O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sábado, 31 de janeiro de 2009

SOL NA EIRA E CHUVA NO NABAL

Uma ambição nacional generalizada!

Um colunista de um semanário importante na micro realidade jornalística portuguesa teve a frontalidade de afirmar que Portugal é um Estado de Direito falhado.

Sustentou a sua conclusão no facto de o poder judicial, composto por titulares de um órgão de soberania, se comportarem como funcionários, reivindicando o direito de de sindicalizarem, ou desrespeitando a estrutura do edifício em que se aloja uma sociedade democrática, contestando e assim interferindo no poder legislativo que cria a legislação que têm o dever de aplicar, o que não lhes compete enquanto titulares de um poder diverso que é o de, sem contestarem de qualquer forma, aplicarem o direito criado pelos representantes do povo.

Em qualquer dos casos, de facto, estamos perante um anacronismo que habita o sistema.
Isto é, o que os criadores do sistema pretenderam, para os juízes, foi simplesmente serem titulares de um órgão de soberania com tanto poder e independência, como os demais: o executivo e o legislativo, tudo em ordem a contrariar o status quo donde vínhamos: a concentração destes três poderes no poder absoluto do Soberano.


Alguma coisa se passou entretanto!

O que terá feito esta gente pensar que tem o poder de, a coberto dos seus direitos de cidadania, pretender ter “sol na eira e chuva no nabal”?

Isto é, gozando dos privilégios de titulares um órgão de Soberania, para além dos privilégios do estatuto dos funcionários públicos ou equivalente o qual, só por si, já representa uma afronta aos restantes empregados por conta de outrem por via das vantagens comparativas que aquele estatuto tem em geral face ao estatuto destes, pretendem ainda gozar do estatuto reivindicativo dos empregados por conta de outrem, como se não integrassem um dos três poderes estruturais em que assenta o Estado democrático, perante quem aquele estatuto reivindicativo visaria ajustar direitos salariais, pela via da pressão e negociação.

Mais grave ainda, o que terá feito esta gente pensar que tem o poder de, a coberto dos seus direitos de cidadania, ter interferência legitima no resultado do exercício de funções do poder legislativo – a produção legislativa -.

O Presidente da República, eleito directamente pelos cidadãos, portanto com uma legitimidade democrática directa, não se dá ao luxo, porque não deve, nem pode, de fazer comentários segundo a sua real gana, a qualquer aspecto da vida nacional, designadamente sobre a produção legislativa.
Será que para se ser Presidente da República terá de se aceitar reverencialmente uma redução dos seus direitos e poderes de cidadania?

Não cremos que seja o caso!

Então o que conduzirá os magistrados a, a coberto do seus direitos de cidadãos, considerarem-se no direito de contestarem a bondade e com ela a legitimidade inquestionável, de certas leis?

Quanto a nós a resposta reside no facto de, realmente, não se assumirem como verdadeiros titulares de um órgão de Soberania!

O que, provavelmente, assenta no facto de não serem eleitos directa e democraticamente pelos cidadãos.

Na verdade, só assim se entende o escancarado desrespeito pelo poder legislativo, que emana do poder dos cidadãos elegerem directamente os seus mandatários para legislar.

Da Soberania conservam a autoridade, mas nenhuma outra imanência democrática.


Na verdade também só assim se entende a sua deriva sindicalista de empregados por conta de outrem.


A história e o direito atribuiram-lhes um poder que não têm, provavelmente, dimensão para exercer.



Este é um problema grave na sociedade democrática que conseguimos construir. Infelizmente não é privativo dos magistrados. É bem mais profundo e alargado.

Se calhar o jornalista, em desespero, não deixa de ter razão. O Estado português é, lamentavelmente, um Estado democrático ainda não falhado, dizemos nós, mas com muito do seu essencial por construir!

8 comentários:

Anónimo disse...

Pagamentos a advogados de Fátima Felgueiras são ilegais e deve ser exigida a sua devolução
03.02.2009 - 09h27 José Augusto Moreira
Os pagamentos que têm sido feitos a advogados pela Câmara de Felgueiras são ilegais e deve ser exigida a devolução de todas aquelas verbas aos cofres do município. A conclusão consta de um parecer emitido pelo Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República, onde é referido que "o eleito local apenas poderá exigir o pagamento das despesas [com processos judiciais] após a decisão final" e que "os pagamentos feitos noutras circunstâncias são ilegais, pelo que deve ser exigida a devolução das respectivas quantias". Um inquérito está já a correr no Ministério Público.

Considerando que o pagamento previsto na lei se refere aos casos em "que não se prove dolo ou negligência por parte dos eleitos", o parecer salienta que, "sobretudo em relação aos crimes imputados aos eleitos locais, não se vêem razões para que possa ser feito antes de o processo terminar (...) e não vemos que deva ser deixado ao critério dos órgãos autárquicos decidir, em cada caso, se o pagamento pode ser feito antes ou depois de o processo terminar, assim fazendo uma espécie de 'pré-julgamento'".

O parecer foi solicitado pelo procurador-geral distrital do Porto, na sequência de uma exposição apresentada pelos órgãos concelhios do PSD de Felgueiras, em Novembro de 2007, juntando documentos dando conta de que a autarquia tinha então despendido quantias à volta de meio milhão de euros para pagamento de despesas com os advogados de Fátima Felgueiras, de alguns vereadores e ex-vereadores da autarquia.

Considerando que o apoio a conceder "depende da verificação cumulativa de dois pressupostos", ou seja, que o acto que deu origem ao processo "tenha sido praticado no exercício de funções e por causa delas" e que ao mesmo tempo "não se prove que foi praticado com dolo ou negligência", o documento aponta para que essa avaliação implica que seja feita caso a caso e só depois de terminado o respectivo processo.

Referindo-se ao caso dos pagamentos que foram feitos ao advogado que a autarca contratou quando fugiu para o Brasil, o parecer deixa claro que em circunstância alguma tais despesas poderiam ter sido consideradas. "O arguido que se ausenta para o estrangeiro foge à justiça do seu país. O seu comportamento já não está relacionado com a condição de autarca, actuando completamente fora do exercício de funções."

No processo do "saco azul" Fátima Felgueiras foi condenada a uma pena (suspensa) de três anos e três meses, mas o caso está em recurso, estando agora a ser julgada pelos financiamentos ao futebol.

Então e em Silves?.
´São legais os pamentos que Isabel Soares já fez á firma de Advogados de Lisboa PMLJ por causa do caso Viga D'Ouro? Não vai já em cerca de 250 mil euros?

Anónimo disse...

Só para esclarecer o anónimo os pagamentos foram feitos pela câmra e não pela Sr.ª Presidente

Anónimo disse...

Dona Adelina ou caro Avantino Moreira ou cara Sandra.

Não percebeu a ironia quando eu disse que tinha sido Isabel Soares que tinha pago e veio borrar a opa toda.
Quem deveria ter pago era de facto a vossa madrinha e benemérita e não a Câmara meus caros, como aconteceu com a “sósia” de Felgueiras.
Se em Silves houvesse uma Oposição, a vossa hoje adorada e que amanhã vos vai mandar borda fora como fez com o Artur Linha e muitos outros, estaria a braços com a justiça também por esse facto

Anónimo disse...

Quando a cegueira é enorme as pessoas não conseguem descortinar a ironia. Senhor anónimo, não perca tempo com explicações porque eles ou elas não conseguem perceber o logro em que estão metidos/as.

Anónimo disse...

blá blá blá wiskas saquetas blá blá blá .... A minha Dr.ª Isabel Soares quando se defende é em nome dos municipes, por isso é normal que a Câmara lhe pague o que for necessário para defender os municipes...

Anónimo disse...

Será que tenho de pôr ordem nisto?

Anónimo disse...

"Senhor Juíz"... isto já ninguém consegue pôr na ordem......

Anónimo disse...

Com a influência (para não dizer controlo) que as grandes firmas de advogados, como a que defende Isabel Soares a expensas públicas, têm sobre os politicos deste país não seria de estranhar se surgisse por estes dias uma lei a legitimar que, sendo acusado enquanto autarca, fosse a autarquia a pagar a conta. E já agora tenha cuidadinho com o que dizem porque esses tipos não brincam e não sabem lidar muito bem com a liberdade de expressão.

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