O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Passa a outro e não ao mesmo(!) e o OVO de RAJOY!

Isto da crise, para além de muitas e mais importantes desgraças, tem causado um certo efeito anestesiante na produção escrita do nosso blog CIDADANIA.

Se por um lado não deixam de existir “ganas” de desancar a classe politica no poder, por outro conhecemos, mais ou menos bem, os “palpos de aranha” em que se encontram.

Vai daí, na maior parte das vezes não sabemos por onde começar...e, por aí, nos ficamos, sem pio!...

Haveria sempre algo a comentar sobre acções ou medidas conjunturais, mas a motivação, face à enormidade dos problemas motivados pela crise, carece de estímulos maiores, os quais, pra lá do horizonte, ausentes no aqui e agora, conduzem ao silêncio.

Recentemente ouvimos duas novidades, uma mais que outra, que nos fazem inverter o curso da madorna.

Um dos Juízes do Tribunal Constitucional, numa entrevista ou quejando, a propósito do corte dos subsídios de natal e férias (que permitiam a poupança na despesa de cerca de dois mil milhões de euros anuais) e da recente declaração de inconstitucionalidade do mesmo, veio a referir alguns cortes na despesa que nunca foram implementados. Destaquei do que disse, e que só conheci indirectamente por interposta pessoa, o CORTE NA SUBVENÇÃO AOS PARTIDOS POLITICOS.

Abriu-se-me o espírito e gritei interiormente: Eureka! Como o Aristóteles.

Na verdade é extraordinário o facto de nenhum governante, nesta senda do corte na Despesa do Estado, alguma vez se ter lembrado desta medida.

Sabemos claramente que tal corte, dentro dos limites do razoável, não seria suficiente para nos resolver o problema do défice.

Mas poderia e DEVERIA contribuir para tal desiderato das politicas de contenção e ajustamento, as únicas com que esses senhores do poder parecem preocupar-se.

Claro é que, fora do limite do razoável não defendemos, embora nos conformássemos se tal corte fosse baseado na equidade, isto é, na medida da redução conjugada entre os cortes dos subsídios e o aumento da carga fiscal, o que nunca seria inferior a uns 30%.

O que seria razoável porquanto, os partidos com assento parlamentar, os que recolhem os votos dos cidadãos-eleitores e por isso são subvencionados com dinheiro dos impostos, são instituições que visam representar na sociedade civil e politica o povo, o mesmo povo dos cidadãos-contribuintes que suportam (e não bufam...) a carga fiscal e os cortes no rendimento, por via das necessidades do Orçamento Geral do Estado e das politicas tendentes à sua sustentabilidade.

Quer dizer: os partidos que cogitam toda a sorte de soluções tendentes a fazer frente ao défice, uns apoiando o aumento da carga fiscal e os cortes nos rendimentos, outros que os condenam, contrapropondo medidas inaplicáveis ou inconsequentes, nunca se lembraram de desonerar, pela via da redução da despesa que constituem, o dito Orçamento Geral do Estado, através do corte proporcional nas subvenções aos seus Partidos.

O problema, infelizmente, não é tal medida nunca ter sido cogitada, proposta ou implementada, o problema é tal omissão não surpreender ninguém!

Os cidadãos continuam mal representados, mudos e quedos!

Outro dos factos que nos agradaram, veio de Espanha.

O Governo espanhol encontra-se apostado em libertar o comercio do pais de amarras administrativas que o prejudicam, permitindo por essa via fornecer “munições” aos comerciantes entrincheirados nesta guerra da concorrência, para com elas poderem defender-se melhor.

Trata-se da liberalização dos horários de abertura e fecho dos estabelecimentos, sem constrangimentos legais, de acordo com o juízo que o comerciante interessado fará da realidade do mercado em que se encontra. Sem teias legais e administrativas as quais, na dinâmica que a concorrência, ou melhor, a sobrevivência impõe constituem verdadeiras “cangas” auto limitadoras.

Antevê-se também que os SALDOS possam existir todo o ano, sem constrangimentos administrativos que os conformam a uma situação estática que não é compaginável com as exigências da facturação.

Mais ainda se prevê que os estabelecimentos com até 300 metros quadrados não careçam de autorização prévia de abertura, podendo o comerciante abrir o seu novo estabelecimento desde que assuma o compromisso, por escrito, que o seu estabelecimento reúne as condições exigidas por lei para abrir ao público e pague as taxas devidas ao Estado/Município.

Sabemos bem do verdadeiro “caos” a que a “verborreia” legislativa, designadamente ao nível administrativo, pode conduzir. Nada como alterar o curso dos acontecimentos: isso é REFORMAR!
OS REGULAMENTOS existem na medida necessária e não mais que isso. O Cidadão goza da presunção de competência. A fiscalização do Estado que representa o interesse público, fará o que tem a fazer: fiscaliza o suficiente!

Perante um Estado cuja acção entorpecedora da actividade económica é a principal face que os cidadãos conhecem e obedecem, ousar agir em moldes diferentes que procurem a eficiência é uma REFORMA LOUVÁVEL E SOBRETUDO DESEJÁVEL.

Porque, uma vez mais invocando a sabedoria de Albert Einstein: Continuar a agir do mesmo modo e esperar resultados diferentes é no que consiste a INSANIDADE.

Rajoy é de direita e será o que for, mas fica claro com estas medidas que é proactivo, como a sociedade espanhola, apanhada nas teias da recessão, precisa.

É um “Ovo de Colombo” dirão algumas anedotas nacionais que não deixariam de pedir licença ao SonaeMan ou ao Apache Jerónimo, para se quedarem pela sua opinião.

Qualquer dos casos citados deixaram-me, já que poucos ou nenhuns o fizeram até aqui, a noção de que é sempre possível REFORMAR e, por conseguinte MELHORAR. Não necessariamente, mas sendo possível MELHORAR, a esperança não ficará acantonada no atoleiro em que este Governo, como tudo indica, parece estar!

Dada a dimensão da crise, desconhecemos se haverá vida para além da crise?
Não temos é duvida alguma de que parados, não vamos a lado algum!

domingo, 15 de julho de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

A cultura do desdém, por Thomaz Wood Jr.em Carta Capital

Em sua edição de 14 de março, o New York Times publicou um texto de Greg Smith, com o título “Por que estou deixando o Goldman Sachs”. As revelações tocaram em um ponto sensível, o desdém de executivos do centenário banco de investimentos por seus clientes, em um momento delicado, marcado pelo desdém do público pelas instituições financeiras.
Smith abre sua carta aberta em tom confessional: “Hoje é o meu último dia no Goldman Sachs. Após quase 12 anos na firma (…) eu acredito ter trabalhado aqui tempo suficiente para entender a trajetória de sua cultura, de sua gente e de sua identidade. E eu posso dizer honestamente que o ambiente está agora tão tóxico como nunca vi”. E segue: “Para colocar o problema em termos simples, os interesses do cliente continuam sendo deixados de lado na forma como a empresa opera e pensa na maneira como ganhar dinheiro”.

Smith argumenta que a cultura sempre foi componente central da empresa. Seus valores fundamentais eram trabalho em equipe, integridade, humildade e uma busca do melhor para o cliente. Nos últimos anos, contudo, a liderança alterou o DNA da empresa para pior. Hoje, vaticina, se você conseguir ganhar dinheiro suficiente, terá pavimentado o caminho para o sucesso. Como chegar lá? É simples: empurre produtos que sejam opacos e podres para os clientes. Mas lucrativos para o banco.

O ex-diretor afirma que ouviu diversos colegas chamarem seus clientes de muppets, em referência, pouco elogiosa, aos personagens da série de tevê. Smith teme pelo futuro da organização, ao constatar que uma nova geração de funcionários, muitos deles brilhantes, está sendo socializada na nova cultura, autocentrada e viciosa. De fato, grandes corporações não têm dificuldade em recrutar os melhores aprendizes e socializá-los em suas práticas. Não deve ser motivo de surpresa que moços e moças de boas famílias e boas maneiras estejam dispostos a trocar ideais e dignidade por status social e bônus anuais.



As reações ao texto de Smith foram variadas. A legião de vítimas de escândalos corporativos aliou-se aos gatos escaldados da crise financeira para apoiar o ex-executivo. No canto oposto postaram-se as viúvas de Milton Friedman. Nathan Vardi, da revista Forbes (que assina o nome seguido do slogan “seguindo a trilha do dinheiro”), sugere que o caso reflete apenas a crise de meia-idade de um executivo frustrado com sua carreira.

Halah Touryalai, da mesma revista, afirma que as revelações de Smith não deveriam causar surpresa e que a culpa é dos clientes. Isso mesmo, a culpa é das vítimas, por sua própria ingenuidade e conduta irresponsável. Embora acintosa, a afirmação não é descabida. Muitas “vítimas” são apostadores gananciosos, que jogam suas fichas em produtos de alto risco. No entanto, Touryalai ignora a enorme assimetria de informação que existe entre profissionais do mercado financeiro e parte considerável de seus clientes.

Mais divertidas foram as sátiras que seguiram o texto de Smith. Em uma delas, o vilão da série Guerra nas Estrelas, Darth- Vader, explica: “Por que estou deixando o império”. Em um vídeo veiculado pelo website Funny or Die, diretores do Goldman Sachs discutem, em uma reunião regada a whiskey e cocaína, como superar a crise gerada por Smith, quando são surpreendidos pela entrada de quatro bonecos representantes da “Liga Antidifamação dos Muppets”, para registrar uma queixa formal pelo uso preconceituoso e ofensivo da palavra muppet.

Somente os inocentes crônicos acreditam que bancos tenham outro objetivo que não seja ganhar dinheiro para seus controladores e executivos. A indignação de Smith pode soar tão crível quanto a eventual indignação de um deputado brasileiro que renunciasse ao mandato popular por ter constatado o declínio dos outrora elevados padrões éticos da Câmara.
Por detrás da denúncia de Smith existe uma cultura do desdém que permeia muitas relações no mundo corporativo. Acionistas desdenham diretores, que desdenham gerentes, que desdenham seus funcionários, que desdenham estagiários. Executivos desdenham seus clientes e fornecedores, e a recíproca pode ser verdadeira.

Nos últimos anos, uma retórica corporativamente correta tentou fomentar o respeito ao cliente e alinhar interesses entre executivos, acionistas, comunidades, fornecedores e outros grupos que podem interferir no desempenho e na lucratividade das empresas. Obviamente, a distância entre a foto e o fato é ainda enorme.

Textos como os de Smith são incomuns. Alguns executivos adorariam ter a chance de listar desaforos contra seu ex-patrão em um veículo de grande alcance. Eles têm, porém, carreiras a preservar, bocas a alimentar e sonhos de consumo. A censura mais eficaz é a autocensura.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Este ano a “silly season”, no Algarve, não vai ser o que foi nos anos “dourados” do dinheiro a rodos



Ainda há pouco tempo, por esta altura, meados de Julho, uma parte dos portugueses iniciava o ritual de Verão - uma espécie de "encerrado para férias". A "classe política" e adjacentes preparavam-se para ir a banhos, cada ministro ou dirigente partidário informava a comunicação social se ia para a praia da Coelha, dos Tomates ou da Manta Rota, onde aguardava ansiosamente que um jornalista o "apanhasse" em calções de banho. Aí, já bronzeados, davam entrevistas, falavam descontraidamente sobre os seus "hábitos de férias" ou da "importância do descanso com a família" e, alguns, não perdihttp://www.blogger.com/img/blank.gifam a oportunidade de aparecer naquelas festas manhosas frequentadas por "empresários" e "gente famosa" - o nosso "jet set" pelintra. O Parlamento encerrava portas por mais de dois meses, enquanto os gabinetes ministeriais apenas asseguravam os "serviços mínimos". Era assim a bitola do país, e ninguém lhes levava a mal a despreocupação e a ligeireza, e muitas vezes, porque não dizê--lo, a pirosice, até porque uma "classe média" em ascensão, essa, com ordenado certo e as prestações em dia, a quem os bancos batiam à porta com crédito para tudo e para nada, com conversa de amigos – não se preocupe, só paga quando puder -, para além do Algarve, enchia os voos fretados para o Brasil, República Dominicana, Cuba, Cancun ou, para os mais ousados, para a Tailândia. Outros hábitos estavam enraizados, como por exemplo, fazer "contas à vida" e comprar uma casa de férias ou um carro novo, com o mesmo à vontade com que, há três ou quatro gerações atrás, se ia comprar caramelos a Badajoz ou a Ayamonte.

terça-feira, 10 de julho de 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Indecência certificada


por FERNANDA CÂNCIO06 Julho 2012
Ao contrário do que nos dizem os clássicos infantis, não há em regra moral na história. É assim que podemos assistir, boquiabertos - como anteontem - a um Santana Lopes, na TVI24, a perorar, a propósito do curso de Relvas, sobre deverem ser os políticos julgados pelos seus atos em funções e não por episódios do seu percurso privado (cito de memória), sem que algum dos presentes, de Constança Cunha e Sá a Assis e Rosas, pigarreasse sequer. Que o homem que nas legislativas de 2005 fez insinuações explícitas sobre a orientação sexual do adversário e exigiu a audição do depois primeiro-ministro no Parlamento sobre a respetiva licenciatura possa, sem lhe cair tudo em cima, afetar lições de fineza e elevação é bem elucidativo, não apenas da sua comprovada desvergonha, como da amnésia amoral da audiência.
De vez em quando, porém, a realidade faz-se fábula de La Fontaine. E vemos então alguém como Miguel Relvas, que em abril de 2009 afirmou "se fosse parente do engenheiro Sócrates escondia que era parente dele", acrescentando "depois de ganhar as eleições todos os dias quero que a minha filha tenha orgulho" a, numa audiência parlamentar do caso das secretas, três anos depois, lamentar--se, olhos e voz tremeluzentes, pelo "muito que custa" e "o tão injusto é" ser julgado na praça pública, concluindo: "Todo o cidadão tem direito ao bom nome; [...] tenho família, tenho amigos, tenho uma posição na sociedade..."
Tem Miguel Relvas toda a razão: todo o cidadão tem direito ao bom nome. Até ele, que o negou a outros. Curioso que só se dê disso conta quando é à sua porta que as acusações e insinuações batem, depois de tudo ter feito, como tantos "notáveis" do seu partido, de Santana a Ferreira Leite, de Marques Mendes a Menezes, de Pacheco Pereira a Passos, para que a doença do ad hominismo infetasse o combate político, banalizando as considerações sobre "o carácter", o percurso académico e até a família dos adversários.
Estamos a falar do partido cujo líder Marques Mendes pediu, em 2007, uma comissão independente para investigar a licenciatura de Sócrates (o qual, recorde-se, fez cinco anos de Engenharia em universidades públicas); que exigiu uma audição da ministra Lurdes Rodrigues para explicar a suspensão de um funcionário por supostamente ter feito uma piada insultuosa sobre o diploma do então PM, considerando, a priori, estar ante "uma atitude intimidatória, persecutória e opressora dos mais elementares direitos, liberdades e garantias." Um partido, enfim, especializado na calúnia, no insulto e na perseguição pessoal, cujo grupo parlamentar rejubila com menções "a licenciados de domingo" ou "discursos encomendados em cafés de Paris".
Num tal partido, a revelação da licenciatura "Novas Oportunidades" (ah, a suprema ironia - "certificação da ignorância", não era, senhor primeiro-ministro?) de Relvas deveria ter o efeito de uma bomba de tinta negra - tudo com a cara pintada de preto. Isto, claro, se face houvesse

sexta-feira, 6 de julho de 2012

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Praia Grande:Eles não sabem que para a história não restarão dúvidas!

Decorria o mês de Novembro de 2007.
Ainda estávamos a uns bons meses de conhecer a “Bolha do Imobiliário Americano” e as suas consequências imediatas. Mais longe nos encontrávamos das suas consequências mediatas e encadeadas até ao dia de hoje sem que se vislumbrem seriamente perspectivas de virem a finar-se, se o Ocidente, tal como o conhecemos, não se finar ele próprio, antes, ou em comoriência.

Em Silves, em mais uma rotineira sessão de Câmara decidia-se, entre outras minudências, o PLANO DE PORMENOR DA PRAIA GRANDE – SUNOP II -.

Estávamos em Portugal, neste quedo remanso, onde já despontavam evidências da premência das necessidades do Orçamento Geral do Estado quanto à receita, através da agressividade fiscal com as garras bem à mostra de toda a gente, mas ainda travestidas de mera eficiência na cobrança.

O mal já lá estava e nós não o víamos!

Nem todos! O Prof. Hernâni Lopes, na segunda metade da década de 90 já avisava os construtores civis que lhe pagaram o estudo encomendado que, no ano 2000 a Procura e a Oferta de habitação se encontrariam, restando daí em diante a recuperação de imóveis para a actividade da construção, que compreensivelmente se reduzia enormemente.

Sabemos hoje, quais profectas do passado, não só que a actividade da construção de habitação continuou desenfreada como se nada fosse, como também que as projecções do saudoso professor estavam certas!

A eloquência da competência das elites empresariais nacionais do sector só se poderá, algum dia ver distinguida com uma licenciatura numa Universidade do tipo Lusófona e segundo o processo de Palermo. Disso não restam, hoje, dúvidas!

Enquanto isto, retomando Silves, a Câmara, isolada do mundo, mas bem ciente das certezas que só os ignorantes podem ter, reunia em sessão extraordinária, para decidir sobre aquele Plano da Praia Grande.

Para um leigo, ficou para a história, que a decisão foi precedida de várias intervenções, que deram origem a outros tantos excertos escritos das mesmas.

A sessão deu-se e a oposição esperneou!
Aquele Plano foi aprovado por maioria com dois votos contra do PS e uma abstenção do Vereador Manuel Ramos.

A base informativa sobre a qual a Vereação se pronunciou foi claramente escassa e o conhecimento evidenciado sobre a matéria sobre a qual os senhores Vereadores vieram a votar, mais escasso ainda.

Poderão, se forem intelectualmente desonestos, dizer que tanto fazia estudar o dossier detalhadamente ou não fazê-lo, que daria no mesmo face à maioria do PSD, o Plano seria sempre aprovado!

Só que por essa lógica, quem neles votou para se ver representado na Câmara, só deveria votar depois de saber quem seria o partido mais votado, uma vez que daria no mesmo votar neles (minoria) ou não, já que a maioria seria a mesma!

Neste último caso, compreende-se imediatamente o ridículo que constituiria tal comportamento eleitoral, porquanto tal conhecimento “antecipado” do resultado eleitoral só é possível postecipadamente, quando já nada há a fazer!

Já no caso antecedente, embora por outro caminho, sucede o mesmo! Senão vejamos:

Um plano de pormenor que abrange e, ou, interfere com uma Reserva Ecológica Nacional, de duas uma:

- Ou justifica uma extrema atenção e um aturado estudo (o qual não tem de ser feito necessariamente pelos Vereadores, devendo estes no entanto, na altura certa, que é antes da própria sessão, conhecer ao detalhe os seus pontos fortes e pontos fracos, uma vez que se trata de uma Reserva Ecológica Nacional, com todo o peso que, hoje em dia e já em 2007, as questões ambientais têm para a sustentabilidade do Planeta),

- Ou não se justifica termos na Câmara alguém a quem os contribuintes pagam para estar atento aos assuntos relevantes consagrando as horas necessárias ao seu estudo adequado à importância que representem, por forma a que, sendo caso disso, mobilizem os cidadãos sobre as suas debilidades e, ou, consequências não acauteladas, motivando a discussão pública e participada das populações.

Os senhores Veradores resolvem bem estes problemas votando CONTRA ou ABSTENDO-SE, sobretudo quando sabem que o seu conhecimento limitado das matérias em questão, ou o muito pouco trabalho dado ao assunto, fica muito bem branqueado pela existência de uma MAIORIA que será sempre a “culpada” da decisão!

A asneira não é, deste modo, sua!

E assim aqui chegámos e por aqui parece continuarmos!

A história far-lhes-á justiça, condenando-os! Disso não restam dúvidas!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Deus queira que sejam mentirosos, pois parecem ignorantes!

O Governo fez um ano de governação e o resultado da sua administração está à vista:
Os credores e parceiros da União têm aplaudido a coragem das medidas tomadas e o esforço dos contribuintes portugueses na sujeição às mesmas, sem contestação significativa.

Demorou um pouco aos menos informados, compreender a estratégia do Governo face à situação complexa que o pais vive, e o futuro que a mesma visa.

Não nos preocupando em fazer ressaltar as incongruências constatadas, entre o que foi sendo dito e o que foi sendo feito, lugar comum ao commentariat nacional, consideramos que a situação de emergência que o pais vive não se compadece com minudências. Sim minudências, uma vez que enquanto procuramos encontrá-las, depois de encontrá-las constatamos da sua total inconsequência, esgotando-se a descoberta em si mesma.

Todos se lembrarão do snr. Passos Coelho em campanha eleitoral garantir que não iria aumentar as taxas do irs.
E todos sabem que aquelas taxas foram aumentadas!
E daí? O que sucedeu?
Nada!

Por conseguinte, detectar mentiras ou ignorância, não só é absolutamente inconsequente, como, de entre elas, ainda rezamos pelas primeiras, com justo receio de estarmos nas mãos da segunda!

Na verdade, perante a situação económica e financeira do pais e as medidas tomadas para lhes fazerem face e sobretudo diante dos resultados obtidos decorrido um ano, vemo-nos conformados a considerar mais tolerável a mentira que a ignorância.

“...um Governo que calculou que o IVA ia crescer 11,6% e está confrontado com uma descida de 2,8% até Maio; com uma quebra nos impostos sobre veículos que estava prevista ser de 6,5% e já vai em 47%(!); com um recuo esperado de 2,1% no imposto sobre os produtos petrolíferos, que ascende já a 8,4%; com um aumento no subsidio de desemprego de 23%, quando o Executivo apontava para 3,8%; e com uma quebra nas contribuições dos trabalhadores e empresas para a ssegurança social de 3% quando se esperava apenas 1% - o que se pode dizer se não que se trata de um falhanço verdadeiramente colossal da equipa das Finanças e, em particular, do brilhantíssimo e competentíssimo ministro Vítor Gaspar?” Nicolau Santos, in Expresso de 30.06.12.

Nicolau Santos, parece não ter qualquer duvida significativa, trata-se de ignorância!
Nós preferimos considerar que tais responsáveis foram mentirosos!

Porquê? porque um politico mentiroso tem, boa ou má, pequena, média ou grande, uma estratégia e um objectivo em vista, subentendendo-se que acompanhados de uma avaliação de riscos e independentemente de estarmos ou não em sintonia com o resultado que pretendem atingir, ao passo que um politico ignorante não pode avaliar o risco de não saber por onde caminha, em direcção a um destino que desconhece...

Mentirosos ou ignorantes os cidadãos com a responsabilidade do poder nestas áreas especificas, quer pertençam ao grupo dos primeiros, quer sejam dignos representantes dos segundos, não servem a comunidade, o pais ou o futuro e por isso deviam demitir-se. Já que, por meios constitucionais, não os podemos afastar no imediato.

O respeito não se dá a ninguém! Conquista-se!

Temos a noção de que a gravidade da situação económica e financeira nos obriga a uma politica ortodoxa de cumprimento, uma das poucas vias de um devedor conquistar o respeito dos seus credores.

O respeito dos credores é condição essencial para obter mais crédito, sobretudo quando o devedor tem pouco mais que seriedade.

Esta tem sido a estratégia do Governo. Ser cumpridor, a qualquer custo, para ganhar o estatuto respeitável de cumpridor e com este estatuto obter mais crédito e quem sabe, melhores condições de juros e prazo pagamento pagamento.

Na ânsia de preencher os pressupostos definidos pelos credores acerca do que é ser um pecador (devedor) da luxúria e de como se deve redimir, o Governo não só cumpre todos os maneirismos do arrependido (vide o famoso momento de Vítor Gaspar com o ministro das finanças alemão) como inflige à comunidade dos pecadores que dirige toda a sorte de castigos que a autoridade credora gostaria de ver infligidos, até para evidenciar à exaustão o rigor da punição.
Vitor Gaspar sugando cirurgicamente a receita, a um contribuinte esgotado

Convenhamos que, se não passássemos de uma horda de párias, teríamos de estar gratos a quem se humilha para permanecer sentado à mesa do orçamento europeu.

Mesmo apesar do menino Galp do: “11 por todos, todos por 11”, versão publicitária de todos aqueles que sempre consideraram o seu povo como uma piolheira, ainda achamos que não é a partir dessa vertente que se encontrarão as razões da nossa triste sina.

Quem assim age desconhece que, se tivesse mantido as taxas do IVA, para além de ter contribuído significativamente para a resistência das empresas à crise, ainda teria sido premiado em sede de receita com mais 2,8% do que encaixou até Maio.

Quem se dá à ignomínia de nos considerar preguiçosos desconhece que, apesar da competência de quem nos dirige em qualquer nível da actividade pública ou privada, resistimos como poucos a tanta ignorância, ineficiência, deslealdade, falta de visão prospectiva, estupidez e total ausência de estratégia nacional.

Quem se propõe reformar o que há por reformar e se limita a mascarar o velho de novo, querendo fazer acreditar que o velho é na verdade novo, todos esses sim, são a piolheira de que não conseguimos livrar-nos e disso, nada temos por que nos orgulhar.

Correio para:

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