O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

A Epopeia da Árvore Imortal (e da Câmara em Câmera Lenta)

Se Aquiles teve sua guerra de Troia e Ulisses o seu périplo de 10 anos, Silves tem a sua própria epopeia: a remodelação da Av. Beira Mar e a resistente Árvore do Destino. Após meses de estudos intensivos envolvendo peritos, sub peritos, consultores e provavelmente um astrólogo para verificar o alinhamento planetário, a obra finalmente arrancou. Mas tal como uma telenovela de horário nobre, quando o enredo começa a aquecer… pausa dramática! Não sabemos se foi o calceteiro que entrou de férias para o hemisfério sul, se foi preciso mandar vir a pedra especial de uma pedreira guardada por monges tibetanos, ou se o responsável pela obra foi abduzido por extraterrestres e está, neste momento, a dar palestras sobre “Infraestruturas Sustentáveis” em Alfa Centauro. O que é certo é que a árvore permanece lá: altiva, serena, assistindo estoicamente ao desfile diário de fitas plásticas que tremulam ao vento, varetas tortas que se inclinam como torres de Pisa em miniatura e uma máquina que, de tão parada, já foi confundida com escultura urbana. Se esta situação se prolongar, não descartamos a hipótese de a árvore ser declarada Património Municipal, com direito a placa de inauguração e sessão fotográfica com a presidente da câmara, que, certamente, dirá: "Esta árvore representa a nossa resiliência, a nossa paciência e a nossa capacidade de esperar eternamente pelo que nunca vem." Talvez seja hora de avançarmos com a petição: “Salvem a Árvore, já que a obra não salva ninguém”. Afinal, heróis precisam de reconhecimento, e esta árvore já ultrapassou em resistência muito atleta olímpico.

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