O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
terça-feira, 26 de abril de 2016
segunda-feira, 25 de abril de 2016
domingo, 24 de abril de 2016
sobre a incrivel relação dos portugueses com o mar (excerto de artigo de MST no Expresso
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3 Como no ano passado, a Câmara Municipal de Lisboa lançou um concurso de ideias aberto a todos os munícipes, em que o único limite é que os projectos propostos não ultrapassem o valor de 50.000,00 euros.
Eu tenho uma ideia, mas infelizmente custa bem mais que isso. Todavia, acho que valia a pena pensar nela e, já aqui a tendo aflorado, vou agora concretizá-la mais.
A minha ideia é pegar no lindíssimo, histórico e abandonado edifício da Cordoaria Nacional, em Belém, e ali montar um Museu do Mar e das Descobertas – uma grave lacuna da cidade e do pais.
Um museu que através do recurso à pintura, aos objectos, mapas, vídeos, literatura (excertos da “Carta de Pero Vaz de Caminha”, da “História Trágico Maritima”, poesia, etc.), da reprodução de navios celebres em escala pequena, como existe no Museu da Marinha em Veneza (e temos ainda artífices para isso), de batalhas navais em que participámos ou que testemunhámos ( Trafalgar foi ao lado do Algarve), nos desse, para nós e para todos os que nos visitam, uma visão histórica e compreensiva do que foi a longa e incrível relação dos portugueses com o mar. Não apenas as Descobertas, mas também, a extraordinária epopeia da pesca à baleia (que nunca teria sido levada a cabo sem as tripulações portuguesas, dos Açores e Cabo Verde, como atesta uma visita ao Museu da baleia, em New Bedford), ou a igualmente incrível epopeia da pesca ao bacalhau, à vela. Que contivesse uma descrição, através de desenhos, mapas, fotografias, dos fortes que os portugueses edificaram nas duas costas de África, do Malabar, no Golfo Pérsico e no Brasil e da sua importância para a história; das culturas que, por via marítima, introduzimos no Brasil, do intenso tráfico comercial que promovemos durante séculos entre a Índia, o Brasil, África e Lisboa e, sim, também da escravatura que praticámos intensamente até ao século XX. Trataríamos da História, mas também da oceanografia, de que D. Carlos foi pioneiro e deixou vasto testemunho, das artes de pesca, das espécies do nosso mar, da importância dos recursos da nossa ZEE e a pensar nas escolas, também coisas como princípios rudimentares de navegação em alto-mar, importância dos faróis e seu funcionamento, vida a bordo, técnicas de resgate e salvamento, etc. Acho que devemos isto a nós mesmos e Lisboa deve isso a si própria.
Miguel Sousa Tavares, in : “Expresso” de 23 de Abril de 2016
3 Como no ano passado, a Câmara Municipal de Lisboa lançou um concurso de ideias aberto a todos os munícipes, em que o único limite é que os projectos propostos não ultrapassem o valor de 50.000,00 euros.
Eu tenho uma ideia, mas infelizmente custa bem mais que isso. Todavia, acho que valia a pena pensar nela e, já aqui a tendo aflorado, vou agora concretizá-la mais.
A minha ideia é pegar no lindíssimo, histórico e abandonado edifício da Cordoaria Nacional, em Belém, e ali montar um Museu do Mar e das Descobertas – uma grave lacuna da cidade e do pais.
Um museu que através do recurso à pintura, aos objectos, mapas, vídeos, literatura (excertos da “Carta de Pero Vaz de Caminha”, da “História Trágico Maritima”, poesia, etc.), da reprodução de navios celebres em escala pequena, como existe no Museu da Marinha em Veneza (e temos ainda artífices para isso), de batalhas navais em que participámos ou que testemunhámos ( Trafalgar foi ao lado do Algarve), nos desse, para nós e para todos os que nos visitam, uma visão histórica e compreensiva do que foi a longa e incrível relação dos portugueses com o mar. Não apenas as Descobertas, mas também, a extraordinária epopeia da pesca à baleia (que nunca teria sido levada a cabo sem as tripulações portuguesas, dos Açores e Cabo Verde, como atesta uma visita ao Museu da baleia, em New Bedford), ou a igualmente incrível epopeia da pesca ao bacalhau, à vela. Que contivesse uma descrição, através de desenhos, mapas, fotografias, dos fortes que os portugueses edificaram nas duas costas de África, do Malabar, no Golfo Pérsico e no Brasil e da sua importância para a história; das culturas que, por via marítima, introduzimos no Brasil, do intenso tráfico comercial que promovemos durante séculos entre a Índia, o Brasil, África e Lisboa e, sim, também da escravatura que praticámos intensamente até ao século XX. Trataríamos da História, mas também da oceanografia, de que D. Carlos foi pioneiro e deixou vasto testemunho, das artes de pesca, das espécies do nosso mar, da importância dos recursos da nossa ZEE e a pensar nas escolas, também coisas como princípios rudimentares de navegação em alto-mar, importância dos faróis e seu funcionamento, vida a bordo, técnicas de resgate e salvamento, etc. Acho que devemos isto a nós mesmos e Lisboa deve isso a si própria.
Miguel Sousa Tavares, in : “Expresso” de 23 de Abril de 2016
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sábado, 23 de abril de 2016
Dia Mundial do Livro
O Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor (também chamado de Dia Mundial do Livro) é um evento comemorado todos os anos no dia 23 de Abril, e organizado pela UNESCO para promover a o prazer da leitura.
sexta-feira, 22 de abril de 2016
quinta-feira, 21 de abril de 2016
quarta-feira, 20 de abril de 2016
terça-feira, 19 de abril de 2016
segunda-feira, 18 de abril de 2016
domingo, 17 de abril de 2016
sábado, 16 de abril de 2016
sexta-feira, 15 de abril de 2016
quinta-feira, 14 de abril de 2016
quarta-feira, 13 de abril de 2016
O futuro da prostituição?
"França aprova lei que proíbe pagar por sexo
Os deputados da câmara baixa francesa aprovaram esta quarta-feira uma legislação que torna ilegal pagar por sexo e que impõe multas de até 3750 euros a quem comprar serviços sexuais. Os que forem declarados culpados desse crime terão ainda de participar em aulas para aprenderem mais sobre as condições que as prostitutas enfrentam no seu trabalho.
A lei foi aprovada na câmara baixa com 64 votos a favor, 12 contra e 11 abstenções. Sublinha o "Le Monde" que esta legislação estava a ser debatida há mais de dois anos por causa de diferenças de opinião entre a câmara baixa e a câmara alta do Parlamento francês. Durante o debate final, cerca de 60 prostitutas manifestaram-se frente ao Parlamento, em Paris, com cartazes onde se lia "Não me libertem, eu tomo conta de mim própria", noticiou a AFP.
Ao longo destes dois anos de discussão, membros do sindicato de trabalhadores do sexo, o Strass, disseram que, a ser aprovada, a legislação iria ter um impacto negativo nas condições de vida de entre 30 e 40 mil prostitutas do país. Os que apoiam a medida dizem que é o melhor instrumento para combater as redes de tráfico humano que operam dentro e fora de França.
"O aspeto mais importante desta lei é que garante acompanhamento às prostitutas, dá-lhes documentos de identificação porque sabemos que 85% das prostitutas aqui são vítimas de tráfico", disse à Associated Press Maud Olivier, deputada do Partido Socialista que patrocinou a lei sob a qual fica mais fácil para prostitutas estrangeiras obterem autorização de residência temporária em França se aceitarem procurar outros empregos.
França segue assim o exemplo da Suécia, que se tornou um dos primeiros países do mundo a criminalizar os que pagam por sexo e não as prostitutas. As autoridades suecas têm garantido que o número de mulheres nas ruas na principal área de prostituição de Estocolmo caiu desde que a legislação foi aprovada."
Fonte:Expresso 07.04.2016
Os deputados da câmara baixa francesa aprovaram esta quarta-feira uma legislação que torna ilegal pagar por sexo e que impõe multas de até 3750 euros a quem comprar serviços sexuais. Os que forem declarados culpados desse crime terão ainda de participar em aulas para aprenderem mais sobre as condições que as prostitutas enfrentam no seu trabalho.
A lei foi aprovada na câmara baixa com 64 votos a favor, 12 contra e 11 abstenções. Sublinha o "Le Monde" que esta legislação estava a ser debatida há mais de dois anos por causa de diferenças de opinião entre a câmara baixa e a câmara alta do Parlamento francês. Durante o debate final, cerca de 60 prostitutas manifestaram-se frente ao Parlamento, em Paris, com cartazes onde se lia "Não me libertem, eu tomo conta de mim própria", noticiou a AFP.
Ao longo destes dois anos de discussão, membros do sindicato de trabalhadores do sexo, o Strass, disseram que, a ser aprovada, a legislação iria ter um impacto negativo nas condições de vida de entre 30 e 40 mil prostitutas do país. Os que apoiam a medida dizem que é o melhor instrumento para combater as redes de tráfico humano que operam dentro e fora de França.
"O aspeto mais importante desta lei é que garante acompanhamento às prostitutas, dá-lhes documentos de identificação porque sabemos que 85% das prostitutas aqui são vítimas de tráfico", disse à Associated Press Maud Olivier, deputada do Partido Socialista que patrocinou a lei sob a qual fica mais fácil para prostitutas estrangeiras obterem autorização de residência temporária em França se aceitarem procurar outros empregos.
França segue assim o exemplo da Suécia, que se tornou um dos primeiros países do mundo a criminalizar os que pagam por sexo e não as prostitutas. As autoridades suecas têm garantido que o número de mulheres nas ruas na principal área de prostituição de Estocolmo caiu desde que a legislação foi aprovada."
Fonte:Expresso 07.04.2016
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Dossier Prostituição
terça-feira, 12 de abril de 2016
O paradoxo, a causa e a solução
Portugal é um paradoxo.
Por um lado é o único pais da Europa e um dos poucos no mundo que foi à falência em pouco mais de três décadas (78/83/2011). Já foi ultrapassado em PIB per capita por cinco países do alargamento (Malta, Chipre, Eslovénia, Rep. Checa e Eslováquia) e tem a produtividade mais baixa da zona Euro (mesmo apenas 84% da grega que contudo tem menor % de população activa e maior taxa de desemprego).
Por outro lado, tem oito coisas para ser dos países mais ricos do mundo. Uma localização excelente entre os dois blocos económicos mais ricos do mundo; a 11ª maior zona marítima mundial; um clima ameno (sem tufões, nevões, verões tórridos); o português é a 5ª língua mais falada no mundo; e o 6º maior mercado mundial; um pais seguro; e uma força de trabalho apreciada no exterior (inquéritos colocam os portugueses sistematicamente entre os mais estimados).
Como explicar este paradoxo?
A causa remonta a D. Luís da Cunha (mentor do Marquês de Pombal) que numa carta lhe referiu que os países pequenos necessitam mais de estratégia que os grandes, porque aqueles carecem dos recursos destes para se reerguerem em caso de queda.
No zénite do seu poder (1578), Portugal afastou-se da sua core competence com que criou o seu império: batalhas marítimas, ataques a fortificações e cidades costeiras, metendo-se pelo deserto a dentro para dar uma batalha campal, algo que não fazia há mais de cem anos (desde a batalha de Toro da sucessão dinástica ibérica em 1476).
Resultado: não houve nem plano de batalha, nem sequer ordem de inicio de combate. Morreu o rei. A elite. E de um exército de 23.000, cem (!) escaparam.
As consequências foram três. No curto prazo o centro de decisão passou para Castela e as possessões portuguesas negligenciadas foram tomadas pelos holandeses e ingleses, de Ormuz, a Salvador, a Luanda.
No médio prazo uma emigração incessante. E no longo prazo um circulo vicioso entre a emigração (em quantidade e qualidade) e o declínio (políticos, económicos, social e cultural).
Hoje Portugal tem 5 milhões de portugueses registados nos consulados no exterior e nos anos recentes o fluxo tem aumentado em quantidade e qualidade.
Depois de Malta, Portugal é o pais europeu com maior percentagem de população no exterior.
A solução é reconhecer como José Hermano Saraiva que somos poucos (15 milhões), mas se formos todos seremos suficientes e assim criar sinergia entre os 5 do exterior e os 10 do interior.
Em quatro áreas: turismo (só 4 em 10 brasileiros que passam pela Portela pernoitam em Portugal); social, facilitando p.e. a aquisição de segundas residências e o acesso às universidades e o acesso às universidades (há residências 42 milhões de jovens entre os 15-24 anos nos CPLP); económica (usar a diáspora para agentes de exportação para além do mercado da saudade); e financeira (benefícios fiscais aos residentes no exterior).
Em Janeiro uma iniciativa da AICEP reuniu mais de trinta líderes da diáspora que apresentaram 42 medidas para criar sinergia: desde o voto da internet, até articular as câmaras de comércio com as delegações da AICEP nas acções promocionais no exterior, até acabar com a dupla tributação dos reformados que regressam a Portugal (que em teoria acabou mas na prática não).
Em conclusão, criar sinergia entre os 5 e os 10 para transformar Portugal de um pais periférico na Europa em central no mundo.
Tal requer medidas e acções concretas.
Não discursos. Nem planos. Lembrando Shakespeare que dizia que “ a acção é a maior das eloquências” e Churchill cujo motto era “acção hoje”.
Jorge A. Vasconcellos e Sá
Mestre Drucker School PhD Columbia University
Professor Catedrático
In “ Vida Económica” de 26 de Junho 2015
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