O turismo é o nosso petróleo e o nosso petróleo está a arder, consumindo-se pelo desperdício resultante da inconsequência económica e social das suas valências!O turismo representa pelo menos 45 % do PIB regional e 60% do emprego, um peso elevado e incontornável nas contas regionais.
O caso do Algarve é paradigmático, no contexto nacional, a nível do alojamento hoteleiro, têm tido um peso significativo.
No entanto, ao longo da década 1995-2005, não obstante o aumento da oferta hoteleira, observou-se uma diminuição da expressão algarvia no conjunto da oferta nacional (de 40% em 1995 para 38% em 2004).
Verifica-se que o aumento da oferta hoteleira não foi acompanhado pelo crescimento da procura, no volume de dormidas. O peso do Algarve neste contexto, diminuiu de 47% para 39% naquele período. Em termos absolutos cresceu cerca de cinco vezes menos que a média nacional.
É assim bem patente a tendência de perda de competitividade da região, o que deve preocupar e estimular os agentes do turismo algarvio, a inverter este cenário.
Não sabemos em que medida, mas o nosso concelho contribui evidentemente com a sua quota parte para aqueles números e para a queda da importância relativa do Algarve, no contexto nacional.
A ausência de uma estratégia concertada para o concelho de Silves e especialmente para Armação de Pêra, que têm a sua actividade especialmente concentrada no binómio “Sol e praia”, trabalhando essencialmente para o mercado nacional, agravada pela degradação ambiental e do património histórico, com uma fortíssima pressão urbanística, continua a gerar perdas graves de atractividade.A procura continua a ser muito sazonal concentrada em dois ou três meses no ano.
A oferta de produtos turísticos complementares em Armação de Pêra é praticamente inexistente, uma vez que se resume a um “comboio” que passeia os turistas por ruas incaracterísticas.
A politica verdadeiramente suicidaria consubstanciada pela insistência dos responsáveis Municipais na aprovação de mais urbanizações, massificando a Vila até à exaustão, sem atenderem à capacidade da praia e equipamentos, pressionando cada vez mais a natureza, destruindo a biodiversidade e os valores naturais, só pode ter um fim triste.
A concorrência de outros destinos turísticos, mais preservados e baratos, ainda constitui um factor acelerador daquele mesmo fim que não desejamos nem de cujas consequências a nossa pobre economia tem condições de ser destinatária sem consequências gravíssimas.O turismo é uma actividade fundamental para a sobrevivência da nossa economia e do bem-estar que, apesar de tudo, nos proporciona. Sucede é que, se queremos ter futuro sustentável, as políticas têm de mudar.
O investimento público prometido, já que o privado não parece realmente ser capaz de alterar o que quer que seja, não pode ser adiado mais uma vez.
A requalificação urbana do espaço público é urgente e não pode ser uma promessa mais uma vez adiada para as calendas.
A pedonalização da frente de mar de Armação de Pêra é um exemplo dum investimento necessário ao nosso desenvolvimento e que tem sido, despudoradamente, adiado de ano para ano.
A Sr.º Presidente da Câmara Dr.ª Isabel Soares afirmou que o projecto se encontra “feito”. Não temos razões objectivas para duvidar. Mas será que um projecto estruturante como este não merece ser discutido com os interessados – os cidadãos-utentes-comerciantes-habitantes-contribuintes-eleitores -?
Mesmo sem alguma vez nos ter pedido opinião, não prescindimos de reclamar um investimento que se reproduza e que permita o desenvolvimento integrado e sustentável de outras actividades.Um investimento que, servindo para qualificar o espaço, também deverá ser impulsionador de actividades culturais, da formação profissional, do comércio tradicional e especializado.
O plano plurianual de investimento para 2008 prevê dois milhões de euros de investimento para este ano e quatro milhões para 2009. Mas ficámos a saber pela leitura da acta de reunião de câmara de 16 de Abril de 2008, que será um projecto que vai esperar pela candidatura ao QREN!
SABEM O QUE ISTO QUER DIZER?
Quer dizer que as nossas expectativas vão ficar mais uma vez adiadas e as promessas eleitorais uma vez mais, escandalosamente, por cumprir!
Pensarão estes Senhores que alguma vez terão diferentes resultados, continuando a fazer as mesmas coisas?


































