O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

19 x 17 quantos são? Dou um doce a quem souber de cabeça!...

Pelo menos 300 mil funcionários públicos britânicos correm o risco de ficar sem emprego nos próximos anos devido às medidas anti-défice.

O número está hoje a ser avançado pelo semanário ‘Sunday Times', o que acontece um dia antes de o novo Executivo britânico apresentar o plano de cortes orçamentais de cerca de seis mil milhões de libras (6,9 mil milhões de euros) para este ano. O orçamento rectificativo chega à Câmara dos Comuns, pouco mais de um mês após a entrada em funções do Governo de coligação.

Os cortes vão afectar muitas regalias de que gozam os funcionários, tais como viagens de táxi, voos, hotéis, bem como uma série de organismos privados que oferecem serviços públicos mas que são financiados pelo Governo.

Só no sector da Saúde, revela o jornal britânico, 120 mil pessoas podem ficar sem emprego, assim como 100 mil funcionários de autarquias em todo o país e milhares de polícias e pessoal civil que trabalha nas esquadras.
O Ministério da Defesa, que tem que cortar os gastos em 25%, também terá que eliminar 20 mil postos de trabalho.

Para dar o exemplo, o primeiro-ministro, David Cameron, que já tinha reduzido o número de seguranças e motoristas dos ministérios, comprometeu-se a pagar do seu bolso as despesas da reforma da residência oficial de Downing Street, para onde deve mudar-se com a família esta semana.
Diário Económico 23/05/10
A Inglaterra, como aliás outros países ricos, não se coíbem de tomar as medidas impopulares que se impõem face à situação em que as suas contas se encontram.
E lá por isso não deixam de ser países democráticos, nem os seus politicos deixam de depender de eleições para alcançarem o poder.

Mas Sócrates não deixa de ter alguma razão quando remete para os outros – o mundo – e para causas externas – a mudança – parte da origem dos seus (nossos) problemas. Porém realmente só alguma razão lhe assiste.

Se é certo que têm de continuar a entrar diariamente não sei quantos mil milhões de euros de empréstimos para manter o Estado e a Banca (e seus clientes) neste nível de despesa, investimento e consumo, não é menos certo que não se pode gastar para além da nossa capacidade de endividamento para sempre...

De facto, a exposição da banca alemã nos países do sul: Portugal, Espanha e Grécia já vai num nível preocupante (para ela), o que conduziu a Snra Merkl, em salvaguarda da banca do seu pais e a seu pedido, a exigir um comportamento mais disciplinado a esses países, não vá o diabo teçê-las e lá vá a economia alemã, com a falência dos seus banqueiros, pelo mesmo caminho.

Nessas diligências pouco lhe importa com o que irá suceder a essas economias. O que importa é que os devedores cortem onde for necessário para assim garantirem que vão poder pagar o que devem. Sendo certo que, sem recurso a outros empréstimos ou sem estes cortes, dificilmente o poderão fazer.

O “aperto” que grassa por todos os países fornecedores do dinheiro obriga-os a emprestar com mais cautelas e a exigir comportamentos decentes àqueles que lhe devem o dinheirinho.

O que Sócrates quer então dizer quando afirma que, em quinze dias, o mundo mudou?
O que se alterou foi que as contas dos devedores passaram a ter outra atenção por parte dos credores e a verdade das mesmas veio ao de cima!

Afinal a Espanha que se arrogava de uma outra Alemanha não passa de Espanha, a Grécia foi vista sem maquilhagem e assustou, e Portugal acordou ressacado de uma bebedeira de vinte anos, sem saber bem onde se encontra e muito menos para onde caminha.

É verdade que alguma coisa se alterou no mundo, mas não foi verdadeiramente a atitude dos banqueiros. Essa é velha de séculos e nós tínhamos o dever de a conhecer de “gingeira”.

O que se alterou no mundo é que os estudantes da primária indianos já aprendem de cor a nossa antiga tabuada [que rejeitámos por constituir uma violência para os meninos (que era até ao numero 10)] até ao número 19 (19 x 17 quantos são?) e os estudantes portugueses no sexto ano para obterem o resultado da divisão de 8 por 4, levam a máquina de calcular!

Não será de estranhar portanto que nisto das contas, públicas ou privadas, não estando nada bem, não caminhemos certamente para melhor!

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