O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
domingo, 8 de agosto de 2010
Armação de Pêra:Enquanto Silves reinvindica herança medieval, Armação clama pela civilização Romana!
“Aqui cumpre-se integralmente a história” afirmava Isabel Soares ao jornal: “O Algarve”, a propósito da realização da Feira Medieval em Silves, sede do concelho.
Silves teve influência árabe bastante e é esse o legado que se reivindica, anualmente, através daquela realização lúdica.
Porém, Silves gozou também dos benefícios da civilização romana, mas essa é menos lembrada.
Diríamos que a história, se é cumprida, é-o parcialmente.
Mas também os legados destas fases da história de Silves tiveram destinos diversos...
Enquanto se celebra, anualmente, a idade média que é reconhecidamente um período longo de uma certa estagnação civilizacional, a antiguidade romana, caracterizada por um desenvolvimento extraordinário em inúmeros domínios, permanece nos becos mais ensombrados da história da cidade.
Entre muitos outros avanços, os romanos deixaram para a posteridade o saneamento. A cloaca máxima de Roma, inspirou inúmeros sistemas de saneamento que proliferaram pelo Império em resultado da expansão romana. Em Portugal os achados arqueológicos não deixam margem para dúvidas acerca dos benefícios da romanização.
Sucede que, com o esmorecimento da memória acerca do nosso passado romano, parece ter sido esquecido o seu enorme legado civilizacional. É caso para dizer que foi “vazado o bebé com a água do banho”, expressão esta que tem a sua origem, curiosamente, numa prática medieval que era a que decorria do costume de tomar banho, uma vez no ano.
Os banhos eram tomados numa única tina, enorme, cheia de água quente. O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na água limpa. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os bebés eram os últimos a tomar banho, portanto! Quando chegava a vez deles, a água da tina já estava tão suja que era possível perder um bebe lá dentro. É por isso que existe a expressão em inglês "don't throw the baby out with the bath water", ou seja, literalmente "não deite fora o bebé juntamente com a água do banho", que hoje usamos vulgarmente...
Tudo isto depois de decorridos mais de 600 anos sobre o hábito dos banhos públicos em Roma!
Os maus hábitos medievais, em muitos casos, entrincheirados, levam séculos a banirem-se...enquanto os bons costumes da antiguidade levam outros tantos a cumprirem-se...
Vem tudo isto a propósito do facto de, em Agosto de 2010, em Armação de Pêra, poder-se assistir à canalização dos esgotos, a céu aberto, directamente para o rio...que corre para o mar (onde todos nós nos banhamos...).
Que nos perdoem os antepassados árabes, mas, aqui por Armação, contra a vontade de Isabel Soares, preferimos pôr a tónica na componente sanguínia, que também é nossa, da civilização Romana.
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3 comentários:
A Senhora Presidente Drª. Isabel So ares ficará confusa, porque deve desconhecer a situação relatada.
Estamos no Sec.XXI.
Ai se o Dr. Fernando Serpa souber disso. Ele também está na Camra há muito tempo e se calhar nunca ouviu dezer que os esgotos vão pa água do banho.
EH, EH, EH, Armação de Pera está no período da Pedra Lascada.
Os Romanos tinham lava-pés que funcionavam.
A autoridade maritima em vez de andar atrás dos tipos das bolas de berlim devia era ver este tipo de coisas que são realmente muito graves
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