Lamentavelmente atrasado, este Blog não publicitou atempadamente, o 1º Dia Internacional da Liberdade de Expressão Online –12 de Março– o qual decorreu em simultâneo com a segunda edição das 24 horas de demonstração online contra a censura, uma iniciativa com o mesmo objectivo que incentiva os utilizadores a partilharem testemunhos. A primeira edição desta iniciativa de 24 horas, no ano passado, registou a participação de 40 mil utilizadores de Internet.
O relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras que retira a Portugal 14 posições no ‘ranking’ da liberdade de imprensa justificaria uma muito maior atenção.
O objectivo foi envolver os utilizadores de Internet, solicitando a sua participação numa campanha que decorreu durante todo o dia, oferecendo a possibilidade de registar denúncias sobre actos de repressão da liberdade de expressão na Internet.
A iniciativa assumindo-se como mais uma forma de pressão junto dos governos que perseguem os movimentos online anti-regime, foi da organização Repórteres Sem Fronteiras e começou por ter o apoio da UNESCO que entretanto anunciou (no dia 11 de Março à noite, a poucas horas do início do dia internacional da Liberdade de Expressão na Internet), que retirava o apoio à iniciava, justificando a decisão com o enumerar de países específicos feito pela RSF, sem a sua concordância prévia.
Todos os sites, blogs e outras plataformas web interessadas em aderir à campanha e exibir os anúncios alusivos poderam fazê-lo contactando a organização, que procurou com esta iniciativa pressionar os governos dos países considerados inimigos da Internet: Arábia Saudita, Bielo-Rússia, Mianmar, China, Coreia do Norte, Cuba, Egipto, Etiópia, Irão, Uzbequistão, Síria, Tunísia, Turquemenistão, Vietname e Zimbábue.
No comunicado em que divulgava a iniciativa a RSF lembrou que os autores de blogs são os principais visados pelos governos repressores e recorda que estão hoje presos em todo o mundo 63 ciber-dissidentes por expressarem as suas opiniões livres na Internet.
É realmente preocupante que, em Portugal onde os media podem escrever e dizer de tudo com a maior impunidade, este assunto possa estar em agenda ou mereça referência noticiosa!
Não vivemos, felizmente, qualquer constrangimento à liberdade de expressão que não seja a da marginalização social por parte dos não enquadrados em clientelas partidárias! Podem-se sofrer consequências, mas não conseguem calar quem medo delas não tem!
Não é a liberdade de expressão que está em risco, mas a resistência ao desvario da informação!
Recordemos o que já em 1990 pensava Giles Deleuze (filosofo francês 1925-1995) no ‘Pourparlers’:
Nous ne souffrons pas d’incommunication, mais au contraire de toutes les forces qui nous obligent à nous exprimer quand nous n’avons pas grand chose à dire (…) Les forces de répression n’empêchent (plus) les gens de s’exprimer, elles les forcent à s’exprimer. Créer n’est pas communiquer, c’est résister.
O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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