O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 22 de julho de 2012

A Praga das Gaivotas é uma ameaça que a Câmara de Silves não enfrenta!

O excesso de gaivotas deve-se ao equilíbrio que deixou de existir face à inacessibilidade dos seus ninhos para os seus predadores naturais, os gatos e cães que outrora tinham acesso fácil aos telhados.
Todos nós porém, com outros cuidados na recolha do lixo orgânico, podemos deixar de contribuir para a sua proliferação insustentável.
Este filme é um bom exemplo das más práticas e do seu resultado.

sábado, 21 de julho de 2012

Afinal o homem já era, antes de o ser!

O município de Lagoa está de Parabens!

Descobriu que afinal, o Relvas, antes de ser Dr., já o era, como se evidencia nesta placa inaugural!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Coincidências?

Ou as declarações do bispo Januário Torgal Ferreira ao Governo, acusando-o o governo de ser "profundamente corrupto" tem razão de ser?

1) A TROIKA sugere no "memorandum" a VENDA do Negócio da SAÚDE da CGD;
2) O Governo nomeia António Borges para CONSULTOR para as VENDAS dos negócios Públicos;
3) A Jerónimo Martins (Grupo Soares dos Santos) CONTRATA o mesmo António Borges para Administrador (mantendo as suas funções de VENDEDOR dos negócios públicos);
4) O Grupo Soares dos Santos (Jerónimo Martins) anuncia a criação de um novo negócio: a SAÚDE (no início DESTA SEMANA);
5) A TROIKA exige a VENDA URGENTE do negócio da SAÚDE da CGD já este mês (notícia de 19/07).

quinta-feira, 19 de julho de 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

Estranha espécie de gente que a tudo resiste!...


Depois de comentarmos as medidas do Governo Espanhol quanto ao comércio, vieram a lume as medidas do Governo Português quanto à facturação imposta a todos os comerciantes e prestadores de serviço.

É um dever que já tinham é certo. E é mais uma pressão para que o cumpram. Também é uma receita nova que se avizinha, pois a coima que ficou anunciada é pesada: €3.750,00!

A avaliar pelo beneficio fiscal que dão em sede de IRS, fica claro que quem perseguem, no essencial, são a restauração e as oficinas de automóveis.

Qualquer um destes sectores em depressão profunda. Perto do COMA!

E assim vão continuar até ao decesso individual.

Mas, o Governo entende, que, mesmo os moribundos podem contribuir mais que o que têm feito até aqui...

Na verdade a emissão de uma factura por um bolo, um café ou outra minudência destas, vai agravar enormemente a carga burocrática destas nano empresas.

Reduzindo a sua competitividade e sustentabilidade. Mas o homem tem inato o INSTINTO DE CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE e, face à morte anunciada vai esgravatando, esperniando e gesticulando na mira de se manter à tona de água, no limite, mas com vida portanto.

É exactamente neste episódio dramático da sobrevivência que entram as medidas tomadas pelo Governo!

Na potenciação da receita (gorda) no mercado, em crescendo, dos moribundos! Senão vejamos.

É evidente que a facturação das minudências, durante a hora de almoço, por exemplo, complica claramente a vida a quem trabalha e precisa de despachar o cliente. Dar emprego a quem o faça em exclusivo é uma decisão difícil quando as vendas caiem a pique e os resultados anuais, ou são negativos ou roçam o equilibrio. É assim, muito provável que fiquem algumas facturas por fazer...

Mas é precisamente aqui que o Governo, sabiamente e permita-se-nos maldosamente, vê uma oportunidade!

Potenciando o apelo à fiscalização em voluntariado que os incentivos fiscais, em sede de IRS, objectivamente constitui, isto é, obtendo o contributo gratuito dos consumidores que na mira de pouparem tostões no IRS (€250,00 no limite para facturas de consumos na ordem dos €26.000,00, valor que ultrapassa o rendimento médio dos contribuintes) vão ser diligentes credores do cumprimento das obrigações fiscais do seu fornecedor habitual de pasteis de nata.

Esta vigilância é compreensível até os fiscais à força perceberem que o que têm a ganhar não vale o esforço, o que não deverá demorar muito. Porém vão manter a pressão que conduzirá à falha, isto é à omissão de uma ou outra factura quando alguém não a exige veementemente.

E é precisamente a estas situações que se destina esta lei!

A micro empresa que omite uma ou outra factura, e cuja exploração conduz, a não pagar IRC porquanto teve uma exploração negativa ou insignificante, vai, por esta via, passar a ser um contribuinte liquido a não desprezar. Porquê? Porque ao esquecer uma factura de 0,60 cêntimos por um café, vai correr um risco de pagar €3.750,00!

E, acreditem, por este sistema implantado, dificilmente algum deles vai escapar a pagar pelo menos uma vez €3.750,00!

Já há muito que a receita fiscal não se reduz ao pagamento de impostos! É complementada com a receita por COIMAS que ninguém sabe o quanto representa, sabendo de antemão que são muitos os milhões de euros que a Fazenda recolhe por esta via penal.

Por isso importa regulamentar, regulamentar e regulamentar, apertando a malha até ser impossível o peixe se libertar da rede, pois o objectivo é apanhá-lo a qualquer custo, não o de o permitir desenvolver-se em liberdade para poder engordar.

Convenhamos que esta velha via inquisitorial de tratar com os cidadãos não tem fundamento legal à luz da Constituição Material de um Estado de Direito Democrático dos Cidadãos, não é legitima e é contrária a uma politica de desenvolvimento, a única que, ainda que mitigada da austeridade a que o comportamento diletante e irresponsável da classe politica que nos tem administrado nos obriga, pode contribuir para sairmos do atoleiro em que nos encontramos.

A nossa vizinha Espanha, tem 40 milhões de consumidores, 40 milhões de turistas por ano, tem outra dimensão que justifica muito do sucesso comparativo da sua economia face à nossa, no entanto para além de tudo isso que não é pouco e sem que se tenham revelado super homens, tem tido governantes muito mais competentes e Sábios que aqueles que em Portugal têm chegado às rédeas do poder!

Em Espanha faz-se o que é possível para libertar o comércio de teias que o oprimem. Desatam-se as mãos de quem tem que nadar para se salvar.

Em Portugal, se a burra não ajoelha, é porque ainda pode suportar mais carga!

O Poder em Portugal, até pela via da incompetência tem tido sorte: Tudo fazendo para que os cidadãos desistam, enfrenta um estranha espécie de gente que a tudo resiste!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Passa a outro e não ao mesmo(!) e o OVO de RAJOY!

Isto da crise, para além de muitas e mais importantes desgraças, tem causado um certo efeito anestesiante na produção escrita do nosso blog CIDADANIA.

Se por um lado não deixam de existir “ganas” de desancar a classe politica no poder, por outro conhecemos, mais ou menos bem, os “palpos de aranha” em que se encontram.

Vai daí, na maior parte das vezes não sabemos por onde começar...e, por aí, nos ficamos, sem pio!...

Haveria sempre algo a comentar sobre acções ou medidas conjunturais, mas a motivação, face à enormidade dos problemas motivados pela crise, carece de estímulos maiores, os quais, pra lá do horizonte, ausentes no aqui e agora, conduzem ao silêncio.

Recentemente ouvimos duas novidades, uma mais que outra, que nos fazem inverter o curso da madorna.

Um dos Juízes do Tribunal Constitucional, numa entrevista ou quejando, a propósito do corte dos subsídios de natal e férias (que permitiam a poupança na despesa de cerca de dois mil milhões de euros anuais) e da recente declaração de inconstitucionalidade do mesmo, veio a referir alguns cortes na despesa que nunca foram implementados. Destaquei do que disse, e que só conheci indirectamente por interposta pessoa, o CORTE NA SUBVENÇÃO AOS PARTIDOS POLITICOS.

Abriu-se-me o espírito e gritei interiormente: Eureka! Como o Aristóteles.

Na verdade é extraordinário o facto de nenhum governante, nesta senda do corte na Despesa do Estado, alguma vez se ter lembrado desta medida.

Sabemos claramente que tal corte, dentro dos limites do razoável, não seria suficiente para nos resolver o problema do défice.

Mas poderia e DEVERIA contribuir para tal desiderato das politicas de contenção e ajustamento, as únicas com que esses senhores do poder parecem preocupar-se.

Claro é que, fora do limite do razoável não defendemos, embora nos conformássemos se tal corte fosse baseado na equidade, isto é, na medida da redução conjugada entre os cortes dos subsídios e o aumento da carga fiscal, o que nunca seria inferior a uns 30%.

O que seria razoável porquanto, os partidos com assento parlamentar, os que recolhem os votos dos cidadãos-eleitores e por isso são subvencionados com dinheiro dos impostos, são instituições que visam representar na sociedade civil e politica o povo, o mesmo povo dos cidadãos-contribuintes que suportam (e não bufam...) a carga fiscal e os cortes no rendimento, por via das necessidades do Orçamento Geral do Estado e das politicas tendentes à sua sustentabilidade.

Quer dizer: os partidos que cogitam toda a sorte de soluções tendentes a fazer frente ao défice, uns apoiando o aumento da carga fiscal e os cortes nos rendimentos, outros que os condenam, contrapropondo medidas inaplicáveis ou inconsequentes, nunca se lembraram de desonerar, pela via da redução da despesa que constituem, o dito Orçamento Geral do Estado, através do corte proporcional nas subvenções aos seus Partidos.

O problema, infelizmente, não é tal medida nunca ter sido cogitada, proposta ou implementada, o problema é tal omissão não surpreender ninguém!

Os cidadãos continuam mal representados, mudos e quedos!

Outro dos factos que nos agradaram, veio de Espanha.

O Governo espanhol encontra-se apostado em libertar o comercio do pais de amarras administrativas que o prejudicam, permitindo por essa via fornecer “munições” aos comerciantes entrincheirados nesta guerra da concorrência, para com elas poderem defender-se melhor.

Trata-se da liberalização dos horários de abertura e fecho dos estabelecimentos, sem constrangimentos legais, de acordo com o juízo que o comerciante interessado fará da realidade do mercado em que se encontra. Sem teias legais e administrativas as quais, na dinâmica que a concorrência, ou melhor, a sobrevivência impõe constituem verdadeiras “cangas” auto limitadoras.

Antevê-se também que os SALDOS possam existir todo o ano, sem constrangimentos administrativos que os conformam a uma situação estática que não é compaginável com as exigências da facturação.

Mais ainda se prevê que os estabelecimentos com até 300 metros quadrados não careçam de autorização prévia de abertura, podendo o comerciante abrir o seu novo estabelecimento desde que assuma o compromisso, por escrito, que o seu estabelecimento reúne as condições exigidas por lei para abrir ao público e pague as taxas devidas ao Estado/Município.

Sabemos bem do verdadeiro “caos” a que a “verborreia” legislativa, designadamente ao nível administrativo, pode conduzir. Nada como alterar o curso dos acontecimentos: isso é REFORMAR!
OS REGULAMENTOS existem na medida necessária e não mais que isso. O Cidadão goza da presunção de competência. A fiscalização do Estado que representa o interesse público, fará o que tem a fazer: fiscaliza o suficiente!

Perante um Estado cuja acção entorpecedora da actividade económica é a principal face que os cidadãos conhecem e obedecem, ousar agir em moldes diferentes que procurem a eficiência é uma REFORMA LOUVÁVEL E SOBRETUDO DESEJÁVEL.

Porque, uma vez mais invocando a sabedoria de Albert Einstein: Continuar a agir do mesmo modo e esperar resultados diferentes é no que consiste a INSANIDADE.

Rajoy é de direita e será o que for, mas fica claro com estas medidas que é proactivo, como a sociedade espanhola, apanhada nas teias da recessão, precisa.

É um “Ovo de Colombo” dirão algumas anedotas nacionais que não deixariam de pedir licença ao SonaeMan ou ao Apache Jerónimo, para se quedarem pela sua opinião.

Qualquer dos casos citados deixaram-me, já que poucos ou nenhuns o fizeram até aqui, a noção de que é sempre possível REFORMAR e, por conseguinte MELHORAR. Não necessariamente, mas sendo possível MELHORAR, a esperança não ficará acantonada no atoleiro em que este Governo, como tudo indica, parece estar!

Dada a dimensão da crise, desconhecemos se haverá vida para além da crise?
Não temos é duvida alguma de que parados, não vamos a lado algum!

domingo, 15 de julho de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

A cultura do desdém, por Thomaz Wood Jr.em Carta Capital

Em sua edição de 14 de março, o New York Times publicou um texto de Greg Smith, com o título “Por que estou deixando o Goldman Sachs”. As revelações tocaram em um ponto sensível, o desdém de executivos do centenário banco de investimentos por seus clientes, em um momento delicado, marcado pelo desdém do público pelas instituições financeiras.
Smith abre sua carta aberta em tom confessional: “Hoje é o meu último dia no Goldman Sachs. Após quase 12 anos na firma (…) eu acredito ter trabalhado aqui tempo suficiente para entender a trajetória de sua cultura, de sua gente e de sua identidade. E eu posso dizer honestamente que o ambiente está agora tão tóxico como nunca vi”. E segue: “Para colocar o problema em termos simples, os interesses do cliente continuam sendo deixados de lado na forma como a empresa opera e pensa na maneira como ganhar dinheiro”.

Smith argumenta que a cultura sempre foi componente central da empresa. Seus valores fundamentais eram trabalho em equipe, integridade, humildade e uma busca do melhor para o cliente. Nos últimos anos, contudo, a liderança alterou o DNA da empresa para pior. Hoje, vaticina, se você conseguir ganhar dinheiro suficiente, terá pavimentado o caminho para o sucesso. Como chegar lá? É simples: empurre produtos que sejam opacos e podres para os clientes. Mas lucrativos para o banco.

O ex-diretor afirma que ouviu diversos colegas chamarem seus clientes de muppets, em referência, pouco elogiosa, aos personagens da série de tevê. Smith teme pelo futuro da organização, ao constatar que uma nova geração de funcionários, muitos deles brilhantes, está sendo socializada na nova cultura, autocentrada e viciosa. De fato, grandes corporações não têm dificuldade em recrutar os melhores aprendizes e socializá-los em suas práticas. Não deve ser motivo de surpresa que moços e moças de boas famílias e boas maneiras estejam dispostos a trocar ideais e dignidade por status social e bônus anuais.



As reações ao texto de Smith foram variadas. A legião de vítimas de escândalos corporativos aliou-se aos gatos escaldados da crise financeira para apoiar o ex-executivo. No canto oposto postaram-se as viúvas de Milton Friedman. Nathan Vardi, da revista Forbes (que assina o nome seguido do slogan “seguindo a trilha do dinheiro”), sugere que o caso reflete apenas a crise de meia-idade de um executivo frustrado com sua carreira.

Halah Touryalai, da mesma revista, afirma que as revelações de Smith não deveriam causar surpresa e que a culpa é dos clientes. Isso mesmo, a culpa é das vítimas, por sua própria ingenuidade e conduta irresponsável. Embora acintosa, a afirmação não é descabida. Muitas “vítimas” são apostadores gananciosos, que jogam suas fichas em produtos de alto risco. No entanto, Touryalai ignora a enorme assimetria de informação que existe entre profissionais do mercado financeiro e parte considerável de seus clientes.

Mais divertidas foram as sátiras que seguiram o texto de Smith. Em uma delas, o vilão da série Guerra nas Estrelas, Darth- Vader, explica: “Por que estou deixando o império”. Em um vídeo veiculado pelo website Funny or Die, diretores do Goldman Sachs discutem, em uma reunião regada a whiskey e cocaína, como superar a crise gerada por Smith, quando são surpreendidos pela entrada de quatro bonecos representantes da “Liga Antidifamação dos Muppets”, para registrar uma queixa formal pelo uso preconceituoso e ofensivo da palavra muppet.

Somente os inocentes crônicos acreditam que bancos tenham outro objetivo que não seja ganhar dinheiro para seus controladores e executivos. A indignação de Smith pode soar tão crível quanto a eventual indignação de um deputado brasileiro que renunciasse ao mandato popular por ter constatado o declínio dos outrora elevados padrões éticos da Câmara.
Por detrás da denúncia de Smith existe uma cultura do desdém que permeia muitas relações no mundo corporativo. Acionistas desdenham diretores, que desdenham gerentes, que desdenham seus funcionários, que desdenham estagiários. Executivos desdenham seus clientes e fornecedores, e a recíproca pode ser verdadeira.

Nos últimos anos, uma retórica corporativamente correta tentou fomentar o respeito ao cliente e alinhar interesses entre executivos, acionistas, comunidades, fornecedores e outros grupos que podem interferir no desempenho e na lucratividade das empresas. Obviamente, a distância entre a foto e o fato é ainda enorme.

Textos como os de Smith são incomuns. Alguns executivos adorariam ter a chance de listar desaforos contra seu ex-patrão em um veículo de grande alcance. Eles têm, porém, carreiras a preservar, bocas a alimentar e sonhos de consumo. A censura mais eficaz é a autocensura.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Este ano a “silly season”, no Algarve, não vai ser o que foi nos anos “dourados” do dinheiro a rodos



Ainda há pouco tempo, por esta altura, meados de Julho, uma parte dos portugueses iniciava o ritual de Verão - uma espécie de "encerrado para férias". A "classe política" e adjacentes preparavam-se para ir a banhos, cada ministro ou dirigente partidário informava a comunicação social se ia para a praia da Coelha, dos Tomates ou da Manta Rota, onde aguardava ansiosamente que um jornalista o "apanhasse" em calções de banho. Aí, já bronzeados, davam entrevistas, falavam descontraidamente sobre os seus "hábitos de férias" ou da "importância do descanso com a família" e, alguns, não perdihttp://www.blogger.com/img/blank.gifam a oportunidade de aparecer naquelas festas manhosas frequentadas por "empresários" e "gente famosa" - o nosso "jet set" pelintra. O Parlamento encerrava portas por mais de dois meses, enquanto os gabinetes ministeriais apenas asseguravam os "serviços mínimos". Era assim a bitola do país, e ninguém lhes levava a mal a despreocupação e a ligeireza, e muitas vezes, porque não dizê--lo, a pirosice, até porque uma "classe média" em ascensão, essa, com ordenado certo e as prestações em dia, a quem os bancos batiam à porta com crédito para tudo e para nada, com conversa de amigos – não se preocupe, só paga quando puder -, para além do Algarve, enchia os voos fretados para o Brasil, República Dominicana, Cuba, Cancun ou, para os mais ousados, para a Tailândia. Outros hábitos estavam enraizados, como por exemplo, fazer "contas à vida" e comprar uma casa de férias ou um carro novo, com o mesmo à vontade com que, há três ou quatro gerações atrás, se ia comprar caramelos a Badajoz ou a Ayamonte.

terça-feira, 10 de julho de 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Indecência certificada


por FERNANDA CÂNCIO06 Julho 2012
Ao contrário do que nos dizem os clássicos infantis, não há em regra moral na história. É assim que podemos assistir, boquiabertos - como anteontem - a um Santana Lopes, na TVI24, a perorar, a propósito do curso de Relvas, sobre deverem ser os políticos julgados pelos seus atos em funções e não por episódios do seu percurso privado (cito de memória), sem que algum dos presentes, de Constança Cunha e Sá a Assis e Rosas, pigarreasse sequer. Que o homem que nas legislativas de 2005 fez insinuações explícitas sobre a orientação sexual do adversário e exigiu a audição do depois primeiro-ministro no Parlamento sobre a respetiva licenciatura possa, sem lhe cair tudo em cima, afetar lições de fineza e elevação é bem elucidativo, não apenas da sua comprovada desvergonha, como da amnésia amoral da audiência.
De vez em quando, porém, a realidade faz-se fábula de La Fontaine. E vemos então alguém como Miguel Relvas, que em abril de 2009 afirmou "se fosse parente do engenheiro Sócrates escondia que era parente dele", acrescentando "depois de ganhar as eleições todos os dias quero que a minha filha tenha orgulho" a, numa audiência parlamentar do caso das secretas, três anos depois, lamentar--se, olhos e voz tremeluzentes, pelo "muito que custa" e "o tão injusto é" ser julgado na praça pública, concluindo: "Todo o cidadão tem direito ao bom nome; [...] tenho família, tenho amigos, tenho uma posição na sociedade..."
Tem Miguel Relvas toda a razão: todo o cidadão tem direito ao bom nome. Até ele, que o negou a outros. Curioso que só se dê disso conta quando é à sua porta que as acusações e insinuações batem, depois de tudo ter feito, como tantos "notáveis" do seu partido, de Santana a Ferreira Leite, de Marques Mendes a Menezes, de Pacheco Pereira a Passos, para que a doença do ad hominismo infetasse o combate político, banalizando as considerações sobre "o carácter", o percurso académico e até a família dos adversários.
Estamos a falar do partido cujo líder Marques Mendes pediu, em 2007, uma comissão independente para investigar a licenciatura de Sócrates (o qual, recorde-se, fez cinco anos de Engenharia em universidades públicas); que exigiu uma audição da ministra Lurdes Rodrigues para explicar a suspensão de um funcionário por supostamente ter feito uma piada insultuosa sobre o diploma do então PM, considerando, a priori, estar ante "uma atitude intimidatória, persecutória e opressora dos mais elementares direitos, liberdades e garantias." Um partido, enfim, especializado na calúnia, no insulto e na perseguição pessoal, cujo grupo parlamentar rejubila com menções "a licenciados de domingo" ou "discursos encomendados em cafés de Paris".
Num tal partido, a revelação da licenciatura "Novas Oportunidades" (ah, a suprema ironia - "certificação da ignorância", não era, senhor primeiro-ministro?) de Relvas deveria ter o efeito de uma bomba de tinta negra - tudo com a cara pintada de preto. Isto, claro, se face houvesse

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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