O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
terça-feira, 24 de junho de 2025
"Armação de Pêra: 24 Anos de Promessas, Lixo e Abandono?"
O Partido Social Democrata (PSD) governa a freguesia de Armação de Pêra há mais de três décadas, sendo os últimos 24 anos de forma ininterrupta. Este longo domínio político levanta uma questão legítima: o que ganhou realmente Armação de Pêra com esta governação contínua?
Apesar do tempo no poder, muitos armacenenses sentem que a vila estagnou. Problemas antigos permanecem por resolver, e os sinais de descontentamento tornaram-se visíveis nas últimas eleições autárquicas, com o PSD a registar uma queda nas votações — um claro aviso de que a paciência da população está a esgotar-se.
Entre os principais motivos de insatisfação, destaca-se a gestão do espaço público. O lixo continua a ser um problema recorrente, com ruas frequentemente sujas e contentores mal geridos. A iluminação pública é outro tema crítico: muitas zonas permanecem mal iluminadas, comprometendo a segurança e a qualidade de vida. Quanto aos espaços verdes, já escassos por natureza, encontram-se ao abandono, sem manutenção adequada ou investimento visível.
Mais do que questões estéticas ou ambientais, estes problemas refletem uma sensação generalizada de esquecimento. Há uma perceção crescente de que a freguesia tem sido negligenciada por quem a governa há décadas — um sentimento de abandono que contrasta com o potencial turístico e social de Armação de Pêra.
Com novas eleições no horizonte, talvez seja tempo de refletir sobre se a continuidade é, de facto, sinónimo de progresso — ou se, pelo contrário, tem sido um entrave à renovação que tantos habitantes anseiam.
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Eleições Autárquicas
segunda-feira, 23 de junho de 2025
Véspera de São João em Armação de Pêra: Alegria, Tradição e Espírito Escutista
Na noite de 23 de junho, Armação de Pêra voltou a encher-se de cor, música e tradição com a celebração da véspera de São João, organizada pelo Corpo Nacional de Escutas (CNE) nº 598 de Armação de Pêra. O evento, que já começa a marcar o calendário festivo da vila, juntou escuteiros, famílias e visitantes num arraial cheio de alegria, convívio e animação.
O arraial, montado na Fortaleza, trouxe à comunidade o melhor das festas populares: música tradicional e comes e bebes. Com barraquinhas de petiscos e jogos para todas as idades, o ambiente foi de pura confraternização, refletindo o espírito escutista de serviço, partilha e alegria.
Um dos momentos altos da noite foi, como manda a tradição, o famoso banho de São João, com escuteiros e populares a correrem para o mar ao toque das 00h00. Entre gargalhadas e salpicos, todos celebraram a chegada do verão da forma mais genuína e revigorante: de coração aberto e pés na água.
O Agrupamento 598 mostrou, mais uma vez, a sua dedicação à comunidade, unindo gerações em torno de uma tradição que fortalece laços e promove valores. O sucesso do evento é reflexo do empenho dos voluntários, do apoio das famílias e da alegria contagiante dos participantes.
A noite de São João em Armação de Pêra não foi apenas uma festa – foi um verdadeiro testemunho do poder da união e da alegria partilhada. Que venha o próximo ano!
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Festividades Locais
domingo, 22 de junho de 2025
Esgotos Estão a Ser Lançados Diretamente na Praia de Armação de Pêra
No dia 14 de junho, partilhámos nas nossas redes sociais uma denúncia preocupante: a descarga de esgotos provenientes da limpeza de terraços de um edifício recentemente construído em Armação de Pêra diretamente na praia. A construção em causa teve projeto aprovado pela Câmara Municipal de Silves. A publicação gerou reações diversas, com alguns leitores a apontarem que, na imagem partilhada, não era visível o esgoto em escoamento.
Hoje, voltamos ao tema com provas mais claras — um vídeo que mostra inequivocamente a água suja a ser lançada através de um tubo diretamente para a faixa costeira, num local frequentado por centenas de banhistas, especialmente nesta altura do ano.
Este tipo de situação levanta sérias questões sobre:
A qualidade da água balnear e os riscos para a saúde pública;
O impacto ambiental direto sobre o ecossistema costeiro;
A fiscalização e o cumprimento da legislação ambiental e urbanística, principalmente quando os projetos têm aval da autarquia.
Sabemos que a limpeza de terraços pode gerar águas residuais com detergentes, óleos, tintas e outros resíduos urbanos. Mesmo que não se trate de esgotos domésticos (sanitários), a descarga direta no areal ou na linha de água é proibida por lei e representa uma violação clara das normas ambientais em vigor.
Esperamos que este vídeo sirva como alerta não apenas para os responsáveis pelo edifício, mas também para as entidades competentes, nomeadamente a Câmara Municipal de Silves, a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e a Capitania do Porto de Portimão, para que atuem de forma célere e eficaz.
A vigilância e a proteção do nosso litoral não podem depender apenas da denúncia de cidadãos. É preciso garantir que cada construção nova cumpra rigorosamente as normas ambientais, e que os impactos negativos sejam corrigidos com urgência.
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O preço da guerra: como um conflito entre EUA e Irão pode incendiar o mundo do petróleo e da inflação
Num mundo já fragilizado por incertezas económicas, a possibilidade de um conflito aberto entre Estados Unidos e o Irão acende um alerta vermelho no mundo — não apenas no campo político, mas especialmente no económico. Se essa guerra se continuar, o impacto será sentido nos postos de gasolina, nos supermercados, nas contas de luz e, inevitavelmente, no bolso das famílias. Numa frase: guerra com o Irão significa petróleo mais caro e inflação mais elevada.
O Irão não é apenas um ator regional. Ele está estrategicamente posicionado no Golfo Pérsico, controlando o Estreito de Ormuz, uma rota vital por onde passa quase um quinto do petróleo consumido no mundo. Qualquer instabilidade naquela região afeta diretamente o fornecimento global de energia. E quando a oferta de petróleo é ameaçada, o mercado reage com alta nos preços — de forma imediata e, muitas vezes, descontrolada.
A história oferece precedentes claros. Basta lembrar o que ocorreu em 1979, durante a Revolução Iraniana, ou mais recentemente, em 2022, com a guerra na Ucrânia. O resultado foi o mesmo: o barril de petróleo disparou, os combustíveis encareceram e a inflação global ganhou força. Um conflito EUA-Irão, com potencial para fechar rotas estratégicas e atacar infraestruturas de energia no Médio Oriente, pode ser ainda mais grave.
Mais preocupante ainda é o efeito dominó. O petróleo mais caro pressiona os custos de transporte, produção e distribuição. Isso significa que os preços dos alimentos, das mercadorias e dos serviços sobem, afetando principalmente os mais pobres. Como se não bastasse, os bancos centrais, ao tentarem conter a inflação, tendem a elevar os juros — o que pode travar o crescimento económico e empurrar países para a recessão.
Não se trata, portanto, de uma guerra localizada. Os seus efeitos são globais e profundamente regressivos. É legítimo discutir geopolítica, segurança e soberania, mas é irresponsável ignorar o impacto humano e econômico de um conflito dessa magnitude. A retórica belicista pode parecer firme, mas seu custo é alto demais.
Em tempos de tanta instabilidade, o mundo precisa de diplomacia, não de pólvora. A paz, nesse caso, não é apenas um ideal — é uma necessidade urgente para manter a estabilidade económica e social no mundo.
sábado, 21 de junho de 2025
Raízes expostas e insegurança na Av. Beira Mar: é urgente uma solução definitiva
Na Av. Beira Mar, em frente ao Casino, uma árvore de grande porte está a causar problemas há meses. As suas raízes, em busca natural de água e nutrientes, levantaram o pavimento, danificando a calçada numa área considerável. Esta situação tem origem nas características do solo – compacto e com pouca drenagem – que força o crescimento superficial das raízes.
A Câmara Municipal de Silves, embora ciente do problema, optou por uma solução provisória: retirou parte da calçada ao redor da árvore e delimitou o espaço com uma simples fita plástica presa em varetas de ferro. Esta medida, longe de resolver a situação, agrava-a, pois representa um obstáculo perigoso para peões, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida, idosos e crianças.
A falta de uma intervenção adequada levanta questões sobre a segurança pública e o planeamento urbano sustentável. Árvores em meio urbano são essenciais – proporcionam sombra, melhoram a qualidade do ar e embelezam o espaço público – mas é fundamental que a sua presença seja compatibilizada com a segurança e o conforto dos cidadãos.
É necessário agir com responsabilidade e celeridade. Há soluções técnicas viáveis, como a reestruturação da calçada com materiais permeáveis, instalação de grelhas de proteção para raízes ou a criação de uma área verde ao redor da árvore. Espera-se que a autarquia tome medidas mais eficazes e seguras, valorizando tanto o património natural como o bem-estar dos munícipes.
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sexta-feira, 20 de junho de 2025
Armação de Pêra: De Freguesia a Vila – Uma Conquista Histórica
A freguesia de Armação de Pêra, situada no concelho de Silves, no Algarve, é hoje conhecida pelo seu dinamismo turístico, pelas suas praias e tradições piscatórias. Contudo, um dos marcos mais importantes da sua história administrativa ocorreu em 1991, com a sua elevação à categoria de vila.
A proposta para essa mudança de estatuto foi formalmente apresentada na Assembleia da República no dia 18 de janeiro de 1991, através do Projeto de Lei n.º 665/V/4. A iniciativa partiu dos deputados do Partido Socialista António Esteves, Luís Filipe Madeira e José Apolinário, que reconheceram a importância social, económica e cultural da freguesia e defenderam a sua valorização no contexto administrativo nacional.
O projeto viria a concretizar-se com a aprovação da Lei n.º 94/91, de 16 de agosto, que consagrou oficialmente a elevação de Armação de Pêra à categoria de vila. Esta mudança foi mais do que simbólica: representou o reconhecimento do crescimento da localidade, do seu papel regional e das aspirações da sua população.
A elevação a vila veio reforçar a identidade local e potenciar o desenvolvimento de infraestruturas e serviços públicos, consolidando Armação de Pêra como um polo relevante no concelho de Silves e na região algarvia.
Mais de três décadas depois, a vila continua a afirmar-se como um destino de eleição no sul de Portugal, orgulhosa da sua história e do caminho que percorreu desde o tempo em que era apenas uma pequena comunidade de pescadores.
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História da Vila
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Alojamentos Locais em Silves: Seguro Obrigatório é Responsabilidade de Todos
No concelho de Silves, estão registados atualmente 2.491 alojamentos locais (AL), um número significativo que reflete o crescimento do turismo e a crescente procura por este tipo de alojamento alternativo. Contudo, este crescimento acentuado traz também uma responsabilidade acrescida – a segurança de quem usufrui destes espaços.
Desde 2023, a lei portuguesa exige que todos os AL tenham um seguro multirriscos, cobrindo riscos de responsabilidade civil, nomeadamente em caso de incêndio, danos a terceiros ou outros imprevistos que possam afetar hóspedes, vizinhos ou o próprio imóvel. Trata-se de uma exigência básica e justa, que protege tanto os proprietários como os utilizadores e a comunidade envolvente.
Apesar disso, em Silves, muitos dos proprietários ainda não entregaram comprovativos do seguro obrigatório às entidades competentes. Esta omissão coloca em causa não só a conformidade legal, mas também a credibilidade e sustentabilidade do setor turístico local.
Cabe à Câmara Municipal de Silves, como autoridade de proximidade e promotora da organização urbana e turística, zelar pelo cumprimento da lei. É legítimo que os proprietários esperem uma comunicação clara e transparente sobre as consequências da não regularização. O que fará a Câmara aos infratores? Quando será comunicada uma decisão formal?
É imperativo que o município atue com firmeza, mas também com pedagogia. Uma fase de aviso formal, com prazo para regularização, seguida da aplicação de coimas aos incumpridores persistentes, seria um passo equilibrado. Além disso, deve ser criado um canal de apoio aos proprietários para esclarecer dúvidas sobre as coberturas exigidas e os procedimentos de entrega do seguro.
A confiança no setor do alojamento local constrói-se com regras claras, fiscalização eficaz e, acima de tudo, com o compromisso dos proprietários. Quem explora um AL deve fazê-lo com responsabilidade, protegendo o seu negócio, os seus clientes e a sua comunidade.
Silves tem potencial para continuar a crescer como destino de excelência, mas esse crescimento deve assentar em bases sólidas. E um seguro em dia é o mínimo que se pode exigir.
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Alojamento Local
quarta-feira, 18 de junho de 2025
A entrada dos EUA no conflito do Médio Oriente: uma escolha moral ou interesse estratégico?
Oenvolvimento americano, seja ele militar direto, através de apoio a grupos armados ou com sanções econômicas, deve ser analisado com cuidado. Ainda que haja violações graves de direitos humanos por parte de atores locais, a militarização da resposta raramente leva à resolução dos conflitos. O que vemos, na maioria das vezes, é a perpetuação da violência e o agravamento da crise humanitária.
O mundo precisa de mediação, diplomacia e soluções sustentáveis — e não de mais aviões de reabastecimento estacionados na base das Lages. Se os EUA realmente desejam ser protagonistas da paz, talvez seja hora de trocar as armas pelo diálogo.
terça-feira, 17 de junho de 2025
Câmara de Silves fechada: tolerância de ponto em tempo de eleições levanta questões
A Câmara Municipal de Silves decidiu encerrar os seus serviços no dia 20 de junho, concedendo tolerância de ponto aos seus trabalhadores. À primeira vista, poderá parecer um gesto de valorização e bem-estar laboral. Mas a decisão levanta dúvidas legítimas — não tanto pela legalidade do ato, mas pela sua oportunidade e sentido político.
Estamos a poucos dias de eleições legislativas. Num período em que a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas exige reforço e seriedade, decisões como esta podem ser vistas como desajustadas — ou, pelo menos, desnecessariamente polémicas. Quando a Administração Pública suspende serviços essenciais, deve fazê-lo com fundamento claro e com atenção às implicações práticas para os munícipes.
Neste caso, não se tratou de uma festa, nem de um feriado nacional. Foi uma escolha deliberada da vereação. E, como tal, está sujeita a escrutínio. Quantos utentes planeavam deslocar-se aos serviços nesse dia? Quantos assuntos urgentes ficarão pendentes? E que mensagem se passa à população, num momento em que a mobilização cívica é fundamental?
Não se pretende, com isto, desvalorizar os direitos dos trabalhadores da autarquia. Pelo contrário: o equilíbrio entre bem-estar laboral e compromisso com o serviço público é fundamental. Mas quando esse equilíbrio é rompido por uma decisão que afasta a Câmara do cidadão — ainda que por um só dia — é natural e legítimo que se levantem críticas.
Em tempo pré-eleitoral, o gesto pode até parecer pequeno, mas simbolicamente tem peso. Fechar portas ao público nunca é um ato neutro. E os silvenses merecem que as suas instituições estejam, sobretudo nestes momentos, de portas abertas, firmes no seu papel de serviço e proximidade.
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segunda-feira, 16 de junho de 2025
Sem emigrantes, o Algarve estagna – e Armação de Pêra definha
A imagem idílica do Algarve como terra de sol, praias e tranquilidade esconde uma realidade cada vez mais evidente: a economia da região, especialmente em freguesias como Armação de Pêra, depende fortemente da imigração. Ignorar este facto é fechar os olhos a uma verdade desconfortável, mas incontornável.
Segundo o Censo de 2011, cerca de 22,5% da população residente no Algarve era estrangeira, uma das proporções mais altas do país. E esse número não parou de crescer. No concelho de Silves, onde se insere Armação de Pêra, os estrangeiros representavam cerca de 17,9% da população em 2022, com presenças que vão desde reformados europeus a trabalhadores agrícolas sazonais.
No caso particular de Armação de Pêra, os trabalhadores migrantes sazonais são o motor invisível da economia local. Na hotelaria, na restauração, na agricultura intensiva em estufas e até na construção civil, os rostos por trás dos serviços são muitas vezes de origem sul-asiática, brasileira ou africana. Sem eles, a vila simplesmente não teria braços suficientes para responder à procura dos meses de verão – altura em que a população quintuplica.
Além disso, a presença estrangeira atenua o envelhecimento da população, um dos maiores desafios do interior algarvio. Os imigrantes em idade ativa mantêm escolas a funcionar, serviços públicos justificados e pequenos negócios viáveis. Sem eles, Armação de Pêra teria hoje menos 1 em cada 5 residentes. Estaríamos a assistir ao esvaziamento social de uma comunidade inteira.
Mais ainda, muitos destes migrantes não vêm apenas “para trabalhar e partir”. Alguns constroem aqui vida, criam famílias, compram casa ou alugam a longo prazo, contribuindo para a economia local durante todo o ano. Nómadas digitais e reformados estrangeiros também representam uma fatia importante da população flutuante, especialmente fora da época alta, trazendo consumo e investimento.
É ilusório pensar que, sem imigração, os postos de trabalho seriam automaticamente ocupados por portugueses. A realidade é que muitos desses empregos são rejeitados pela população local, quer por questões salariais, quer pelas condições exigidas. O resultado seria inevitável: cafés fechados, hotéis com falta de pessoal, restaurantes com menor capacidade de resposta e campos agrícolas abandonados.
Em vez de discutir se o Algarve “pode” sobreviver sem emigrantes, a pergunta deveria ser: como podemos integrar melhor os que já cá estão e garantir condições dignas para que continuem a contribuir para o futuro da região?
Armação de Pêra é hoje uma freguesia viva graças à sua diversidade. Sem os migrantes, seria apenas mais um postal bonito, mas sem gente.
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domingo, 15 de junho de 2025
Transparência à deriva em Armação de Pêra
Num tempo em que a exigência por transparência na administração pública é cada vez maior, é lamentável constatar que, na Junta de Freguesia de Armação de Pêra, os princípios básicos de boa governação parecem ter sido esquecidos ou, pior ainda, deliberadamente ignorados.
Desde 2022, os relatórios de prestação de contas deixaram de ser publicados no site da junta. Esta omissão é grave. Impede os cidadãos de exercerem o seu direito fundamental à fiscalização dos atos dos seus representantes. Num município onde o executivo deveria prestar contas com clareza, o silêncio torna-se ensurdecedor.
A situação não melhora quando se analisam as atas do executivo, que simplesmente não estão disponíveis. Este vazio informativo compromete a participação cívica e mina a confiança dos munícipes na atuação dos eleitos. A transparência não pode ser uma promessa vã, mas sim um compromisso efetivo.
Quanto às atas da Assembleia de Freguesia, apenas a ata de instalação de 2021 está acessível ao público. Três anos de decisões, deliberações e debates estão assim ocultos, longe do escrutínio que qualquer democracia local deveria promover.
E se a ausência de informação já é preocupante, a análise dos números orçamentais revela uma face ainda mais inquietante da gestão local: as despesas de investimento representam menos de 5% do orçamento total. Como é possível projetar desenvolvimento, qualificar os espaços públicos ou responder às necessidades dos cidadãos com tamanha falta de ambição? Em que está a ser gasto o dinheiro dos contribuintes?
Estas práticas levantam uma pergunta inevitável: Isto é transparência? Ou é apenas um exercício de opacidade encoberto por discursos vazios e promessas não cumpridas?
Os cidadãos de Armação de Pêra merecem mais. Merecem respeito, informação clara e uma gestão comprometida com o bem comum. A democracia local não pode ser feita à porta fechada. Está na hora de exigir responsabilidade, exigir mudanças e, sobretudo, exigir que quem foi eleito para servir a comunidade, o faça com rigor, transparência e respeito pelas regras.
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sábado, 14 de junho de 2025
Esgotos para a praia? O que está a falhar em Armação de Pêra
Como é possível que, em pleno século XXI, um edifício recente, com projeto aprovado pela Câmara Municipal de Silves, descarregue águas sujas diretamente para a praia? Armação de Pêra ostenta orgulhosamente a bandeira azul, mas será que está mesmo a ser cuidada como merece?
Uma construção recente com um problema antigo
Um edifício com apenas um ano de existência deveria cumprir todas as normas ambientais e urbanísticas em vigor. No entanto, os esgotos provenientes da limpeza dos terraços estão a ser direcionados... para a praia. Isto levanta várias questões:
Porque foi esta solução aprovada no projeto inicial?
Onde está a fiscalização ambiental?
Quem está a zelar pela qualidade da água e pela saúde dos banhistas?
Silêncio por parte das autoridades
Aparentemente, a Câmara Municipal de Silves pouco tem feito para resolver este problema. É legítimo questionar:
A bandeira azul está a ser levada a sério?
O que vale mais: o investimento privado ou a saúde pública?
A população e os visitantes de Armação de Pêra merecem respeito, transparência e soluções. Este é mais do que um problema técnico — é um reflexo da forma como o espaço público e o meio ambiente estão a ser (mal) tratados.
As autoridades devem ser responsabilizadas e os cidadãos têm o direito — e o dever — de exigir explicações.
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sexta-feira, 13 de junho de 2025
Ei-los que chegam...
São esquisitos, baixos e com bigodes e barbas. Chegam, na esmagadora maioria, homens. Elas, quando vêm, cobrem os cabelos com panos e não usam saia acima do joelho. Muitas são proibidas pelos maridos de cortarem o cabelo. Por vezes, eles ameaçam-nas com uma chapada ou um murro; elas, subservientes, baixam a cabeça e colam as mãos ao ventre. Trazem com eles uma paixão fervorosa pela religião. Usam colares com o símbolo das suas crenças e são capazes de dar mais do que têm para que o seu local de culto, na sua terra natal, tenha um relógio ou um telhado novo. Rezam, pelo menos, de manhã e à noite. Se puder ser, ao final da tarde, cumprem mais um ritual.
Chegam sem falar uma palavra da nossa língua. Parece que fogem de uma guerra qualquer lá no país deles, da fome e da miséria. Não têm, por isso, noção de amor à nação. Fogem em vez de defenderem o seu país e lutarem por uma vida melhor lá, na terra deles, vêm para aqui sujar o nosso país com a sua imundície. Atravessam países inteiros a pé ou à boleia para chegarem aqui. Pagam milhares para saírem do seu país e vêm ficar na miséria. Alguns têm muitos filhos, muito mais do que aquilo a que estamos habituados. Deixam-nos sozinhos ou com os irmãos mais velhos, que não vão à escola. Mas são muito trabalhadores.
(...)
São diferentes de nós e isso causa-nos má impressão. Não são muito limpos, cospem para o chão e as suas maneiras em público deixam muito a desejar. Vivem em bairros de lata que mais parecem campos de refugiados. Não sei como conseguem. Se é para viverem na miséria, mais valia ficarem na terra deles.
Diário de um parisiense,1969
in Ei-los que chegam por Ricardo M. Santos.
Parte de um texto escrito em 1969 por um francês sobre a chegada dos Portugueses a França....
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quinta-feira, 12 de junho de 2025
VÉSPERA DE SANTO ANTÓNIO EM FESTA!
Na noite de 12 de junho, a Marcha de Armação de Pêra saiu à rua com toda a alegria e cor que esta tradição merece! 💃🕺
Pelas ruas da vila, os marchantes encantaram moradores e visitantes, num desfile cheio de música, sorrisos e espírito popular. A festa culminou com uma linda atuação no Largo do Mini-Golfe, onde a energia foi contagiante! 🌟
👏 Um enorme obrigado a todos os participantes e ao público que fez desta noite um verdadeiro sucesso!
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quarta-feira, 11 de junho de 2025
Suspensão de Licenciamentos em Armação de Pêra: Medida Certa, Fiscalização em Falta?
Entre 15 de junho e 15 de setembro de 2025, estão suspensos os licenciamentos para novas ocupações do espaço público em Armação de Pêra que envolvam:
🔹 Instalação de andaimes ou bailéus para pinturas em edifícios
🔹 Colocação de gruas
🔹 Instalação de contentores para resíduos de construção civil
➡️ Esta decisão da Câmara Municipal de Silves visa garantir a livre circulação de pessoas e bens durante o verão, período em que a vila se transforma num dos principais destinos turísticos da região, com um aumento expressivo da população.
🧓👩🦽 A medida também pretende proteger os mais vulneráveis — crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida — de situações de risco decorrentes da obstrução ou ocupação irregular da via pública.
❗No entanto, a prática nem sempre acompanha a teoria. Como já noticiámos no post de 5 de junho, continuam a verificar-se ocupaçōes indevidas do espaço público, com estaleiros de obra sem condições mínimas de segurança.
📸 As fotos que recebemos recentemente são prova disso.
⚠️ O que parece faltar em Armação de Pêra não é uma nova suspensão de licenciamentos — é uma fiscalização eficaz e consequente.
👉 Sem fiscalização, as regras servem apenas para decorar o papel.
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