses.


E porque é indiscutível o interesse cultural do Museu da Cortiça, o interesse regional do edifício, activos que bem poderiam beneficiar de uma primeira intervenção da “Fundação ProAlgarve”(de que falaremos adiante) , “socializando-se”(não nas costas do cidadão-contribuinte, mas transparentemente com o seu concurso) os custos neste e nos casos seguintes que carecem de atenção e cuidado ( e são bastantes no Algarve) para que possam contribuir para dar maior sustentabilidade à nossa oferta turística, bastião do futuro colectivo.

Neste contexto, um primeiro passo será conhecer profundamente os circunstancialismos económico-financeiros da situação da Fábrica do Inglês.

De seguida conceber-se um projecto económico de viabilização do empreendimento, credível e sustentável, para o qual concorram todos os benefícios (existentes ) decorrentes do seu estatuto cultural e de Património edificado, bem como os projectos aprovados (desde que devida e esteticamente integrados) para o aparthotel/auditório, cuja implementação poderá ocorrer quer extrajudicialmente quer no âmbito de um processo de insolvência, caso seja insustentável a pressão.

Nesta senda e sabendo que o património existente no Algarve é diminuto, como aliás os recursos por definição o são, e nunca perdendo de vista a abrangência de fins que a preservação e conservação do mesmo enquanto espaços vivos e activos visam, consideramos uma tarefa de interesse regional (e nacional) que deveria ser protagonizada por todos os municípios do Algarve.

Deveria assim promover-se eventualmente a criação de sociedade intermunicipal com todos os municípios do Algarve ou uma Fundação a constituir com todos os municípios do Algarve que pudesse vir desde a sua constituição a beneficiar da lei do Mecenato (como foi o caso do centro cultural de Belém) estimulando-se a participação dos recursos económicos da sociedade civil neste desiderato desde o inicio.

Para tanto sim precisamos de políticos com dimensão e vocacionados para uma acção prospectiva, à luz do dia, que ultrapasse os interesses paroquiais.

Para tanto precisamos de lobbing naturalmente, e de gente determinada e empenhada que agilize os procedimentos administrativos e políticos necessários.

Na certeza de que venha a ser gerido por profissionais competentes, contratados no mercado (nacional ou internacional)e não coio de desempregados da politica ou objecto do pagamento de tributos de vassalagem ou comércio de influências.

Um projecto desta envergadura convencerá os bancos à reestruturação dos créditos de acordo com os programas e sua cronologia.
Por isso um projecto desta envergadura carece mais urgentemente de trabalho e determinação que de dinheiro!

Utopia... dirão os cínicos das soluções do curto prazo, que não são soluções mas, pelo contrário, mais problemas!
A eles respondemos nós cidadãos-contribuintes, curiosamente como os Bancos farão : Apresentem-nos um projecto consistente, sustentado e com uma liderança credível, que nós apoiamos!

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

Visite as Grutas

Visite as Grutas
Património Natural

Algarve