O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Alguns comentários à: Notícia do Jornal Avante online

ou ainda o branqueamento da STASIlândia


Alemães de Leste preferem socialismo
20 anos de retrocesso

As ditas «comemorações» do 20.º aniversário da queda do muro de Berlim são pretexto para mais uma campanha anticomunista, na qual se procura criminalizar os ideais do socialismo e os que lutam pela superação do capitalismo.

É um verdadeiro “study case” a defesa insistente que o PCP, agora no seu órgão oficial, continua a fazer do regime comunista, como ele foi implementado nos antigamente designados países da “Cortina de Ferro”, expressão esta da autoria de um democrata convicto, Winston Churchill.

No sábado, 31, três antigos chefes de Estado, considerados como os «obreiros» da destruição do muro (e não só), reuniram-se em Berlim. Helmut Kohl, ex-presidente da Alemanha, George Bush (pai), ex-presidente do EUA, e o inefável Mikhail Gorbachov voltaram a sentar-se à mesa para se congratularem com o seu «feito». Gorbatchov aproveitou as luzes da ribalta, que já só raramente incidem sobre a sua pessoa, para se desdobrar em entrevistas, onde se gaba e reconhece que «perdi, mas a perestróika ganhou» (letemps.ch, 02.11).

Para estes nostálicos, o rótulo de “traidor” acompanhará eternamente o Gorbatchov!

Toda a imprensa ocidental dominante faz coro em qualificar a queda do muro, e portanto a derrota do socialismo, como a «libertação» do povo da RDA e sinónimo de avanço civilizacional.
Porém, a realidade das últimas duas décadas, não só na Alemanha de Leste, mas também na generalidade dos antigos países socialista do Centro e Leste Europeu, já para não falar da URSS, não testemunha qualquer progresso, por mínimo que seja, para o povo, mas antes um tremendo retrocesso económico e social que reduziu à miséria amplas camadas da população, condenou a juventude ao desemprego, privando a grande maioria de uma perspectiva optimista de futuro.

De facto o desemprego não existia na então Alemanha de Leste uma vez que ninguém ousava referir-se ao assunto já que corria o risco sério de ser acusado de traição à pátria. O regime de Honecker não o fazia por menos!

Não é por acaso que todos os anos o governo federal alemão promove um sondagem entre a população de Leste sobre as actuais condições de vida em comparação com a experiência da RDA socialista.
Apesar campanhas massivas de obscurecimento e criminalização do socialismo, os resultados de tais inquéritos têm sido invariavelmente decepcionantes para os seus promotores. A maioria dos alemães de Leste continua a preferir o socialismo e mostra-se desiludida com o capitalismo.
A última sondagem data de 26 de Junho. Os seus resultados, publicados no jornal Berliner Zeitung, são inequívocos: «a maioria dos inquiridos considera que a antiga República Democrática Alemã (RDA) tinha “mais aspectos positivos que negativos”.» «Passados 20 anos de anexação, 57 por cento da população da ex-RDA continua a defender o socialismo.» (Avante! n.º 1857).

O valor do socialismo

Já em 1992, no vergonhoso julgamento a que foi submetido pelas autoridades alemãs ocidentais, Erich Honecker, antigo chefe de Estado da RDA, declarou perante o tribunal de Berlim: «O único objectivo desde processo (...) [é] desacreditar totalmente a RDA e o socialismo na Alemanha».

De facto talvez tenha sido “vergonhoso” fazer passar o snr. Honecker por um julgamento público, com todas as condições de uma defesa legal e devidamente salvaguardada a sua integridade física e de saúde. Mas se o foi, foi para aqueles que como ele mantiveram e aperfeiçoaram o sistema dos horrores. Para esses talvez tivesse sido preferível fazê-lo comer do pão que ajudou a amassar: fazendo-o passar, tal como o sistema - que ele defendeu e sustentou - fazia, pelo destino a que se encontravam votados os opositores (ativos, passivos ou neutros) ao seu regime isto é por uma estadia/detenção na “Casa dos Mil Olhos” (a António Maria Cardoso lá do sítio) em cujas masmorras eram “suicidados”, na versão oficial do seu desaparecimento!

Mas, sublinhou, «cada vez mais alemães de Leste constatarão que tinham as condições de vida menos deformadas na RDA do que os alemães ocidentais com a economia “social” de mercado;

Condições de vida essa que eram devidamente asseguradas por 97 mil empregados da famigerada STASI (a PIDE lá do sítio) e 173 mil bufos avençados (informadores), para além dos muitos outros em part-time, todos na percentagem, calculada por alguns especialistas, de um bufo por cada seis cidadãos. Recorde-se que a RDA teria cerca de sete milhões de habitantes.
Enfim, na versão Honecker, como naquela dos seus saudosistas, a RDA, terá sido um verdadeiro paraíso, no nosso entender: orwelliano... das escutas e da violação dos direitos humanos. Um primor... de desconfiança e suspeição generalizadas e sistemáticas: o verdadeiro horror!

que as crianças da RDA, nas creches, jardins-de-infância e escolas cresciam mais felizes, menos preocupadas, mais bem formadas e mais livres que as crianças da RFA (...). Os doentes constatarão que, apesar dos seus atrasos técnicos, o sistema de saúde da RDA os considerava como pacientes e não como objectos comerciais (...) Os artistas compreenderão que a censura da RDA, real ou imaginada, não era tão hostil aos artistas como a censura do mercado (...) Reconhecerão que na vida quotidiana, em particular no local de trabalho, tinham na RDA uma liberdade inigualável.»


***

O que é facto é que o sistema de desenvolvimento sustentado pelos comunistas não conseguiu constituir-se como um sistema verdadeiramente alternativo ao capitalismo, embora tenha, quanto a nós, contribuido decisivamente enquanto acelerador da sua humanização!.
Na verdade, o sistema de desenvolvimento capitalista aperfeiçoou-se na medida das reivindicações do proletariado, organizado pelo movimento comunista internacional e a existência dos estados comunistas desencadeou a humanização do capitalismo nos estados organizados em liberdade e sujeitos à economia de mercado.
O Estado Social de Direito e o Wellfare State responderam aos dogmas da sociedade comunista perfeita, com vantagens evidentes para o conforto dos povos ocidentais.
Com a queda do muro de Berlim, caiu também o contraponto do sistema capitalista, em função do qual as sociedades capitalista melhoravam competitiva e socialmente e o neo-liberalismo encontrou então um terreno propicio ao desenvolvimento das teses sobre a redução do estado à sua expressão mínima e sobre o poder mágico do mercado para prover a todos os males!

A propaganda branqueadora que caracterizou os regimes dos países da Cortina de Ferro, que os definia como verdadeiros paraísos na terra, ocultava o insucesso da alternativa que pretendiam constituir.

Para tanto, tais sistemas jogaram a mão a toda a sorte de horrores, aos quais as sociedades e os cidadãos estiveram sujeitos para que nada transpirasse para o ocidente que descredibilizasse a ideia de paraíso e a manutenção da fé dos crentes, cujos efeitos ainda hoje são visíveis à vista desarmada, como neste texto do Avante.
Os cidadãos dos países democráticos, no entanto, beneficiaram em muito da fé dos seus crentes porquanto terá sido a fé na sociedade perfeita que fez o sistema capitalista se ir humanizando.
O preço disso é que foi incalculável para os cidadãos dos países do sistema do horror permanente!


Por tudo isso, sabendo,como sabemos, o que todos sabem, defender o snr.Honecker e o sistema que o levou e manteve à frente de um sistema de horror para os seus concidadãos, é posicionar-se num campo adverso ao direito, à vida, à liberdade, à democracia.

Naturalmente que não devemos nem podemos estar nesse campo, nem sequer acreditamos que, hoje em dia, o partido que edita o Avante, esteja realmente por lá!

8 comentários:

Zé dos Caliços disse...

Tratem mas é de assuntos relacionados com Armação, porra!

Anónimo disse...

A Dr.ª Isabel Soares trada de Armação não necessita que outros tratem dela

Anónimo disse...

No blog das meninas não abordam a face oculta porque será.
Devem estar a proteger o líder.

Anónimo disse...

O autor do cometário pode não gostar, e até eu acho estranhissimo. Mas que foi o resultado da sondagem (mais de 50% dos Alemães de leste preferiam um regime marxista), ai isso foi! E teve muito ênfase aqui a Alemanha.

Fernando Correia (Wetzlar - Alemanha)

Anónimo disse...

O pessoal de Armação não gosta de castanhas?
Porque não apareceram?
Foi pena?!.

Tânia Oliveira disse...

Regimes à parte,a censura da politica I.S. segue critérios que actualmente,estão a entrar em conflito,já não era sem tempo!
Os elementos que practicam os actos de tirania,contra quem ousa defender os interesses da vila,começam a meter os pés pelas mãos,continuem meninas,está bom de assistir.
No próximo carnaval vamos poder vê-los ,como sempre,com as fantasias preferidas,a soltar as meninas que vivem tão sufocadas pela censura,dentro dos tiranos do costume.
Atenção aos meninos, os que não gostam de se fantasiar de meninas,os que enfrentam censuras,estão em vias de extinção!

adelina capelo disse...

Lá está a Tânia com as provocações do custume.

Paciência de Job disse...

Em Armação de Pêra justificava-se a formação de uma associação para defender os homossexuais,são muitos,vivem reprimidos.
Coitadinhos,com medo de serem censurados pelos seus semelhantes,não há razão para tanto medo.
Tudo é ultrapassável,afinal estamos no séc.21,mesmo em Armação de Pêra,por incrivel que pareça.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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