O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

O caos nos aeroportos é previsível – e evitável

Por mais uma vez, o verão aproxima-se e, com ele, regressam os atrasos, as filas intermináveis e a frustração nos principais aeroportos portugueses. Desta vez, a Ryanair decidiu fazer o que muitas outras companhias preferem evitar: expôs publicamente a situação insustentável nos controlos fronteiriços de Faro, Lisboa e Porto, onde passageiros aguardam até 2,5 horas para passar pelo controlo de passaportes – muitos deles acompanhados por crianças pequenas. O alerta é legítimo. Portugal depende fortemente do turismo. É incompreensível que um país que aposta tanto na sua imagem internacional continue a oferecer uma primeira impressão tão desorganizada e caótica a quem nos visita. Mais grave ainda é o facto de esta situação não ser apenas um problema de falta de pessoal. Trata-se também de um erro de planeamento. Como é possível que o Governo tenha avançado com a implementação de um novo sistema de controlo de passaportes – que, segundo várias fontes, demora o triplo do tempo do anterior – sem antecipar os impactos que isso teria em plena época de grande afluência? Não se trata de um imprevisto. Trata-se de uma falta clara de visão estratégica e operacional. Quando se altera um processo crítico num setor sensível como o da aviação, é obrigatório prever os efeitos secundários, reforçar os meios humanos e tecnológicos e, sobretudo, testar antes de aplicar em larga escala. O problema dos atrasos nas fronteiras não é novo, mas a sua persistência e agravamento mostram um padrão preocupante: a falta de articulação entre decisões políticas e a realidade do terreno. As companhias aéreas têm razão em reclamar – e os passageiros, ainda mais. Chegou o momento de o Governo agir com seriedade. Não basta reagir a cada crise; é preciso planear, investir e respeitar quem visita o país – e quem aqui trabalha todos os dias para o manter a funcionar. Se Portugal quer continuar a atrair turistas e negócios internacionais, precisa de começar pela porta de entrada: os seus aeroportos. E neste momento, essa porta está emperrada.

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