O homem que “Não daria um beijo à Angelina Jolie”, o relativamente pouco poderoso presidente da Câmara de Faro, inspirador social democrata de muitos autarcas algarvios, nem tudo o que diz ou faz constitui uma incoerência, resultado de um pragmatismo espúrio, uma acção mediática sem conteudo.
Segundo revelou, decidiu aprovar normas claras para o apoio aos clubes desportivos e aos seus eventos, bem como para as associações culturais e para as suas iniciativas.
Temos por hábito dar o seu a seu dono, não no que às opções estéticas do autarca diz respeito, pois olhando para um e para outro, mais nos parece que a contrária é que teria mais probabilidades de ser verdadeira, mas quanto ao que aqui nos trás, independentemente do conteudo do documento que desconhecemos, temos que confessar que, tal base de trabalho, apesar de elementar, merece constituir um exemplo a seguir pelos restantes municipios.
Diz o edil que “ assim é tudo mais transparente, proporcional e justo.” É que “Os recursos são escassos, mas mais vale distribuir pouco e com regras do que fazer do que fazer as coisas avulso.”
Considera ainda aquele lider social democrata que “Dinamizando as associações ajudam-se os cidadãos nos aspectos sociais, culturais e desportivos.”.
Não podemos deixar de estar de acordo com os pressupostos sobre os quais assentou tal medida. De facto os recursos são escassos e as associações merecem ser apoiadas. Nada como organizar esta confluência de sinais aparentemente contrários: de um lado a decisão politica de apoiar as associações reconhecendo-se a sua importância, doutro a escassez dos recursos, “concedendo-lhe” a aplicação de uma regra elementar da gestão democrática: a transparência e outra regra elementar da boa gestão orçamental: previsão e medida orçamental bem como critérios de equidade na sua distribuição!
Coisas elementares que, uma vez adoptadas com transparência, reduzem o espaço de manobra aos decisores pois deixam de poder fazer o que lhes dá na real gana!
No entanto, coisas elementares, no dominio da história e cultura politicas há “séculos” mas de muito dificil implementação generalizada.
Tal como o homem que “Não daria um beijo à Angelina Jolie”, muitos outros autarcas, conhecendo de gingeira este caminho virtuoso, ainda não implementaram nos seus municipios, regras suficientes para o destino da despesa orçamental nem critérios e transparência para a sua distribuição.
Sabemos porquê! Porque perdem margem de arbitrariedade, tão necessária à “compra” dos votos necessários a se reelegerem!
Vem a talhe de foice ter sido revelado que o sector cultural da nossa economia já é responsável pelo emprego de 127 mil pessoas, gerando 2,8 % do PIB.
Ambiciona António-Pedro Vasconcelos que “Era importante que os politicos se apercebessem desta realidade e que tenham estes números em conta nas suas politicas culturais”.
Ambicionamos nós que todas as autarquias, no principio enunciado pelo homem que “Não daria um beijo à Angelina Jolie”, fizessem o que o realizador de cinema manda, a evidência impõe e nós reclamamos!
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Post scriptum:
Ainda quanto à estranha reacção que a actriz suscita ao autarca e já que estamos a falar de cultura, não queremos perder a oportunidade de aconselhar os autarcas em geral (uma vez que a receita tem um amplo campo de aplicação) e o Presidente Macário em particular a leitura de Alexandre Herculano, escritor(1810-1877), que afirma:
"É erro vulgar confundir o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos, a vontade vence-os"
O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
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8 comentários:
Como diz e muito bem,"coisas elementares que,uma vez adoptadas com transparência,reduzem o espaço de manobra aos decisores pois deixam de fazer o que lhes dá na real gana".
A nossa oposição,lá prós lados de Silves,ainda não entendeu que estamos atentos,que não somos tão estupidos como possam julgar,continuam com muito paleio e pouco trabalho que se veja.
Há muita informação,mas a história já é velha,precisamos de novidades,afinal a maioria absoluta de Isabel Soares, foi-se.
Até agora que eu tenha notado o´unico surpreendido,com a postura da nossa presidente é mesmo o dr. Serpa.
Eu estou surpreendida pela surpresa manifestada pelo sr.,afinal,apesar das mudanças, de Silves,ainda nada de novo!
Pois é, isto tem regras e eles não as querem pois assim não podem dar só aos amigos ou lacaios.
Caixa recusa ajudar
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) "entende não dever aumentar a sua exposição e, assim, rejeitar a parte relativa à concessão de novos créditos, bem como recusar a assunção de responsabilidades na gestão da empresa resultante da fusão", no âmbito do plano de insolvência da Alicoop – Cooperativa de Produtos Alimentares do Algarve, com sede em Silves. Esta posição é assumida numa carta, datada do dia 2 de Fevereiro, enviada pela direcção da CGD em resposta a um apelo feito pelo vice-presidente da Câmara de Silves.
Na carta, a que o CM teve acesso, a CGD justifica a recusa face 'ao desempenho anterior' da empresa, a quem acusa de 'total incumprimento das obrigações de crédito' nos últimos dois anos.
O patrão da Alicoop, José António Silva, disse ao CM que, anteontem, entregou na Câmara de Silves uma carta, apoiada por sete dezenas de documentos, a justificar a discordância com a acusação da CGD. Essa posição deverá ser levada à governadora civil de Faro na próxima terça-feira.
A injecção financeira para viabilizar a empresa depende da CGD, a quem caberia entrar com 1,2 milhões de euros e um lugar na gestão. Os trabalhadores já pediram a suspensão dos contratos e as lojas Alisuper estão a fechar, para não aumentar a dívida.
A Caixa Geral de Depósitos está farta de conversas da treta... eles bem conhecem melhor do que nós quem são as pessoas que administraram e levaram à falência a Alicoop, temos de ser sensatos e perceber a posição da Caixa!
Apoio a Associações. Bom tema. Que pensem os incautos naquilo que o assunto lhes poderá ensinar. As Associações merecem todas as ajudas possíveis, e por isso se deverão continuar a envidar esforços para que os mesmos aconteçam. Tornem-se as ditas mais responsáveis e sérias, porque na ondulação que transmitem, e há para aí uma com ondulação demasiado forte e que não mostra grande intenção de ser ajudada por instituições maiores. Revela-se pouco desejosa de trabalhar em sentidos que promovam o interesse de todos sem exclusividade, e sectoriza à mercê do quero, posso e mando. Imagem de quem precisa de ajuda está no intento de todos? A união faz a força não parece ser o lema da dita Associação. Essa Associação de uma bela vila à beira-mar plantada, tem uns milhares de pessoas. Não se contente a Associação em dar resposta a algumas dezenas. Mudou a presidência, mas onde está a novidade? Não fazem grande coisa, ou estão a guardar para fazer surpresas? Mostraram-me há dois dias um mapa com o que querem fazer na Associação. Não têm sede, andam sempre ao murro à presidente da Câmara e querem ganhar o quê? Vem aí a Páscoa, mandem-lhe amêndoas pode ser que fique mais doce e ao menos comece a sorrir para a Associação. Depois, quem sabe se o coração da senhora não amolece e dá alguma coisa que se aproveite. Tábuas e pregos não, mas uns dinheiritos era bom. Olhem achei o mapa com coisas interessantes, mas já as começaram a fazer ou é quando vos der na cabeça? Estou numa Associação perto da vossa e não tenho nem metade do que vocês têm. Coragem pessoal. Façam as coisas e surpreendam a presidente que com tudo o queá está ficará de olho arregalado e ouvido azucrinado. Se calhar até ficará engasgada de surpresa.
Façam as coisas e surpreendam a presidente que com tudo o que lá está, e ela ficará de olho arregalado e ouvido azucrinado. Se calhar até ficará engasgada de surpresa.Vá lá pessoal, ponham a ondulação mais fraca e realizem as actividades com mais entusiasmo.
Kátia Ana
Boa Kátia? Quantos anos tens? Vem para a associação. Mostra o rosto e ajuda.
Boa tarde. Sou um admirador deste blog, embora o ache élitista. Porém passarei a lê-lo diariamente, pois dá-me alguma informação sobre o que acontece em Armação. Digamos que só alguma, porque Armação tem vida muito própria que não transparece por aqui. Quem sabe um dia destes não virei aqui escrever algo mais do que apenas isto que deixo hoje.
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