O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 18 de setembro de 2011

O grande problema de Portugal é que, quem elege os governantes não é o pessoal que lê os jornais, mas sim quem limpa o rabo com eles!

Recebemos, com pedido de publicação, um texto que transcreve um requerimento ao senhor presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses.

Desconhecemos se o requerimento deu entrada nos respectivos serviços e nesse caso se foi deferido ou não. Desconheçemos também se os factos que o mesmo dá como verificados, na realidade ocorreram.

Como não podemos confirmar ou infirmar qualquer dos factos, achamos prudente tratar tal requerimento como mera ficção.

O que não lhe retira sentido enquanto retrato da sociedade portuguesa actual. Com inegável humor também.


Exmo. Senhor Presidente
da Câmara Municipal de
Marco de Canaveses

Joaquim Manuel Coutinho Ribeiro, eleitor nº 6 da freguesia de Soalhães, vem
expor e requerer a V. Exa o seguinte:

1. Na reunião da Assembleia Municipal do passado dia 29, ouvi V.Exa afirmar
que, a partir desta semana, iria passar a dispor de um Audi A 6.

2. E percebi, das suas palavras, que não se tratava de um acto de vaidade
pessoal, mas uma forma de melhorar a imagem do município, pois que a viatura
estaria ao serviço do município e não do seu presidente.

3. Reflectindo sobre o assunto, lembrei-me de que o Audi do município poderá
resolver-me um problema logístico que tenho em mãos.

4. No próximo dia 11, é o casamento da minha prima Ester (jovem médica) com
o David (jovem médico).

5. Pediu-me a minha prima que a transportasse à Igreja, ao que eu anuí.

6. Lembrei-me, depois, que o meu carro só tem duas portas o que,
convenhamos, não é muito operacional para o efeito, sobretudo para entradas
e saídas, já que o vestido poderá ficar agarrado e eventualmente rasgar-se.

7. Foi desta forma que me lembrei que, sendo eu munícipe do Marco, e estando
o Audi ao serviço do município, seria um acto da maior justiça que eu
pudesse transportar a minha prima ao casamento no dito Audi A 6.

8. Ainda pensei que talvez pudesse requerer a utilização do jeep Toyota, mas
temo que os convidados possam gozar a noiva por se deslocar em tal veículo.

9. Opto, pois, pelo Audi, com a promessa de que o entregarei lavado e com o
combustível reposto.

10. Dispenso o motorista.

Face ao exposto, requeiro a V. Exa se digne emprestar o A6 para
utilização deste modesto munícipe no próximo dia 11, durante todo o dia.

Pede e Espera deferimento

Joaquim Manuel Coutinho Ribeiro

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