O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 18 de abril de 2010

MANIFESTO AO PLANETA DOS BANANAS SOBRE A ACEITAÇÃO DESTE ESTADO DE COISAS...



REPÚBLICA DO PLANETA DOS BANANAS


Estatuto do fomento e desenvolvimento do habitante banana ideal

Preâmbulo

O desenvolvimento ideal da sociedade planetária e do Planeta, têm sofrido atrasos preocupantes, motivados pela progressiva generalização de direitos, liberdades e garantias, profusão esta que afecta profundamente os verdadeiros interesses do desenvolvimento do habitante banana ideal, ameaça a coerência do sistema de exploração de todos os recursos do planeta e sacrifica os naturais interesses económicos, políticos e pessoais dos seus legítimos titulares.

Importa assim regular a sujeição do habitante banana ideal ao interesse geral por forma a deixar de constituir um obstáculo sistemático ao desenvolvimento daqueles interesses cuja preservação garante a regular exploração dos recursos do planeta, como se impõe para a felicidade de todos.

Princípios fundamentais

1.- Os interesses económicos das classes dominantes encontram-se organizados de forma sistémica e devem ser preservados acima de quaisquer outros.

2.- A organização politica da sociedade existe para preservar a ordem pessoal e social ao serviço dos diversos sistemas de desenvolvimento daqueles interesses.

3.- O habitante Banana Ideal tem o dever de ser feliz no respeito pelos interesses fundamentais da Republica do Planeta das Bananas e nos termos previstos neste estatuto.

Título I :Deveres fundamentais
Cláusula Primeira
Eu aceito que:

-Felicidade é conforto;
-Amor é sexo; e
-Liberdade é ter dinheiro para poder satisfazer todos os meus desejos.

Cláusula Segunda
Eu aceito usar o que tenho de mais valioso, o meu tempo, para trabalhar e poder comprar muitas coisas como forma de preencher esta vida tão vazia.

Cláusula Terceira
Eu aceito que o valor de uma pessoa dependa da sua capacidade para gerar dinheiro e de aparecer ou não na televisão.
Tomarei como minhas referencias pessoais as pessoas que apareçam na televisão e procurarei ser como elas!

Cláusula Quarta
Eu aceito ser uma peça de um sistema, adaptar-me a ele e ensinar os meus filhos a adaptarem-se ao mesmo.
A minha prioridade é manter-me no sistema e nunca me questionar se me permite ou não ser feliz.

Cláusula Quinta
Eu aceito que os mais velhos sejam considerados um estorvo e não sejam nunca o nosso modelo, porquando sendo a nossa a civilização mais avançada do planeta (e do universo, já que é impossível que existam mais) sabemos que a experiência não tem nenhum valor.

Cláusula Sexta
Eu aceito não fazer perguntas, fechar os olhos ao que vejo e não me opor a nada, porque estou suficientemente ocupado com os meus próprios problemas.
Eu aceito também defender este contrato com a minha vida, porque tenho medo da mudança.

Cláusula Sétima
Eu aceito que o sistema actual é o melhor possível. Já passou a época dos grandes ideais. No mundo devem mandar as pessoas sensatas e realistas que procuram manter o sistema. Tenho medo que as coisas mudem porque os sonhadores trazem problemas e instabilidade.

Título II :Dos Deveres de Sujeição à Autoridade e à Violação da Privacidade

Cláusula Oitava
Eu aceito que as autoridades guardem, tratem e cruzem todos os meus dados pessoais, quer estejam à sua disposição ou não. Confio nelas e não me importa transportar um microchip, nem dar a minha identificação ocular ao entrar noutro pais, nem ter de mostrar o conteúdo do meu computador nos aeroportos.

Cláusula Nona
Eu aceito que se guardem todos os meus e-mails durante 5 anos ainda que eu os apague e que empresas como a YAHOO dêem acesso às contas às autoridades chinesas, permitindo assim prender dissidentes.
Eu aceito a tecnologia que permite que os telemóveis possam retransmitir o que ouvem mesmo quando o seu proprietário o tenha apagado e acho suspeito quem retira a bateria do seu telemóvel para evitá-lo.

Cláusula Décima
Eu aceito que a investigação relacionada com a minha saúde esteja na mão de empresas cuja única motivação é gerar lucros.
Não me preocupa que as farmacêuticas financiem os congressos de medicina e que controlem assim a informação que chega aos médicos.
Confio na indústria farmacêutica e em gente como Donald Runsfeld, accionista e ex-presidente da farmacêutica que desenvolveu o tamiflú.
Não creio que sejam capazes de criar virús como o da gripe A para enriquecer.

Título III: Dos Deveres dos Consumidores

Cláusula Décima Primeira
Eu aceito a busca do conforto como o fim supremo da humanidade e a acumulação de riquezas como o maior objectivo da nossa vida.
Quanto mais infeliz for, mais consumirei e assim contribuirei para o bom funcionamento do sistema.

Cláusula Décima Segunda
Eu aceito que a publicidade conte mentiras e que me faça desejar coisas e produtos.

Cláusula Décima Terceira
Eu aceito comer carne bovina tratada com hormonas, sem que exista obrigação legal de indicá-lo em nenhuma etiqueta.
Eu aceito servir de cobaia e comer carne de animais criados com alimentos transgénicos, para comprovar se aparece alguma anomalia na nossa espécie a longo prazo.

Cláusula Décima Quarta
Eu aceito que os vegetais que ingiro tenham recebido pesticidas e herbicidas tóxicos para a minha saúde, desde que não os usem demasiado...
Eu aceito que se utilizem todo o tipo de aditivos químicos na minha alimentação, porque estou convencido de que se os utilizam é porque sabem que não há nenhuma consequência a longo prazo.

Cláusula Décima Quinta
Eu aceito que os transgénicos se expandam por todo o planeta e que as multinacionais agroalimentares que alimentam seres vivos acumulam enormes dividendos por eles e controlam a agricultura mundial.
Estou convencido de que é moral especular com os preços dos alimentos, para que o sistema de mercado garanta que os recursos sejam distribuídos de forma eficiente.

Cláusula Décima Sexta
Eu aceito pagar o preço mais baixo possível pela carne dos animais que como, pelo que me parece bem que os tratem mal, para baixar os preços da sua carne.
Ao fim e ao cabo somos uma espécie superior.
Em consequência, se viesse outra espécie superior de outro planeta, parecia-me lógico que fizessem o mesmo connosco.

Cláusula Décima Sétima
Eu aceito a concorrência como base do nosso sistema, mesmo quando estou ciente de que este funcionamento engendra frustração e cólera para a maioria.
Substituir a concorrência pela colaboração seria um erro fatal.

Título IV : Dos Deveres de Sujeição ao Sistema Económico e Politico

Cláusula Décima Oitava
Eu aceito que o poder esteja nas mãos das pessoas mais ambiciosas e com menos escrúpulos.

Cláusula Décima Nona
Eu aceito que os partidos políticos aglutinem o pior do país, que a cada 4 anos me contem o que sabem que quero ouvir, para chegarem ao poder.

Cláusula Vigésima
Embora a nossa história esteja cheia de conspirações politicas e políticos ambiciosos, eu aceito que agora tudo mudou e que os nossos dirigentes só procuram o nosso bem. As organizações secretas de políticos e grandes magnates como o club BILDERBERG, a TRILATERAL ou o Comité dos 300 não existem e ninguém visa estabelecer um governo mundial através dos organismos internacionais.

Cláusula Vigésima Primeira
Eu aceito a politica de “revolting doors” (portas giratórias).
Sei que os directores de organismos internacionais como a OMS, a OIT, o FMI e o Banco Mundial são ex-empregados de grandes corporações, que sabem que “portando-se bem”, voltarão a essas corporações no ano seguinte ganhando quantidades astronómicas.

Cláusula Vigésima Segunda
Eu aceito que se façam guerras por motivações económicas como o petróleo, reactivar a economia ou dar saída aos stocks de armas obsoletas
Há que fazer seja o que for para manter o sistema em marcha, porque é sem dúvida o melhor possível.

Cláusula Vigésima Terceira
Eu aceito que se condene à morte o próximo e nos convençam a acabar com ele, sempre que o seu governo tenha sido declarado pelo nosso, como seu inimigo.

Cláusula Vigésima Quarta
Eu aceito que se paguem fortunas a jogadores de futebol e a artistas, para convertê-los nos nossos modelos a imitar.
Parece-me totalmente lógico que se pague muito pouco aos professores que se encarregam de formar gerações futuras.

Cláusula Vigésima Quinta
Eu aceito que os bancos internacionais emprestem o meu dinheiro a países que querem armar-se para a guerra, e que possam escolher onde irão ter lugar as guerras.
Sou consciente de que o melhor é financiar ambos os lados para que o conflito se mantenha o maior tempo possível, não só para ganhar mais dinheiro, mas também para que eles depois paguem com os seus recursos quando não puderem devolver os empréstimos.

Cláusula Vigésima Sexta
Eu aceito deixar o meu salário nos bancos para que eles o administrem e apliquem, independentemente da sua moralidade ou do seu impacto ambiental.
Assumo que os investimentos mais lucrativos são os que exploram os cidadãos dos países em desenvolvimento e apoio por completo estas actuações.

Cláusula Vigésima Sétima
Eu aceito que as multinacionais não apliquem as conquistas sociais do ocidente nos países desfavorecidos. Apoio que hajam crianças trabalhando, para que os produtos que compro tenham o preço mais baixo possível.

Cláusula Vigésima Oitava
Eu aceito a hegemonia do petróleo na economia, apesar de ser uma energia cara e poluente, e estou de acordo em impedir qualquer tentativa de substituição porque a implantação de métodos de energia livre já descobertos e silenciados seriam uma catástrofe para o sistema.

Cláusula Vigésima Nona
Eu aceito a destruição da floresta e o desaparecimento das espécies naturais.
Parece-me lógico contaminar e dispersar pelo ar venenos químicos, assim como enterrar resíduos radioactivos que não estarão a salvo de um grande terramoto.

Cláusula Trigésima
Eu aceito que se destruam toneladas de alimentos para que não baixem os preços internacionais.
Parece-me melhor que oferecê-los às centenas de milhares de pessoas que morrem de fome todos os anos.

Cláusula Trigésima Primeira
Parece-me bem que haja países como o Haiti, onde muitos, à falta de outra coisa, comam bolos de terra. Como todos somos egoístas, estou convencido de que, no fundo, todos estamos de acordo com esta situação.

Título V: Dos Deveres de Sujeição à Informação dos Média

Cláusula Trigésima Segunda
Eu aceito que os meios de comunicação estejam concentrados nas mãos de grandes poderes económicos porque sei que farão um bom uso deles.
Aceito acreditar só no que os meios de comunicação dizem e, pensar que o que se diz fora deles são boatos para gente inculta e crédula.
Eu aceito esta “matriz” na qual me colocaram para que não possa ver a realidade das coisas. Sei que o fazem para meu bem...

Cláusula Trigésima Terceira
Eu aceito que as noticias compilem o que de pior se passou no planeta nesse dia, para que me sinta impotente e pense que não há nada que se possa fazer.
Sei que alimentar o medo, a raiva e o desespero é o melhor que podem fazer por nós, porque crer que se pode mudar algo é perigoso.

Cláusula Trigésima Quarta
Eu aceito as “versões” dos acontecimentos dadas pelos “média” e apoio todas as divisões entre seres humanos de acordo com as versões dos governos.
Desta forma poderei focalizar a minha cólera para os inimigos designados por eles e não me oporei a acções bélicas que respondam aos interesses politico-económicos.

Título VI: Da Renúncia aos Direitos à indignação, à resistência e à desobediência

Cláusula Trigésima Quinta
Eu aceito esta situação e admito que nem eu nem ninguém pode fazer nada para mudá-la.

3 comentários:

Anónimo disse...

Linda homenagem,a Adelina merece.
Muito bem.

Robespierre disse...

Para a Adelina e os Adelinos... os lambes cús e os vampiros!!!

Tânia Oliveira disse...

Assim sim,estamos a falar da realidade,pior que infeliz,catastrófica.

O peso desta realidade,controla tudo e todos,por muito que tenhamos consciência que estamos a caminhar para o fim,por muito que todos saibam quais as soluções,ninguém parece disposto a por fim a este desfile de vaidades.

Enquanto não houver a consciência de que todo o politico deve explicações dos seus actos,independentemente dos departamentos juridicos que têm a suportar os seus devaneios,nada feito.

Ao invés de respeitáveis enganadores, terão de começar a ser confrontados com o que são na realidade, reles criminosos.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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