O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

COMO NASCE UMA ESTRELA...

Quando, em 14 de Março de 1975, o governo de Vasco Gonçalves nacionalizou a banca com o apoio de todos os partidos que nele participavam (PS, PPD e PCP), todo o património dos bancos passou a propriedade pública. O Banco Pinto de Magalhães (BPM) detinha a SONAE, a única produtora de termolaminados, material muito usado na indústria de móveis e como revestimento na construção civil.

Dada a sua posição monopolista, a SONAE constituía a verdadeira tesouraria do BPM, pois as encomendas eram pagas a pronto e, por vezes, entregues 60, 90 e até 180 dias depois. Belmiro de Azevedo trabalhava lá como agente técnico (agora engenheiro técnico) e, nessa altura, vogava nas águas da UDP.

Em plenário, pôs os trabalhadores em greve com a reclamação de a propriedade da empresa reverter a favor destes. A União dos Sindicatos do Porto e a Comissão Sindical do BPM (ainda não havia CTs na banca) procuraram intervir junto dos trabalhadores alertando-os para a situação política delicada e para a necessidade de se garantir o fornecimento dos termolaminados às actividades produtoras. Eram recebidas por Belmiro que se intitulava “chefe da comissão de trabalhadores”, mas a greve só parou mais de uma semana depois quando o governo tomou a decisão de distribuir as acções da SONAE aos trabalhadores proporcionalmente à antiguidade de cada um.

É fácil imaginar o panorama. A bolsa estava encerrada e o pessoal da SONAE detinha uns papéis que, de tão feios, não serviam sequer para forrar as paredes de casa… Meses depois, aparece um salvador na figura do chefe da CT que se dispõe a trocar por dinheiro aqueles horrorosos papéis.

Assim se torna Belmiro de Azevedo dono da SONAE. E leva a mesma técnica de tesouraria para a rede de supermercados Continente depois criada onde recebe a pronto e paga a 90, 120 e 180 dias…

Há meia dúzia de anos, no edifício da Alfândega do Porto, tive oportunidade de intervir num daqueles debates promovidos pelo Rui Rio com antigos primeiros-ministros e fiz este relato. Vasco Gonçalves não tinha ideia desta decisão do seu governo, mas não a refutou, claro. Com o salão pleno de gente e de jornalistas, nenhum órgão da comunicação social noticiou a minha intervenção.

Este relato foi-me feito por colegas do então BPM entre eles um membro da comissão sindical (Manuel Pires Duque) que por várias vezes se deslocou na altura à SONAE para falar aos trabalhadores. Enviei-o para os jornais e, salvo o já extinto “Tal & Qual”, nenhum o publicou…

Gaspar Martins, bancário reformado, ex-deputado

terça-feira, 2 de abril de 2013

Sardinha assada não necessita de carvão!

Mais do que versátil, o aparelho que serve como assador apresenta zero emissão de CO2, bem como zero consumo e zero desperdício de qualquer outro tipo de energia, fazendo uso somente dessa inesgotável fonte luz proveniente do Sol!

Sabemos que esta vai ser uma das propostas de um dos candidatos à Junta de Freguesia de Armação de Pera.
Adivinhem lá que é?

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Armação de Pera: Rogério Pinto promete...e jura!

1.-Que em 2014 vai aumentar a transferência de verbas para as freguesias...

2.-Que o pólo da Universidade do Algarve não vai para Albufeira, mas sim para Armação de Pêra...

3.-Que Armação de Pera vai receber o maior festival rock do mundo...

4.-Que vai plantar e conservar vivas 1000 árvores em Armação de Pêra...

5.-Que o lixo nas ruas de Armação vai acabar de vez...


6.-E JURA que não há politicos mais diferentes que ele e Isabel Soares...

sábado, 30 de março de 2013

A crise multiplica as soluções sucedâneas...

A crise é grande mas tem quem a combata à altura!

O sector da restauração, profundamente ameaçado pelo peso do iva, já encontrou soluções compativeis com as exigências da sua sócia leonina: a administração fiscal.
De facto, só reduzindo os custos até ao infinito, é possivel manter a porta aberta!
É claro que, estas soluções, dependem de consumidores idiotas, sem olfacto, sem visão e sem paladar.

Noutras actividades profissionais, por exemplo a cirurgia estética, tem também agora a concorrência da imaginação dos pobres, nalguns dominios do seu comércio.

Demonstrado fica por estes exemplos que a crise encontra oposição a cada esquina...

Embora também saibamos que a vençe sempre, ganhando terreno diariamente, com a ajuda deste governo "Kamikase", até ver atingido o standard medieval da economia, ao qual, desenfreadamente, se propôs!


Frutos do Mar
Lagosta Termidor

O Silicone dos pobres

domingo, 24 de março de 2013

O NÚMERO QUE ESTÁ TATUADO NOS BRAÇOS DOS PORTUGUESES: O NÚMERO DO CONTRIBUINTE


In: Jornal Público


Aqui há uns anos houve uma discussão sobre o número único a propósito do cartão do cidadão. É uma matéria pouco popular, tida como importando apenas aos intelectuais e aos políticos, que as pessoas comuns vêem com muita indiferença. Se lhes parece mais eficaz que cada um tenha um número único que sirva para o identificar num bilhete de identidade, para reconhecer uma assinatura, na Segurança Social, no fisco, numa ficha médica, num cartão de crédito ou de débito, qual é o problema? Se isso lhe poupa tempo e papéis, qual é a desvantagem? Se isso permitir perseguir um criminoso, que importa existir uma base de dados com o ADN das pessoas? E se as tecnologias o permitirem, como permitem, qual o mal em podermos vir a ter um chip como os cães, ou uma etiqueta electrónica como as crianças à nascença, por que razão é que nós não podemos ser numerados por um qualquer código de barras tatuado no braço?

A maioria das pessoas é indiferente ao abuso do Estado nestas matérias se daí vier uma aparente maior eficácia e menor burocracia. E os proponentes destas medidas, uns tecnocratas, outros fascinados pelos tecnocratas, outros ainda gente mais perigosa e securitária cujo ideal de sociedade perfeita é o 1984 de Orwell, todos manipulam a opinião contra os antiquados defensores dos "direitos cívicos", que continuam a achar que não se deve ter número único, chip, ou código de barras, em nome dessas coisas tão de "velhos do Restelo" como sejam as liberdades e o direito do indivíduo em ter uma reserva da sua vida íntima e privada, sem intromissão indevida do Estado onde ele não deve estar.


Infelizmente, insisto, a indiferença cívica é o pano de fundo de muitos abusos e a sociedade e o Estado que estamos a construir são os ideais para uma sociedade totalitária. Se uma nova polícia política aparecer - e para quem preza a liberdade esse risco existe sempre -, não precisa de fazer nenhuma lei nova, basta usar os recursos já disponíveis para obter toda a informação sobre um cidadão que queira perseguir.


A promessa que nos é feita é de que os dados "não são cruzados". Mas esta afirmação não só não é verdadeira como não garante nada. Não impede um serviço de informações que queira abusar, de obter cumplicidades e "cruzar" dados, não impede uma polícia de fazer o mesmo (o episódio do acesso da PSP às filmagens não editadas sem ordem judicial é um exemplo de práticas costumeiras que só são escrutinadas depois de um acidente de percurso), não impede a utilização de software mais sofisticado para fazer buscas na Internet, muito para além da informação já vasta que se pode obter no Google. E se somarmos as câmaras de vigilância e outros meios cada vez mais generalizados de controlo dos cidadãos, mais nos preocupamos com as liberdades no mundo orwelliano em que já vivemos.


E quanto ao "cruzamento de dados" a partir de um número único com informação indevida, tudo isso já existe e chama-se NIF, número de identificação fiscal, ou mais prosaicamente, "número de contribuinte". De há dez anos para cá, o Governo Sócrates e depois o Governo Passos Coelho transformaram o fisco no mais parecido que existe com uma polícia global, e uma polícia global é também política, e o número de contribuinte no verdadeiro número único dos portugueses, cujo acesso permite todos os cruzamentos de dados e uma violação sem limites da privacidade de cada cidadão. Se somarmos a isso o facto de o fisco ser a única área da lei em que a presunção da inocência não existe e o ónus da prova cai no cidadão, temos um retrato de um Estado de excepção dentro de um Estado que se pretende de direito.


E não preciso de estar a recitar a litania do combate à evasão fiscal, porque este caminho de abuso tem sido trilhado exactamente porque o combate à evasão fiscal tem sido ineficaz onde deveria ser. O furor do Estado volta-se contra as cabeleireiras, os mecânicos de automóveis e as tabernas, mas ignora os esquecimentos de declaração de milhões de euros, que só são declarados quando descobertos e não merecem uma palavra de condenação nem do ministro das Finanças, nem do Banco de Portugal, nem de ninguém dos indignados com a factura dos cafés. E é exactamente porque o combate à evasão fiscal falha, ou porque a economia está morta, ou porque os Monte Brancos são mais numerosos do que todas as montanhas dos Alpes, dos Andes, do Himalaia, que se assiste a uma espécie de desespero fiscal que leva o Estado (os governos) a entrar pela liberdade e individualidade dos cidadãos comuns de forma abusiva e totalitária. Digo totalitária, mais do que autoritária, porque a tentação utópica de "conhecer" e controlar a sociedade e os indivíduos através da monotorização de todas as transacções económicas é de facto resultado de mente como a do Big Brother.


Num computador do fisco está toda a nossa vida já inventariada e cruzada através do número de contribuinte e dos poderes discricionários da Autoridade Tributária. Se de manhã ao pequeno-almoço não pedir factura do café, pode vir um fiscal e multar-me (não pode porque é ilegal, impossível de facto, e o Governo anda a mentir-nos a dizer que já o fez quando se devem contar pelos dedos da mão as contra-ordenações realizadas, se é que há alguma à data do anúncio), e para lavrar o "auto" terá de dizer onde estou, o que consumi sem factura e informar o Estado sobre se tomo chá, café ou chocolate, doces ou salgados, etc. Depois passo por uma livraria e na factura estão os livros que comprei e está o número de contribuinte. Hum! Este anda a ler livros subversivos, ou quer saber coisas sobre a Tabela de Mendeleev (a química é sempre perigosa), ou uma história sexualmente bizarra como a Lolita, (diga aí ao assessor do senhor ministro que um boato de pedofilia é sempre mortífero e o homem lê livros sobre isso), ou o Vox do Nicholson Baker (uma história de sexo por telefone que o procurador Starr queria usar como prova contra Clinton, pedindo à livraria que lhe confirmasse a compra do livro por Monica Lewinsky, o que a livraria recusou e bem). Depois foi almoçar, e pelo número de contribuinte verifico que almoça muitas vezes a dois, e dois é um número suspeito. Coloque lá no mapa o sítio do pequeno-almoço, mais a livraria, mais o restaurante, e as horas. E depois? A Via Verde cujo recibo tem o número de contribuinte mostra que entrou na portagem X e saiu na portagem Y. Interessante, o que é que ele foi fazer ao Entroncamento? E levantou dinheiro no Multibanco. Muito ou pouco? Bastante. Veja lá as facturas que ele pagou no Entroncamento. Aqui está, comprou uma mala de viagem. Então a factura? Não há, comprou nuns chineses, mas foi visto com a mala na câmara de vigilância de um banco. Anote aí para mandar uma inspecção do fisco e da ASAE aos chineses, imagine o que seria se nós não tivéssemos as imagens do banco! O que é que ele vai fazer com a mala? E por aí adiante.


A nossa indiferença colectiva face ao continuo abuso do Estado, que nada melhor nos dias de hoje revela do que o fisco, vai acabar por se pagar caro. Muitos tentaram fugir ao fisco? É verdade, muitos inclusive nunca pagaram impostos e vivem numa economia paralela, mas a sanha contra eles, que face ao fisco não tem direitos, nem defesa, nem advogados, contrasta com a complacência afrontosa com a fraude fiscal com os poderosos. É que também nisso, na perseguição aos pequenos, se revela o mundo totalitário de 1984 e do Triunfo dos Porcos, em que alguns são mais iguais do que outros. E pelo caminho, para garantir que os pequenos sejam apanhados na malha, pelo desespero de um fisco que quer sugar uma economia morta de recursos que ela não tem, é que se usa o número de contribuinte como número único, cruzado nos computadores das finanças, muito para além do que é necessário e equilibrado, numa ameaça às liberdades de cada português.

Uma Europa em desconstrução...

sábado, 23 de março de 2013

Cheia de passado mas sem futuro nesta União, a Europa do Sul devia procurar outras parcerias?


Mais preocupante que a verdadeira nulidade que os lideres europeus evidenciam é a verdadeira nulidade que as oposições a esses lideres, nos diversos países, demonstram à saciedade.

É assim pública e notória a ausência total de discurso portador de alternativas quer nos lideres quer nas suas oposições, ao status quo europeu e ao destino que levamos.

Engrossa por isso, com o mero decurso do tempo e o resultado das politicas adoptadas ou através de novas medidas desastrosas, o numero de críticos que, através de condenações com suporte histórico e económico-cientifico, ou através de condenações com base histórica-politica, todas acerca do curso das medidas europeias de natureza económico-financeiras e sobretudo dos seus efeitos, ou quanto ao percurso da manifesta involução politica a que se assiste na própria união, fornecem aos cidadãos base suficientemente séria para concluírem acerca da ilegitimidade dos seus representantes, nas diversas instâncias da decisão politica.

No actual contexto depressivo europeu, quem colheria facilmente os votos da maioria dos cidadãos-eleitores, seria certamente o Presidente Obama.

Obama, que não é só um excelente comunicador, é avaliado por alguns de nós, sobretudo pelas recomendações sensatas que tem feito à Europa e a alguns lideres europeus mais responsáveis, acerca da Grécia, a seu tempo, e mais recentemente acerca de Chipre, percepcionando em antecipação os resultados desastrosos das asneiras anunciadas e algumas executadas.

Pouco faltará, por este caminho, para o provável cisma da Europa do sul, a eventual criação de uma nova união e quem sabe, um sucedâneo de um Plano Marshall, do tipo Plano Marshall XXI, apadrinhado pelo Presidente Obama e pela Reserva Federal (com a Imprensa Nacional lá do sítio a trabalhar dia e noite em novos dollars) que permita ao sul da Europa não se converter, no médio prazo, numa extensão do norte de África.

Porque os europeus só precisam de lideres que achem que é possivel
O projecto americano de se criar um mercado comum EEUU/Europa constitui uma das ultimas e criativas tentativas do Presidente Obama fazer ver às abéculas europeias sobre quais são as verdadeiras preocupações com que lidar nos tempos que correm, isto enquanto as alimárias do Velho Mundo se mantêm centradas na missão histórica principal : a eleição de Madame Merkl ou Frau Poucochinha, como queiram.

Na verdade, o Chipre demonstrou o que vale e que tipo de garantias dá a União nos dias que correm.
Quem tem amigos destes não precisa de inimigos, sabe hoje qualquer europeu desta Europa.

E de facto, perante tal espectro, Babel por Babel, estar com os Americanos pode ser uma experiência bizarra, mas certamente bem mais estimulante...e democrática! Imagine-se ao que, lucidamente chegámos...

É evidentemente uma tese ficcionada, mas que seria preferível ao destino que vivemos e sobretudo ao que parece nos aguardar, disso não temos qualquer duvida.

Post Scriptum: 
1.- Não consta de nenhum manual de Ciência Politica que uma União de Estados tenha necessariamente de ser entre Estados fronteiriços;
2.- Não consta de nenhum manual do consumo que a felicidade automobilistica só se pode atingir num Audi, BMW, Porche ou Mercedes, nem que aquela seja inacessivel com um Fiat, Alfa Romeu, Chevrolet ou... Ferrari.

Governo encurta Páscoa...

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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Património Natural

Algarve