Naturalmente criado para entretenimento dos que afortunadamente tinham possibilidades de veranearem, ou simplesmente dispor de férias para veraneio, podendo viajar e alojar-se em Armação de Pêra, os quais eram realmente muito poucos, constituiu expressão de uma visão turística de futuro e da dimensão de empreendedor do seu fundador.
O futuro chegaria porém aquela Armação de Pêra, de forma abrupta e tal como outros imóveis antigos, depositários de algum interesse histórico e arquitectónico para a Vila, veio aquele a dar lugar a edifícios de habitação incaracterísticos, sendo certo que neste caso, o imóvel, sem qualquer uso a quando da sua demolição, se encontrava em avançado estado de degradação e abandono absoluto.
Mas o bom exemplo não caiu em saco roto!
Na verdade o grupo de armacenenses que liderou o processo de consagração definitiva da vocação turística de Armação, traçando-lhe a nova dimensão e organização urbanas, não descurou a restauração de um espaço lúdico que repusesse as melhores vivências da sua juventude no Casino Velho, colocando-o no centro da sua obra de desenvolvimento, com a qualidade de uma aposta clara, dimensão para as necessidades que se anteviam, localização soberba e multidisciplinaridade que o entroncamento de uma economia em estádio de desenvolvimento pouco mais que medieval com o desenvolvimento europeu do pós guerra, aconselhava, frutos de uma politica que, nesta sede, foi esclarecidamente estratégica.

Foi assim, em 1958, inaugurado o novo casino, o qual funcionou sem interrupções até ao final da década de setenta.
Infelizmente o desenvolvimento do processo democrático não satisfez, então como ainda hoje, todas as necessidades da sociedade portuguesa, muitas delas com raízes ancestrais, na ignorância, no analfabetismo, na iliteracia, na miséria, e muito menos em prazo que evitasse um conjunto estonteante de asneiras grossas que ameaçaram e ameaçam o porvir de Armação.
O que foi facto foi que a entidade responsável pelo Casino, não sabendo, nem na altura, nem hoje, definir para esta infra-estrutura um destino consentâneo com os novos tempos, em razão da ausência total de uma estratégia consistente para o turismo e economias local e nacional, responsabilidade que bem pode partilhar com o executivo local como com o nacional, abandonou-o à progressiva degradação.
Apontamos a incompetência e a irresponsabilidade como tendo sido as principais razões do abandono. No entanto, para alguns armacenenses mais radicais a opinião é diversa. Para esses, depois de fechado, em ruínas, servindo de latrina pública e frequentado pela marginalidade, seria mais fácil justificar junto da população a sua transformação em mais um edifício de apartamentos como esteve na cabeça de muitos “patos bravos” que ajudaram a desvirtuar completamente esta vila.
Vamos lá saber quem terá razão? Certo é que não tivera sido a intervenção do Dr. Jorge Sampaio na altura Presidente da República e provavelmente hoje não estaríamos uma vez mais a escrever um post sobre o Casino de Armação de Pêra.
A intervenção daquele amigo de Armação de Pêra, voltou a colocar o Casino no mapa e motivou a que fossem efectuadas algumas adaptações, permitindo que ai funcionasse o GAT, um paliativo para tapar os olhos aos armanceneses e um adiamento criminoso de uma politica consistente para o turismo – o principal exportador português – e do desenvolvimento sustentado de Armação de Pe(d)ra.
(continua)