O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Praia de Armação de Pêra: quando a receita existe, mas a limpeza falha

Muito se tem discutido sobre o impacto das concessões balneares na Praia de Armação de Pêra. O artigo publicado pelo Terra Ruiva, intitulado “Na Praia de Armação de Pêra – Sobe o mar, falta areal e sobram concessões privadas e públicas”, trouxe à luz um dado relevante: a Junta de Freguesia lucrou, só em 2024, mais de 250 mil euros com a exploração das suas três concessões de praia. Um valor que representa quase um terço do seu orçamento anual. Não é, de todo, condenável que a Junta obtenha uma receita significativa a partir da exploração das suas concessões. Pelo contrário: uma gestão eficaz dos recursos públicos deve procurar receitas alternativas que aliviem o peso sobre os contribuintes. O problema, no entanto, não está na origem da verba, mas sim no destino (ou falta dele). Visitando a praia e áreas circundantes, é difícil não reparar na quantidade de resíduos acumulados: beatas, garrafas de vidro e plásticos diversos espalhados tanto na areia como nos acessos à praia. O cenário é preocupante e atenta contra a segurança, a higiene e a imagem turística da vila. Se a Junta consegue encaixar mais de 250 mil euros anuais com a exploração de toldos e estruturas balneares, por que motivo essa verba não está a ser canalizada para reforçar os serviços de limpeza urbana, reparar equipamentos avariados e garantir um espaço digno e seguro para os veraneantes? Sabe-se que há equipamentos de limpeza urbana avariados há anos, o que reduz drasticamente a eficácia do trabalho dos cantoneiros. Ao mesmo tempo, o lixo acumula-se nas ruas e nos acessos à praia, prejudicando não apenas a qualidade de vida dos residentes, mas também a reputação de Armação de Pêra enquanto destino turístico. Esta situação denuncia uma falta de visão estratégica e uma má gestão dos recursos disponíveis. Quando o orçamento existe, mas as prioridades estão desalinhadas com as necessidades da população e do espaço público, não estamos perante falta de meios, mas sim perante falta de vontade política. Se Armação de Pêra quer continuar a atrair visitantes e garantir qualidade de vida à sua população, é urgente que as receitas obtidas com as concessões balneares sejam reinvestidas na manutenção, limpeza e valorização do espaço público. Só assim se poderá justificar a exploração pública de concessões que, em teoria, deveriam beneficiar toda a comunidade.

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