O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Portugal vai investir mil milhões na Defesa – mas quem protege quem está cá dentro?

Nos últimos dias, o Primeiro-Ministro Luís Montenegro anunciou um reforço de cerca de mil milhões de euros para a Defesa Nacional até ao final de 2025. O objetivo é acelerar aquisições de equipamento militar, modernizar infraestruturas e valorizar os recursos humanos das Forças Armadas, antecipando o que já estava previsto na Lei de Programação Militar. É, sem dúvida, um passo estratégico no atual contexto internacional. A Europa vive tempos de incerteza, a guerra na Ucrânia não dá sinais de trégua, e o reforço da capacidade militar nacional é visto como uma necessidade. Mas há uma questão que não pode continuar a ser ignorada: Onde entra a segurança interna nesta equação? A defesa nacional começa dentro de portas É fácil pensar em Defesa como sinónimo de tanques, caças ou submarinos. Mas a defesa de um país começa no seu próprio território, todos os dias, através das forças de segurança que patrulham ruas, protegem populações, combatem o tráfico e mantêm a ordem. A GNR, por exemplo, é uma peça-chave desta segurança. E, no entanto, os seus postos por todo o país contam com efetivos reduzidos, viaturas obsoletas e instalações degradadas. Um exemplo claro é o posto da GNR de Armação de Pêra. Uma vila que recebe milhares de pessoas no verão e que, ainda assim, conta com poucos militares e um parque automóvel que envergonha qualquer país desenvolvido. Há viaturas a "cair de podre", que precisam de cobrir dezenas de quilómetros quadrados. Situação parecida ocorre em várias regiões do país, especialmente no interior e no litoral fora dos grandes centros. Dependência da União Europeia: um alerta vermelho O que é ainda mais preocupante é que a aquisição de viaturas e outros equipamentos básicos tem sido feita, muitas vezes, com fundos da União Europeia. As últimas viaturas entregues às forças de segurança, em 2025, vieram quase todas de projetos financiados por Bruxelas. Isto levanta uma pergunta fundamental: Se a nossa segurança interna depende da aprovação de fundos europeus, o que acontece quando esses fundos não estão disponíveis? Esta dependência não é sinal de uma gestão eficaz — é sinal de um problema estrutural. O risco de esquecer quem está cá dentro Enquanto os olhos do Governo estão postos na aquisição de novos sistemas para a Defesa Nacional, milhares de militares da GNR, da PSP e outros agentes enfrentam desafios diários com meios que envergonhariam qualquer força europeia moderna. É importante reforçar as Forças Armadas, claro. Mas não podemos esquecer que a segurança começa no território nacional, nas vilas, nas aldeias, nas cidades. Sem uma base sólida de segurança interna, qualquer esforço de defesa externa fica incompleto — ou até ineficaz. A conclusão é simples: Portugal precisa investir, sim, mas de forma equilibrada. Não há Defesa Nacional sem segurança interna forte, presente, bem equipada e devidamente valorizada. É hora de olhar para dentro. Porque proteger o país também é proteger quem está cá dentro.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Armação de Pêra em Alerta: A Insegurança Aumenta e a Junta Continua em Silêncio

No dia 26 de junho, publicámos aqui um alerta sob o título “Chega de promessas: Armação de Pêra precisa de segurança”. Infelizmente, desde então, em vez de vermos medidas concretas, o que assistimos é a uma escalada preocupante de criminalidade na nossa terra — e à indiferença total por parte dos responsáveis. A população está alarmada e com razão. Só na última semana, tivemos conhecimento de um espancamento brutal na Rua Álvaro Gomes, junto ao restaurante Tinirose. A vítima ficou em coma, com sequelas gravíssimas. É uma situação que ultrapassa todos os limites da tolerância. Também nos chegaram relatos de assaltos a estabelecimentos comerciais, como a loja do cidadão chinês na Rua Vasco da Gama, n.º 30, e ainda o roubo de dinheiro e jóias num apartamento do Edifício Vilamar I. Esta sucessão de crimes está a gerar medo e revolta entre os armacenenses. Enquanto isso, os responsáveis pela Junta de Freguesia mantêm-se “impávidos e serenos”, como se tudo estivesse bem. O atual tesoureiro e candidato à presidência da Junta parece mais empenhado em subir a palcos como apresentador de espetáculos do que em enfrentar a realidade dura que se vive nas ruas. Armação de Pêra não precisa de mais show — precisa de ação, liderança e segurança. A pergunta que se impõe é: quantos casos mais terão de acontecer até que algo seja feito? Estamos a tempo de mudar este rumo. A segurança não pode continuar a ser tratada como um tema secundário. O povo armacenense e os muitos turistas que nos visitam merecem respeito, tranquilidade e proteção. Chegou a hora de exigir mais de quem tem responsabilidades públicas. Não queremos um animador cultural à frente da Junta. Queremos um verdadeiro líder — alguém com coragem, visão e compromisso com a segurança de todos. Chega de silêncio. Chega de omissões. Armação de Pêra exige respostas. E exige já.

Emigrantes, integração e a defesa da nossa gastronomia

Quando se fala de emigração e integração, o debate costuma concentrar-se na língua, nos costumes, ou no respeito pelas leis e valores do país de acolhimento. Mas raramente se fala da integração ao contrário: do impacto da falta de integração do próprio país — neste caso, Portugal — no seu quotidiano, na sua identidade, e, em particular, na sua gastronomia. Em Armação de Pêra, como em muitos outros destinos turísticos do país, os restaurantes enfrentam uma escassez gritante de cozinheiros portugueses. A resposta tem sido recorrer a trabalhadores emigrantes, muitas vezes sem formação na cozinha tradicional portuguesa. Fazem o melhor que podem — e devem ser reconhecidos por isso — mas a verdade é que a nossa cozinha sofre com esta ausência de continuidade. A Dieta Mediterrânica, de que tanto nos orgulhamos e que é reconhecida como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, está a ser lentamente diluída. Em vez do filete de pescada com arroz de tomate, clássico das casas portuguesas, servem-se pratos de peixe indefinido com batatas fritas congeladas. A ditadura da batata frita tomou conta dos menus, como se Portugal tivesse aderido em massa ao “fish and chips”. E não, sardinhas assadas e lulinhas fritas não combinam com batatas fritas. Outro sintoma desta aculturação é a invasão das “tapas” nos menus. Em Portugal sempre se petiscou — com identidade própria, com produtos e receitas únicas. Temos salada de polvo, carapaus alimados, ovas de pescada com cebola e salsa, entre tantos outros. Para que nos serve adotar termos e conceitos de outras culturas, quando a nossa é tão rica e, muitas vezes, ignorada? É importante esclarecer: não se trata de rejeitar a presença de cozinhas internacionais, muito menos dos imigrantes que vivem e trabalham entre nós. Pelo contrário, a diversidade é bem-vinda. Mas há uma linha entre promover essa diversidade e permitir que ela substitua aquilo que é nosso, sobretudo em restaurantes que se apresentam como “tradicionais portugueses”. O turismo é, sem dúvida, um motor económico essencial para Armação de Pêra. Mas ele deve apoiar — e não apagar — a autenticidade local. Os turistas não nos visitam para comer o que já conhecem dos seus países, mas para experimentar o que nos torna únicos. Se deixarmos de ser nós próprios, se destruirmos o nosso património gastronómico, perdemos uma das nossas maiores riquezas. É urgente investir, de forma consistente, na formação dos trabalhadores das nossas cozinhas. Se não temos portugueses suficientes para estas funções, então cabe-nos formar os que cá estão. Integrar também é ensinar. E transmitir a cultura gastronómica local é uma forma poderosa de preservar a identidade. A defesa da nossa gastronomia não se pode limitar a festivais sazonais ou campanhas pontuais. Precisa de uma estratégia a longo prazo, de políticas públicas locais, de envolvimento da comunidade e, acima de tudo, de orgulho no que somos. Porque se não formos nós a cuidar da nossa identidade, ninguém o fará por nós.

domingo, 6 de julho de 2025

12 de Outubro: O Dia em Que Armação de Pêra Pode Mudar de Rumo

Chegou o momento de decidir. No próximo 12 de outubro, os mais de 5.000 eleitores de Armação de Pêra têm uma missão essencial: votar. Não é apenas mais uma eleição. É a oportunidade de pôr fim à estagnação e abrir caminho a uma nova visão para a nossa terra. Armação de Pêra merece mais. Merece liderança, ação e compromisso com as pessoas. Merece uma freguesia cuidada, viva, com oportunidades reais para quem cá vive e trabalha. Merece escutar os seus cidadãos – não apenas em tempos de campanha, mas todos os dias. 🚨 Chega de promessas vazias. Chega de mais do mesmo. 📅 Marque esta data: 12 de outubro. Este é o dia em que pode virar a página e dizer: basta! É tempo de mudança. Cada voto conta. Cada escolha tem peso. E é com a força de todos que podemos devolver esperança, dignidade e progresso a Armação de Pêra. 🔁 Está na hora de mudar. Está na hora de fazer história. Está na hora de escolher um novo rumo.

sábado, 5 de julho de 2025

"Mais no fim do mês, menos no fim do ano: o efeito perverso da nova retenção de IRS"

O governo anunciou com pompa e circunstância a descida do IRS e a alteração das tabelas de retenção na fonte, uma medida que, à primeira vista, agradou a muitos portugueses. Com mais dinheiro disponível todos os meses, muitos celebraram o alívio imediato no orçamento familiar. Mas agora, passados os meses de euforia silenciosa, chega a ressaca: milhares de portugueses estão a descobrir que deixaram de receber o tão esperado reembolso de IRS — e, em muitos casos, ainda têm de pagar. Durante anos, os reembolsos foram vistos como uma espécie de “subsídio de férias involuntário” — um balão de oxigénio para despesas imprevistas, para a poupança, ou para aquela escapadinha de verão. Ora, com as novas regras, esse dinheiro deixou de ser “retido em excesso” ao longo do ano, o que significa que os contribuintes o receberam antecipadamente... e gastaram-no. Resultado: agora que o fisco faz as contas finais, o reembolso desapareceu e, para muitos, deu lugar a uma fatura inesperada. A maioria dos portugueses não tem formação fiscal e não acompanha as alterações técnicas às tabelas de retenção. Não é por ignorância, é porque não tem de ser obrigação de cada cidadão ser especialista em impostos. Cabe ao Estado — neste caso, ao Governo — comunicar de forma clara, transparente e pedagógica as consequências destas mudanças. Isso não aconteceu. Em termos macroeconómicos, é verdade que o consumo privado não desceu. O dinheiro que antes era retido pelo Estado foi usado ao longo do ano. Mas, ironicamente, regiões como o Algarve — particularmente zonas como Armação de Pêra, que dependem do consumo sazonal e do turismo interno — estão agora a sentir o impacto. Se as famílias gastaram mais no dia a dia, há menos margem para férias e escapadinhas. A medida que dava a sensação de “dinheiro extra” acabou por minar o próprio setor que mais beneficia do rendimento disponível no verão. Mais preocupante ainda é o desequilíbrio psicológico que esta alteração criou: muitas famílias fizeram planos com base no hábito — “no IRS recebo sempre uns trocos” — e agora veem-se a braços com contas por pagar ou férias por cancelar. Isto não é apenas um problema económico, é uma questão de confiança entre o Estado e o cidadão. Sim, a lógica da nova retenção é tecnicamente mais justa — paga-se o imposto mais próximo do que se deve realmente — mas é essencial que mudanças deste tipo venham acompanhadas de informação clara, campanhas públicas e até simuladores acessíveis. Porque mais de 50% da população portuguesa, segundo os dados, tem dificuldades em compreender conceitos básicos da fiscalidade. E não podemos legislar como se todos fossem especialistas. Uma boa política fiscal não é só aquela que alivia o bolso. É a que protege o contribuinte da surpresa — e o informa com verdade. Mais do que baixar impostos, é preciso não baixar os braços no dever de explicar.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Não Aconteceu no Algarve, Mas Podia Ter Acontecido: Um Espelho Trágico do SNS

Quando a burocracia e a frieza substituem o cuidado e a empatia, morrem mais do que vidas — morre a confiança. Não aconteceu no Algarve. Mas podia. E, com o estado a que chegou o Serviço Nacional de Saúde, é quase certo que voltará a acontecer — em qualquer ponto do país. Uma mulher grávida andou mais de três horas à procura de uma urgência que a recebesse. No final, o bebé morreu. E o que ouvimos da boca da responsável governamental? Que a assistência foi "adequada" e que os procedimentos foram "cumpridos". Dizer isto já seria grave na boca de qualquer político. Mas ouvir tais palavras frias e burocráticas de uma mulher, uma mãe — alguém que se presume compreender o drama de outra mulher em desespero — é profundamente monstruoso. A resposta desumaniza, não só o caso concreto, mas todos os que enfrentam diariamente um sistema que já não responde, já não protege, já não cuida. Não costumo escrever sobre política nacional. Mas há momentos que transcendem a política. Há respostas que não podem passar em branco. Há omissões que são, por si só, atos de violência. A política de saúde não pode ser uma máquina de desculpas. Quando um bebé morre por falta de resposta do Estado, não há relatório que justifique. Não há protocolo que conforte. O mínimo que se exige é empatia. O mínimo. Quando governar se torna uma questão de gerir danos de imagem e não de cuidar das pessoas, o problema não é só do SNS. É um problema de humanidade. E, honestamente, alguém que responde a uma tragédia destas com frieza técnica e frases ensaiadas não merece continuar a ocupar um cargo de responsabilidade pública. Não por vingança. Mas por justiça. Por dignidade. Por respeito às vidas que se perderam — e às que ainda se podem perder.

Armação de Pera: De olhos postos na areia: esgotos de terraços continuam a correr para a praia – agora através de um tubo enterrado

Depois das denúncias públicas feitas nos dias 14, 22 e 28 de junho sobre os esgotos provenientes da limpeza de terraços a correr diretamente para a praia, verificámos recentemente uma "solução" que mais parece uma tentativa de encobrimento do problema: os resíduos continuam a ser descarregados, mas agora através de um tubo discretamente enterrado na areia. A situação, longe de estar resolvida, levanta ainda mais preocupações ambientais e legais. A aparente tentativa de esconder o escoamento de águas residuais não resolve a questão da contaminação do solo e da orla costeira – apenas a dissimula. Recorde-se que qualquer solução que envolva a infiltração de esgotos nos terrenos arenosos junto à praia poderá estar sujeita à aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), especialmente tratando-se de zona costeira e de eventual contaminação de águas subterrâneas. Coloca-se agora uma nova questão: Estão a Câmara Municipal de Silves e a Junta de Freguesia informadas desta alteração? E, se sim, concordam com esta solução subterrânea que apenas desvia o problema da vista, sem o eliminar? Os cidadãos têm o direito de exigir respostas. É fundamental garantir que práticas deste tipo não se tornem norma e que o ambiente costeiro seja devidamente protegido. Pedimos esclarecimentos às autoridades competentes e apelamos à intervenção da APA para avaliar a legalidade da solução implementada.

"Obras Milionárias e Tesourinhos Infinitos: Crónica de um Casino que nunca mais é inaugurado"

O emblemático Casino de Armação de Pêra era anunciado a 15 de janeiro de 2024, no sempre otimista site do Município de Silves que anunciava, em tom triunfante, o arranque da reabilitação do edifício, com um custo superior a dois milhões de euros. Dois milhões. Prometiam que em 10 meses estaria tudo pronto. Pois bem: estamos em julho de 2025, os 10 meses já foram, voltaram e até já trouxeram lanche — e o Casino continua fechado, envolto em silêncio e tapumes. Que se passou? O tempo passa mais devagar em Armação? Os meses por aqui têm 60 dias? Ou será que os prazos em obras públicas servem apenas para dar um ar de seriedade aos comunicados de imprensa? É claro que há quem se ofenda por denunciarmos estas situações. Mas como não o fazer? Pedem-nos que sejamos brandos, que sejamos compreensivos, que sejamos… cúmplices? Não, obrigado. Enquanto as promessas forem feitas com tinta dourada e cumpridas com tinta invisível, cá estaremos. Tal como Joana Marques com os Anjos: nós não inventamos o conteúdo — limitamo-nos a comentá-lo. E para quem acha que “não temos mais nada que fazer”, deixamos o convite: resolvam os problemas, cumpram os prazos, ponham o Casino ao serviço da comunidade — e prometemos calar-nos por um dia ou dois. Talvez até elogiemos. Mas até lá… bem-vindos ao Cassino da Desilusão, aberto 24 horas no coração de Armação. Entrada livre. Saída, só com paciência.

"Armação, esse paraíso intocável (de críticas)"

Fomos recentemente brindados com uma mensagem inflamável (e um tanto inflamada) de um armacenense muito ofendido, que, julgando ser um assíduo leitor do blogue Cidadania, decidiu fazer justiça com as próprias palavras — chamando-nos nomes que, por pudor e bom gosto, optamos por não reproduzir aqui. Afinal, há crianças que podem estar a ler. Aparentemente, este nosso leitor considera que não temos mais nada que fazer do que apontar o dedo a tudo o que vai mal em Armação de Pêra. Como se isso fosse um problema! Ora bolas, se há coisa que esta terra não nos deixa, é falta de material. Armação é o Netflix dos "tesourinhos deprimentes": há sempre um novo episódio, uma nova personagem secundária que se julga protagonista, ou um cenário decrépito que ainda assim leva orçamento camarário para figurar como "melhoria urbana". Dirão: “Mas porquê tanto azedume?” Não é azedume, é realismo com sabor a limão — ácido, sim, mas refrescante. À semelhança de Joana Marques com os Anjos, também nós não saímos à caça de polémicas: elas aparecem, vestem-se mal, estacionam em cima do passeio e fazem selfies junto a rotundas artisticamente duvidosas. Se há quem se ponha a jeito, não somos nós que vamos virar a cara. Seria uma indelicadeza jornalística. A verdade, caro armacenense indignado, é que enquanto os verdadeiros problemas desta vila continuarem a ser tratados com a mesma eficácia com que se limpa uma sarjeta em agosto, nós cá estaremos, de lupa na mão e ironia na ponta dos dedos. No dia em que Armação for um exemplo de boa gestão, civismo e visão urbana… prometemos dedicar-nos a atividades menos espinhosas. Tipo sudoku. Ou origami. Ou até, imagine-se, elogiar! Até lá, estimado leitor, o melhor que tem a fazer é preparar-se: o verão ainda agora começou, e Armação ainda tem muito para nos oferecer — nem que seja mais um “tesourinho” para a coleção. Com estima e um leve sarcasmo, Os chatos do costume

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Em Armação de Pera: "Compre Local, Ignore o Local!"

As eleições estão à porta — ou talvez à soleira, com um pé já lá dentro — e eis que os senhores da Junta de Freguesia decidem lembrar-se que Armação de Pêra existe. A vila, até então esquecida em modo sesta prolongada desde o verão passado, reaparece como palco de slogans fresquinhos, diretos do departamento de marketing de última hora: “Em Armação de Pêra? O comércio é local!” Ah, que maravilha. Afinal, bastava atravessar a Rua do Comércio para salvar a economia, o ambiente, a identidade cultural, o planeta Terra e, quem sabe, a alma do comércio tradicional. Sim, é reconfortante saber que, ao comprar um café aguado ou uma t-shirt "I ❤ AP" por 18€, estamos, segundo a Junta, “a contribuir para a sustentabilidade” — ignorando, claro, o lixo a esvoaçar nas ruas, os passeios esburacados dignos de trilhos de montanha, e as passadeiras tão gastas que já são praticamente um teste de visão. E não se preocupe se não encontrar estacionamento no verão. É só mais uma forma criativa da freguesia promover o turismo de aventura. Afinal, quem precisa de um parque ordenado quando pode ter emoção grátis a cada manobra? E é agora, quando o outono eleitoral se aproxima, que o comércio local volta a ser “o coração da vila”, mesmo que o resto do corpo esteja com falta de pulso. É bonito ver tanto amor... sazonal. Sim, compre local. Valorize quem cá está o ano inteiro. Mas exija mais do que frases feitas e sorrisos em época de votos. Porque Armação de Pêra merece mais do que uma boa campanha publicitária: merece investimento, dinamismo e respeito contínuo. Resumindo um novo rumo.

Calçadas Degradadas em Armação de Pêra Colocam Segurança dos Peões em Risco






A degradação crescente das calçadas em Armação de Pêra está a levantar sérias preocupações entre moradores, comerciantes e turistas. Buracos, pedras soltas e desníveis visíveis marcam diversas zonas pedonais da vila, tornando o simples ato de caminhar num verdadeiro desafio e colocando em causa a segurança de todos. Vários residentes relatam que os problemas nas calçadas não são recentes. “Há buracos que estão ali há anos e nunca ninguém fez nada”, desabafa uma moradora da zona central. “Já vi pessoas tropeçarem, caírem, e até ambulâncias a serem chamadas por causa de quedas”. A situação é particularmente preocupante em zonas de maior circulação, como junto à marginal, às praias e nos acessos a serviços públicos. A falta de manutenção adequada agrava-se ainda mais durante o verão, altura em que a população aumenta significativamente devido ao turismo. “É inadmissível que uma vila que vive do turismo ofereça estas condições aos visitantes. Estamos completamente abandonados”, afirma um comerciante local. Apesar dos apelos constantes da população, não se verificam intervenções visíveis por parte da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal para reparar os pavimentos danificados. Muitos temem que apenas um acidente mais grave leve, finalmente, à ação das autoridades. A população apela a uma resposta urgente e eficaz, com um plano de reabilitação das calçadas e espaços públicos que garanta a segurança de todos e preserve a imagem de Armação de Pêra como destino turístico de qualidade. “Manter as calçadas em bom estado não é só uma questão estética – é uma questão de dignidade e segurança”, reforça uma residente.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Bem-vindos a Armação de Pêra: Estacione Como um Magnata, Pague Como um Sheik

É oficial: Armação de Pêra entrou para a elite das grandes metrópoles mundiais. Não, não foi pelo número de museus, pelo sistema de transportes ou pela oferta cultural – foi pelo preço do parque de estacionamento. Sim, leram bem. A pequena vila piscatória que outrora se orgulhava do seu peixe fresco e dos veraneantes em chinelos agora tem um parque privado com preços que fariam corar de vergonha os estacionamentos do Chiado em Lisboa. Mas, sejamos justos: este parque não é um simples monte de betão. Não, senhor. Estamos a falar de um local junto à praia, onde o cheiro a maresia vem incluído no preço da tarifa. Um luxo que, pelos vistos, só deve estar ao alcance de quem estaciona um Tesla com matrícula estrangeira. Porque, claro, como se sabe, o verdadeiro charme da praia está em não ter de partilhar a areia com gente de toalha do Continente ou geleira de tampas amarelas. E aqui entra o toque de génio: a Vila Vita – esse império de requinte que controla concessões como quem coleciona selos – não quer pés descalços a incomodar a paz dos seus clientes exclusivos. A areia é para quem a pode pagar, tal como o estacionamento. O resto? Que estacione nos arrabaldes da vila e vá a pé, de chinelo e alma penada, sonhando com um lugar ao sol… e à sombra, claro, da elite. Agora, cabe perguntar: e a junta de freguesia? E a câmara municipal? Estavam todos de férias quando autorizaram esta maravilha de engenharia financeira? Ou talvez achassem que o melhor para o turismo local era afastar o povinho e apostar num nicho de mercado mais… gourmet? Porque, convenhamos, o que Armação de Pêra precisava mesmo não era de acessibilidade, de ordenamento ou de bom senso. Era de um parque onde se pagam preços de boutique para se estacionar entre um Fiat descapotável e um Range Rover com vidro fumado. Parabéns aos envolvidos. Armação de Pêra já não é um destino balnear. É um conceito. Uma experiência. Uma espécie de Saint-Tropez à portuguesa… mas com percebes a 50€/kg e estacionamento a preço de renda em Lisboa.

Limpeza dos Esgotos em Armação de Pêra: “Trabalho que Devia Ser Feito na Época Baixa”

Os moradores e visitantes de Armação de Pêra têm manifestado o seu desagrado com os trabalhos de limpeza da rede de esgotos que estão atualmente a decorrer nas principais artérias da vila. O cheiro intenso a esgoto que se faz sentir em algumas zonas tem levantado preocupações, especialmente em plena época alta, quando a localidade recebe milhares de turistas. Segundo relatos de comerciantes e residentes, o mau odor tem sido persistente, afetando o bem-estar de quem vive e trabalha na zona, bem como a experiência dos visitantes que escolhem Armação de Pêra como destino de férias. “É incompreensível que este tipo de intervenção não tenha sido planeado para os meses de inverno, quando há muito menos movimento”, refere um comerciante local. “Agora, em plena época turística, dá uma péssima imagem e afasta clientes”. Os trabalhos, que visam garantir o bom funcionamento do sistema de saneamento e prevenir problemas mais graves no futuro, são considerados necessários, mas a sua calendarização tem sido alvo de críticas. A Junta de Freguesia e a Câmara Municipal ainda não se pronunciaram publicamente sobre os motivos da escolha desta altura do ano para realizar a intervenção. No entanto, várias vozes da comunidade apelam a uma melhor coordenação e planeamento futuro, de modo a minimizar os impactos negativos na economia local e na qualidade de vida da população. Este episódio serve como lembrete da importância da gestão estratégica de obras públicas em zonas turísticas, onde o timing é essencial para garantir que as melhorias não se traduzam em prejuízos a curto prazo.

As papeleiras são inteligentes. Mas quem manda nelas… nem por isso.

Em Armação de Pêra, há papeleiras com sensores, compactadoras e tudo. Supostamente “inteligentes”. Mas basta dar uma volta pela marginal ou perto da praia para ver o oposto: lixo a sair por todos os lados, sacos no chão, cheiro desagradável. E ainda há quem diga: “A culpa é das pessoas que não usam as papeleiras como deve ser.” Mas espera lá… Se as papeleiras são inteligentes e avisam quando estão cheias, por que é que continuam a deitar lixo por fora? O problema não é a tecnologia. É quem devia estar a cuidar disto e não está. Investem em papeleiras high-tech, mas depois ninguém aparece para as esvaziar. Resultado? A tecnologia avisa, mas ninguém responde. E quem paga é a imagem da vila e quem cá vive ou visita. Armação de Pêra merece mais do que promessas bonitas. Merece uma gestão que funcione — não só para as selfies, mas para a realidade do dia a dia. Se queremos uma vila limpa, moderna e bem cuidada, temos de exigir mais de quem manda. Porque as papeleiras até podem ser inteligentes… mas isso de nada serve se quem devia fazer o trabalho estiver a dormir.

terça-feira, 1 de julho de 2025

Em Armação de Pera ...O Lixo Está no Lixo… Mas os Contentores Estão um Lixo!

Quem anda por Armação de Pêra já deve ter reparado: muitos dos contentores de lixo estão num estado vergonhoso. Tampas partidas, puxadores que já eram, lixo à vista e até moscas a fazerem a festa. Dá mesmo vontade de evitar usar, não é? A verdade é que, quando os próprios contentores estão sujos e danificados, é mais difícil manter a vila limpa. E a culpa não é das pessoas que tentam reciclar e colocar o lixo no sítio certo — é de quem devia cuidar desses equipamentos e simplesmente não o faz. Será que custa assim tanto arranjar as tampas, lavar os contentores e fazer uma manutenção decente? Parece que quem devia tratar disso está a dormir, ou então acha que ninguém repara. Mas nós reparamos. E importa falar sobre isto. Manter os contentores em bom estado é básico. É uma questão de respeito pela vila, pelas pessoas que aqui vivem e também por quem nos visita. Armação de Pêra é linda — mas com os contentores neste estado, perde pontos. Está na hora de exigir mais. De partilhar fotos, de falar do assunto, de pressionar quem manda. Porque cuidar da nossa terra também é responsabilidade nossa.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

PARTICIPE HOJE NA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE ARMAÇÃO DE PÊRA – POR RUAS MAIS LIMPAS E SEGURAS!

📣 Moradores de Armação de Pêra! Hoje é dia de fazermos ouvir a nossa voz! 💬 A Assembleia de Freguesia realiza-se hoje, 30 de junho, às 21h30, na sala polivalente do edifício da Junta de Freguesia. Queremos ruas limpas, seguras e bem cuidadas para todos nós – e isso só será possível com a participação da comunidade. 👥 A presença de cada um é essencial para exigir melhores condições na nossa freguesia. 📍 Junta-te a nós e mostra que te importas com Armação de Pêra! 🗓 Hoje, 30 de junho 🕤 21h30 📌 Sala Polivalente da Junta de Freguesia PARTICIPA! Juntos fazemos a diferença. 💪

Câmara de Silves Inova: Turismo e Saneamento, Agora com Aroma Local!

Armação de Pêra, verão de 2025 — Num movimento audaz que mistura logística criativa com uma pitada de desafio ao bom senso, a Câmara Municipal de Silves decidiu surpreender locais e turistas com uma programação exclusiva para a época alta: a limpeza da rede pública de saneamento. Porque, afinal, o Algarve não é só sol, mar e sardinha — é também esgoto, tubagem e cheiro a progresso! Entre 30 de junho e 16 de julho, alguns arruamentos da pitoresca freguesia de Armação de Pêra vão ser palco de um espetáculo único: caros de limpeza de esgoto dançando entre esplanadas, tampas de saneamento abrindo como se fossem portas para o além, e um leve perfume no ar que, quem sabe, poderá ser lançado como aroma exclusivo nos souvenirs da região — Eau de Esgoto – edição limitada. Segundo a autarquia, esta intervenção visa "garantir a qualidade, a continuidade e a eficiência dos serviços públicos". Um objetivo nobre, ainda que timidamente incompatível com a chegada em massa de turistas armados de toalhas de praia e intolerância a odores estranhos. Fontes não confirmadas indicam que, na próxima fase, poderá ser criada uma rota turística temática: “O Circuito do Saneamento”, com paragens nos pontos de maior constrangimento e explicações ao vivo sobre o ciclo da água... e dos aromas. A Câmara agradece a compreensão dos munícipes, dos visitantes e dos narizes mais sensíveis, prometendo que os trabalhos serão "célere e eficientes". Já os comerciantes locais aguardam com expectativa o impacto económico da nova modalidade de “turismo olfativo”. No fundo, o que seria do verão sem uma pitada de imprevisibilidade municipal? Silves mostra, uma vez mais, que sabe surpreender — mesmo quando se trata de limpar aquilo que todos preferiam manter bem escondido.

domingo, 29 de junho de 2025

“Papeleiras a Transbordar: É Assim que Servimos Armação de Pêra?”

Armação de Pêra, uma das vilas turísticas mais encantadoras do Algarve, recebe todos os verões milhares de visitantes atraídos pelas suas praias douradas, gastronomia e ambiente acolhedor. No entanto, basta um passeio pelo centro ou pela marginal para perceber uma triste contradição: papeleiras a transbordar, lixo espalhado pelo chão e um cheiro que compromete a experiência de quem cá vive e de quem nos visita. A pergunta impõe-se: é esta a imagem que queremos dar ao mundo? Não se trata apenas de estética — embora a imagem de sacos plásticos e copos de gelado amontoados cause repulsa. Trata-se de saúde pública, de sustentabilidade ambiental e de respeito por uma vila que sobrevive do turismo. Numa época em que se fala tanto de valorização dos territórios e de experiências turísticas autênticas, como pode Armação de Pêra falhar no básico? A recolha do lixo em época alta tem de ser mais frequente. As papeleiras, que são claramente insuficientes para o volume de pessoas, devem ser aumentadas. É uma questão de planeamento e vontade política. As fotografias que circulam nas redes sociais, mostrando a degradação dos espaços públicos, não são apenas embaraçosas — são um aviso. Se não cuidarmos da nossa casa, os turistas vão procurar outras mais limpas e organizadas. E nós, residentes, vamos continuar a pagar o preço do abandono e da má gestão. Armação de Pêra merece melhor. Servi-la bem não passa apenas por cartazes de boas-vindas ou eventos culturais de verão. Passa por garantir que, todos os dias, os espaços públicos estão limpos, seguros e dignos de quem cá vive e de quem cá vem. É tempo de agir. Porque esta não é — nem pode continuar a ser — a forma única de servir Armação de Pêra.

sábado, 28 de junho de 2025

“UB6: O Novo Spa Termal de Armação de Pêra – Agora com Essência de Esgoto”

Banhos de mar, sol e... efluentes! Em plena praia de bandeira azul, a moda agora é o esgoto terapêutico. Armação de Pêra voltou a surpreender os seus veraneantes. Conhecida pelas suas praias douradas, peixe fresco e filas intermináveis em agosto, a vila piscatória estreia agora a mais recente atração turística: o UB6 Conventinho – Centro de Esgototerapia Costeira, uma espécie de spa natural onde o luxo se encontra com a descarga doméstica. Foi durante uma limpeza de terraços (ou será que foi um ritual secreto de invocação das águas negras?) que os nossos atentos repórteres, já com o nariz desconfiado, testemunharam a transformação mágica de um tubo aparentemente inofensivo numa fonte jorrante de civilização canalizada. E como se não bastasse, após a nossa denúncia, multiplicaram-se os vídeos, os relatos e os odores. Afinal, UB6 não está só. Há todo um circuito turístico de esgotos que brotam com orgulho para o mar. As autoridades, numa demonstração de rara coerência, permanecem absolutamente consistentes na sua postura: cegas, surdas e ausentes. Segundo fontes não identificadas (porque estavam ocupadas a limpar os óculos de sol), “não há perigo para a saúde pública, apenas um ligeiro aroma a urbanismo mal tratado”. A bandeira azul, essa, continua a ondular estoicamente — provavelmente não tem olfato. Especialistas em sarcasmo ambiental confirmam: “É uma inovação ecológica. Uma praia com biodiversidade química.” E já se fala até em criar uma nova distinção internacional: a Bandeira Castanha, atribuída a zonas balneares com personalidade forte e aroma persistente. Apelo final: Convidamos todos os leitores a visitar a UB6. Leve a família, o cão e uma pinça para o nariz. E, se possível, envie-nos vídeos. Afinal, a sátira pode ser nossa, mas o esgoto é real.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Armação de Pera: Largo da Igreja Operação Coelho Verde

Armação de Pêra declara guerra às ervas daninhas… com um coelho. Após meses de crescimento descontrolado, o Largo da Igreja em Armação de Pêra atingiu um novo patamar de naturalismo urbano: ervas daninhas, flores do acaso e até uma silva rebelde compõem agora o que alguns já chamam de “Jardim do Abandono”. Apesar de sucessivos pedidos dos moradores à Junta de Freguesia para uma simples limpeza, a resposta tem sido... contemplativa. Em nota enviada à população, a Junta esclareceu: “Preferimos uma abordagem sustentável e filosófica à gestão do espaço público. As ervas têm direito à vida. Cortar seria uma forma de violência botânica.” Questionados sobre o prolongado estado de abandono, outro porta-voz acrescentou: “Há quem veja mato, nós vemos potencial. Está em estudo um projeto-piloto de permacultura espontânea.” Cansados de esperar por uma ação concreta (ou mesmo simbólica), os moradores decidiram avançar com uma solução de base comunitária: adquirir um coelho, por subscrição pública, para pastoreio não-autorizado. O animal, que será batizado de Sr. Relvinhas, terá como missão roer democraticamente todas as ervas que a Junta insiste em proteger. A Junta, confrontada com a ideia, reagiu com elegância: “Desde que o coelho pague a taxa de ocupação da via pública e não exija recibos verdes, não nos opomos.” A comunidade está unida. Já se fala na criação de uma Associação de Amigos do Relvinhas e de um evento anual — o Festival da Monda Lenta. O Largo, por sua vez, continua firme no seu papel: crescer para cima, para os lados, e para dentro dos sapatos de quem lá passa.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Chega de promessas: Armação de Pêra precisa de segurança agora

O recente Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) revelou um dado preocupante: a criminalidade violenta e grave no Algarve aumentou 9,9% em 2024. Isto contrasta com uma ligeira descida na criminalidade geral e expõe uma realidade cada vez mais sentida em Armação de Pêra — a insegurança está a crescer, e a resposta tem sido, no mínimo, insuficiente. Apesar de uma redução global de 1,8% nos crimes registados na região, com menos 478 participações que no ano anterior, o distrito de Faro continua a ocupar o quarto lugar no ranking nacional da criminalidade, com 26.666 ocorrências. Armação de Pêra, pequena vila à beira-mar, não tem escapado a esta realidade. Casos de furtos são cada vez mais frequentes, desde bilhas de gás levadas de estabelecimentos comerciais, como a drogaria Garrocho, até viaturas vandalizadas junto ao mercado local. É legítima a pergunta: onde está o reforço prometido das forças de segurança? A presença da GNR continua limitada, e a sensação de impunidade entre os criminosos parece crescer a cada nova ocorrência. Os residentes e comerciantes estão cansados de palavras vazias. Precisamos de medidas concretas e imediatas. A segurança não é um luxo; é um direito. Armação de Pêra, sendo também um destino turístico importante, não pode continuar vulnerável à criminalidade, ainda mais em época alta. A proteção de quem aqui vive e de quem nos visita deve ser prioridade absoluta para as autoridades locais e nacionais. É tempo de agir. A comunidade clama por patrulhamento mais eficaz, mais visibilidade das forças policiais e, acima de tudo, resultados. Promessas não resolvem furtos. Segurança sim.

O Deserto Médico no Algarve: Entre Despachos e a Realidade

A recente publicação dos despachos e avisos — nomeadamente o Despacho n.º 4741-A/2025, o Despacho 5868-A/2025 e os Avisos n.º 13280-A/2025 e 13280-B/2025 — que anunciam a abertura de procedimentos concursais para 642 vagas na carreira médica, surge como uma tentativa do Governo de reforçar os cuidados de saúde primários em Portugal. Contudo, a realidade mostra-nos que, no caso do Algarve, essa intenção falha de forma preocupante: das 34 vagas disponibilizadas na região, apenas 13 foram preenchidas. Vinte e uma continuam por ocupar. Um número gritante, especialmente quando se sabe que cerca de 100 mil algarvios continuam sem médico de família. Esta discrepância entre o que é anunciado e o que efetivamente se concretiza evidencia um problema estrutural: o Algarve continua a ser uma região esquecida no que toca ao investimento em saúde pública. Apesar de possuir uma das maiores Unidades Locais de Saúde (ULS) do país, é também uma das menos financiadas. Como se justifica esta desproporção? Como pode uma região com forte afluência turística e um número significativo de residentes permanentes continuar a ser tratada como periférica pelas políticas centrais? O problema não está apenas na falta de médicos, mas na falta de atratividade das condições oferecidas. Não basta abrir concursos — é preciso garantir que os profissionais de saúde queiram vir e, mais ainda, permanecer. Isso passa por oferecer condições salariais e de progressão de carreira competitivas, habitação acessível, apoio à família e estabilidade contratual. Nada disto pode ser feito com medidas pontuais ou paliativas. O desinteresse em ocupar as vagas no Algarve deve servir de alerta. A saúde pública não se pode sustentar em números anunciados em Diário da República que depois não encontram correspondência na realidade. É preciso um plano estratégico sério e contínuo de valorização dos profissionais e de reequilíbrio territorial dos recursos humanos em saúde. O contrário disso é condenar milhares de cidadãos a uma contínua exclusão do direito básico à saúde. Chega de medidas avulsas. O Algarve merece mais — e melhor.

Câmara de Silves: “Façam o que eu digo, não o que eu faço?”

Entre 15 de junho e 15 de setembro, a Câmara de Silves decidiu suspender o licenciamento de novas ocupações do espaço público em Armação de Pêra. A ideia, segundo a autarquia, é garantir a livre circulação durante os meses de verão — proteger peões, melhorar acessibilidades e evitar riscos para quem tem mobilidade reduzida, como idosos, crianças ou pessoas com deficiência. Tudo muito bonito… no papel. Mas eis o que está a acontecer na prática: a própria Câmara está a promover obras no antigo espaço do minigolfe. Um local por onde passam milhares de pessoas todos os dias nesta altura do ano — turistas, moradores, famílias. Resultado? Poeira, barulho, e… adivinhem? Circulação dificultada. Ou seja, enquanto a população e os comerciantes são impedidos de montar estruturas no espaço público, a própria autarquia avança com obras num dos sítios mais movimentados da vila. Será que faz sentido? A medida até pode ter boas intenções, mas acaba por soar a dois pesos e duas medidas. Quem vive ou trabalha em Armação de Pêra já começou a comentar: “Façam o que eu digo, não o que eu faço” parece ser o lema deste verão. Fica a pergunta no ar: se é para garantir segurança e acessibilidade, não devia começar pelo exemplo?

quarta-feira, 25 de junho de 2025

O Armacenense Ussumani Djumo sagra-se Campeão Absoluto do Norte nos 110 metros barreiras

O atleta Ussumani Djumo brilhou este fim de semana no Estádio Dr. José Vieira de Carvalho, na Maia, ao conquistar a medalha de ouro na prova dos 110 metros barreiras, com a impressionante marca de 14.38 segundos. Esta vitória consagra-o como Campeão Absoluto do Norte de Portugal e Campeão Regional de Viana do Castelo, reforçando o seu estatuto como um dos melhores barreiristas nacionais da atualidade. Natural de Armação de Pêra, Djumo representa esta época o Clube de Atletismo Olímpico Vianense (CAOV), pelo qual tem alcançado importantes resultados a nível regional e nacional. A vitória na Maia é mais uma etapa de sucesso numa carreira construída com dedicação, sacrifício e um espírito competitivo notável. Determinando-se a alcançar o mais alto nível, Ussumani teve de deixar a sua terra natal e procurar novas condições de treino noutras paragens. Essa aposta tem dado frutos, como comprova o título agora conquistado, que é o reflexo do seu talento e do trabalho árduo desenvolvido ao longo da época. A performance de Djumo não só lhe garantiu o lugar mais alto do pódio, como também confirma o seu potencial para alcançar feitos ainda maiores no panorama do atletismo português. Com os olhos postos no futuro, o atleta do CAOV promete continuar a trabalhar para baixar ainda mais a sua marca e, quem sabe, alcançar patamares internacionais. Para já, Ussumani Djumo é, com todo o mérito, o rei dos 110 metros barreiras do Norte de Portugal.

terça-feira, 24 de junho de 2025

"Armação de Pêra: 24 Anos de Promessas, Lixo e Abandono?"

O Partido Social Democrata (PSD) governa a freguesia de Armação de Pêra há mais de três décadas, sendo os últimos 24 anos de forma ininterrupta. Este longo domínio político levanta uma questão legítima: o que ganhou realmente Armação de Pêra com esta governação contínua? Apesar do tempo no poder, muitos armacenenses sentem que a vila estagnou. Problemas antigos permanecem por resolver, e os sinais de descontentamento tornaram-se visíveis nas últimas eleições autárquicas, com o PSD a registar uma queda nas votações — um claro aviso de que a paciência da população está a esgotar-se. Entre os principais motivos de insatisfação, destaca-se a gestão do espaço público. O lixo continua a ser um problema recorrente, com ruas frequentemente sujas e contentores mal geridos. A iluminação pública é outro tema crítico: muitas zonas permanecem mal iluminadas, comprometendo a segurança e a qualidade de vida. Quanto aos espaços verdes, já escassos por natureza, encontram-se ao abandono, sem manutenção adequada ou investimento visível. Mais do que questões estéticas ou ambientais, estes problemas refletem uma sensação generalizada de esquecimento. Há uma perceção crescente de que a freguesia tem sido negligenciada por quem a governa há décadas — um sentimento de abandono que contrasta com o potencial turístico e social de Armação de Pêra. Com novas eleições no horizonte, talvez seja tempo de refletir sobre se a continuidade é, de facto, sinónimo de progresso — ou se, pelo contrário, tem sido um entrave à renovação que tantos habitantes anseiam.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Véspera de São João em Armação de Pêra: Alegria, Tradição e Espírito Escutista

Na noite de 23 de junho, Armação de Pêra voltou a encher-se de cor, música e tradição com a celebração da véspera de São João, organizada pelo Corpo Nacional de Escutas (CNE) nº 598 de Armação de Pêra. O evento, que já começa a marcar o calendário festivo da vila, juntou escuteiros, famílias e visitantes num arraial cheio de alegria, convívio e animação. O arraial, montado na Fortaleza, trouxe à comunidade o melhor das festas populares: música tradicional e comes e bebes. Com barraquinhas de petiscos e jogos para todas as idades, o ambiente foi de pura confraternização, refletindo o espírito escutista de serviço, partilha e alegria. Um dos momentos altos da noite foi, como manda a tradição, o famoso banho de São João, com escuteiros e populares a correrem para o mar ao toque das 00h00. Entre gargalhadas e salpicos, todos celebraram a chegada do verão da forma mais genuína e revigorante: de coração aberto e pés na água. O Agrupamento 598 mostrou, mais uma vez, a sua dedicação à comunidade, unindo gerações em torno de uma tradição que fortalece laços e promove valores. O sucesso do evento é reflexo do empenho dos voluntários, do apoio das famílias e da alegria contagiante dos participantes. A noite de São João em Armação de Pêra não foi apenas uma festa – foi um verdadeiro testemunho do poder da união e da alegria partilhada. Que venha o próximo ano!

domingo, 22 de junho de 2025

Esgotos Estão a Ser Lançados Diretamente na Praia de Armação de Pêra

No dia 14 de junho, partilhámos nas nossas redes sociais uma denúncia preocupante: a descarga de esgotos provenientes da limpeza de terraços de um edifício recentemente construído em Armação de Pêra diretamente na praia. A construção em causa teve projeto aprovado pela Câmara Municipal de Silves. A publicação gerou reações diversas, com alguns leitores a apontarem que, na imagem partilhada, não era visível o esgoto em escoamento. Hoje, voltamos ao tema com provas mais claras — um vídeo que mostra inequivocamente a água suja a ser lançada através de um tubo diretamente para a faixa costeira, num local frequentado por centenas de banhistas, especialmente nesta altura do ano. Este tipo de situação levanta sérias questões sobre: A qualidade da água balnear e os riscos para a saúde pública; O impacto ambiental direto sobre o ecossistema costeiro; A fiscalização e o cumprimento da legislação ambiental e urbanística, principalmente quando os projetos têm aval da autarquia. Sabemos que a limpeza de terraços pode gerar águas residuais com detergentes, óleos, tintas e outros resíduos urbanos. Mesmo que não se trate de esgotos domésticos (sanitários), a descarga direta no areal ou na linha de água é proibida por lei e representa uma violação clara das normas ambientais em vigor. Esperamos que este vídeo sirva como alerta não apenas para os responsáveis pelo edifício, mas também para as entidades competentes, nomeadamente a Câmara Municipal de Silves, a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e a Capitania do Porto de Portimão, para que atuem de forma célere e eficaz. A vigilância e a proteção do nosso litoral não podem depender apenas da denúncia de cidadãos. É preciso garantir que cada construção nova cumpra rigorosamente as normas ambientais, e que os impactos negativos sejam corrigidos com urgência.

O preço da guerra: como um conflito entre EUA e Irão pode incendiar o mundo do petróleo e da inflação

Num mundo já fragilizado por incertezas económicas, a possibilidade de um conflito aberto entre Estados Unidos e o Irão acende um alerta vermelho no mundo — não apenas no campo político, mas especialmente no económico. Se essa guerra se continuar, o impacto será sentido nos postos de gasolina, nos supermercados, nas contas de luz e, inevitavelmente, no bolso das famílias. Numa frase: guerra com o Irão significa petróleo mais caro e inflação mais elevada. O Irão não é apenas um ator regional. Ele está estrategicamente posicionado no Golfo Pérsico, controlando o Estreito de Ormuz, uma rota vital por onde passa quase um quinto do petróleo consumido no mundo. Qualquer instabilidade naquela região afeta diretamente o fornecimento global de energia. E quando a oferta de petróleo é ameaçada, o mercado reage com alta nos preços — de forma imediata e, muitas vezes, descontrolada. A história oferece precedentes claros. Basta lembrar o que ocorreu em 1979, durante a Revolução Iraniana, ou mais recentemente, em 2022, com a guerra na Ucrânia. O resultado foi o mesmo: o barril de petróleo disparou, os combustíveis encareceram e a inflação global ganhou força. Um conflito EUA-Irão, com potencial para fechar rotas estratégicas e atacar infraestruturas de energia no Médio Oriente, pode ser ainda mais grave. Mais preocupante ainda é o efeito dominó. O petróleo mais caro pressiona os custos de transporte, produção e distribuição. Isso significa que os preços dos alimentos, das mercadorias e dos serviços sobem, afetando principalmente os mais pobres. Como se não bastasse, os bancos centrais, ao tentarem conter a inflação, tendem a elevar os juros — o que pode travar o crescimento económico e empurrar países para a recessão. Não se trata, portanto, de uma guerra localizada. Os seus efeitos são globais e profundamente regressivos. É legítimo discutir geopolítica, segurança e soberania, mas é irresponsável ignorar o impacto humano e econômico de um conflito dessa magnitude. A retórica belicista pode parecer firme, mas seu custo é alto demais. Em tempos de tanta instabilidade, o mundo precisa de diplomacia, não de pólvora. A paz, nesse caso, não é apenas um ideal — é uma necessidade urgente para manter a estabilidade económica e social no mundo.

sábado, 21 de junho de 2025

Raízes expostas e insegurança na Av. Beira Mar: é urgente uma solução definitiva

Na Av. Beira Mar, em frente ao Casino, uma árvore de grande porte está a causar problemas há meses. As suas raízes, em busca natural de água e nutrientes, levantaram o pavimento, danificando a calçada numa área considerável. Esta situação tem origem nas características do solo – compacto e com pouca drenagem – que força o crescimento superficial das raízes. A Câmara Municipal de Silves, embora ciente do problema, optou por uma solução provisória: retirou parte da calçada ao redor da árvore e delimitou o espaço com uma simples fita plástica presa em varetas de ferro. Esta medida, longe de resolver a situação, agrava-a, pois representa um obstáculo perigoso para peões, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida, idosos e crianças. A falta de uma intervenção adequada levanta questões sobre a segurança pública e o planeamento urbano sustentável. Árvores em meio urbano são essenciais – proporcionam sombra, melhoram a qualidade do ar e embelezam o espaço público – mas é fundamental que a sua presença seja compatibilizada com a segurança e o conforto dos cidadãos. É necessário agir com responsabilidade e celeridade. Há soluções técnicas viáveis, como a reestruturação da calçada com materiais permeáveis, instalação de grelhas de proteção para raízes ou a criação de uma área verde ao redor da árvore. Espera-se que a autarquia tome medidas mais eficazes e seguras, valorizando tanto o património natural como o bem-estar dos munícipes.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Armação de Pêra: De Freguesia a Vila – Uma Conquista Histórica

A freguesia de Armação de Pêra, situada no concelho de Silves, no Algarve, é hoje conhecida pelo seu dinamismo turístico, pelas suas praias e tradições piscatórias. Contudo, um dos marcos mais importantes da sua história administrativa ocorreu em 1991, com a sua elevação à categoria de vila. A proposta para essa mudança de estatuto foi formalmente apresentada na Assembleia da República no dia 18 de janeiro de 1991, através do Projeto de Lei n.º 665/V/4. A iniciativa partiu dos deputados do Partido Socialista António Esteves, Luís Filipe Madeira e José Apolinário, que reconheceram a importância social, económica e cultural da freguesia e defenderam a sua valorização no contexto administrativo nacional. O projeto viria a concretizar-se com a aprovação da Lei n.º 94/91, de 16 de agosto, que consagrou oficialmente a elevação de Armação de Pêra à categoria de vila. Esta mudança foi mais do que simbólica: representou o reconhecimento do crescimento da localidade, do seu papel regional e das aspirações da sua população. A elevação a vila veio reforçar a identidade local e potenciar o desenvolvimento de infraestruturas e serviços públicos, consolidando Armação de Pêra como um polo relevante no concelho de Silves e na região algarvia. Mais de três décadas depois, a vila continua a afirmar-se como um destino de eleição no sul de Portugal, orgulhosa da sua história e do caminho que percorreu desde o tempo em que era apenas uma pequena comunidade de pescadores.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Alojamentos Locais em Silves: Seguro Obrigatório é Responsabilidade de Todos

No concelho de Silves, estão registados atualmente 2.491 alojamentos locais (AL), um número significativo que reflete o crescimento do turismo e a crescente procura por este tipo de alojamento alternativo. Contudo, este crescimento acentuado traz também uma responsabilidade acrescida – a segurança de quem usufrui destes espaços. Desde 2023, a lei portuguesa exige que todos os AL tenham um seguro multirriscos, cobrindo riscos de responsabilidade civil, nomeadamente em caso de incêndio, danos a terceiros ou outros imprevistos que possam afetar hóspedes, vizinhos ou o próprio imóvel. Trata-se de uma exigência básica e justa, que protege tanto os proprietários como os utilizadores e a comunidade envolvente. Apesar disso, em Silves, muitos dos proprietários ainda não entregaram comprovativos do seguro obrigatório às entidades competentes. Esta omissão coloca em causa não só a conformidade legal, mas também a credibilidade e sustentabilidade do setor turístico local. Cabe à Câmara Municipal de Silves, como autoridade de proximidade e promotora da organização urbana e turística, zelar pelo cumprimento da lei. É legítimo que os proprietários esperem uma comunicação clara e transparente sobre as consequências da não regularização. O que fará a Câmara aos infratores? Quando será comunicada uma decisão formal? É imperativo que o município atue com firmeza, mas também com pedagogia. Uma fase de aviso formal, com prazo para regularização, seguida da aplicação de coimas aos incumpridores persistentes, seria um passo equilibrado. Além disso, deve ser criado um canal de apoio aos proprietários para esclarecer dúvidas sobre as coberturas exigidas e os procedimentos de entrega do seguro. A confiança no setor do alojamento local constrói-se com regras claras, fiscalização eficaz e, acima de tudo, com o compromisso dos proprietários. Quem explora um AL deve fazê-lo com responsabilidade, protegendo o seu negócio, os seus clientes e a sua comunidade. Silves tem potencial para continuar a crescer como destino de excelência, mas esse crescimento deve assentar em bases sólidas. E um seguro em dia é o mínimo que se pode exigir.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

A entrada dos EUA no conflito do Médio Oriente: uma escolha moral ou interesse estratégico?

Oenvolvimento americano, seja ele militar direto, através de apoio a grupos armados ou com sanções econômicas, deve ser analisado com cuidado. Ainda que haja violações graves de direitos humanos por parte de atores locais, a militarização da resposta raramente leva à resolução dos conflitos. O que vemos, na maioria das vezes, é a perpetuação da violência e o agravamento da crise humanitária. O mundo precisa de mediação, diplomacia e soluções sustentáveis — e não de mais aviões de reabastecimento estacionados na base das Lages. Se os EUA realmente desejam ser protagonistas da paz, talvez seja hora de trocar as armas pelo diálogo.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Câmara de Silves fechada: tolerância de ponto em tempo de eleições levanta questões

A Câmara Municipal de Silves decidiu encerrar os seus serviços no dia 20 de junho, concedendo tolerância de ponto aos seus trabalhadores. À primeira vista, poderá parecer um gesto de valorização e bem-estar laboral. Mas a decisão levanta dúvidas legítimas — não tanto pela legalidade do ato, mas pela sua oportunidade e sentido político. Estamos a poucos dias de eleições legislativas. Num período em que a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas exige reforço e seriedade, decisões como esta podem ser vistas como desajustadas — ou, pelo menos, desnecessariamente polémicas. Quando a Administração Pública suspende serviços essenciais, deve fazê-lo com fundamento claro e com atenção às implicações práticas para os munícipes. Neste caso, não se tratou de uma festa, nem de um feriado nacional. Foi uma escolha deliberada da vereação. E, como tal, está sujeita a escrutínio. Quantos utentes planeavam deslocar-se aos serviços nesse dia? Quantos assuntos urgentes ficarão pendentes? E que mensagem se passa à população, num momento em que a mobilização cívica é fundamental? Não se pretende, com isto, desvalorizar os direitos dos trabalhadores da autarquia. Pelo contrário: o equilíbrio entre bem-estar laboral e compromisso com o serviço público é fundamental. Mas quando esse equilíbrio é rompido por uma decisão que afasta a Câmara do cidadão — ainda que por um só dia — é natural e legítimo que se levantem críticas. Em tempo pré-eleitoral, o gesto pode até parecer pequeno, mas simbolicamente tem peso. Fechar portas ao público nunca é um ato neutro. E os silvenses merecem que as suas instituições estejam, sobretudo nestes momentos, de portas abertas, firmes no seu papel de serviço e proximidade.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Sem emigrantes, o Algarve estagna – e Armação de Pêra definha

A imagem idílica do Algarve como terra de sol, praias e tranquilidade esconde uma realidade cada vez mais evidente: a economia da região, especialmente em freguesias como Armação de Pêra, depende fortemente da imigração. Ignorar este facto é fechar os olhos a uma verdade desconfortável, mas incontornável. Segundo o Censo de 2011, cerca de 22,5% da população residente no Algarve era estrangeira, uma das proporções mais altas do país. E esse número não parou de crescer. No concelho de Silves, onde se insere Armação de Pêra, os estrangeiros representavam cerca de 17,9% da população em 2022, com presenças que vão desde reformados europeus a trabalhadores agrícolas sazonais. No caso particular de Armação de Pêra, os trabalhadores migrantes sazonais são o motor invisível da economia local. Na hotelaria, na restauração, na agricultura intensiva em estufas e até na construção civil, os rostos por trás dos serviços são muitas vezes de origem sul-asiática, brasileira ou africana. Sem eles, a vila simplesmente não teria braços suficientes para responder à procura dos meses de verão – altura em que a população quintuplica. Além disso, a presença estrangeira atenua o envelhecimento da população, um dos maiores desafios do interior algarvio. Os imigrantes em idade ativa mantêm escolas a funcionar, serviços públicos justificados e pequenos negócios viáveis. Sem eles, Armação de Pêra teria hoje menos 1 em cada 5 residentes. Estaríamos a assistir ao esvaziamento social de uma comunidade inteira. Mais ainda, muitos destes migrantes não vêm apenas “para trabalhar e partir”. Alguns constroem aqui vida, criam famílias, compram casa ou alugam a longo prazo, contribuindo para a economia local durante todo o ano. Nómadas digitais e reformados estrangeiros também representam uma fatia importante da população flutuante, especialmente fora da época alta, trazendo consumo e investimento. É ilusório pensar que, sem imigração, os postos de trabalho seriam automaticamente ocupados por portugueses. A realidade é que muitos desses empregos são rejeitados pela população local, quer por questões salariais, quer pelas condições exigidas. O resultado seria inevitável: cafés fechados, hotéis com falta de pessoal, restaurantes com menor capacidade de resposta e campos agrícolas abandonados. Em vez de discutir se o Algarve “pode” sobreviver sem emigrantes, a pergunta deveria ser: como podemos integrar melhor os que já cá estão e garantir condições dignas para que continuem a contribuir para o futuro da região? Armação de Pêra é hoje uma freguesia viva graças à sua diversidade. Sem os migrantes, seria apenas mais um postal bonito, mas sem gente.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

Visite as Grutas

Visite as Grutas
Património Natural

Algarve