O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

UM MAR DE EMOÇÕES...

Apresentação

Litoral do Concelho de Lagoa - Um mar de emoções!

O litoral do Concelho de Lagoa é inesquecível. A beleza natural das arribas alcantiladas só é ultrapassada por um mar de um azul límpido, a beijar pequenas praias cheias de acolhedores recantos naturais.

A orla costeira do Concelho, estende-se por pouco mais de 17 km mas, apesar da sua pequena extensão, maravilhará os visitantes mais exigentes. Este troço ímpar da costa Algarvia é constituído por arribas rendilhadas, debruçadas sobre o mar, onde se sucedem harmoniosamente, promontórios alcantilados e pequenas praias de areias finas, banhadas por um mar de águas transparentes e tranquilas.

A mesma complexa geomorfologia que originou aquelas formas particulares, deu também origem a curiosas estruturas chamadas algares - poços verticais que ligam a superfície a uma intricada rede de galerias subterrâneas que, eventualmente, desembocam no mar. Merece destaque, pela sua complexidade e beleza, o Algar Seco, perto de Carvoeiro.

Mas o Algar Seco é apenas a face visível de uma estrutura geológica mais vasta, moldada pela acção da água da chuva, do mar, do vento e de outros elementos erosivos. Todo o maciço é atravessado por cavernas, fendas e cavidades de todas as formas, que constituem abrigo para uma diversidade de seres vivos. Destes, destacam-se os morcegos cavernícolas, alguns tão raros, como o Morcego-de-ferradura-mourisco, que constituem um património precioso para a biodiversidade da região. É frequente verem-se estes pequenos mamíferos a evoluir, em voos rápidos e precisos, em redor dos candeeiros de ruas e praças, em perseguição dos insectos de que se alimentam.

O mundo da superfície, mais perto de nós, revela também alguns tesouros naturais.

Por entre a vegetação mediterrânica que cobre a crista das arribas, já de si de grande interesse natural, onde o tomilho, o alecrim e outras aromáticas perfumam a atmosfera, crescem pequenas, mas fabulosas orquídeas mediterrânicas como a Erva-abelha. Esta complexa planta deve o seu nome à imitação ardilosa da fêmea do pequeno insecto que lhe dissemina o pólen.

É quase injusto referir a Aroeira, o Carrasco e a Roselha-maior; ou Narciso-de-inverno, a Palmeira-anã e o Murtinho. O elenco florístico é vasto e diversificado, com uma história natural que vale a pena conhecer.

Desfilam ao longo do ano aves migratórias que não deixam indiferentes os ornitólogos. Uns binóculos, um guia de aves e um pouco de paciência revelará imponentes aves de rapina como o Falcão-peregrino ou o pequeno, mas não menos belo Francelho - um pequeno falcão do tamanho de um pombo. Aparecerão também nas nossas objectivas grandes passariformes como a ruidosa Gralha-preta ou o pequeno e colorido Pisco-de-peito-ruivo. No verão, várias espécies de Andorinhões enchem o ar com gritos e acrobacias.

Com paciência ou sem ela, com binóculos ou sem eles a omnipresente e atrevida Gaivota-de-patas-amarelas será sempre fácil de avistar. É ela que, desde há milhões de anos, reina sobre esta costa rochosa.

Ambiente Subaquático do Litoral do concelho de Lagoa

O litoral do concelho de Lagoa corresponde a um troço de arribas carbonatadas, que se caracteriza pelo contorno recortado e rendilhado da costa. Um conjunto de leixões destacados da plataforma litoral, constituídos por núcleos rochosos resistentes, testemunha o lento recuo da arriba ao longo de incontáveis milhares de anos.

Estas arribas, cuja idade se situa entre os 24 e os 16.5 milhões de anos (Miocénico Inferior), são essencialmente construídas por biocalcarenitos (calcários formados sobretudo por restos de inúmeros seres vivos) com grande abundância de fósseis marinhos.

A carsificação e fracturação destas rochas é intensa, sendo este troço costeiro caracterizado pela ocorrência de algares, que por vezes se ligam uns aos outros, formando complexas galerias subterrâneas.

Muitas das praias do concelho surgiram da existência de pequenas enseadas, pela deposição de materiais finos (areias) transportados pela corrente litoral, outras correspondem à foz de pequenas linhas de água (barrancos).

O ecossistema marinho

A biodiversidade do litoral do concelho é assinalável. Foram já identificadas 51 espécies de peixes e 25 de invertebrados macro-bentónicos (animais que vivem associados ao substracto). Surgem numa grande variedade de habitats característicos do infralitoral e do mediolitoral, incluindo fundos arenosos com enclaves rochosos, lajes rochosas e pequenas ilhas (leixões). Há ainda destacar a existência do campo de fanerogâmicas marinhas (Cymodocea nodosa) mais ocidental registado no Algarve.

Os habitats mais importantes:

1. Enclaves rochoso-arenosos com povoamentos de anémonas e ouriços.

Os fundos são dominados por substratos rochosos e arenosos muitas vezes entrelaçados sob a forma de enclaves mútuos. Nestes existem densos povoamentos de ouriços e anémonas, onde se podem observar estrelas do mar, pepinos do mar, cabozes, bodiões e esparídeos

2. Calhaus de pedra rolada.

Junto dos enclaves rochoso-arenosos existem agrupamentos de calhaus rolados que proporcionam outro tipo de habitat muito concorrido por cabozes, rascassos e navalheiras.

3. Lajes com povoamentos de algas castanhas.

Nestas lajes existem densos povoamentos de sargaços, que são um habitat muito importante para a alimentação de esparídeos (família a que pertencem douradas, safias, bicas, etc.) e bodiões.

4. Paredes rochosas de ilhas, arribas e montes rochosos imersos.

As paredes rochosas das ilhas (leixões), arribas e elevações rochosas imersas, constituem outro habitat, importante para camarões, caranguejos, cracas, mexilhões e cabozes.

5. Pradarias de ervas marinhas.

As pradarias marinhas de Zosteraceas (diapositivo 4) são usadas como abrigo por juvenis de espécies piscícolas como os esparídeos, servindo igualmente de esconderijo e área de emboscada para os grandes predadores invertebrados como o polvo (Octopus vulgaris) e o choco (Sepia officinalis).

Valor Conservacionista

O habitat constituído pelas pradarias marinhas da Cymodoceion nodosae, encontra-se protegido ao abrigo da Directiva Comunitária Habitats (92/43/CEE e Decreto-lei 140/99 de 24 de Abril), que visa a conservação dos habitats naturais da Europa.

Quanto à fauna piscícola, existem 8 espécies presentes no litoral do concelho com maior relevância em termos de conservação, entre as quais o Caboz - Parablennius rouxi da família Blenniidae, e a Marinha - Syngnathus sp. da família Syngnathidae (ilustrações Caboz - Parablennius rouxi e Marinha - Syngnathus sp.)

1 comentário:

Anónimo disse...

Maioria dos consumidores desconhece

Pagamento dos aperitivos nos restaurantes não é obrigatório
Proprietários que não respeitem Lei incorrem em multas e até pena de prisão
Quando se senta na mesa de um restaurante e começa a consumir os «couverts», também conhecidos por aperitivos ou entradas disponíveis, saiba que não tem de os pagar.
O alerta foi feito esta terça-feira pelo presidente da Associação Portuguesa dos Direitos do Consumo (APDC), Mário Frota, que, em declarações à Agência Financeira, assumiu haver «uma ignorância das pessoas a esse respeito», pelo que «a maioria delas deixa passar, continuando a pagar».
O responsável adianta ainda que «o consumidor pode recusar pagar o couvert que habitualmente os restaurantes colocam na mesa dos clientes, sem ser pedido, mesmo que seja consumido».
Em geral, o «couvert» define-o a Lei, é «todo o conjunto de alimentos e aperitivos fornecidos antes do início da refeição, propriamente dita».
Cobrar «couvert» pode levar a coima até 35 mil euros
«Os proprietários dos estabelecimentos estão convencidos que, tratando-se de um uso de comércio, que esse uso tem força de Lei. Mas o que eles ignoram é que a lei do consumo destrói essa ideia porque tem normas em contrário», disse Mário Frota à AF.
O facto é que, no particular do direito à protecção dos interesses económicos do consumidor, a Lei 24/96, de 31 de Julho, ainda em vigor, estabelece imperativamente: «O consumidor não fica obrigado ao pagamento de bens ou serviços que não tenha prévia e expressamente encomendado ou solicitado, ou que não constitua cumprimento de contrato válido, não lhe cabendo, do mesmo modo, o encargo da sua devolução ou compensação, nem a responsabilidade pelo risco de perecimento ou deterioração da coisa.»
Daí que, em rigor, o «couvert» desde que não solicitado, tem de ser entendido como oferta sem que daí possa resultar a exigência de qualquer preço, antes se concebendo como uma gentileza da casa, algo de gracioso a que não corresponde eventual pagamento.
Num futuro próximo, «pode ser que se assista à inversão do cenário se as pessoas começarem a reivindicar os seus direitos, caso contrário, pode haver problemas, se os proprietários negarem os direitos dos consumidores».

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