Os impostos, como a àgua, são bens escassos e finitos!
A água é um recurso limitado e o crescimento sustentado do Algarve está dependente deste recurso natural, o qual, como sabemos, não é abundante na nossa região, especialmente nas bacias das ribeiras onde a água é mesmo um bem escasso!
A empresa Águas do Algarve e os Municípios, entre outras razões pelo menos por isso mesmo, deveriam ser proactivos a aconselhar os seus clientes sobre a forma mais eficiente de pouparem água, uma vez que as campanhas de alerta aos consumidores no sentido da redução dos consumos, não deveriam ser exclusivas dos períodos de seca.
Independentemente disso, sem prejuízo do dever permanente de alerta, os cidadãos-consumidores, visando poupar água, terão necessariamente de modificar alguns dos seus hábitos, o que sabemos não ser fácil neste contexto de elevação do consumo em geral ao altar de uma santidade, apesar do sério revés que a presente crise representa para esse modelo de vida.
O imperativo ambiental a que nos referimos é de extraordinária importância e deve ser enquadrado em termos estratégicos, em harmonia com as disponibilidades e reservas de água do País, porquanto poupar água corresponde a um interesse económico a nível nacional, pois as poupanças potenciais de água estão estimadas em cerca de 0,64% do PIB.
Corresponde também, a um interesse económico óbvio dos Municípios Algarvios e da empresa Águas do Algarve - para além de um dever de gestão diligente e responsável - por permitir uma maior racionalidade de investimentos, aproveitando melhor as infra-estruturas existentes.
Na verdade, por cá pelo extremo sul, as perdas de água dos sistemas públicos de abastecimento representam mais de 50 % do consumo total, quer isto dizer que os Municípios pagam à empresa Águas do Algarve o dobro da água que é facturada e, por via disso, nós os cidadãos-consumidores, pagamos o DOBRO do seu custo de produção.
Corresponde, entre outras razões também por isso, a um interesse económico imediato dos cidadãos-consumidores, já que a eficiência pública pode (deve) permitir uma redução dos encargos com a utilização da água dado o menor volume consumido (virtualmente facturado) e a provável descida de escalão, mantendo-se a qualidade de vida de cada agregado familiar.
Como cidadãos-contribuintes-consumidores, não vemos as entidades que gerem os sistemas públicos de abastecimento de água e muito especialmente no que nos toca, a Câmara de Silves, tomarem as medidas necessárias para promover internamente e junto dos seus clientes a redução dos consumos de água.
Ora, se por um lado, podemos ser nós actores dessa mudança de comportamentos, implementando na nossa habitação medidas tendentes a reduzir os consumos, designadamente através de medidas relativamente acessíveis, como por exemplo substituindo as máquinas de lavar mais antigas por equipamentos que consumem menos água, ou substituir as torneiras por dispositivos mais eficientes, por outro não podemos deixar de reclamar veementemente contra todas as más práticas da administração central ou local exigindo a eficiência das suas prestações na execução das incumbências a que se encontram adstritos por via do facto de terem sido eleitos, curiosamente ou não, afinal para isso mesmo.
Com esta economia em recessão e tendo-se decidido pela terapia Keinesiana do investimento público, bom seria que se investisse também na utilização eficiente do recurso àgua aproveitando para poupar na despesa gerada pela ineficiência, a qual só nesta sede poderia evitar-se em 0,64% do PIB e deixar-nos a todos, bem menos desconfortáveis para o futuro que é certo!
A classe politica, como os cidadãos-consumidores, também deve preocupar-se mais com a eficiência dos consumos que gera (a despesa) porquanto a moda do gastar para além das possibilidades do que se produz, foi "chão que deu uvas" e a solução sistemática do esmifrar dos recursos do cidadão-contribuinte, tal como o consumo irresponsável da àgua, já não é solução, pois quer um quer o outro, são bens escassos e finitos!
O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
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1 comentário:
Ainda antes de acabar a água vai acabar o dinheirinho dos contribuintes. Depois é que eu quero ver como é que eles se orientam para comprarem os bmw e as viagens e as mordomias dos politicos.
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