PARTICIPAÇÃO E CIDADANIA!
Decorridos trinta e quatro anos sobre o vinte e cinco de Abril, os portugueses em geral, mas os que tiveram consciência política antes de Abril, em particular, não se encontram revistos no sistema político vigente, não se consideram representados pelos seus pretensos mandatários políticos, não lhes reconhecem responsabilidade com dimensão histórica, competência, visão e acção prospectivas, no respectivo desempenho, nem assistem a contrapontos regeneradores ou sequer inspiradores por parte das suas alegadas elites.
Por outro lado, o desenvolvimento que a democracia permitiu, se se pode saldar num extraordinário saneamento dos índices que nos esmagavam contra a porta de acesso à paz, à liberdade, ao direito, à instrução, à saúde, à comunicação, à dignidade plena enquanto cidadãos, não susteve o progresso de um conjunto de desvalores que habitam as sociedades actuais na sua metamorfose para a “modernidade”, até ao absurdo.
Os portugueses, recentemente, ainda interiorizaram definitivamente que, para além do seu voto legitimador do poder político que gere a res publica, são as contribuições que lhe são impostas que sustentam aquela e que, quanto mais mal geridas forem as suas contas, maiores serão as suas contribuições, até ao absurdo, se necessário.
Por outro lado ainda, constatam os portugueses que, apesar da queda de um conjunto de protecções à pouco desenvolvida economia doméstica, do condicionamento industrial às pautas aduaneiras, determinadas pelo fim do Salazarismo e pelo acesso ao maior mercado do mundo – a, União Europeia - que visavam o crescimento da sua economia e o desenvolvimento em moldes europeus, mais de vinte anos depois, os seus índices continuam atávicos, não gerando receita que sustente a despesa.
Os défices, democrático, orçamental e da economia, exibem hoje, a frustração de tantos quantos ousaram o voluntarismo, a participação, o sonho e atendem a eloquência do vazio dos cínicos dos cépticos e dos reaccionários.
Este cenário, emocional e historicamente inesperado em Abril, deverá, segundo o nosso entendimento, constituir um desafio à participação, à cidadania militante, à mobilização da sociedade civil, a qual, por preceder o Estado, é a única titular de todos os direitos que legitimamente o edificaram e sustentam, e também daqueles que o podem conformar, adequar e reformar.
Mas também deverá constituir um desafio à resistência dos cidadãos face às políticas que in extremis visarem, a qualquer preço, corrigir os desmandos de décadas duma administração negligente ou diletante para a qual, “in concretu” “não foram perdidos nem achados” e de cujas consequências são hoje, invariavelmente os seus principais destinatários.
O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
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3 comentários:
Belinha
Fazes parte dos 58
Um grupo de 58 militantes destacados do PSD/Algarve decidiu hoje por larga maioria apoiar a candidatura de Alberto João Jardim à liderança do PSD, numa votação em que Manuela Ferreira Leite obteve apenas 3 por cento de votos favoráveis.
Questionados directamente sobre uma eventual candidatura do presidente do Governo Regional da Madeira, 52 por cento dos militantes consideraram-na "a melhor" e 29 por cento "talvez", contra apenas 17 por cento de "nãos", revelou Mendes Bota à Lusa no final da reunião, destacando que "81 por cento abriu as portas a Alberto João Jardim".
Na votação secreta, uma maioria de 60 por cento concordou em fazer um apelo directo à candidatura de Jardim, 3 por cento talvez e só 17 por cento foi contra esse apelo.
Uma maioria de 41 por cento achou que a data limite para apresentação da candidatura do líder madeirense será 5 de Maio, contra 19 por cento que indicou 1 de Maio e outro tanto 10 de Maio.
Convocada pelo presidente da distrital de Faro, Mendes Bota, a reunião, de carácter informal, teve como base de convocatória a comissão que há seis meses apoiou a candidatura de Luís Filipe Menezes, bem como os órgãos distritais, as secções e vários presidentes de câmara.
Mendes Bota reconheceu que não foram convidados alguns militantes e autarcas sociais-democratas - entre os quais o presidente da Câmara de Tavira, Macário Correia, apoiante de Manuela Ferreira Leite - mas ressalvou que estiveram presentes a maioria das concelhias, entre as quais a de Faro, "que só por si tem metade dos militantes do Algarve", disse.
Os factos revelados no comentário anterior representam Portugal no seu pior. Se a liberdade é, naturalmente, extensível aos ignaros, é também a sustentação dos que os vençem democráticamente impondo politicas de bom senso e lideres de qualidade. Infelizmente a qualidade é ainda para muitos, dificil de reconhecer à vista desarmada. A iliteracia e a ignorância ainda caracterizam muitos de nós. Enquanto assim fôr não se cumpriu Abril e é a oportunidade de ouro dos basbaques se alcandorarem a lideres do nada e da ignorância que rema a favor do obscurantismo.
Portugal pode ser uma grande república dos cidadãos!
Os portugueses têm de se galvanizar para fazer melhor!
Assim as suas elites o permitam!
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