O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

A genialidade invisível: a solução final para o lixo em Armação de Pera

Há ideias boas, há ideias más… e depois há ideias tão geniais que só podem ter nascido numa reunião de “marting” às 9h da manhã, depois de um pequeno-almoço reforçado de bolas de Berlim e água das pedras. Conta-se que, em Armação de Pera, havia um problema: as papeleiras viviam num estado de abundância tal, que fariam inveja a qualquer depósito de reciclagem alemão. Sempre cheias, sempre a transbordar, sempre a dar à vila aquele charme pitoresco de aterro improvisado. Mas eis que os assessores de “marting” da junta de freguesia tiveram um momento eureka. — “Se as papeleiras estão sempre cheias… porque não acabamos com as papeleiras?” Silêncio. Depois, aplausos. Era a Mona Lisa da gestão urbana, o Nobel da limpeza, a descoberta do fogo versão 2.0. Segundo fontes próximas da reunião, houve até quem sugerisse um slogan para a campanha: “Sem papeleiras, sem problemas!” Afinal, a lógica é irrefutável: se não há papeleiras, não há papeleiras cheias. E se não há papeleiras cheias, Armação de Pera deixa de ter “má imagem”. Um raciocínio digno de Sócrates (o filósofo, não o outro). A vila já se prepara para a nova fase de “urbanismo minimalista”: ruas limpas porque, oficialmente, não há sítio para estarem sujas. O lixo? Ora, o lixo não conta. Sem papeleiras, o lixo é invisível — tal como os buracos no Orçamento de Estado. E a ideia não vai parar aqui. Há rumores de que o próximo passo será retirar os bancos de jardim para acabar com a ocupação de espaços públicos, e quem sabe… demolir as casas para acabar com a crise da habitação. Armação de Pera entra assim no mapa mundial da inovação. Primeiro vieram os smartphones, depois os carros elétricos… agora, a solução definitiva para o lixo: fazer de conta que ele não existe.

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