O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Crónica: Um segredo de um casamento feliz.

por Miguel Esteves Cardoso, in: Jornal Público, de 25-10-2010

Desde que a Maria João e eu fizemos dez anos de casados que estou para escrever sobre o casamento. Depois caí na asneira de ler uns livros profissionais sobre o casamento e percebi que eu não percebo nada sobre o casamento.

Confesso que a minha ambição era a mais louca de todas: revelar os segredos de um casamento feliz. Tendo descoberto que são desaconselháveis os conselhos que ia dar, sou forçado a avisar que, quase de certeza, só funcionam no nosso casamento.

Mas vou dá-los à mesma, porque nunca se sabe e porque todos nós somos muito mais parecidos do que gostamos de pensar.

O casamento feliz não é nem um contrato nem uma relação. Relações temos nós com toda a gente. É uma criação. É criado por duas pessoas que se amam.

O nosso casamento é um filho. É um filho inteiramente dependente de nós. Se nós nos separarmos, ele morre. Mas não deixa de ser uma terceira entidade.

Quando esse filho é amado por ambos os casados - que cuidam dele como se cuida de um filho que vai crescendo -, o casamento é feliz. Não basta que os casados se amem um ao outro. Têm também de amar o casamento que criaram.

O nosso casamento é uma cultura secreta de hábitos, métodos e sistemas de comunicação. Todos foram criados do zero, a partir do material do eu e do tu originais.

Foram concordados, são desenvolvidos, são revistos, são alterados, esquecidos e discutidos. Mas um casamento feliz com dez anos, tal como um filho de dez anos, tem uma personalidade mais rica e mais bem sustentada, expressa e divertida do que um bebé com um ano de idade.

Eu só vivo desta maneira - que é o nosso casamento - vivendo com a Maria João, da maneira como estamos um com o outro, casados. Nada é exportável. Não há bocados do nosso casamento que eu possa levar comigo, caso ele acabe.

O casamento é um filho carente que dá mais prazer do que trabalho. Dá-se de comer ao bebé mas, felizmente, o organismo do bebé é que faz o trabalho dificílimo, embora automático, de converter essa comida em saúde e crescimento.

Também o casamento precisa de ser alimentado mas faz sozinho o aproveitamento do que lhe damos. Às vezes adoece e tem de ser tratado com cuidados especiais. Às vezes os casamentos têm de ir às urgências. Mas quanto mais crescem, menos emergências há e melhor sabemos lidar com elas.

Se calhar, os casais apaixonados que têm filhos também ganhariam em pensar no primeiro filho que têm como sendo o segundo. O filho mais velho é o casamento deles. É irmão mais velho do que nasce e ajuda a tratar dele. O bebé idealmente é amado e cuidado pela mãe, pelo pai e pelo casamento feliz dos pais.

Se o primeiro filho que nasce é considerado o primeiro, pode apagar o casamento ou substitui-lo. Os pais jovens - os homens e as mulheres - têm de tomar conta de ambos os filhos. Se a mãe está a tratar do filho em carne e osso, o pai, em vez de queixar-se da falta de atenção, deve tratar do mais velho: do casamento deles, mantendo-o romântico e atencioso.

Ao contrário dos outros filhos, o primeiro nunca sai de casa, está sempre lá. Vale a pena tratar dele. Em contrapartida, ao contrário dos outros filhos, desaparece para sempre com a maior das facilidades e as mais pequenas desatenções. O casamento feliz faz parte da família e faz bem a todos os que também fazem parte dela.

Os livros que li dão a ideia de que os casamentos felizes dão muito trabalho. Mas se dão muito trabalho como é que podem ser felizes? Os livros que li vêem o casamento como uma relação entre duas pessoas em que ambas transigem e transaccionam para continuarem juntas sem serem infelizes. Que grande chatice!

Quando vemos o trabalho que os filhos pequenos dão aos pais, parece-nos muito e mal pago, porque não estamos a receber nada em troca. Só vemos a despesa: o miúdo aos berros e a mãe aflita, a desfazer-se em mimos.

É a mesma coisa com os casamentos felizes. Os pais felizes reconhecem o trabalho que os filhos dão mas, regra geral, acham que vale a pena. Isto é, que ficaram a ganhar, por muito que tenham perdido. O que recebem do filho compensa o que lhe deram. E mais: também pensam que fizeram bem ao filho. Sacrificam-se mas sentem-se recompensados.Num casamento feliz, cada um pensa que tem mais a perder do que o outro, caso o casamento desapareça. Sente que, se isso acontecer, fica sem nada. É do amor. Só perdeu o casamento deles, que eles criaram, mas sente que perdeu tudo: ela, o casamento deles e ele próprio, por já não se reconhecer sozinho, por já não saber quem é - ou querer estar com essa pessoa que ele é.

Se o casamento for pensado e vivido como uma troca vantajosa - tu dás-me isto e eu dou-te aquilo e ambos ficamos melhores do que se estivéssemos sozinhos -, até pode ser feliz, mas não é um casamento de amor.

Quando se ama, não se consegue pensar assim. E agora vem a parte em que se percebe que estes conselhos de nada valem - porque quando se ama e se é amado, é fácil ser-se feliz. É uma sorte estar-se casado com a pessoa que se ama, mesmo que ela não nos ame.

Ouvir um casado feliz a falar dos segredos de um casamento feliz é como ouvir um bilionário a explicar como é que se deve tomar conta de uma frota de aviões particulares - quantos e quais se devem comprar e quais as garrafas que se deve ter no bar, para agradar aos convidados.

Dirijo-me então às únicas pessoas que poderão aproveitar os meus conselhos: homens apaixonados pelas mulheres com quem estão casados.

E às mulheres apaixonadas pelos homens com quem estão casadas? Não tenho nada a dizer. Até porque a minha mulher continua a ser um mistério para mim. É um mistério que adoro, mas constitui uma ignorância especulativa quase total.

Assim chego ao primeiro conselho: os homens são homens e as mulheres são mulheres. A mulher pode ser muito amiga, mas não é um gajo. O marido pode ser muito amigo, mas não é uma amiga.

Nos livros profissionais, dizem que a única grande diferença entre homens e mulheres é a maneira como "lidam com o conflito": os homens evitam mais do que as mulheres. Fogem. Recolhem-se, preferem ficar calados.

Por acaso é verdade. Os livros podem ser da treta mas os homens são mais fugidios.

Em vez de lutar contra isso, o marido deve ceder a essa cobardia e recolher-se sempre que a discussão der para o torto. Não pode ser é de repente. Tem de discutir (dizê-las e ouvi-las) um bocadinho antes de fugir.

Não pode é sair de casa ou ir ter com outra pessoa. Deve ficar sozinho, calado, a fumegar e a sofrer. Ele prende-se ali para não dizer coisas más.

As más coisas ditas não se podem desdizer. Ficam ditas. São inesquecíveis. Ou, pior ainda, de se repetirem tanto, banalizam-se. Perdem força e, com essa força, perde-se muito mais.

As zangas passam porque são substituídas pela saudade. No momento da zanga, a solidão protege-nos de nós mesmos e das nossas mulheres. Mas pouco - ou muito - depois, a saudade e a solidão tornam-se insuportáveis e zangamo-nos com a própria zanga. Dantes estávamos apenas magoados. Agora continuamos magoados mas também estamos um bocadinho arrependidos e esperamos que ela também esteja um bocadinho.

Nunca podemos esconder os nossos sentimentos mas podemos esconder-nos até poder mostrá-los com gentileza e mágoa que queira mimo e não proclamação.

Consiste este segredo em esperar que o nosso amor por ela nos puxe e nos conduza. A tempestade passa, fica o orgulho mas, mesmo com o orgulho, lá aparece a saudade e a vontade de estar com ela e, sobretudo, empurrador, o tamanho do amor que lhe temos comparado com as dimensões tacanhas daquela raivinha ou mágoa. Ou comparando o que ganhamos em permanecer ali sozinhos com o que perdemos por não estar com ela.

Mas não se pode condescender ou disfarçar. Para haver respeito, temos de nos fazer respeitar. Tem de ficar tudo dito, exprimido com o devido amuo de parte a parte, até se tornar na conversa abençoada acerca de quem é que gosta menos do outro.Há conflitos irresolúveis que chegam para ginasticar qualquer casal apaixonado sem ter de inventar outros. Assim como o primeiro dever do médico é não fazer mal ao doente, o primeiro cuidado de um casamento feliz é não inventar e acrescentar conflitos desnecessários.

No dia-a-dia, é preciso haver arenas designadas onde possamos marrar uns com os outros à vontade. No nosso caso, é a cozinha. Discutimos cada garfo, cada pitada de sal, cada lugar no frigorífico com desabrida selvajaria.

Carregamos a cozinha de significados substituídos - violentos mas saudáveis e, com um bocadinho de boa vontade, irreconhecíveis. Não sabemos o que representam as cores dos pratos nas discussões que desencadeiam. Alguma coisa má - competitiva, agressiva - há-de ser. Poderíamos saber, se nos déssemos ao trabalho, mas preferimos assim.

A cozinha está encarregada de representar os nossos conflitos profundos, permanentes e, se calhar, irresolúveis. Não interessa. Ela fornece-nos uma solução superficial e temporária - mas altamente satisfatória e renovável. Passando a porta da cozinha para irmos jantar, é como se o diabo tivesse ficado lá dentro.

Outro coliseu de carnificina autorizada, que mesmo os casais que não podem um com o outro têm prazer em frequentar, é o automóvel. Aí representamos, através da comodidade dos mapas e das estradas mesmo ali aos nossos pés, as nossas brigas primais acerca das nossas autonomias, direcções e autoridades para tomar decisões que nos afectam aos dois, blá blá blá.

Vendo bem, os casamentos felizes são muito mais dramáticos, violentos, divertidos e surpreendentes do que os infelizes. Nos casamentos infelizes é que pode haver, mantidas inteligentemente as distâncias, paz e sossego no lar.

Uma verdadeira revolução pode iniciar-se convidando “o Outro” para almoçar...

Elizabeth Lesser

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Viagens no tempo...na economia doméstica e na pública.



Independentemente da disciplina que as "boas contas" obrigava a tudo e a todos, convenhamos que o resultado da ortodoxia das contas públicas, concedia a Portugal um crédito, nesta sede, hoje, invejável.

Sem pretender, de todo, fazer, a apologia desses tempos de má memória no que ao direito e ás liberdades pessoais e politicas disse respeito, não podemos deixar de reconhecer que, em matéria de credibilidade das contas públicas, tarda a ver-se, e em democracia, uma eficiência equiparável!

Se o mal não é da democracia, como é compreensível e imperativo, será então de quem?

Como curiosidade histórica, reproduzimos o texto que se segue, elucidativo acerca de um dos resultados, em sede de politica externa, dessa politica de "boas contas". As conclusões e o balanço será de cada um dos leitores.

O texto, naturalmente, é da responsabilidade do seu autor.

Quinta-feira, 22 de Abril de 2010

MEMÓRIAS DE UM "PORTUGAL" QUE ERA RESPEITADO

Corria o ano da graça de 1962. A Embaixada de Portugal em Washington recebe pela mala diplomática um cheque de 3 milhões de dólares (em termos actuais algo parecido com € 50 milhões) com instruções para o encaminhar ao State Department para pagamento da primeira tranche do empréstimo feito pelos EUA a Portugal, ao abrigo do Plano Marshall.
O embaixador incumbiu-me – ao tempo era eu primeiro secretário da Embaixada – dessa missão.

Aberto o expediente, estabeleci contacto telefónico com a desk portuguesa, pedi para ser recebido e, solicitado, disse ao que ia. O colega americano ficou algo perturbado e, contra o costume, pediu tempo para responder. Recebeu-me nessa tarde, no final do expediente.

Disse-me que certamente havia um mal entendido da parte do governo português. Nada havia ficado estabelecido quanto ao pagamento do empréstimo e não seria aquele o momento adequado para criar precedentes ou estabelecer doutrina na matéria. Aconselhou a devolver o cheque a Lisboa, sugerindo que o mesmo fosse depositado numa conta a abrir para o efeito num Banco português, até que algo fosse decidido sobre o destino a dar a tal dinheiro. De qualquer maneira, o dinheiro ficaria em Portugal. Não estava previsto o seu regresso aos EUA.

Transmiti imediatamente esta posição a Lisboa, pensando que a notícia seria bem recebida, sobretudo numa altura em que o Tesouro Português estava a braços com os custos da guerra em África. Pensei mal. A resposta veio imediata e chispava lume. Não posso garantir, a esta distância, a exactidão dos termos mas era algo do tipo: "Pague já e exija recibo". Voltei à desk e comuniquei a posição de Lisboa.

Lançada estava a confusão no Foggy Bottom: - Não havia precedentes, nunca ninguém tinha pago empréstimos do Plano Marshall; muitos consideravam que empréstimo, no caso, era mera descrição; nem o State Department, nem qualquer outro órgão federal, estava autorizado a receber verbas provenientes de amortizações deste tipo. O colega americano ainda balbuciou uma sugestão de alteração da posição de Lisboa mas fiz-lhe ver que não era alternativa a considerar. A decisão do governo português era irrevogável.

Reuniram-se então os cérebros da task force que estabelecia as práticas a seguir em casos sem precedentes e concluíram que o Secretário de Estado - ao tempo Dean Rusk - teria que pedir autorização ao Congresso para receber o pagamento português. E assim foi feito. Quando o pedido chegou ao Congresso atingiu implicitamente as mesas dos correspondentes dos meios de comunicação e fez manchete nos principais jornais. "Portugal, o país mais pequeno da Europa, faz questão de pagar o empréstimo do Plano Marshall"; "Salazar não quer ficar a dever ao tio Sam" e outros títulos do mesmo teor anunciavam aos leitores americanos que na Europa havia um país – Portugal – que respeitava os seus compromissos.

Anos mais tarde conheci o Dr. Aureliano Felismino, Director-Geral "perpétuo" da Contabilidade Pública durante o salazarismo (e autor de umas famosas circulares conhecidas, ao tempo, por "Ordenações Felismínicas" as quais produziam mais efeito do que os decretos do governo). Aproveitei para lhe perguntar por que razão fizemos tanta questão de pagar o empréstimo que mais ninguém pagou. Respondeu-me empertigado: - "Um país pequeno só tem uma maneira de se fazer respeitar – é nada dever a quem quer que seja".

Lembrei-me desta gente e destas máximas quando, há dias, vi na televisão o nosso Presidente da República a ser enxovalhado, pública e grosseiramente, pelo seu congénere checo a propósito de dívidas acumuladas.

Eu ainda me lembro de tais coisas, mas a grande maioria dos Portugueses, de hoje, nem esse consolo tem.

Estoril, 18 de Abril de 2010
Luís Soares de Oliveira

sábado, 5 de fevereiro de 2011

The show must go on!...:Orçamento por môr da Santa ou do Mandrake!!

em resultado do estado da economia é que não é!

Achamos que, na blogoesfera concelhia, já quase tudo foi dito sobre a santa aliança entre o PSD e a CDU, no que concerne à aprovação do orçamento concelhio.

No entanto, por temos, inúmeras vezes, assente a lógica do nosso discurso no desvirtuamento do contrato de representação celebrado ciclicamente entre o cidadão eleitor e o seus mandatários políticos, os cidadãos eleitos, ao qual, amiúde, apodamos de deslealdade (que é um crime devidamente tipificado), não podemos, quanto à matéria, ficar-mo-nos pela fábula do Ratinho, recentemente publicada.

O entendimento do PSD, com a CDU, constitui, deveras, um exemplo paradigmático e nuclear de como o pais tem sido gerido.

Acerca do resultado dessa gestão, não valerá a pena falar, pois isso é, de há vários anos a esta parte, noticia diária de telejornal, cujo matraquear, tendo muitos defeitos, parece não ser suficiente para atemorizar os timoneiros da desenfreada navegação em direcção ao “ triangulo das Bermudas”, para onde os espasmos da vertigem suicidária de que padecem os encaminham com vista ao repouso final.

Temos que voltar ao assunto e algo nos diz que este retorno, continuará a verificar-se, uma vez que, os principais interessados, os cidadãos contribuintes, por omissão, continuam a permiti-lo e os seus representantes, por acção, continuam a agir de igual forma.

Poderíamos, usando a lógica einsteiniana, chamar-lhes incompetentes e ou idiotas, com base no facto de continuarem a proceder de igual forma, esperando resultados diferentes..., mas, infelizmente, já é tarde para perdermos tempo com análises que já foram feitas e refeitas, com presunções de inocência que aguardam condenações que o eleitorado não dá ou não pode, no presente contexto, dar, e não vale a pena, uma vez que a degradação do erário público já não se fica só pelo que o português pode reunir em resultado do trabalho e produção própria, mas ultrapassa-o significativamente.

De facto, numa avaliação estática, Portugal encontra-se em estado de insolvência.
Só pelo recurso a uma avaliação dinâmica da nossa economia poderemos pensar que, com uma gestão conservadora e muita sorte ( que é filha do muito trabalho e da produção efectiva) poderemos continuar um estado e economia sustentáveis, numa palavra: um pais independente.

Sim porque do Estado Social já não valerá a pena falar porquanto seria tão insano acreditar que se manterá tal como o conhecemos – a manter-se tanta irresponsabilidade por parte da classe dirigente – tanto quanto jurar a pés juntos que o Pai Natal existe!

Revisitando as entranhas do tumor deste cancro:

As receitas inscritas no orçamento de 2010 andavam pelos 57, 5 milhões de euros e aquelas que efectivamente se realizaram foram de 32,5 milhões de euros.
Sem curar de saber qual foi o défice de 2010, questão que não é de somenos, naturalmente, mas que, para já, para o que aqui interessa, não é o que mais importa, gostaríamos de saber em que é que a prestimosa inteligência da snra presidenta faz assentar a justificação para, em 2011, existirem recursos da receita que possam fazer face a uma despesa de 48,5 milhões de euros?

Certamente que num poder sobrenatural que desconhecíamos encontrar-se ao seu alcance, ou, no mínimo pelo recurso a um prestidigitador cuja contratação irá realizar a expensas próprias, uma vez que tal custo, pelo menos transparentemente, não se encontra inscrito do lado da despesa no orçamento concelhio para 2011. Na situação económica é que não será concerteza!

(À laia de inconfidência e certamente por via da má língua, já nos tinha constado que a grande ambição da senhora, não se quedava pela Assembleia da República, mas, atenta a milagrosa gestão do concelho durante os seus mandatos, ascendia a vir a ser santificada. Se calhar pela via da crucificação??? O seu próprio nome de baptismo – Isabel - sempre o augurou, terá confessado à boca pequena! E a constante transformação do dinheiro que tem tido à disposição no seu regaço, em rosas, doçura e ilusão, também deixam adivinhar que por ali existe uma vocação evidente que aguarda o reconhecimento de Roma!


Segundo os mais seculares, é na sua queda para a magia que a sua vocação se resta!

Vá lá saber-se quem tem razão!




Que já se constou que contratou os serviços do lendário Mandrake para a apoiar na criação de ilusões no concelho, enquanto por cá andar, é um facto e a evidência imediata está no deve e haver do orçamento de 2011.)

Na verdade tem sido com estas artistíces que se tem malbaratado a parca riqueza nacional, exactamente na distribuição das parcelas orçamentais que permitem a manutenção dos pequenos interesses paroquiais, cuja disponibilidade permite aos caciques locais fazer ver aos seus acólitos (e mantê-los) que merece a pena fazerem os que eles mandam, porque são sempre recompensados. Enfim:"The show must go on!..."!

Nesta marmelada (quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte)(toma lá o presunto, deixa-me ficar com o porco)(não comas amanhã aquilo que podes comer hoje)(o melhor é servires-te já porque amanhã não há) é fácil a gente entender-se! Quem vier atrás que feche a porta!

A soma de milhões destas pequenas concessões orçamentais e de outras por exemplo no emprego asilar na administração pública é, a nível nacional, ABISSAL!
E o buraco que cava nas nossas contas é já quase do tamanho da fossa do MINDANAU!

Estas são as causas próximas de todos os males económicos e financeiros do nosso estranho Pais!
Mas a causa remota está em nós, que o permitimos por omissão!

Em conclusão: se você não guarda o seu lixo em sua casa, porque razão o conserva na casa de todos nós?

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A fábula fantástica da aprovação dum mau orçamento!




A "moral da estória" insíta nesta fábula aplica-se a todos aqueles que no concelho de Silves acham que a incapacidade de Isabel Soares para construir um orçamento credível e adaptado à crise que atravessamos não os afecta.

A aprovação dum “orçamento” que não reflecte a realidade das receitas, e que foi aprovado através da libertação de mais uns euros para algumas das freguesias do concelho (o que constitui um verdadeiro negócio Limiano, exactamente um tipo de contratualização que urge expurgar de um sistema politico caduco, cuja caducidade a classe politica insiste em não ver...) é mais um embuste para todos os cidadãos e instituições do concelho, que irá continuar a comprometer o futuro de todos.

Porquanto nestas coisas, o que é ruim para um é ruim para todos...

Recordemos a lógica e a pedagogia da fábula do Ratinho:


Um rato, espreitando furtivamente por um buraco na parede da sua residência, assiste às manobras do fazendeiro e sua esposa, abrindo um pacote.

De imediato adivinhou a iguaria que dali iria surgir, e salivou...


Ao constatar que se tratava de uma ratoeira, ficou verdadeiramente aterrorizado!

De imediato virou costas e correu para o pátio da fazenda na mira de avisar todos os restantes habitantes:

- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa, gritou!!!


A galinha acudindo-lhe, disse:

- Desculpe-me Sr. Rato,entendo que isso seja um grande problema para si, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.

O rato, cruzando-se com o porco, disse em sinal de alarme:
- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!

Depois de assimilar o despropósito do socorro, o porco grunhiu:

- Que tenho eu com isso, oh! snr. Rato? Não vejo o que eu possa fazer por si!
- Fique tranquilo que eu, nas minhas orações, vou pedir por si.

Desesperado o rato virando-se para a vaca, já em agonia, repetiu a noticia alarmante.

A vaca, pachorrenta retorquiu:
- O quê? Uma ratoeira? Por acaso estarei em perigo? Acho que não!

O rato, cabisbaixo, voltou para casa visivelmente abatido, engendrando, desassossegado, maneira de evitar a ratoeira.

A meio da noite ouviu-se um barulho, como se a ratoeira tivesse feito a sua primeira vítima.

Espavorida de medo a muito custo controlado, a mulher do fazendeiro correu para ver o que tinha acontecido.

No escuro, ela não reparou que a ratoeira tinha apanhado a cauda de uma cobra venenosa.
A cobra que apesar de presa pelo rabo mantinha grande liberdade de movimentação, picou a mulher...

Acudindo ao desespero da mulher, o fazendeiro conduziu-a imediatamente ao hospital, donde ela voltou com febre.

Para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha, pensou o marido extremoso.

Daí pegou no cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.

Como a maleita da mulher permanecesse, os amigos e vizinhos chegaram a visitá-la.

Para alimentá-los, o fazendeiro honrado com as visitas, matou o porco, para presentar os amigos com um lauto jantar.

Sucedeu que mulher não melhorou e acabou morrendo.

A afluência dos vizinhos, amigos e familiares para o funeral foi enorme.

O fazendeiro viu-se na obrigação de a todos receber o melhor possivel, e, vai daí, sacrificou a vaca, para alimentar todo aquela gente.



Moral da História:

Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando há uma ratoeira na casa, toda fazenda corre perigo.

O problema de um pode ser um problema de todos!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

TEORIA DAS JANELAS PARTIDAS



Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor. Uma deixou em Bronx, na altura uma zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia.

Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipa de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada sítio.

Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as jantes, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

É comum atribuir à pobreza as causas de delito. Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (da direita e esquerda). Contudo, a experiência em questão não terminou aí, quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto.

O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. Porquê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso?

Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como que vale tudo. Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de actos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.

Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a 'Teoria das Janelas Partidas', a mesma que de um ponto de vista criminalístico, conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujidade, a desordem e o maltrato são maiores.

Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.

Se se cometem 'pequenas faltas' (estacionar-se em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar-se um semáforo vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves. Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.


Para além da utilidade cultural dos estudos que acabamos de citar, são patentes as conclusões a retirar sobre a verificação de circunstancialismos semelhantes em Armação de Pêra, pelo menos no que respeita ao péssimo serviço prestado pela autarquia ou por quem quer que seja a seu mando, quanto aos LIXOS!

De facto a triste e deprimente exposição frequente dos lixos empilhados promove mais lixo e laxismo nos hábitos de higiéne e salubridade públicas.

As nossas insistentes críticas a esta realidade comprovada por todos, infelizmente, não têm surtido tanto efeito quanto o desejado!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Podem os jogos ajudar os rapazes a estudar?

Ali Carr-Chellman

*Será que **uma nova Era já começou!*

Transcrevemos o texto que se segue, o qual nos foi remetido, via e-mail, por um amigo do blog! Independentemente da enormidade de questões que suscita e às quais não dá resposta, não deixa de constituir uma reflexão séria e sustentada sobre os dias de hoje, numa perspectiva do amanhã.


*E**stá a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que
a Revolução, uma nova Era já começou!

As pessoas andam um bocado distraídas! Não deram conta que há cerca de 3
meses começou a Revolução! Não! Não me refiro a nenhuma figura de estilo,
nem escrevo em sentido figurado! Falo mesmo da Revolução "a sério" e em
curso, que estamos a viver, mas da qual andamos distraídos (desprevenidos) e
não demos conta do que vai implicar. Mas falo, seguramente, duma Revolução!

De facto, há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas,
e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade
actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente
e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E
que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15
ou 25 anos!

... tal como ocorreu noutros períodos da história recente: no status
político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas
pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise
do petróleo de 73.

Estamos a viver uma transformação radical, tanto ou mais profunda do que
qualquer uma destas! Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda
não percebemos que a Revolução já começou!

Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10
factores":

1º- A Crise Financeira Mundial : desde há 8 meses que o Sistema Financeiro
Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado
porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do
Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer:
"emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e
inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído
como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar
esta história !...

2º- A Crise do Petróleo : Desde há 6 meses que o petróleo entrou na espiral
de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas
são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou
seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica
da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a
fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de
serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há 2
semanas a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por
cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor:
basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas
para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa
15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de
avião baratas (...e as férias massivas!), a inflação controlada, etc...

3º- A Contracção da Mobilidade : fortemente afectados pelos preços do
petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as
trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer
fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante
e na interpenetração económica mundial.

4º- A Imigração : a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões
de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num
movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os
trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de
países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este
movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa
terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e
melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com
direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º- A Destruição da Classe Média : quem tem oportunidade de circular um
pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes
médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste
governo) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na
Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias
são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas
estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade
de intervenção.

6º- A Europa Morreu : embora ainda estejam projectar o cerimonial do
enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não
tem projecto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não
consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou
nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa",
nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O
"Requiem" pela Europa e dos "seus valores" foi chão que deu uvas: deu-se há
dias na Irlanda!

7º- A China ao assalto! Contou-me um profissional do sector: a construção
naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em
satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os
estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada
por encomendas de navios... da China. O gigante asiático vai agora "atacar"
o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...).
Foram apresentados há dias no mais importante Salão Automóvel mundial os
novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e
americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são
soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi!) e vão
chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de
Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia...helás! Estamos a falar de
centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico,
financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise
do têxtil foi uma brincadeira de crianças! (Os chineses estão
estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de
produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais).

8º- A Crise do Edifício Social : As sociedades ocidentais terminaram com o
paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se
casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas
gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem
compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e
actuação comum...

9º- O Ressurgir da Rússia/Índia : para os menos atentos: a Rússia e a Índia
estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade
estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos
ultrapassarão a Alemanha!

10º- A Revolução Tecnológica : nos últimos meses o salto dado pela revolução
tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano
tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e
processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!

Eis pois, a Revolução!

Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um
sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda
desconhecido e... imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar
radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão
(permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras
profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, a
ter estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.

Espera-nos o Novo! Como em todas as Revoluções!

Um conselho final: é importante estar aberto e dentro do Novo, visionando e
desfrutando das suas potencialidades! Da Revolução! Ir em frente! Sem medo!

Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo sempre mudou para melhor!...*

*Francisco Silva*

sábado, 29 de janeiro de 2011

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