O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A RONDA DOS PRISIONEIROS

é o que Isabel Soares tem para oferecer em Armação!

Justiça seja feita a Isabel Soares, pois, na verdade, não foi ela que iniciou a total descaracterização de Armação de Pêra. Limita-se a interpretar fidelissimamente o mau-gosto dos seus princípios, executando-o despudoradamente ao detalhe!

De facto, o mal vem de longe, lá para os idos de setenta, logo desde o seu início.

Tanto quanto a memória alcança, a saga da despersonalização começou logo com um atentado – demolição de um ex libris representativo da primeira vaga da procura turística no lugar de Armação de Pêra, então sito na freguesia de Alcantarilha- ditado certamente pela decadência de uma família burguesa que se terá visto forçada, por razões económicas ou hereditárias, a “embarcar” na, também, primeira vaga da especulação e massificação imobiliárias.

Com uma arquitectura característica de um novo-riquismo pretensioso, de gosto discutível, algo comum no microcosmo burguês da época – em permanente busca por uma nobreza que lhes escapava- pretendia representar um opulento castelo do Portugal dos Pequeninos, fronteiro ao mar, o qual, começando por intimidar o povo de Armação, veio, com o decurso do tempo, a cativá-lo a tal ponto que, com o seu desaparecimento, veio a chorá-lo sinceramente. Até hoje, com frequência!
Em seu lugar foi erigido um mamarracho cuja única característica positiva reside exactamente no facto de a sua volumetria – enorme para a época – não ter atingido a fronteira do intolerável, uma vez que o aproveitamento foi obtido no sentido da profundidade do lote, ao invés do que se foi obtendo, a partir de uns poucos anos mais tarde, em altura, com os resultados que estão à vista.
Hoje, depois da violação, sistemática de décadas, ao nosso direito à estética, assiste-se a um emaranhado labiríntico de betão a que se chama Vila, licenciado pela Autarquia de Silves, sem que para tanto alguma vez tenha revelado qualquer competência. Em países como a Dinamarca, um lugar com mais de 250 habitantes, é considerado uma cidade. Não com a mia das grandezas, mas por respeito ao facto histórico de se considerar civilização à sociedade que habitava uma cidade. Coisas da antiguidade que muitos gostam de preservar, não só por gostarem de história, mas por terem em elevado conceito o que é uma comunidade.

Por cá, as coisa são diferentes! Mais simples e mais bárbaras!
Aquilo que foi uma comunidade em Armação de Pêra, desapareceu há muito. A procura turística promoveu uma mudança drástica de paradigma para esta população. Trouxe algum desenvolvimento económico, que aportou consigo uma panóplia de desvalores que, uma vez adoptados, descaracterizaram substancialmente esta comunidade até ao seu verdadeiro desaparecimento enquanto tal.

A influência cultural da invasão do turismo, mal digerida, num espírito, cientificamente mal preparado por décadas de atavismo rural e repressão do Dr. Salazar, a libertação que Abril permitiu -assemelhando-se nos primeiros anos ao destapar de uma panela de pressão- os fundo europeus que nos fizeram crer que éramos uma economia europeia e rica, sem nada termos feito por isso, aceleraram a consolidação de um novo-riquismo cultural, pleno de desvalores promovidos a valores, devidamente acolitados pelas opções, de natureza idêntica, do poder politico local, conduziram à aberração que o lugar de Armação hoje é, do ponto de vista administrativo, politico, turístico e comunitário.

A verdadeira “Ronda dos Prisioneiros” que constitui a única oferta massificada da noite de Armação nestes meses de verão – o passeio da multidão de lá para cá e de cá para lá ao longo da marginal – é bem ilustrativa sobre o efeito da urbanização aberrante de Armação nas populações, fixa ou flutuante.

Na comunidade o efeito foi devastador, como qualquer observador meredianamente atento constata. No bem-estar do turista é igualmente patente pela falta de equipamentos que os espaços públicos representam, neste labirinto de betão e de mau-gosto, pela mão do homem inculcados nesta verdadeira pérola do património natural: A Baía de Armação de Pêra !

Isabel Soares não é, realmente, responsável pela degenerescência de Armação de Pêra, mas foi e é a mais sofisticada autora da sua eternização.

8 comentários:

Anónimo disse...

A central de intoxicação continua a funcionar.

Se ainda tem dúvidas sobre a origem destes ataques eu não.

Anónimo disse...

Ouvi dizer que a Dr.ª Isabel Soares vai promover a pedonalização da via marginal beira mar de Armação de Pêra, desde o Hotel Garbe até à Igreja e da Fortaleza até à rotunda da Lota... confirma-se mesmo?

E será que também vão pedonalizar a baixa da vila, porque aí é que se impunha mesmo, as ruas antigas, designadamente a do Zé Leiteiro, são uma vergonha, estão sujas, descalcetadas, com buracos e cheias de lixo, até parece que estamos no terceiro mundo sob o apanágio da Dr.ª Isabel Soares e dos responsáveis pelas obras municipais...

Anónimo disse...

Vejam o curriculo da Dr.ª Isabel Soares no site da CMS e olhem para o estado a que chegou Armação de Pêra!!! Algo não bate certo de certeza...

Graças ao seu empenho e à sua imensa devoção, hoje Armação de Pêra é um exemplo para os outros, mas é um exemplo daquilo que em termos urbanísticos não se deve fazer nunca...

Uma coisa ninguém lhe tira, a Dr.ª Isabel Soares contribuiu decisivamente para que a tipicidade de uma antiga vila piscatória com uma baía formidável se transformasse num jardim de betão armado, um verdadeiro desconchavo urbanístico irremediável e um antro de lixo onde acabaremos por ficar soterrados e a isto ela chama-lhe oferta turística de qualidade...

O grande problema deste país é que os cargos com poder ou que exigem determinados conhecimentos e aptidões especificas estão ocupados por um bando de ignorantes e de incompetentes que não justificam o salário que recebem... bem feitas as contas ficam é a dever dinheiro ao erário público pela porcaria que vão fazendo...

Anónimo disse...

Tal anónimo, tal Adelina Capelo.
Não se enxergam. Não conseguem perceber. Coitados,


Ronald Reagan disse:
"Política parece ser a segunda profissão mais antiga. Eu cheguei à conclusão que ela tem uma grande semelhança com a primeira. Ronald Reagan "

Será que Reagan tinha razão?

Anónimo disse...

O problema da sociedade é gente como esta, a Adelina e o anónimo que, coitados não é culpa deles mas, não estudaram nem aprenderam a pensar por si próprios tendo assim de acreditar no que lhes dizem por dificil que seja.

Anónimo disse...

Leiam a VOZ de SILVES e conheçam toda a verdade.

Anónimo disse...

Como é que a Senhora diz tudo, se nunca tem conhecimento de nada?
Estranha ironia.

Anónimo disse...

Quem financiou a edição extra da Voz de Silves, a preço 0,00€?

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

Visite as Grutas

Visite as Grutas
Património Natural

Algarve