O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
domingo, 7 de dezembro de 2014
sábado, 6 de dezembro de 2014
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
domingo, 30 de novembro de 2014
O Álvaro
O Álvaro que os profissionais da comunicação diziam que não sabia comunicar veio lembrar o que fez enquanto ministro neste livro que é uma espécie de revisão da matéria dada.
Ousa lutar contra os interesses instalados no sector da energia pode ter a garantia mais do que absoluta de que o resultado será certamente ataques nos jornais e nos restantes meios de comunicação social.”
“Um colega do Governo disse-me uma vez que havia a percepção que as coisas não andavam no Ministério da Economia e do Emprego. Perguntei que coisas eram essas. As reformas? Não, disse ele, as reformas estavam a ser feitas e até tínhamos feito um bom trabalho. A reforma do Estado no que dizia respeito ao Ministério e a reestruturação das empresas públicas? Não, isso também foi alcançado e bem, respondeu-me. Então, o que é que falta? perguntei. «Sabes», respondeu ele «o partido queixa-se que as nomeações nunca mais arrancam, que vocês demoram muito a substituir os socialistas que lá estão»”
“A ida de um Ministro às comissões [parlamentares] serve para dar palco aos partidos da oposição, principalmente no que diz respeito aos partidos mais extremistas, que se tornaram especialistas em maximizar o seu espaço mediático no parlamento aumentando a exposição do seu partido para níveis muito superiores ao que justificava a sua representação parlamentar.”
“Quem acompanha de dentro a Concertação Social sabe bem que o que se passa nas reuniões bilaterais e dentro da sala da CPCS [Comissão Permanente de Concertação Social] é radicalmente diferente da imagem que se passa para fora. Foram inúmeras as vezes que tivemos reuniões cordiais, amigáveis e produtivas com todos os parceiros sociais, inclusive com a CGTP, para, no final, ser surpreendido com declarações dos parceiros às televisões a afirmarem com voz indisposta, se não mesmo revoltada, que o Governo era autista, que o Governo não ouvia, que o Governos não entendia os parceiros sociais. Pode parecer estranho mas é natural. Faz parte do jogo político que é a Concertação.”
Estas são algumas das conclusões tiradas por Álvaro Santos Pereira após passar pelo Governo. Santos Pereira chegou ao executivo com um ar vagamente provinciano. Pior, aparentava desconhecer aqueles códigos do um beijinho ou dois beijinhos que são uma espécie de certificado de origem que irmana a Quinta da Marinha e a esquerda Lux. Pouco tempo depois apareceu uma expressão para referir o ministro da Economia: inabilidade comunicacional. E quase sem darmos por isso qualquer coisa que dissesse tornava-se motivo para comentário.
Lembram-se da polémica por causa dos pastéis de nata? Álvaro Santos Pereira limitou-se a perguntar no início de 2012 durante uma conferência de imprensa porque não eram os pastéis de nata tão vendáveis “como os churrascos Nando’s ou os hambúrgueres”. De Basílio Horta às rubricas de humor não houve quem não se considerasse abalizado para teorizar sobre aquilo que jocosamente designavam como “cluster do pastel de nata”.
Das televisões pediam comentários sobre o Álvaro. Nas redes sociais escrevia-se sobre o Álvaro… Enfim nada de muito original mas sempre eficaz: protagonistas aparentemente antagónicos coincidiam na convicção que havia que devolver o intruso à proveniência e substituí-lo por alguém com “peso político”.
Depois sabemos o que aconteceu: o Álvaro acabou por sair do Governo e foi substituído por Pires de Lima. Um ministro que tem tanto peso político que pode vir a ser o próximo líder do PP e que até consegue aquilo que poucos se podem gabar de conseguir neste Governo: umas notícias simpáticas sobre a sua ida a eventos culturais. Mediaticamente falando uma fotografia do ministro a sorrir ou falando com um artista numa galeria de arte vale por um acordo na concertação social.
Mas o tempo continuou a rolar e Álvaro Santos Pereira fez agora sair um livro com um inventário-balanço da sua passagem pelo Governo. O título “Reformar sem medo” diz muito sobre a forma como Álvaro Santos Pereira avalia o seu desempenho enquanto ministro da Economia, que aliás define como “As maiores reformas das últimas décadas”.
Não acaba aí o lado pessoal desse retrato. Álvaro Santos Pereira não esquece o que fez – e faz questão de que os outros também não o esqueçam – e também não esquece o que lhe fizeram. Ou seja não perdoa a Paulo Portas a luta que este travou até conseguir colocar um membro do CDS no Ministério da Economia. E muito menos perdoa o comportamento do líder dos centristas na crise do Verão de 2013. Não poupa nos adjectivos para ilustrar o comportamento de Portas que, segundo Santos Pereira, começa por aceitar bem a nomeação de Maria Luís para as Finanças e depois se demite. Com uma linguagem que estamos pouco habituados a escutar escreve: “Senti que a pátria tinha sido traída e que o país tinha sido atirado para a lama, tínhamos acabado de deitar o trabalho dos últimos dois anos para o lixo”.
Durante esta viagem aos bastidores o Governo nos anos da troika, Passos Coelho é poupado por Santos Pereira, quer nas linhas que o retratam, quer nas críticas. O trabalho de bastidores de Cavaco é realçado. E um homem, João Proença, em boa parte responsável pela assinatura do Acordo de Concertação Social, é largamente elogiado.
O Álvaro que os profissionais da comunicação diziam que não sabia comunicar veio lembrar o que fez enquanto ministro neste livro que em boa verdade é uma espécie de revisão da matéria dada ou melhor dizendo dos programas aprovados, da legislação produzida e das medidas tomadas. Mas sejamos sinceros: o que mediaticamente conta no livro é o ajuste de contas com Portas, e sublinhe-se com Portas não com o CDS. Politicamente o livro vai mais longe: Santos Pereira quer que o recordem como alguém que trabalhou ou “serviu Portugal” como ele prefere dizer, enfrentou interesses instalados e foi capaz de estabelecer pontes com o PS (ou pelo menos com aquela parte do PS que não atolamba ao ouvir a ditirâmbica prosa de Sampaio da Nóvoa)
Para quem sofria de “inabilidade comunicacional” até que nem está nada mal.
Por Helena Matos
Ousa lutar contra os interesses instalados no sector da energia pode ter a garantia mais do que absoluta de que o resultado será certamente ataques nos jornais e nos restantes meios de comunicação social.”
“Um colega do Governo disse-me uma vez que havia a percepção que as coisas não andavam no Ministério da Economia e do Emprego. Perguntei que coisas eram essas. As reformas? Não, disse ele, as reformas estavam a ser feitas e até tínhamos feito um bom trabalho. A reforma do Estado no que dizia respeito ao Ministério e a reestruturação das empresas públicas? Não, isso também foi alcançado e bem, respondeu-me. Então, o que é que falta? perguntei. «Sabes», respondeu ele «o partido queixa-se que as nomeações nunca mais arrancam, que vocês demoram muito a substituir os socialistas que lá estão»”
“A ida de um Ministro às comissões [parlamentares] serve para dar palco aos partidos da oposição, principalmente no que diz respeito aos partidos mais extremistas, que se tornaram especialistas em maximizar o seu espaço mediático no parlamento aumentando a exposição do seu partido para níveis muito superiores ao que justificava a sua representação parlamentar.”
“Quem acompanha de dentro a Concertação Social sabe bem que o que se passa nas reuniões bilaterais e dentro da sala da CPCS [Comissão Permanente de Concertação Social] é radicalmente diferente da imagem que se passa para fora. Foram inúmeras as vezes que tivemos reuniões cordiais, amigáveis e produtivas com todos os parceiros sociais, inclusive com a CGTP, para, no final, ser surpreendido com declarações dos parceiros às televisões a afirmarem com voz indisposta, se não mesmo revoltada, que o Governo era autista, que o Governo não ouvia, que o Governos não entendia os parceiros sociais. Pode parecer estranho mas é natural. Faz parte do jogo político que é a Concertação.”
Estas são algumas das conclusões tiradas por Álvaro Santos Pereira após passar pelo Governo. Santos Pereira chegou ao executivo com um ar vagamente provinciano. Pior, aparentava desconhecer aqueles códigos do um beijinho ou dois beijinhos que são uma espécie de certificado de origem que irmana a Quinta da Marinha e a esquerda Lux. Pouco tempo depois apareceu uma expressão para referir o ministro da Economia: inabilidade comunicacional. E quase sem darmos por isso qualquer coisa que dissesse tornava-se motivo para comentário.
Lembram-se da polémica por causa dos pastéis de nata? Álvaro Santos Pereira limitou-se a perguntar no início de 2012 durante uma conferência de imprensa porque não eram os pastéis de nata tão vendáveis “como os churrascos Nando’s ou os hambúrgueres”. De Basílio Horta às rubricas de humor não houve quem não se considerasse abalizado para teorizar sobre aquilo que jocosamente designavam como “cluster do pastel de nata”.
Das televisões pediam comentários sobre o Álvaro. Nas redes sociais escrevia-se sobre o Álvaro… Enfim nada de muito original mas sempre eficaz: protagonistas aparentemente antagónicos coincidiam na convicção que havia que devolver o intruso à proveniência e substituí-lo por alguém com “peso político”.
Depois sabemos o que aconteceu: o Álvaro acabou por sair do Governo e foi substituído por Pires de Lima. Um ministro que tem tanto peso político que pode vir a ser o próximo líder do PP e que até consegue aquilo que poucos se podem gabar de conseguir neste Governo: umas notícias simpáticas sobre a sua ida a eventos culturais. Mediaticamente falando uma fotografia do ministro a sorrir ou falando com um artista numa galeria de arte vale por um acordo na concertação social.
Mas o tempo continuou a rolar e Álvaro Santos Pereira fez agora sair um livro com um inventário-balanço da sua passagem pelo Governo. O título “Reformar sem medo” diz muito sobre a forma como Álvaro Santos Pereira avalia o seu desempenho enquanto ministro da Economia, que aliás define como “As maiores reformas das últimas décadas”.
Não acaba aí o lado pessoal desse retrato. Álvaro Santos Pereira não esquece o que fez – e faz questão de que os outros também não o esqueçam – e também não esquece o que lhe fizeram. Ou seja não perdoa a Paulo Portas a luta que este travou até conseguir colocar um membro do CDS no Ministério da Economia. E muito menos perdoa o comportamento do líder dos centristas na crise do Verão de 2013. Não poupa nos adjectivos para ilustrar o comportamento de Portas que, segundo Santos Pereira, começa por aceitar bem a nomeação de Maria Luís para as Finanças e depois se demite. Com uma linguagem que estamos pouco habituados a escutar escreve: “Senti que a pátria tinha sido traída e que o país tinha sido atirado para a lama, tínhamos acabado de deitar o trabalho dos últimos dois anos para o lixo”.
Durante esta viagem aos bastidores o Governo nos anos da troika, Passos Coelho é poupado por Santos Pereira, quer nas linhas que o retratam, quer nas críticas. O trabalho de bastidores de Cavaco é realçado. E um homem, João Proença, em boa parte responsável pela assinatura do Acordo de Concertação Social, é largamente elogiado.
O Álvaro que os profissionais da comunicação diziam que não sabia comunicar veio lembrar o que fez enquanto ministro neste livro que em boa verdade é uma espécie de revisão da matéria dada ou melhor dizendo dos programas aprovados, da legislação produzida e das medidas tomadas. Mas sejamos sinceros: o que mediaticamente conta no livro é o ajuste de contas com Portas, e sublinhe-se com Portas não com o CDS. Politicamente o livro vai mais longe: Santos Pereira quer que o recordem como alguém que trabalhou ou “serviu Portugal” como ele prefere dizer, enfrentou interesses instalados e foi capaz de estabelecer pontes com o PS (ou pelo menos com aquela parte do PS que não atolamba ao ouvir a ditirâmbica prosa de Sampaio da Nóvoa)
Para quem sofria de “inabilidade comunicacional” até que nem está nada mal.
Por Helena Matos
Etiquetas:
politica nacional
sábado, 29 de novembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
António Marinho e Pinto eurodeputado, in CM
24.11.2014
A detenção do antigo primeiro-ministro
José Sócrates levanta questões de ordem política, de ordem jurídica e de
cidadania. Mais do que a politização da justiça, ela alerta-nos para a judicialização
da política que está em curso no nosso país.
José Sócrates acabou, enquanto
primeiro-ministro, com alguns dos mais chocantes privilégios que havia na
sociedade portuguesa, sobretudo na política e na justiça. Isso valeu-lhe ódios
de morte.
Foi ele quem, por exemplo, impediu o
atual Presidente da República de acumular as pensões de reforma com o
vencimento de presidente. A raiva com que alguns dirigentes sindicais dos
juízes e dos procuradores se referiam ao primeiro-ministro José Sócrates evidenciava
uma coisa: a de que, se um dia, ele caísse nas malhas da justiça iria pagar
caro as suas audácias.
Por isso, tenho muitas dúvidas de que o
antigo primeiro-ministro esteja a ser alvo de um tratamento proporcional e
adequado aos fins constitucionais da justiça num estado civilizado. É mesmo
necessário deter um cidadão, fora de flagrante delito e sem haver perigo de
fuga, para ser interrogado sobre os indícios dos crimes económicos de que é
suspeito?
É mesmo necessário que ele, depois de
detido, esteja um, dois, três ou mais dias a aguardar a realização desse
interrogatório? Dir-me-ão que é assim que todos os cidadãos são tratados pela
justiça. Porém, mesmo que fosse verdade, isso só ampliava o número de vítimas
da humilhação. Mas não é verdade.
Há, em Portugal, cidadãos que nunca
poderão ser humilhados pela justiça como está a ser José Sócrates: os
magistrados. Desde logo porque juízes e procuradores nunca podem ser detidos
fora de flagrante delito.
Em Portugal, poucos, como eu, têm
denunciado a corrupção. Mas, até por isso, pergunto: seria assim tão
escandaloso que um antigo primeiro-ministro de Portugal tivesse garantias
iguais às de um juiz ou de um procurador? Ou será que estes, sim, pertencem a
uma casta de privilegiados acima das leis que implacavelmente aplicam aos
outros cidadãos?
A justiça não é vingança e a vingança
não é justiça. Acredito que um dia, em Portugal, a justiça penal irá ser
administrada sem deixar quaisquer margens para essa terrível suspeita.
Carlos Alexandre - Está há vários anos
no Tribunal Central de Instrução Criminal e por lá ficará o tempo que quiser,
pois os juízes são inamovíveis. Tempos houve em que um juiz não podia
permanecer num tribunal mais do que seis anos (era a regra do sexénio) e, por
isso, recebia um subsídio para a habitação. Porém, desses tempos, só resta,
hoje, o dito subsídio, bem superior, aliás, ao salário mínimo nacional e
totalmente isento de impostos.
Duarte Marques - Este deputado do PSD
veio manifestar publicamente júbilo pela detenção e humilhação pública de
Sócrates, com o célebre ‘aleluia’. Era evitável a primária manifestação de ódio
quando até a ministra da Justiça nos poupou ao habitual oportunismo político.
Talvez mais cedo do que tarde se cumpra a sentença de Ezequiel: "Os
humildes serão exaltados, e os exaltados serão humilhados."
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/marinho_pinto/detalhe/justica_e_vinganca.html
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/marinho_pinto/detalhe/justica_e_vinganca.html
Etiquetas:
Marinho e Pinto
domingo, 23 de novembro de 2014
sábado, 22 de novembro de 2014
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Correio para:
Visite as Grutas

Património Natural