O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Good luck, Mr President!
O presidente dos Estados Unidos da América proferiu um discurso inaugural cheio de esperança e de principios.
Independentemente do efeito prático que a gestão do 44º Presidente Americano terá nos EEUU e no mundo, só a evocação dos princípios estruturantes que enunciou constitui um corte com o passado.
A profundidade desse corte está por revelar, no entanto, no que ao enunciado diz respeito estamos perante uma coisa nunca vista, pelo menos durante a nossa existência.
Os valores invocados são tão velhos quanto revolucionários e, se bem que influenciam as sociedades ocidentais, pelo menos desde o século XVIII, nunca entraram, verdadeiramente e a fundo, em muitas delas.
Independentemente do futuro da aplicação prática desses princípios, vê-los expressos no discurso inaugural do lider da mais poderosa nação do mundo é, só por si, a concretização de uma esperança de gerações de cidadãos, tão acalentada quanto mais longe deles viveram e milhões morreram.
Boa Sorte Snr. Presidente! Seja Bem-vindo ao planeta Terra!
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3 comentários:
Janeiro 20, 2009 by José Saramago
Donde saiu este homem? Não peço que me digam onde nasceu, quem foram os seus pais, que estudos fez, que projecto de vida desenhou para si e para a sua família. Tudo isso mais ou menos o sabemos, tenho aí a sua autobiografia, livro sério e sincero, além de inteligentemente escrito. Quando pergunto donde saiu Barack Obama estou a manifestar a minha perplexidade por este tempo que vivemos, cínico, desesperançado, sombrio, terrível em mil dos seus aspectos, ter gerado uma pessoa (é um homem, podia ser uma mulher) que levanta a voz para falar de valores, de responsabilidade pessoal e colectiva, de respeito pelo trabalho, também pela memória daqueles que nos antecederam na vida. Estes conceitos que alguma vez foram o cimento da melhor convivência humana sofreram por muito tempo o desprezo dos poderosos, esses mesmos que, a partir de hoje (tenham-no por certo), vão vestir à pressa o novo figurino e clamar em todos os tons: “Eu também, eu também.” Barack Obama, no seu discurso, deu-nos razões (as razões) para que não nos deixemos enganar. O mundo pode ser melhor do que isto a que parecemos ter sido condenados. No fundo, o que Obama nos veio dizer é que outro mundo é possível. Muitos de nós já o vinhamos dizendo há muito. Talvez a ocasião seja boa para que tentemos pôr-nos de acordo sobre o modo e a maneira. Para começar.
Esse "humanista" Saramago é o mesmo que, em 1975, saneou todos quantos, no jornal onde trabalhava se recusavam a pensar como ele?
Homúnculo sem vergonha...
Os comunas são muito democratas quando não tem o poder.
Quando o apanham acaba-se a democracia
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