O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Armação de Pêra e o Mistério das Gaivotas Incontroláveis

Em Armação de Pêra, uma freguesia costeira onde as gaivotas têm mais direitos que os residentes, decorreu há uns anos uma reunião histórica entre uma cidadã preocupada e o presidente da junta. Guida Baptista, frequentadora atenta desta página e observadora de excelência da fauna e da inércia política, levou ao senhor presidente uma inquietação grave: o descontrolo das gaivotas. A resposta? Um robusto e democrático "Não posso fazer nada!" (Aparentemente, o cargo de presidente da junta serve apenas para cortar fitas e fingir escutar.) Guida, munida de espírito cívico e paciência budista, perguntou então se pelo menos tinha havido algum contacto — mesmo um e-mailzinho — com as tais "outras entidades". Silêncio. O presidente, talvez em protesto silencioso, talvez por esquecimento permanente, nunca respondeu. A gestão local, segundo fontes próximas (e também distantes), é como as gaivotas: voa por cima dos problemas e larga excrementos administrativos em cima da população. Mas nem tudo está perdido! Em 2020, o tesoureiro da junta, Bruno — sim, o mesmo que agora sonha com a presidência — resolveu ser inovador: elaborou uma análise SWOT. A análise, para quem não sabe, é uma ferramenta de gestão usada para planear estratégias com base em pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças. Bruno, talvez inspirado por uma maratona de vídeos motivacionais no YouTube, lá preencheu o campo das “oportunidades” com entusiasmo. Já os “pontos fracos”, ficou para depois. E as ameaças? Esqueceu-se. Talvez porque não queria confrontar a realidade: a maior ameaça é ele próprio. Segundo especialistas em sátira política, Bruno estaria mais indicado para entrar no Big Brother, onde o talento para discursos vazios e apresentações em powerpoints brilhantes o levaria longe. Gerir uma freguesia, no entanto, exige mais do que ser apresentador de bailaricos e colador de cartazes. Enquanto isso, as gaivotas continuam a dominar os céus e as praças de Armação de Pêra. Talvez um dia, alguma entidade — talvez uma junta interplanetária — venha resolver a crise. Até lá, resta aos fregueses esperar… ou investir num chapéu de chuva reforçado.

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