O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sintomaticamente ou não:O "minuto de silêncio" nasceu em Portugal!

O "um minuto de silêncio" com o qual se presta homenagem a um falecido ilustre, hoje tão vulgarizado universalmente teve origem em Portugal.

Tudo começou em 1912 com a morte do Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior), ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil e pessoa muito querida em Portugal, por ter sido um dos primeiros estadistas a patrocinar o reconhecimento da República Portuguesa em 1910.

Político competente, o barão foi ministro dos Negócios Estrangeiros durante os governos presidenciais de 1901 até a data de sua morte em 10 de Fevereiro de 1912.

A sua morte teve tal repercussão no Brasil que o Governo criou um decreto adiando o Carnaval, para que esse período de festas não coincidisse com o luto nacional. Como ministro dos Negócios Estrangeiros, Rio Branco foi o responsável pela demarcação das fronteiras, trabalho que executou com engenho e arte, dilatando ainda mais o já vasto território brasileiro com a anexação do actual estado do Acre, que pertencia à Bolívia (1904), uma área em litígio com a Guiana Francesa, que abrangia quase todo o actual Estado do Amapá, e resolvendo em favor do Brasil um litígio fronteiriço com a Argentina, incorporando em definitivo uma área territorial de 30 mil 621 km quadrados.

“Em Portugal havia um verdadeiro culto pelo Barão do Rio Branco, o estadista ilustre que o Brasil perdeu, e o seu nome era entre nós tão querido e tão espalhado que raro dos portugueses de uma certa cultura o desconhecia. Todos os que amam o Brasil e seguem atentamente os seus movimentos políticos e literários, os que lá vão em busca de um pouco de bem estar, os artistas que viajam anualmente na terra nossa irmã, os comerciantes que regressam com o seu pecúlio e vão instalar-se nas suas províncias, todos recordavam com admiração o nome do ilustre homem de Estado”, como ficou registado na Ilustração Portuguesa, de 26 de Fevereiro de 1912, lamentando a sua morte e noticiando a missa de sétimo dia em sufrágio da sua alma.

A morte do Barão do Rio Branco causou um forte impacto em Portugal. A Câmara dos deputados na sua reunião do dia 13 de Fevereiro, sob a presidência de Aresta Branco, em homenagem ao morto ilustre, suspendeu a sessão por meia hora – como era tradicional. Já na reunião do Senado no dia seguinte, sob a presidência de Anselmo Braamcamp e secretariada por Bernardino Roque e Paes de Almeida, inovou e revolucionou.

“O presidente, aludindo ao falecimento do Sr. Barão do Rio Branco, recordou que os altos serviços por aquele estadista prestados ao seu país e a circunstância de ser ele ministro quando o Brasil reconheceu a república portuguesa”, escrevia o Diário de Notícias sobre a sessão.

Continuava o DN: “Honrou também o Barão do Rio Branco as tradições lusitanas da origem da sua família e por tudo isso propôs que durante dez minutos, e como homenagem à sua memória, os senhores senadores, se conservassem silenciosos nos seus lugares. Assim se fez...”.

Cumpriu-se, assim, o primeiro momento de silêncio de que se tem notícia, numa sucessão que se vem prolongando até os nossos dias.

Depois deste dia, todas as vezes que morria alguém passível de homenagem, a assembleia legislativa portuguesa repetia o gesto. Com o tempo, os dez minutos passaram a cinco, depois a um, como actualmente.

Decorrido algum tempo, as assembleias legislativas europeias copiaram o modelo português e daí para o resto do mundo, ganhando mais tarde "o minuto de silêncio" ainda maior visibilidade sobretudo nos estádios dos grandes acontecimentos desportivos.

3 comentários:

mamamia disse...

Sintomaticamente o sintoma é quem não sabe o que fazer vem para aqui ver o que se escreve por estas bandas. Foi isso que me aconteceu agora mesmo. Não tinha nada para fazer e vim ver o sintoma da agonia do pessoal que está desejoso de escrever qualquer coisa para não ficar a olhar só para o que sabe-se lá o quê. Sintomaticamente é sintoma de querer aplicar um bom vocabulário, mas ó gente bem falante, já perceberam que podiam aplicar um vocabulário mais leve para toda a gente perceber o que aqui lê? Bom, cada um sabe da sua logística bagagem cerebral e escreve como lhe apetecer, mas que diabo,,,isto não é para todos, ou é?Cidadania de palavra cara não chega a todos. Bom se calhar não é mesmo para todos, até porque nem todos sabem aceder a estas coisas. Esqueci-me que isto é um país de terceiro mundo...quse.

mamamia disse...

quase...

KIKÉFLORIBELO disse...

UM minuto de silêncio se faz favor, por todos os aflitos políticos que mostram por aqui o seu desespero para chegar à cadeirita do poder. Se calhar é melhor dois minutos, porque são tantos que um minuto só dá para começar e então o outro é para acabar.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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