O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 2 de outubro de 2016

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

sábado, 24 de setembro de 2016

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

terça-feira, 20 de setembro de 2016

CUSPIR NA MAÇÃ


As reacções em Portugal à recente decisão da Comissão da União Europeia de perseguir o Governo irlandês e a Apple por concessão de vantagens fiscais são uma boa ilustração dos motivos pelos quais a economia portuguesa está condenada há décadas a um miserável crescimento.

No dia seguinte à divulgação da noticia, o Ministério das Finanças português reagiu célere, anunciando a sua intenção de secundar a Comissão, investigando a situação da empresa em Portugal. Depois, vários comentadores pronunciaram-se sobre o assunto, quase todos apoiando a perseguição à Apple e ao Governo irlandês.

Devo recordar um ponto importante-porventura decisivo-do contexto em que esta questão está a ser agora levantada. Os serviços estatísticos irlandeses revelaram, recentemente, que a economia irlandesa confirma a sua espectacular recuperação da crise financeira de 2008, registando as maiores taxas de crescimento da União Europeia. Acresce que – escândalo supremo – os últimos valores do crescimento do PIB atingiram o nível de dois dígitos. A surpresa – e a inveja!- foi tal que chegou a ser posta em causa a veracidade dos valores, obrigando o Governo irlandês a detalhar e confirmar a exactidão dos números.

O que está em causa são vantagens fiscais concedidas entre 2003 (!) e 2014. As vantagens resultam de decisões tomadas em 1991(!) e 2007. Não é uma decisão recente que é criticada – é uma política antiga e estrutural que é, de novo, contestada.

De facto, não é a primeira vez que é intentada esta perseguição ao Governo irlandês. Esta é a última de uma série que regista, desde 2001,, os seus episódios mais virulentos. Lembremos a resistência heroica e vencedora aquando da negociação nos finais de 2010, do resgate com a troika.

(Onde estaria agora a Irlanda se tivesse cedido? Talvez como Portugal ou a Grécia que se arrastam numa crise sem fim.)

Esta disputa tem que ver connosco.

Está em causa a procura de factores de competitividade adaptados às economias europeias médias/pequenas, periféricas e atrasadas. Estas economias, como mostra a experiência recente não conseguem crescer e convergir sem factores de desequilíbrio que atraiam grandes investidores que, caso contrário, afluirão ou às grandes economias do centro europeu ou mesmo para fora da Europa. Os pequenos e médios investimentos, focados ingenuamente por muitos, não passam de folclore sem efeito significativo no crescimento, quando não integrados em redes dinamizadas por grandes empresas.

Este ataque ao Governo irlandês e à Apple visa condenar uma política vencedora que deveria inspirar os decisores portugueses. Estes, pelo contrário, colocam-se ao lado da burocracia comunitária ao serviço das potências centrais, contra um pequeno e valente país que mostra o caminho do crescimento aos países periféricos e atrasados da Europa. (Lembremos que nos anos 1960 a Irlanda ainda tinha um PIB “per capita” inferior ao português.)

Os episódios de maior crescimento português ocorreram por via da atracção do capital externo atraído por várias e generosas vantagens, incluindo fiscais. Não há investimento estrangeiro significativo sem estas vantagens. É assim em toda a parte, foi assim em Portugal nos períodos de maior crescimento. Lembremos por exemplo, a Renault e a Autoeuropa.

A concorrência fiscal é uma arma decisiva de que não podemos prescindir. Os interesses da economia portuguesa exigem a sua tolerância na União Europeia e o envolvimento inteligente dos decisores nacionais nesse processo.

Na vida, cuspir na sopa não é bonito e não traz bons resultados. Em política económica também.

Avelino de Jesus (Economista e professor do ISEG) in: Negócios de 12.09.2016

Wolfgang Münchau: Um Alemão para ser lido!

Os chineses falam do cérebro de macaco como sinónimo de uma incapacidade de concentração. Nós, no Ocidente, temos o conceito de transtorno do défice de atenção. Ambas são descrições apropriadas para o estado da discussão sobre o futuro da UE em geral, e a cimeira da última sexta-feira, em Bratislava, em particular.

Os nossos líderes estavam desorientados - mais desconcentrados do que nunca. A UE tem ainda uma crise financeira não resolvida; uma união monetária inacabada; uma união bancária incompleta; grandes e crescentes desequilíbrios internos e externos; muito pouco investimento; taxas de juro negativas; e, em partes da união, rendimentos reais em queda.

E no entanto, em Bratislava, os nossos líderes decidiram, essencialmente, que era hora de seguir em frente, deixar para trás tais realidades desagradáveis e centrar as atenções na coordenação de outras áreas políticas. Tendo destruído a economia nos últimos 15 anos, voltam-se agora para a segurança.

A verdade é que a UE não vai fazer nada antes das eleições cruciais do próximo ano em França e na Alemanha. Depois disso, iremos assistir a uma maior integração, não por opção, mas por necessidade.

Houve um tempo, há duas décadas, em que as coisas eram diferentes. Em seguida, o debate passou a ideológico: era-se integracionista europeu, eurocético ou qualquer coisa entre os dois. Há vestígios deste debate nos países que não pertencem à zona euro, mas com a chegada do euro a 19 dos 28 Estados que ainda são membros da UE, a maior parte já não se podia dar a esse luxo. O grau de integração já não é determinado por aquilo em que se acredita, mas por aquilo de que se precisa. Sim, há diferenças ideológicas entre ordoliberais alemães e keynesianos italianos. Mas poucos acreditam, mesmo na Alemanha, que uma união monetária possa ser deixada à sua própria sorte. A maioria concorda que a UE precisa de mais integração para fazer funcionar a zona euro.

A razão política simples é que, de outra forma, acabam a empobrecer um número crescente de eleitores. Isso já aconteceu em Itália e na Grécia. Mesmo na Alemanha, existe agora um forte partido antissistema. No Reino Unido, o brexit mostra o que pode acontecer aos políticos quando os rendimentos reais caem durante longos períodos. O agregado familiar médio britânico sofreu uma queda efetiva dos rendimentos reais com o aumento dos custos da habitação ao longo de 13 anos, de acordo com dados oficiais. Esta insurreição aconteceu por uma razão.

O que vai fazer avançar a integração europeia é a próxima crise e as que vierem a seguir a essa. Um dos gatilhos pode ser o enorme excedente da conta-corrente da Alemanha. Neste ano aproxima-se dos 9% do produto interno bruto. Os excedentes de poupança do país são reciclados no frágil sistema bancário da zona euro.

Isto não importaria se acontecesse num contexto fora da esfera nacional, com um esquema europeu de seguro de depósitos central e um apoio orçamental igualmente central. Mas não é. Também não o será tão cedo. Se ou, melhor, quando a próxima crise bancária chegar, a zona euro vai enfrentar um momento de verdade. O Estado italiano é grande de mais para resgatar, mas também grande de mais para falir. Alguma coisa terá de ceder.

A combinação de uma não resolução de ativos tóxicos em alguns bancos alemães, de crédito malparado nos livros dos seus parceiros italianos, de uma recuperação económica em Itália que não está a ir a lugar nenhum e de taxas de juro negativas poderá fazer perder o equilíbrio. A necessidade de corrigir esse problema, ou de o evitar, é o que vai determinar a próxima etapa da integração europeia.

Na primeira crise da zona euro em 2010-2012, os Estados membros criaram relutantemente o Mecanismo Europeu de Estabilidade, um apoio anticrise. Eles introduziram novas regras de coordenação económica, incluindo sistemas de alerta precoce. O Banco Central Europeu ampliou o seu conjunto de instrumentos de política, incluindo uma rede de segurança e de flexibilização quantitativa. Poderíamos ir mais longe. O eurobond, um título de dívida europeu emitido em conjunto, pode muito bem estar a uma, duas, ou três crises de distância.

Não estou a prever que a zona euro vá, indubitavelmente, em direção a um futuro brilhante, aumentando cada vez mais, passo a passo, a integração. É apenas um cenário concebível. A julgar pelo seu desempenho atual, parece mais provável que os líderes europeus fiquem parados a meio do caminho. Nesse caso, seria razoável esperar que a zona euro acabasse por se desmoronar sob a pressão dos seus desequilíbrios opressivos e bancos não rentáveis.

Embora não possamos prever as escolhas exatas que os líderes farão, podemos dizer que se eles alguma vez acabarem por tomar as decisões certas, tê-lo-ão feito com relutância, encostados à parede. Eles não vão planear com antecedência. O próximo passo em direção à integração não será o resultado de uma sessão de debate de ideias, mas sim de alguma reunião de emergência após a meia-noite durante um fim de semana.
É por isso que as cimeiras de debate informais como a realizada em Bratislava são um desperdício de tempo. Não é assim que a próxima etapa da integração europeia vai acontecer. Como vimos a 23 de junho no referendo no Reino Unido, agora são os eleitores que conduzem o processo. A nossa maior esperança é que esta mudança acabe por servir para melhorar o défice de atenção dos líderes europeus.
In: DN de19 DE SETEMBRO DE 2016
Por: Wolfgang Münchau

domingo, 18 de setembro de 2016

As esquerdas e o dinheiro

Sempre se disse que as esquerdas têm um problema com o dinheiro. A começar pelo facto de não o terem. É natural. Tivessem dinheiro e talvez não fossem esquerdas. Com algumas excepções, as pessoas de esquerda não têm muito. Por isso, quando estão no governo, têm uma atitude ligeira com o dinheiro dos outros. Querem promover a educação, a saúde, a segurança social e as obras públicas, o que é excelente, só que para isso, que custa tão caro, faz falta o dinheiro. Mas, convencida de que a direita tirou aos pobres para dar aos ricos, a esquerda também quer reverter e devolver aos pobres... No entanto, dar é uma coisa. Crescer e distribuir é outra, bem diferente e mais difícil. Mas a verdade é que uma e outra, esquerda e direita, desde 2000, não conseguem investir nem crescer.

Nos bons tempos, gasta-se o que se tem. Nos anos difíceis, gasta-se o que não se tem. Depois, é necessário encontrar dinheiro. As soluções: fazê-lo, pedi-lo emprestado ou ir buscá-lo onde ele está. Portugal está a viver um período desses, dos maus. Só que não se pode fazer dinheiro, o Banco de Portugal e a Casa da Moeda já não servem para isso. Pedir emprestado, é o que se vai fazendo, mas está cada vez mais caro. E quem tem dinheiro ficou exigente: ou não empresta ou impõe condições proibitivas. O que se deve é tanto que só os juros levam os recursos para investimento. Foi aliás por causa de se ter pedido a mais que chegámos onde estamos.

Sobra, portanto, a última hipótese. Ir buscá-lo onde ele está. Em primeiro lugar, entre os capitalistas do mundo inteiro, para investir. Seria o ideal. Só que Portugal não oferece hoje, nem sequer nos últimos anos, boas condições. Não sabe criar incentivos nem atrair investimento. Se não há capitalistas lá fora, é preciso ir ter com os de cá de dentro. E levá-los a investir. Só que... Já não há! Ou quase não há! O capitalismo português acabou. Sobravam uns banqueiros, umas empresas e umas famílias: faliram, estão depenados, levaram o seu dinheiro para outros países ou não têm confiança no regime e no governo. O dinheiro dos bancos já não existe ou está preso pelo BCE. Os bancos já não têm que chegue e precisam dos contribuintes!

Há, evidentemente, o dinheiro dos turistas, mas não é suficiente. Há o dos emigrantes: é bom, apesar de já não ser o que era, mas também não chega para as encomendas. Há finalmente os dinheiros europeus, os famosos "fundos". Esses são excelentes, essenciais há mais de trinta anos, mas o montante já não é o que era. Além disso, estão sob controlo europeu cada vez mais apertado e presos na tenaz burocrática portuguesa. E também em risco de suspensão, dado o mau comportamento financeiro do governo e do país. Os fundos já não são a solução!

Se o que havia fugiu e se não se atrai o que está lá fora, só resta mesmo ir à receita miraculosa dos comunistas, do Bloco e dos socialistas mais nervosos: ir buscá-lo onde está! É há anos a receita infalível. Os dirigentes políticos dos novos aliados do PS sempre o disseram. Ir buscá-lo onde? Aos ricos. Às contas bancárias. Às empresas. Às casas.

O problema é que não há ricos. Ou antes, não há ricos que cheguem. Os que tinham dinheiro já o puseram a recato. E o dinheiro já não chega. Por conseguinte, vamos aos que se seguem, todos os que têm alguma coisa. Passam a ser todos ricos. Por exemplo, para já, aos que têm património de mais de 500 mil euros... Faz-se uma lei sem saber quantas pessoas, quantas casas, qual o rendimento... Não se faz a mínima ideia, o governo não define o que é um rico nem um pobre. É quem convém. E se não chega, arranjar-se-á mais, com os impostos indirectos, antes de se passar aos directos. E a tudo o que vive. Tudo o que tem ou ganha qualquer coisa. Até se chegar aos remediados. Até deixar de haver ricos. Mesmo que então já só haja pobres...

Por:António Barreto in DN

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Geração Phonix +Zonix + vodafnix + Uzix + Tmnix+optimix

Texto verídico retirado de uma prova livre de Língua Portuguesa, realizada por um aluno do 9º ano, de uma Escola Secundária (para ler, estarrecer e reflectir...!!!

REDAXÃO

'O PIPOL E A ESCOLA'
Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem Direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. Primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.
Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto Montanhoso? Ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? Ou cuantas estrofes tem um cuadrado? Ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?
E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os Lesiades''s, q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.
Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a Malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a Malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, quês ver???

O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a Malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. Tarei a inzajerar?

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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