O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Fábrica dos Tomates: Depois queixem-se!

let´s look at the Thriller...
Tal como prevíamos os episódios da novela dos tomates, extraida da obra clássica "A Saga da Despesa Pública Portuguesa", sucedem-se a um ritmo lento mas consistente.

Passemos em revista os personagens: Isabel Soares, como protagonista ( o personagem mais importante da obra, em torno do qual a história gira . Geralmente é o herói e nalguns casos pode existir mais de um); a fundação Oriente é a co-protagonista (o personagem de segunda maior importância da obra. Geralmente é a pessoa que ajuda o herói e nalguns casos pode existir mais de um), Fernando Serpa como antagonista (o personagem que rivaliza com o protagonista, quase sempre luta com o mesmo no final da obra. Geralmente é o vilão e nalguns casos pode existir mais de um, no entanto, o antagonista não precisa ser necessariamente uma pessoa, podendo ser um objeto, um animal ou um facto que dificulte os objetivos do protagonista (como a situação financeira do mesmo, problemas culturais e/ou sociais, deficiências físicas e/ou psicológicas etc.), a vereadora da CDU como personagem secundário (o personagem que ajuda o protagonista, na maioria das vezes tem amizade ou parentesco com o mesmo. A importância dele pode variar dependendo da obra), o Orçamento da C.M.Silves e os cidadãos-contribuintes, como figurantes ( personagem que não é fundamental para a trama principal, que tem como único objetivo ilustrar o ambiente e o espaço social que são representados durante o desenrolar de uma acção do enredo) .

Do enredo:

A protagonista pretende adquirir para a CMSilves um imóvel cuja necessidade é putativamente premente, por um preço exorbitante para o estafado orçamento municipal.
A forma como tem evidenciado a sua intenção é, como habitualmente, imperativa, embora as razões onde assenta a sua vontade, designadamente um estudo econômico que a justifique, sejam publicamente desconhecidas, logo, politicamente inexistentes.

A verdadeira arrogância que caracteriza a atitude da protagonista é inspirada numa inusitada escala de valores democráticos do tipo sul americano, mais típica dos lamentáveis velhos tempos, ou norte coreano dos tempos que ficaram presos no próprio tempo, mas cujo estilo vai por cá fazendo escola, designadamente junto dos protagonistas com maiorias relativas.

Do ponto de vista da racionalidade - aquela característica das boas contas e das boas administrações – exactamente aquela que vemos em administrações com a da República da Irlanda (que antecipou com realismo, decidida e prudentemente, as medidas adequadas à sua situação orçamental, que foram mais longe que as de outros em situação pior, sem esperar que os seus parceiros o exigissem, ganhando com isso a credibilidade junto dos mesmos e dos mercados, “escrevendo direito por linhas direitas”, como é expectável entre pessoas humanas, comuns, racionais, razoáveis e responsáveis, que ambicionam a respeitabilidade),
tal dispêndio cuja fundamentação é desconhecida do cidadão-contribuinte, mas que a existir só poderá ser absolutamente inconsistente e daí ter-se a sua protagonista eximido a tal trabalho, só pode ser tido como absolutamente ignaro.

Do ponto de vista do funcionamento das instituições democráticas e dos princípios e valores inerentes à representação dos cidadãos-eleitores a degenerescência é mais abrangente:

O Partido Socialista, faz um ALERTA aos munícipes para a iminente compra e venda da antiga fábrica dos Tomates por parte da CMS à Fundação Oriente, face à iminência da viabilização do negócio por via do voto favorável da CDU.
No mesmo COMUMICADO questiona-se sobre a oportunidade da realização do mesmo, atendendo:

1.- à grande depressão que Portugal e a Europa atravessam;
2.-ao facto de desconhecer se a CMS saldou as dividas que motivaram o empréstimo de 15 milhões de euros, em 2009, com vista a pagar a fornecedores e empreiteiros uma vez que continua a dever, em 31 de Dezembro de 2009, mais de nove milhões de euros àquelas entidades;
3.-à diminuição prevista das transferências do Estado para as Autarquias e à diminuição do crédito e das receitas próprias do Município.

Depois EXIGE que a protagonista concludentemente esclareça:

1.- Como pensa a protagonista pagar o preço? E se pretende pagá-lo durante o seu mandato?
2.- Onde vai aquela obter recursos financeiros, atendendo ao endividamento do Município?
3.-Que obras orçamentadas irão ser sacrificadas por virtude da putativa aquisição da fábrica dos tomates?

Por fim manifesta DÚVIDAS sobre a oportunidade do negócio e levanta RESERVAS sobre se o negócio é a maior prioridade para o interesse do Município, acrescentando ser sua CONVICÇÃO existirem outras opções mais conformes com o interesse do Município onde aplicar os 2 milhões, designadamente na dinamização do tecido empresarial, emprego, qualidade de vida no concelho.

Apesar de todas estas considerações não toma posição sobre a realização do negócio, até momento oportuno(?).

Não precisará o cidadão-contribuinte de pedir ajuda ao snr.Descartes ou ao snr. Kant, para concluir sobre a irracionalidade desta posição, porquanto, de duas uma: ou os seus considerandos são sérios e presentes e o negócio não se pode/ deve fazer, devendo ser a sua posição claramente contra a realização do mesmo, ou tais considerando não passam de uma mistificação da realidade (o que sabemos bem não ser verdade) e o seu COMUMICADO não passará assim de mais um acto de ficção política.

Mais convencidos ficamos de que assim seja uma vez que parece resultar do teor daquele documento que se a protagonista informasse que iria pagar a pronto, para tanto contratando um empréstimo por 3 anos, a pagar numa única prestação, no termo do último ano (do seu mandato) mediante a contratação, na altura, de um leasing imobiliário por vinte e cinco anos, no Banco X, e por via disso não resultasse qualquer premência para os orçamentos próximos, nem qualquer sacrifício para as obras orçamentadas, estaria tudo bem, não tendo as condicionantes estruturais qualquer peso.

Por fim declara, temerosamente, ter dúvidas e não qualquer CERTEZA, sobre a oportunidade da realização do negócio?????????????

Conclui com reservas, confessando não saber se este negócio seria o melhor para o concelho, admitindo implicitamente que possa ser????, embora seja sua convicção que o dinheiro poderia ser empregue num conjunto de lugares comuns não especificados.

E termina, pasme-se, por deixar a sua posição final para melhores núpcias!!!!!!!!!

A racionalidade da mensagem constante desta comunicação só poderá resistir se o seu autor, a quando da sua redação, tenha tido uma secreta esperança de que venha a existir um verdadeiro tesouro enterrado no imóvel, que valha pelo menos 2 milhões de euros!

Este documento político verdadeiramente ziguezagueante é um monumento à classe política portuguesa, digno de uma qualquer rotunda em estrada municipal (esburacada) do concelho!

A CDU por seu turno, em linhas gerais, defende a aquisição invocando quer a eficiência dos serviços pela via da concentração dos mesmos na fábrica dos tomates, quer a desmobilização de património que já é desnecessário ou que se tornará, com a aquisição, desnecessário, a qual compensaria o preço a disponibilizar.

Já quanto ao preço e ao financiamento, daí lava, prudentemente, as suas mãos, entendendo não dever comentar o preço, apesar de o considerar um pouco exagerado, devendo por isso ser, o imóvel e a sua recuperação e adaptação, adequadamente avaliados, por técnicos da CMS que para tanto são competentes e o financiamento explicado.

A posição da CDU, de uma racionalidade económica elementar se tudo à sua volta fosse um deserto, atende deliberada e exclusivamente à utilidade instrumental do equipamento, deixando uma nota de calmaria, embora descontextualizada da crise no imobiliário, com o resultado da venda dos equipamentos substituídos.

Um pouco como o comandante do Titanic quando mandava a orquestra continuar a tocar, apesar do inelutável naufrágio em curso.

Aliás justificando tudo o que o Blog Penedo Grande, na ponderação sensata a que habituou os seus visitantes, depois de uma introdução devastadora sobre os flops da gestão Isabel Soares, produz por meio duma enumeração irónica de vantagens ridículas da aquisição em causa, reduzindo-a a um verdadeiro despropósito e apodando de verdadeiramente escandalosa a inversão de posição politica da CDU, a verificar-se no momento da verdade, que passaria, a confirmar-se, da critica acérrima, mas séria, da gestão soarista a”branqueadora” da sua continuidade.

Antes de quaisquer outros dos inúmeros comentários que a questão suscita, ficamos com a noção de que nos escapa algo de fundamental!

Que pressuposto económico ou financeiro se irá alterar que permita o PS vir a decidir-se pela aquisição?

Que pressuposto económico ou financeiro resultará para a robustez das contas do município deste novo endividamento que salvaguarde a manutenção plácida do conforto dos funcionários que constituem o principal encargo do orçamento e a principal preocupação da CDU, que a conduzam a votar favoravelmente tal aquisição?

Em qualquer circunstância e no mínimo, as posições das forças politicas do concelho, quanto a este particular, justificam por parte do cidadão-contribuinte, qualquer tipo de especulações, na busca, salutar, do seu entendimento dentro dos parâmetros da racionalidade elementar.

Depois queixem-se...
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Post scriptum:
Um dia relataram-nos dois ditados populares. Um árabe e outro Judeu!
Reza o árabe: Quem gasta tudo o que tem, gasta mais do que deve!
Reza o judeu: Se deves 100, o problema é teu. Se deves 1000 o problema é daquele a quem deves!

Será que este concelho com tanto sangue árabe é hoje gerido por gente cuja percentagem judia no sangue excede largamente aquela?

4 comentários:

adelina capelo disse...

Nos tempos que correm são necessários líderes que sejam capazes de ver mais além, tomem decisões corajosas e de grande exigência o que é o caso da aquisição das instalações da ex fábrica do tomate, para a instalação dos serviços da CMS.

Só mentes tacanhas que paralisam com o medo de tomar decisões quando se aproxima um ventinho mais forte, não entendem que existem vantagens substanciais na concentração dos serviços num único local.

Anónimo disse...

MARCHAS POPULARES ANIMAM MÊS DE JUNHO NO CONCELHO DE SILVES

Câmara Municipal de Silves (CMS) promove nos próximos dias 12, 23 e 28 de Junho os desfiles de marchas populares, em Silves, Armação de Pêra e S. B. de Messines, respectivamente. As marchas percorrerão as avenidas principais destas localidades, começando os desfiles por volta das 21h00. A saber: no Jardim junto à escola EB 2, 3 João de Deus - São Bartolomeu de Messines; Frente de Mar, junto à Lota – Armação de Pêra; Ruas do Comércio e Praça Al Mutamid – Silves.


Este é já o sétimo ano consecutivo em que a autarquia promove este evento, uma vez que as Marchas Populares começaram a realizar-se em 2004, havendo, este ano, diversos resturantes que se associaram ao evento, tendo à disposição sardinhas assadas, febras e outras especialidades. A ACRAL - Delegação de Silves colabora com a autarquia, fazendo a ponte entre os comerciantes e a CMS.

Estes desfiles juntam dezenas de populares, que ao longo de vários meses ensaiam as suas coreografias nas aulas do programa DESPORTO SÉNIOR, que é coordenado e dinamizado pelo Sector de Desporto da CMS. Para além destas pessoas, há associações que também apresentam as suas próprias marchas.

Os trajos dos marchantes foram desenhados, como vem sendo habitual, pelo estilista António Grácias, que se baseou nos costumes e tradições de cada freguesia, procurando integrar elementos significativos de cada uma delas.

Manuel Ramos disse...

"Antes de quaisquer outros dos inúmeros comentários que a questão suscita, ficamos com a noção de que nos escapa algo de fundamental!"

Com esta frase disse quase tudo e coloca tudo o que para trás disse em causa, excepção feita aos comentários sobre o "comunicado", se é que a nomeação aqui se aplica. Sobre o que diz da protagonista principal não acompanho o estilo, mas acho que só isso não chega para ser considerado, também, na bonita expressão, "um branqueador".
E sem qualquer papel atribuído no fraco enredo, o que me surpreende (nem argumentista); já o actor (actriz) secundária também parece menorizado, já que afinal todos lhe querem dar um papel fundamental; talvez daí as pressões a priori, como se da nomeação de um árbitro para o Benfica X Porto se tratasse. Mas o mais grave, e aí nem Descartes nem Kant são respeitados ( a não ser no julgamento a priori que é realizado, ainda que sem o assumido necessário entendimento kantiano), é a de assumir a minha posição pessoal como a da CDU, que não represento e de que não sou porta-voz. Não integrei qualquer lista nas últimas eleições, e quando anteriormente o fiz, foi como independente, e assim me considero. Mas mesmo entre os mais livres pensadores não escapo à "rotulação" quando penso e dou opinião, o que é sintomático e, desde logo, um bom começo para uma discussão livre, democrática e sem pressupostos de base!..
"Tomar a árvore pela floresta", é mau princípio de raciocínio; é de pouca racionalidade cartesiana, é pouco pura razão crítica. Enfim, revela primário preconceito, já que sem ainda ser publicamente conhecida a posição dos eleitos pela CDU, toma a opinião de Manuel Ramos como "a voz do dono", o que eu, mas por certo também os verdadeiros eleitos rejeitam.
É tomar X por Y, o que, de certeza, não é bom Método.

Conversas no Lampião disse...

Não Há dúvida que é um argumento próprio de uma obra digna do "realismo socialista" tão propalado e em voga na era "Stalinista" a visão de futuro, próprio dos grandes dirigentes da classe operária/camponesa, antecipado no libreto, pelas palavras do comissário político e arrumador de serviço no teatro do povo (Adelina capelo). Que antecipadamente adverte para os grandes desígnios e eminente visão politica da principal figura da obra. A Grande, a Única, aquela que com clarividente visão, mesmo antes de El Rei D. Joâo II, já via que era no outro lado do atlântico que residiria o futuro do império. O pecúlio excedentário e as contrapartidas acrescidas deste negócio ruinoso para um concelho sem futuro(Silves) serão as sementes do novo império já em inicio de instalação nas terras de Vera Cruz.
Os figurantes e figuras secundárias da peça, serão elementos decorativos, e representam as diferentes sensibilidades e classes sociais, devidamente enquadradas e dirigidas pela vanguarda revolucionária em que a grande líder Isabel Soares, sobre as ruínas do resta do concelho de Silves, sabiamente indica os caminhos do futuro.
- Como música de fundo; sugiro: "O coro dos escravos" da Opera Nabucco de Verdi.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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