O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

"Cabaz Dourado": O novo luxo da dieta mediterrânica

O cabaz alimentar analisado pela DECO Proteste e pela SIC Notícias registou um novo recorde de preço, batendo os tambores da inflação com uma subida de quase 6 euros só neste mês. Comparado com janeiro, já lá vão 7 euros a mais — o equivalente a um frango com pernas de caviar ou duas batatas com certificado de autenticidade do Douro. O tomate e a batata, outrora humildes figurantes no prato português, subiram 25% desde 2022 e já se consideram produtos gourmet. Rumores indicam que o próximo Masterchef terá um episódio especial: “Como cozinhar uma batata sem hipoteca bancária.” Mas enquanto os especialistas debatem números e gráficos em estúdios com ar condicionado, nas ruas de Armação de Pera, a matemática é feita com sacos de compras e suspiros fundos. — Oh MiMi! Então não vais para casa? Já vais a caminho da praia com isso tudo? — perguntou a D. Teresa, ajeitando a alface murcha no saco de pano, ainda incrédula com o preço dos legumes. — Praia? Nem pensar, mulher! Vou ali à Ourivesaria Carvalheiro, ver se me aplicam este salmonete no fio que o meu neto me deu. — respondeu MiMi, erguendo com orgulho um peixe prateado como quem mostra uma joia rara. — Com os preços que estão no mercado, isto agora já vale mais do que ouro. — Ah! Então agora é isso... vai-se ao mercado comprar peixe e sai-se de lá com uma fortuna em proteínas! — riu-se a Teresa. — Parece que ir à ourivesaria sai mais barato do que vir ao mercado! — E sem fila! — acrescentou a MiMi, já a subir a rua. — Ali ao menos não tenho de discutir com a peixeira se é 18 euros o quilo ou 18 euros o exemplar. A indignação local cresce a par dos preços. Há quem diga que, se a tendência continuar, o próximo cabaz alimentar virá com código de barras em ouro e segurança privada. Em Armação de Pera, onde o calor aperta e o bolso esvazia, a sensação geral é clara: a inflação está mais salgada que a água do mar. "Já não se faz gaspacho, faz-se joalharia líquida!" — brinca um comerciante que prefere manter o anonimato, mas que admite ter guardado dois tomates no cofre da loja. A DECO ainda não comentou as aspirações artísticas do salmonete, mas fontes próximas da Ourivesaria Carvalheiro confirmam que já há encomendas para pendentes de lula e brincos de sardinha. Até lá, resta-nos escolher: jantar uma posta de pescada ou investir numa pequena barra de ouro em forma de courgette.

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