O que a casa gasta....
A lógica que tem imperado a todos os níveis da Administração central e que comentámos no post anterior não morre solteira!
Na verdade é complementada até ao todo que o Estado constitui, pela versão local, isto é, estende-se harmoniosamente e em total sintonia por toda a Administração local.
E será daqui que devemos partir para compreendermos a maior parte das acções e omissões da classe politica e o resultado das suas gestões bem como o estado das coisas, que não é de hoje.
Por isso será sempre útil recorrer ao ensinamento de Aristóteles:
"Precisamos analisar o todo para depois, compreendermos as partes..." ao qual bem podemos adicionar outro, não menos conclusivo e bem a propósito da matéria em análise, nas palavras de Jean Jacques Rousseau:"Quem mais demora a fazer uma promessa é quem a cumpre mais rigorosamente."
Nestas duas vertentes das conclusões destes dois Sábios bem nos podemos ancorar pois, depois de tudo visto e revisto é ai mesmo que, invariavelmente iremos chegar.
Senão vejamos:
A dívida de curto prazo da Câmara de Silves vai para além dos 18 milhões de euros.
Os prazos médios de pagamento a que a autarquia de Silves habituou os seus fornecedores andará pelos dois anos o que causou e continua a causar, graves problemas financeiros e até económicos aos fornecedores que abastecem ou trabalham para o Município.
Conclusão Primeira: a debilidade da nossa economia e seus agentes é tal que estes, apesar do triste destino das suas facturas, não deixam de fornecer o Município (sem prejuízo de algumas excepções) porquanto a dimensão da economia onde intervêm é tão exígua que se vêm conformados a fornecer o “Estado” uma vez que, se o não fizerem, não têm a quem vender, isto é, não têm como sobreviver!
"Isto sem o Estado não vai lá!", como já antes da crise internacional, dizia Socrates, no Parlamento.
Conclusão Segunda: Precisamente atendendo ao prazo de pagamento, só se não puderem é que deixarão de praticar o preço mais elevado para os seus serviços ou fornecimentos.
Conclusão Terceira: Um prazo de pagamento desta natureza permite violar permanentemente a disciplina orçamental, porquanto permite “empurrar” o custo para a frente, amortizando-o em, pelo menos três orçamentos.
Que melhor prenda poderia esta economia dar aos politicos demagogos?
Conclusão Quarta: As realizações Municipais a que os cidadãos distraídos ou menos informados tendem a imputar à qualidade da gestão no poder são possíveis não pela competência duma gestão rigorosa e competente desses mesmos mandatários, mas constituem resultado do abuso do crédito de que o Estado, apesar de tudo, goza e da ausência de alternativas de fornecimento aos fornecedores cuja oferta excede a procura.
De facto, numa economia saudável e eficiente, a Câmara de Silves ou não tinha quem a abastecesse ou já tinha performances de gestão tão diametralmente opostas às que actualmente dispõe, como o “olho do cuco da feira de Borba”.
Conclusão Quinta: Em permanente défice, a pressão sobre a receita é constante. E quanto maior for o crescimento daquele maior será a intensidade desta.
Atendendo ao facto da receita resultar das contribuições dos cidadãos, quer as resultantes dos impostos, quer as resultantes das prestações de serviços exclusivos, a pressão é, invariavelmente exercida sobre o cidadão-contribuinte-utente.
A este propósito analise-se com atenção o teor dos regulamentos em discussão e facilmente se chegará à conclusão de que a preocupação essencial consiste na obtenção de receita a todo o custo para alimentar a voragem deste monstro despesista.
Conclusão Sexta: Não é por conseguinte indiferente ou de somenos, a qualidade e o rigor da gestão dos mandatários políticos. Na verdade quanto mais incompetentes foram, maior pressão fiscal motivarão. Com uma excepção: quando os mandatários, deparando com uma situação económico-financeira deplorável e confrontados com a inevitabilidade de agir competente e responsavelmente face à perspectiva de insolvência, dificilmente poderão deixar de motivar a pressão fiscal pois é o primeiro instrumento que têm à mão para iniciar uma inversão dos factores.
É o que sucede hoje em dia: uma sucessão de gestões irresponsáveis deixou engordar a despesa até limites superiores às forças da receita que esta pequena economia pode gerar adequadamente. O peso da despesa e a sua rigidez são de tal ordem que o actual Governo, com a batata quente entre mãos, não podia deixar de aumentar a carga e a pressão fiscais desde logo, para entretanto ir tentando amolecer a rigidez da despesa por um lado (alterando os chamados direitos adquiridos reduzindo-os ou evitando ampliá-los por via dos automatismos) reduzindo-a por outro, invariavelmente por intermédio da busca da eficiência no seu seio.
Só que ser responsável e rigoroso não é bem o que está a dar para ser-se politico, pelo menos no conceito que se foi sedimentando ao longo da nossa Segunda República, até hoje. Dai que a tendência para gerar despesa na mira de recolher benefícios ou vantagem politica, se tenha tornado estrutural no nosso sistema democrático.
E a gestão de Silves sendo um bom exemplo disso, não passa de um lugar comum.
Neste sentido assistimos ao pagamento dos tributos da vassalagem politica e à edificação de verdadeiras nomenclaturas através da contratação clientelar e massificada de funcionários na maior Câmara do país – Lisboa – como a encontramos em Silves.
Claro que não é estranha a este sonho generalizado de ascender a funcionário público bem como a sua manipulação no jogo politico enquanto moeda de troca e evidência de poder, a fragilidade da nossa economia e das soluções que oferece à mão-de-obra nacional.
...”de um registo de 386 funcionários em Dezembro de 1994, a autarquia já contabiliza actualmente o número impressionante de 789 funcionários...”.
Com as consequências conhecidas ao nível do peso orçamental na despesa:”- as despesas previstas com pessoal apontam para 13 milhões de euros (acréscimo de 33% relativamente relativamente ao verificado em 2007), encontrando-se associadas à entrada maciça de pessoal (e de famílias quase inteiras) nos quadros da Câmara Municipal...”, como muito bem nota o Dr. Manuel Ramos, mas que o Verador da CDU não pode, em coerência, apontar a esta Câmara como factor caracterizador da sua gestão ou da gestão da sua família politica, porquanto este mal dá em qualquer família, por todo o pais.
O que é facto é que em Silves o número de funcionários tem vindo a aumentar a uma média de um funcionário por semana.
Por isso e sem prejuízo das melhores intenções que a legislação poderá ter tido, o que é facto é que todas as forças políticas representadas na câmara votaram a favor da contratação do empréstimo, sem que conste terem sido aprovadas paralelamente medidas para combater este monstro despesista.
Se fossem empresários e as suas empresas espelhassem uma situação desta natureza, o caminho que seguiriam seria o da insolvência. Na avaliação da situação, o juiz do respectivo processo, face à lei, acusá-los-ia de comportamento doloso, exactamente, sentenciando uma insolvência dolosa.
A lei que a classe politica criou para a avaliação da conduta empresarial, não se lhe aplica, nem na letra, nem no espirito!
A lógica da gestão politica muito poderia beneficiar se se convertesse numa lógica empresarial!
Conclusão Sétima: Ao cidadão-contribuinte-utente-eleitor compete resistir por todas as formas que os seus poderes permitam, à carga e pressão fiscais que não sejam adequados à economia, sobretudo quando se sabe que a sua premência ou urgência resultam essencialmente das necessidades geradas por más práticas politicas, ineficiências características de gestões diletantes, perdulárias, irrresponsáveis, incompetentes e até ilegais e, ou inconstitucionais.
Entretanto, neste momento cada residente no Concelho de Silves já deve mais do que 600 euros, os quais ser-lhe-ão debitados, quer queiram, quer não, até integral pagamento!
Conclusão Oitava: A concessão deste empréstimo para colocar os pagamentos a fornecedores em dia, se por um lado é, em si, adequada, porquanto a economia privada suportou necessidades públicas muito para além do razoável e o retorno desse dinheiro para o giro económico é uma das poucas terapias consensuais para abrandar a degenerescência da situação de crise em que nos encontramos, por outro constitui um prémio à má gestão do concelho, um incentivo ao endividamento, o que, em ano de eleições, corresponde a “pôr o lobo no galinheiro”, a fazer perdurar a lógica da incontinência orçamental e a prática mercantilista da caça ao voto e da sustentação de nomenclaturas, a manutenção da ineficiência na gestão dos recursos públicos o que determinará a pressão da pressão fiscal até ao confisco, o qual aliás é anti-constitucional!
O que aconteceria a uma estrutura empresarial que visasse tão só empregar a familia e os amigos?
Ultimas conclusões:
Primeira certeza: A despesa de funcionamento da câmara continua a subir de forma exponencial.
Segunda certeza: Não se verificam melhorias na eficiência dos serviços mais básicos prestados pela Câmara em Armação de Pêra – que é o caso que melhor conhecemos - não existe um serviço de recolha de lixo eficaz, o serviço de distribuição de água deixa muito da desejar, a maioria das ruas estão cheias de buracos, não se antevê uma descentralização de serviços para a freguesia para que os armacenenses não sejam obrigados a deslocarem-se a Silves para tratar de assuntos do seu interesse.Mesmo com dinheiro (dos fundos europeus) a prestação das empreiteira é deficiente e as leis e regulamentos não são respeitados.
O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
sábado, 10 de janeiro de 2009
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5 comentários:
Mais ou menos conscientes os portugueses sabem quem têm a gerir os destinos comuns.
Até aqui sabemos. O que não sabemos é porque se conformam com isso.
De Silves nem bom vento nem bom casamento
Mulheres social-democratas partilharam experiências políticas em Silves
Acção de formação das mulheres social-democratas em Silves
O Movimento das Mulheres Social Democratas do Algarve (MMSDA) reuniu-se, no sábado, dia 10, em Silves, para uma acção de formação, que possibilitou a partilha de experiências entre as 30 participantes algarvias.
Entre elas, contou-se com as presenças e os testemunhos de Isabel Soares, presidente da Câmara de Silves, Elsa Cordeiro, vereadora da Câmara de Tavira, Marlene Silva, vereadora da Câmara de Albufeira, Rosa Cigarra, membro da Comunidade Intermunicipal do Algarve e da Assembleia Municipal de Aljezur e recentemente eleita líder do PSD/Aljezur, Maria João Caetano, ex-vereadora de Lagos, Ângela Matias, membro da Assembleia de Freguesia de São Clemente, em Loulé, e Ana Ferreira Santos, membro da Assembleia Municipal de Aljezur.
O objectivo desta acção foi, segundo a organização, «proceder a um revisitar de percursos de mulheres, umas com alguma experiência na política activa e outras que, não tendo essa experiência, têm vontade de participar activamente nas actividades do PSD Algarve».
A tarde de trabalho começou com uma visita ao Castelo de Silves, recentemente remodelado, e à Biblioteca Municipal, duas obras a que a edilidade dedicou muito do seu tempo e trabalho.
Já na sede do PSD de Silves, as primeiras oradoras foram Ana Ferreira Santos, que abordou o tema “Evolução Sociológica dos Direitos da Mulher”, seguindo-se a coordenadora distrital do MMSDA Antonieta Guerreiro, com o tema “Contributos para os Processos de Mudança do Feminismo”.
Isabel Soares, presidente da Câmara de Silves, partilhou algumas das suas experiências de vida enquanto mulher e autarca e, por fim, Sofia Cavaco, coordenadora do MMSD em Silves, sensibilizou as presentes para a importância dos órgãos de comunicação social, sob o tema “Os Mass Media”.
Este encontro serviu para partilhar experiências, entre algumas das autarcas de referência e militantes de base, proporcionando às mulheres social democratas, a aquisição de novos conhecimentos e novas ferramentas de trabalho para enfrentar com distinção este ano de grandes desafios para o qual todas têm que estar preparadas.
O encontro foi encerrado com um jantar convívio que contou com a presença do presidente da secção do PSD de Silves José Pedro Soares, e do vice-presidente da Comissão Política Distrital Marcos Guia.
Ambos os dirigentes enalteceram a iniciativa e saudaram as mulheres social democratas que estão dispostas a trabalhar em prol do Partido Social Democrata no Algarve
Deve ter sido um verdadeiro regabofe de asneiras, a avaliar pela "qualidade" das (e dos) participantes.
Proponho que, em resultado do encontro, publiquem um livro de anedotas, com prefácio da Isabelinha.
Eheheheheheheh!!!
Se o ridículo matasse, as e os participantes já cá não estariam...
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