O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
IMAGENS DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL NO SEC. XVIII EM PORTUGAL
“ A procissão do Corpo de Deus era a mais brilhante. Precedida por uma fanfarra de metais em que assopravam negros de tricórnio e hábito vermelho agaloado a ouro, ía a veneranda imagem de S. Jorge, armado dos pés à cabeça e coberto com os diamantes do Duque de Cadaval, colocado sobre um cavalo branco, no meio de cavaleiros vestidos de seda, montando esplêndidos animais ricamente ajaezados. Atrás destes seguiam os irmãos das diversas confrarias, vestidos das mais diversas cores; depois o desfile dos frades, de branco, preto ou castanho “ graves como perus a caminho do mercado “ diz Beckford. Tudo isto no clamor dos hinos e do tinir das alabardas.
Depois vinha o clero num longo rio vermelho e dourado, desde as mitras dos bispos aos sapatos dos monsenhores do Patriarcado; o Santo Sacramento num relicário de prata dourada, sob o palio que príncipes de sangue disputavam a honra de levar; as ordens militares com as grandes capas bordadas com a cruz de Cristo ou a espada se S. Tiago. Depois o rei, desta feita a pé e vestido com a capa da confraria de S. Jorge, rodeado de duques e marqueses, igualmente humildes e de chapéu na mão, seguidos pelos seus homens dispostos segundo a sua categoria até à baixa criadagem ou aos negros da estrebaria, até aos bobos. Finalmente os mendigos, os doentes de bócio, os estropiados, os anões, os coxeias, os parvinhos, seguidos de cães vadios que latiam “
Fonte : “A vida quotidiana em Portugal no tempo do terramoto” ; Suzanne Chantal, Livros do Brasil, 2005.
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Isabel Soares e Rosa Palma negam existência de «acordo» na Câmara de Silves
Câmara Municipal de Silves
O comunicado do PS de Silves, que denunciava um alegado acordo entre PSD e CDU, lançou a polémica entre partidos, mas também no seio da concelhia socialista. Documento terá sido uma das razões que levaram Lisete Romão a demitir-se da Comissão do PS de Silves.
A presidente da Câmara de Silves Isabel Soares (PSD) e a nova vereadora da CDU Rosa Palma negaram, em declarações ao «barlavento», a existência de qualquer «acordo» entre estas duas forças políticas, contrariando assim o que tinha sido alegado pela Comissão Política do PS silvense, em comunicado, na semana passada.
«Não há qualquer acordo entre a vereadora da CDU e o executivo do PSD. Isso foi notório na reunião passada, onde a vereadora tomou as suas próprias decisões», assegurou Isabel Soares.
Por sua vez, Rosa Palma garantiu que «não há qualquer tipo de acordo, nem nunca houve uma conversa nesse sentido».
A acusação surgiu através de um comunicado enviado pela Comissão Política do Partido Socialista de Silves, no início da semana passada.
O documento denunciava aquilo que os socialistas consideravam ser «um acordo envergonhado estabelecido pela CDU e o PSD que, sendo legítimo, é contra-natura se se considerar a origem ideológica de cada um dos partidos».
É que o PSD perdeu a maioria no executivo nas eleições de 11 de Outubro, e perdeu um dos seus vereadores para o PS. Assim, os social-democratas ficaram com três lugares no executivo, incluindo a presidência, o PS com igual número e a CDU elegeu Rosa Palma como vereadora.
A existir um acordo, para os socialistas, isso poderia significar que uma tal coligação pretendia «branquear a gestão do PSD ou dissimular a sua verdadeira natureza para obter ganhos políticos» ou para o executivo social-democrata poder continuar a «exercer um poder pouco transparente».
A vereadora comunista Rosa Palma, que nega a existência de tal acordo, afirmou ao «barlavento» que, «se houver soluções para o bem da população apresentadas pelo lado do PS, tudo bem, e o mesmo se passa para o lado do PSD. É igual e não interessa a cor política».
A verdade é que, contactada pelo «barlavento», a vereadora socialista Lisete Romão revelou que as razões que levaram o seu partido a avançar com a denúncia de um alegado acordo não tinha a ver com a Câmara Municipal, mas antes com as freguesias, embora isso não se pudesse depreender da forma como o comunicado estava redigido.
Segundo Lisete Romão, o PS teve «uma grande votação nas Assembleias de Freguesia de São Bartolomeu de Messines, Tunes e Silves, mas não ficou na presidência de nenhum desses órgãos».
Por outro lado, a denúncia também está ligada ao facto de, na Assembleia Municipal, ter sido eleita Maria José Grade (PSD) para presidente, em vez do candidato do PS.
Durante a votação, que decorreu na primeira reunião daquele órgão, a CDU absteve-se, o que facilitou a eleição da candidata social-democrata. Na votação, também o Bloco de Esquerda se absteve.
O dito comunicado não foi, contudo, apenas polémico para os outros partidos, gerando também controvérsia dentro da própria Comissão Concelhia do PS de Silves. Para Lisete Romão, o documento foi mesmo a gota de água.
A vereadora afirmou ao «barlavento» que se absteve durante a votação do comunicado e que demitiria da Concelhia de Silves, o que já concretizou.
«Por questões políticas e pessoais, vou entregar a minha demissão da comissão do PS de Silves a Miguel Freitas», assegurou ao «barlavento» Lisete Romão, na sexta-feira, antes de se dirigir para a reunião da Comissão Política do PS Algarve.
A vereadora garantiu, porém, que continuará a ser militante activa e que se manterá no cargo de vereadora.
A empretigada já se zangou!
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