O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sábado, 25 de setembro de 2010

Para um despertar suave em Armação de Pêra….

Pat Metheny and Toots Thielemans

Always And Forever

Exemplo para memória futura!

Josefa, a bombeira

"Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos. Afinal, uma jovem daquelas que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatária de juventude.

Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão.

Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela: "Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas."

Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos.

Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das "Josefas que são o sal da nossa terra?"

Por FERREIRA FERNANDES, Diário de Notícias

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Porque vale a pena ver…

Saúde Oral em Silves

TEXTO DE EÇA DE QUEIRÓZ, SOBRE A EDUCAÇÃO (1872)

Eis aqui, com algumas reflexões e algumas cifras, o estado da instrução publica em Portugal:


Em primeiro lugar a instrucção entre nos está toda a cargo do governo.
As camaras municipaes, que por urna velha tradiçáo nunca se occuparam das cousas da intelligencia — nao dão sequer esmola ao A B C. Uma Camara tem antes de tudo, como objecto, macadamizar commodamente as ruas ou as viellas de SS. SS.as os vereadores; depois tem de construir as estradas que levam as quintas, onde SS. SS.as os vereadores, de tamancos e collete aberto, suam sob a folhagem da faia — sub tegmine fagi; depois tem de empregar, subsidiar, e em geral manter, todos os afilhados de SS. SS.as os vereado¬res. Quando chega a passar o A B C, SS. SS.as teem a inicia¬tiva cançada e a bolsa esvaziada.

Por seu lado os particulares, com singularissimas e sympathicas excepções, nunca levaram a mão à algibeira, para dar um pataco a uma escola. (E como estranhar esta abstengo póde parecer urna originalidade phantasista, devemos lembrar que em Inglaterra, Franca, Allemanha, Dina¬marca, Suecia, Italia, Russia, Hespanha, Estados-Unidos, os particulares sustentam com um hombro as paredes da escola que os municipios amparara com o outro.)

A leí de 20 de Setembro de 1844 concedeu as cámaras municipaes authorização para fundarem, com os seus rendimentos, escolas primarias. Quem atienta n'estes termos, suppõe muito racionalmente que as cámaras estavam ávidas de fundar escolas, e que o amor da instrucção tinha verda-deiramente tomado o freio nos dentes: suppóe ainda que leis anteriores teriam circunspectamente domado este impeto desabalado de educar: — e que a lei de 1844, alargando um pouco as redeas, permittiu as cámaras palpitantes o criarem as appetecidas escolas, nao n'uma carreira desordenada, mas n'um chouto modesto: e suppóe emfim que, feíta a concessão, as cámaras se atiraram aos pulos, aos corcovos, com a clina esguedelhada, a levantar os alicerces das escolas! Pois bem, sabem quantas escolas teem as cámaras fundado, inteiramente a expensas suas, desde 1844, ha quasi trinta annos ? Urna, em Setubal!

De resto, nao sejamos injustos. Algumas cámaras tendo, com o curso dos annos, chegado a comprehender que soletrar nao é inteiramente táo criminoso como roubar, déram generosamente o auxilio dos seus cofres para a organizado do ensino—e as 300 cámaras do paiz, juntas as 4:000 parochias, teem concorrido, n'este espaco de 30 annos, com um subsidiozinho de tostóes para a fundação de 41 escolas!


Tal é o desvelo, a intelligencia, o patriotismo com que SS. SS.as, as espêssas cámaras municipaes, se occupam da instrucção.
É urna situação paralella á dos cafres — de nossos irmãos os cafres.

O Estado, portante, tem a instrucção inteiramente a seu cargo, e sob sua responsabilidade.

Ora, tendo um paiz a educar, eis o que o Estado tem feito:
Sabéis, amigos, quantas escolas ha, de Norte a Sul, n'este paiz onde floresce a vinha e Melicio pensa ?

2.300!

Existindo no paiz, segundo as ultimas estatisticas, 700:000 crianças, e nao sendo justo que se apertem na estreiteza abofada d'uma escola mais de 50 alumnos, (e ja é fazer transpirar de mais tenros cidadáos imberbes) segue-se que deveriamos ter 14:000 escolas...
Temos 2.300!

Devendo, pois, fundar urna escola para cada 50 crianzas, possuimos apenas urna escola para cada 300 crianzas! Ha urna escola para cada 2.600 habitantes!

Das 700.000 crianças que existem em Portugal o Estado, n'essas 2.300 escolas — ensina 97.000. Isto é, de 700.000 crianzas, estáo fóra da escola mais de 600.000!

D'estas 97.000 enancas que frequentam as escolas, sabéis, amigos, quantas se apuram promptas, por anno ? Segundo as ultimas inspecções — em cada 50 alumnos apura-se 1 alumno!

Portante Portugal, de 97:000 crianzas que traz nas suas escolas —tira por anno, sabendo os rudimentos, 1:940!
Mordei-vos de ciumes, oh cafres!

Para esta situação concorrem o alumno, o mestre, e a escola. E a culpa toda recabe no Estado. Porque o Estado impossibilita o alumno, inutiliza o mestre e abandona a escola. Vai, como o general Boum, por tres caminhos — contra o A. B. C.!
Nos campos a familia é hostil á escola, diz-se. Erro.

A familia nao nega o filho á escola, requer o filho para o trabalho. A criança ahí, de sete a dez annos, já conduz os bois, guarda o gado, apanha a lenha, acarreta, sacha, collabora na cultura. Tem a altura de urna enxada e a utilidade de um homem. Sahe de madrugada, recolhe ás trindades, com o seu día rudemente trabalhado. Mandal-o á escola, de manhá e de tarde, umas poucas de horas, é diminuir a forga produc¬tora do casal. Um alumno de mais na escola é assim um braço de menos na lavoura. Ora urna familia de lavradores nao pode luxuosamente diminuir as suas forjas vivas. Nao é por o filho saber soletrar a cartilha que a térra Ihe dará mais pão. Portanto tiram a crianza á escola para a empregar na térra.

O remedio a isto seria a criação de cursos nocturnos.
Á noite, o campo restituiría a crianza á escola. Os cursos nocturnos eram outr'ora exclusivamente para os adultos que tinham o seu dia tomado pela lavoura ou pelo officio. No emtanto n'um paiz pobre, como o nosso, de pequena cultura e de pequena industria, a crianza trabalha quasi tanto como o homem. O filho tem o seu dia tomado pelo mesmo labor do pai. Os cursos nocturnos deveriam ser sobre-tudo para elle—senão para ambos.

Ora sabem quantos cursos nocturnos havia em Portugal em 1862?—62!
Em Italia, paiz de populacáo apenas quintupla, e cuja instruccáo se arrasta vagarosamente, havia — 5.000!

Sabem quanto todos os municipios juntos, os trezentos municipios do paiz, dáo para os cursos nocturnos, suprema facilitacão da instruccáo? 1.200$000 reís!
Sabem quanto da o Estado para esses 62 cursos ? 240$000 reis para os cursos nocturnos! 3$890 reis a cada curso! Pouco mais de tres quartinhos! É com estas despezas desvairadas que se fazem as bancarrotas desastrosas!

Mas nao é tudo! Em 1867 o ministro do reino promoveu enérgicamente a criacáo de cursos nocturnos. Fez-se um esforgo arquejante, e conseguiu-se, depois de mezes prolon¬gados, criar 545 cursos! As cámaras, no primeiro enthusiasmo, prometteram magnánimamente, para auxiliar estas criações —12:000$000 reís. Pois bem, sabem o que succedeu? Mezes depois, as cámaras negaram-se a continuar as dotações!
Algumas mesmo nao chegaram nunca a pagal-as!

Outras nao quizeram satisfazer ao professor os ordenados ja vencidos!
N'um districto, no bestial districto de Evora, dos 18 cur¬sos nocturnos que se abriram, restavam apenas, mezes depois, 3!

No districto de Ccimbra (oh lusa Athenas!) de todos os cursos que havia, nao resta va, passados mezes—nenhum!
Últimamente, em Peniche, os cursos nocturnos eram frequentados por 700 alumnos. A hedionda cámara fechou-os todos!


Dos 545 cursos que se conseguiram criar em 1867, res¬tara menos de 100!
Que Ihes parece, meus senhores, esta singular infamia ?

Oh, nossa patria! Deus na sua justiça te dé uma boa e feroz tyrannia, que te deite nas palhas das cadêas, te vergaste nos velhos pelourinhos que ainda existam, e te enfor-que ñas través apodrecidas das fórcas de outr'ora!

Outra das vergonhas d'esta situação é o professor.
O professor de instruccão primaria é o homem no paiz mais humildemente desgranado, e mais cruelmente desattendido.

Sabem quanto ganha una professor de instruccáo prima¬ria? 120$000 reis por anno, 260 reis por dia! Tem de se alimentar, vestir, pagar urna casa, comprar livros, e quasi sempre comprar para a escola papel, lapis, lousas, etc. — com treze vintens por dia. Note-se que, para a alta moralidade da sua missão, o professor deve ser casado. Pois bem, para criar urna familia — treze vintens por dia!

Mas oucam! Ja em 1813 a junta directora dos estudos pedia ao governo que, pelo menos, désse aos professores pri¬marios 200$000 reis. Pedia-se isto ha 60 annos! A junta dizia, enérgicamente: «decidamo-nos; sem ordenados sufficientes nao ha professores idóneos.» Em 1813, 200$000 reis para um professor era considerado pelas repartições compe¬tentes um ordenado—apenas sufficiente. E em 1872, com o extraordinario augmento dos precos, a triplicada carestía da vida—o professor tem ainda de ordenado os velhos 120$000!

Note-se mais! Ha 35 annos, Rodrigo da Fonseca Magalháes, considerando que o professor nao podia viver, nem educar-se, nem aproveitar, com o ordenado avaro do antigo régimen—determinou que os professores de Lisboa tivessem 400$000 reís, e os das outras térras 250$000 reis. Pois bem: d'ahi a tres mezes essas medidas racionaes e inevitaveis fóram abolidas! Determinou-se até que aos professores nao fóssem pagos os ordenados vencidos — e arremessou-se de novo, violentamente, o professor para a indigencia!

Além d'isso o professor de instruccáo primaria nao tem carreira. Está fechado no seu destino como n'uma desgraca murada: crescer-Lhe-háo os filhos, vir-lhe-háo os cabellos brancos, terá educado geracóes, e continuará sem esperanca de memoria a soffrer dentro dos seus 120$000 reís! A falta de carreira é a extincção do estimulo, a petrificacáo da vontade, o abandono do ser á fatalidade, á rotina e á iner¬cia. O homem assim nao procura progredir: embrulha-se na somnolencia do seu officio como quem se accommoda para a eternidade.

Urna eternidade de 120$000 reís! E aínda d'este estreito salario tem quasi de sustentar a escola. O alumno pobre so acceita o ensino absolutamente gratuito. Se tem de comprar pennas, lapis, lousa, pauta, papel — abandona a escola. O professor é forcado a pagar estes apetrechos, de outro modo desertam-lhe a aula, e o vazio da sua escola seria o fim do seu salario.

Accresce que o professorado é uma alta, difficil sciencia que se necessita apprender.

É esse o fim das escolas normaes — apprender a ser mestre. So a Italia, tem hoje ja 91 esco¬las normaes. Sabem quantas havia em Portugal? Uma. E sabem o que fez o governo para seguir esse movimento civilizador e fecundo, que por toda a parte multiplicava as Escolas Normaes? Correu sobre a única que tinha-mos e — extinguiu-a! É verdade, meus senhores, extin-guiu-aí Déra ella, no pouco tempo que viveu, 91 professo-res, todos aproveitados pelo Estado — porque 70 regiam aínda ha pouco escolas publicas, e o resto occupava-se no ensino livre!

Este professorado quasi sem salario, de todo sem carreira, sem apprendizagem normal, cria a seguinte situação:
Na ultima inspeccão — d'entre 1.687 professores, so fóram encontrados com habilitares literarias 263! E so fóram julgados zelosos—172!
Que vos parece, patriotas ?


A escola por si offerece igual desorganizado. Os edificios (a nao ser os legados pelo conde de Ferreira, que ainda quasi nao funccionam) sao na maior parte urna variante torpe entre o celleiro e o curral. Nem espaço, nem asseio, nem arranjo, nem luz, nem ar.

Nada torna o estudo táo penoso como a fealdade da aula. Nao pedimos de certo para uso do A B C os classicos jardins d'Armida: mas está na mesma essencia da organizado dos estudos a boa disposição material do edificio escolar. Sobretudo nas aldeas é quasi impossivel attrahir ao estudo, n'uma saleta tenebrosa e abafada, crianzas inquietas que veem do vasto ar, da luz alegre dos prados e dos montes. A escola nao deve ter a melaneholia da cadéa. Pestallozi, Froebel, os grandes educadores, ensinavam em pateos, ao ar livre, entre arvores. Froebel furia alternar o estudo do A B C e o trabalho manual; a crianza soletrava e cavava. A educação deve ser dada com hygiene. A escola entre nos é urna grilheta do abecedario, escura e suja: as crianzas, enfastiadas, repetem a iíqüo, sem vontade, sem intelligencia, sem estimulo: o professor domina pela palmatoria, e põe todo o tedio da sua vida na rotina do seu ensino.

Além d'isso, de 1.687 (como viram), so 172 fóram achados competentes!

É que ha um outro mal terrivel—a falta de inspecção. A inspecção é a consciencia publica da escola. Sem inspecção, —o professor que nao tem ordenado sufficiente, nem destino garantido, nem estimulo efficaz, desleixa-se por falta d'interesse, e a escola desorganiza-se por falta de direcçáo. É o que se da por todo o paiz. As escolas estáo abandonadas á indolencia do professor: e o professor está abandonado á desesperanca da vida!

Sabem como é feita a inspecção ?

Em cada districto administrativo ha um commissario dos estudos que tem por anno, para inspeccionar as escolas do seu districto, a gratificacáo de—120§000 reis.

Ordinariamente é um professor do lyceu ou o reitor. Isto vigora desde 1844. Ora em 1854, o ministro do reino dizia á cámara dos deputados, n'um relatorio:—«os commissarios dos estudos, ocupados na direcção dos lyceus, e nas regencias de cadeiras, nao curam nem podem curar da visita e inspeccáo das escolas prima¬rias !»

É pois o Estado que claramente condemna o régimen estabelecido em 1844. Pois bem, ha perto de 20 annos que esta sentenca condemnatoria, da inspeccáo dos commissarios, foi lavrada pelo governo—e ainda existe hoje, em 1872, a inspeccáo pelos commissarios á moda de 1844.


Eis, resumidamente, o estado da instrucçáo.
2.300 escolas n'um paiz de 4 milhóes de habitantes!
De 700.000 crianzas a educar, apenas se encontrara 97.000 ñas escolas! D'estas 97.000 apenas se apuram 1.940.

Por-tanto de 700.000 crianzas a educar — educa o paiz 1.940!
Sendo indispensaveis os cursos nocturnos—criaram-se 545. Hoje restam 100!
Os professores teem em 1872 o ordenado de reís 120$000, — que ja em 1813 era julgado absolutamente insufficiente!

So com boas escolas normaes se podem criar bons professores. Havia 1 em 68. Foi extincta! (Tenta-se agora criar 5).

De 1.867 professores, fóram julgados com habilitares literarias 263—e zelosos 172!

As escolas sao curraes de ensino!

Inspeccão, nao há. Ja em 1854 se queixava d'isso o ministro do reino! Estamos em 1872!
Eis aqui o estado da instrucção publica em Portugal, nos fins do seculo xix (J).

A instrucção em Portugal é uma canalhice publica!

Que o actual governo volte os seus olhos, um momento, para este grande desastre da civilização!

(!) D'esta indifferenca profunda e bestial que ha pela instruccáo, deve-mos exceptuar os excellentes trabalhos do Snr. D. Antonio da Costa. Os seus livros, escriptos com urna exacta sciencia e com um altivo sentimento, sao o protesto da civilizaçáo e a desforra do espirito.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Todos Diferentes, Todos Iguais

Terá o concelho de Silves capacidade para sobreviver ao ajustamento estrutural?


O crescimento económico mais recente, a abertura económica e cultural à Europa e ao mundo após Abril de 1974 e a expansão do consumo, com a generalização do acesso ao automóvel e à segunda habitação, ajudam a entender o processo de explosão urbanística que se deu em Armação de Pêra.

Uma parte da oferta de segunda habitação destinou-se a puro investimento pois a conjuntura favorecia a aposta no imobiliário em alternativa ao mercado bolsista e em especial ao aforro.

A câmara de Silves na ânsia de obter receita fácil incentivou esta mercearia do direito de construir, pelo primado do crescimento e urbanização e do direito individual do proprietário do solo, em os colocar no mercado no timing dos construtores e promotores imobiliários, sem ter em conta os aspectos mais elementares de transparência na gestão urbanística.
Vejamos como foi conduzido a implementação do Plano de pormenor de Armação de Pêra e como foi o mesmo implementado, os direitos dos proprietários não foi acautelado da mesma forma. Quem teve a “sorte” da sua parcela se localizar numa zona de alta densidade viu o valor da sua parcela valer milhões, se teve o “azar” de calhar no espaço verde a sua propriedade passou a valer tostões.
Porque é que a gestão do plano não seguiu o princípio de perequação que tinha permitido tornar equivalentes situações distintas através de compensações.
O resultado da falta de transparência foi a construção de uma massa de betão incaracterística, que acabou por absorver as construções mais emblemáticas da zona antiga.


Estamos em crise há sete anos, crise que se agravou há dois anos na sequência do colapso do Lehman Brothers, os mercados financeiros continuam instáveis e a recuperação que se iniciou em 2009 parece estar a abrandar.

A taxa de desemprego no Algarve que até há três anos atrás rondava os 5 %, supera actualmente os 10%.
Vamos continuar a seguir o modelo de crescimento económico que seguiu nas últimas décadas, baseado no consumo e no sector imobiliário? Que deu os resultados que todos conhecemos!

Se queremos ultrapassar esta crise e sustentar o nosso desenvolvimento necessitamos de pensar a longo prazo. Não podemos continuar a tomar decisões a pensar no próximo orçamento, e especialmente como de forma fácil e rápida podemos arrecadar mais receitas, para continuarmos a manter a mesma estrutura pesada, mas que não responde de forma eficiente aos problemas básicos que nos afectam.

Veja o caso da câmara de Silves que na última reunião aprovou o aumento do IMI para a taxa máxima, sem se preocupar em reduzir a despesa corrente. Como é possível pedir mais dinheiro ao contribuinte, quando não existe a preocupação de melhorar os serviços que deviam de ser prestados às populações.
A câmara de Silves cobra e bem por esses serviços mas em Armação de Pêra não presta esses serviços de forma eficaz.
Estamos todos lembrados com o que se passa com a recolha do lixo, com a forma como é gerido o sistema de drenagem, que com frequência e por falta dos investimentos necessários descarga os esgotos na ribeira. Uma escola que deveria ter sido projectada para receber todos os alunos do 1º ciclo mas onde não cabem todos os alunos, a falta dos espaços verdes entre outros.

É necessário fazer diferente para enfrentarmos este desafio de ajustamento estrutural que está a ser acompanhado por uma taxa de desemprego elevada.
É verdade que é mais fácil de dizer do que de fazer, mas as mudanças estruturais necessárias tem que ser efectuadas, temos que mudar a nossa estrutura económica, não podemos continuar a basear o nosso crescimento no consumo, no imobiliário e na energia barata.

O concelho de Silves que durante muito tempo liderou o cluster da indústria da cortiça e da metalomecânica transformou-se nas últimas décadas no cluster dos cafés e restaurantes.

Não é que os empregos industriais sejam os melhores, mas é necessário ter em consideração esta assimetria no processo de ajustamento estrutural. É relativamente fácil gerir uma mudança estrutural do sector industrial durante uma expansão do sector imobiliário. Mas é muito mais difícil voltar a recuperar a competitividade do sector industrial.

Vamos ver o que decide a Assembleia Municipal sobre o aumento da Taxa do IMI, terão os deputados eleitos a capacidade e discernimento, para propor medidas que coloquem as contas da câmara na linha?E apontar caminhos para dar um rumo a este concelho.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Silves:Contas da feira Medieval não bateram certo


A autarquia de Silves está a investigar eventual desvio de dinheiros das contas da edição deste ano da Feira Medieval de Silves...

Bandas em uníssono nacional ao som de A Portuguesa nas comemorações dos 100 anos da implantação da República


Todas as bandas filarmónicas do território nacional foram convidadas a festejar os 100 anos da Implantação da República Portuguesa.

No dia 5 de Outubro de 2010 às 10h30, todas as Bandas Filarmónicas do país, tocarão o Hino Nacional em uníssono e a Banda Filarmónica da Casa do Povo de Alcantarilha e Armação de Pêra é uma delas.

A República ameaçada

Por Baptista-Bastos

"SEM DISCURSOS NEM TROMBETAS, os inimigos da República tomaram o poder na sociedade. Na primeira linha, o dinheiro e a imagem. A sua aliança sucedeu ao trono e ao altar." Eis as primeiras frases de um texto notável, de que só agora tive conhecimento, e no qual o autor, o dr. Miguel Veiga, advogado e intelectual que vive no Porto, procede a uma análise do estado actual das coisas. Quando a cultura deixa de ser o paradigma da relação com o outro, a colectividade perde o lugar confluente onde se cruzam os preceitos éticos e estéticos que a justificam.

Diz Miguel Veiga: "Agravando a opulência pela notoriedade, multiplicando a desigualdade dos rendimentos pela da consideração pública, ela ataca os fundamentos do orgulho da República: o desinteresse e o anonimato que subordinam os interesses e as vaidades ao interesse geral. A República não é um regime político entre outros. É um ideal e um combate." O texto foi lido em Arcos de Valdevez, há menos de dois meses, numa homenagem a Mário Soares, e a sua importância reflexiva não mereceu, da imprensa a atenção necessária. A imprensa, cada vez mais abandonada à futilidade e ao pequeno escândalo, aumenta a hipótese repressiva da conduta política.

Essa conduta política repressiva expressa-se nas formas mais diversas. A última das quais, porventura, a da tentativa de alteração dos códigos constitucionais. Lembremos que o autor principal dessa revisão, proposta pelo dr. Passos Coelho, é um importante dirigente da Causa Real, Paulo Teixeira Pinto, ex-banqueiro, convertido aos fascínios da pintura e da edição. A tomada do poder, na sociedade, pelos inimigos da República, de que fala Miguel Veiga, não é uma metáfora. A lassitude com que assistimos à destruição dos princípios e dos padrões fundamentais da ideia republicana é sinal da nossa indolência moral. Antero chamou-lhe a "decadência da alma". É-nos imposto um novo modelo de desenvolvimento que desrespeita os tempos do homem e cria uma violência social destruidora da espontaneidade, da imaginação e da própria vida associativa. Nada fazemos para nos opor. E aceitamos a identidade dominante, rudemente aplicada, sem nos insurgirmos contra esse notório abuso de poder. Não é ingénua a leviandade com que muitos jornalistas portugueses aceitam este totalitarismo mascarado de democracia de superfície. A leviandade nunca é ingénua. E o silêncio da memória não protege o homem dos perigos que sobre ele impendem.

As ameaças à República são reais e corroem a identidade da democracia. É cada vez mais difícil reapropriarmo-nos das heranças legadas há um século. E cada vez mais fácil fomentar o mal-entendido que tem levado ao desleixo de cuidarmos dessas heranças.
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«DN» de 22 Set 10

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O ZÉ POVINHO

Por Maria Filomena Mónica

ESTOU A ESCREVER isto a 10 de Junho [2009], um feriado cuja origem caiu no esquecimento. Em 1880, um grupo de intelectuais decidiu mostrar ao mundo que Portugal era um país culto, como se provaria pela celebração, naquela data, do terceiro centenário da morte de Luís de Camões. Como é óbvio, o impacto na cena internacional foi nulo. Após a República, veio o decreto consagrando o ócio e, com o Estado Novo, a designação de Dia de Camões, de Portugal e da Raça. O actual regime manteve o feriado, alterando a designação para Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Não gostando de comemorações, muito menos de cariz nacionalista, optei por trabalhar como se nada fosse, do que resultou acabar o dia a pensar no Zé Povinho.

Cada país tem o símbolo que merece: a Inglaterra, o John Bull (um senhor rural e divertido), a França, a Marianne (uma mulher de seio revolucionário), a Alemanha, a Germânia (uma mocetona loira com uma espada na mão). Nós temos o Zé Povinho, nascido, pela pena de Rafael Bordalo Pinheiro, a 12 de Junho de 1875, no n.º 5 da revista A Lanterna Mágica. Ei-lo, no lado direito da imagem, coçando a cabeça, com ar apalermado. Dentro de um «trono», deparamo-nos com Fontes Pereira de Melo, a fazer de Santo António, tendo ao colo o rei D. Luís, como Menino Jesus. O pedinte é o ministro da Fazenda, Serpa Pimentel, com uma bandeja na mão, a fim de sacar moedas ao dito Zé. Não fosse o caldo entornar-se, está presente o Barão do Rio Zêzere, comandante da Guarda Municipal.

Poder-se-á pensar que, em 1875, o campónio estava a ser mais espoliado do que o costume. Não era o caso: depois de um triénio terrível, o de 1868/71, o país vivia dias bonançosos. As remessas dos emigrantes haviam recomeçado, a economia retomara o seu ritmo, a situação internacional acalmara. E, no entanto, nunca tantos intelectuais criticaram tanto o regime. É neste caldo de cultura que apareceu o Zé Povinho. Este foi evoluindo até acabar imortalizado na figura do saloio a fazer um manguito, a qual receberia a consagração derradeira sob a forma de uma escultura. O gesto tem sido interpretado como uma atitude corajosa, mas poucas coisas há mais desprezíveis do que um servo que, diante dos patrões, se curva, indo fazer manguitos para a cozinha.

A figura do Zé Povinho aparece noutras caricaturas, como a de 9 de Julho de 1880, publicada em O António Maria, na qual surge com uma albarda às costas. Dois anos depois, no Álbum das Glórias, a albarda está colocada no chão, podendo imaginar-se que alguém a voltará a colocar sobre o dorso popular. O texto que acompanha o desenho é de Ramalho Ortigão: «Como desenvolvimento, ele está pouco mais ou menos como se o tivessem desmamado ontem. De músculos, porém, de epiderme e de coiro, engrossou, endureceu e calejou como se quer, e, cumprindo com brio a missão que lhe cabe, ele paga e sua satisfatoriamente. De resto, dorme, reza e dá os vivas que são precisos.» Ramalho Ortigão, aliás a alma da festarola, declarava ambicionar ver o dia em que o Zé Povinho se transformasse em Povo.

O problema residia em que ninguém sabia o que este, o Povo, queria. Desde que não saísse das pocilgas que habitava, empunhando baionetas, ninguém dava a menor atenção às obscenidades a que, lá dentro, se entregava. Uma vez por outra, o Zé Povinho arregaçava as mangas, pegava num cacete e até corria um político a pontapé. Mas nunca o vemos tentando libertar-se da albarda. Leva, resmunga e amocha. O que não está sociologicamente errado. Um país rural pode conhecer, como conheceu, motins provocados pela fome, mas dificilmente dá origem a revoluções.

O regime monárquico só caiu, já Bordalo Pinheiro tinha morrido, quando a pequena burguesia urbana entrou em cena. Em 1910, após ter pedido a demissão do cargo de bibliotecário da Ajuda, por não querer engrossar «o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação», Ramalho Ortigão exilou-se em Paris. Afinal, o Povo não era aquilo com que tinha sonhado.

O que impressiona, ainda e sempre, é o facto de o Zé Povinho ser admirado. Feio, patego e bronco, representa o camponês no que este tem de mais grosseiro. Apesar de o governo lhe roubar os filhos para a tropa e de lhe arrecadar os tostões ganhos com o suor do seu rosto, o idiota continua a ostentar um sorriso alvar. A característica mais notória do símbolo nacional é, como se vê, a subserviência: não nos podemos orgulhar.

«GQ de Julho/Agosto 2009

No fim do Verão

Brigitte Bardot

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Novo Complexo Desportivo Armação de Pêra já é uma realidade?



Catorze meses após a assinatura do protocolo e das obras se terem iniciado no terreno, o sonho, ambicionado há muitos anos pela população, começa a ser uma realidade.



«O velho Estádio das Gaivotas vai finalmente ser substituído conforme se pode ver pela foto que nos foi enviada por Adelina Capelo em resposta ao post que publicamos.


O Complexo Desportivo, localizado a Norte da Vila, terá um dos maiores estádios da Europa. ao qual, segundo conseguimos apurar, será dado o nome de “catedral”, vamos lá saber porquê.

Sabemos também que o União Desportiva Messinense já não vai necessitar de se deslocar até Salir no Município vizinho, pois poderá jogar no nosso estádio.

Mais uma vez a Câmara de Silves, pela voz da sua Presidente Dra Isabel Soares, reconheceu o mérito do nosso clube que há 74 anos presta um serviço à comunidade e, declarou acreditar no actual projecto liderado por Fernando Serol, uma vez que, segundo a mesma, assenta em valores como a formação, o rigor e a qualidade.

Confirmam-se assim as palavras do nosso presidente Fernando Serol .
«Desta forma, estamos certos que desta vez é que o sonho se vai tornar realidade» e o Clube de Futebol «Os Armacenenses» poderá mudar daquela que é a sua casa há cerca de 30 anos - o velhinho Campo das Gaivotas - para uma instalação dotada de outras condições para a prática desportiva, e em particular, do futebol, já na fase inicial da próxima época desportiva.

IMI:Taxa máxima para os algozes sem nada em troca, por omissão do PS!

Já é um facto a taxa máxima para o IMI neste concelho!

A maioria do PSD na Câmara de Silves propôs, o PS absteve-se e assim se viu aprovada a taxa máxima para o IMI, que é para os prédios urbanos (0,7%), para os prédios urbanos avaliados (0,4%) e uma majoração de 30% para prédios urbanos degradados.

O PSD ao arrepio do que é a bandeira do seu líder nacional – a redução de impostos – encontra-se de tal modo enrascado na gestão do delapidado orçamento municipal, que, aparentemente, não lhe restava outro caminho que não aumentar por qualquer meio a receita.

Já o PS poderia ter feito mais. Muito mais!

A CDU acusa o despesismo e o parasitismo da politica da maioria e aponta o PS como aliado da mesma e por conseguinte fazendo-nos concluir que se encontra em sintonia com as concepções estruturantes daquela politica do PSD.

Custa-nos sempre compreender esta classe politica, mas mais difícil é de aceitarmos o seu comportamento, no contexto económico em que se encontra o país!

Quando o senso comum aconselha a redução da despesa como o caminho mais evidente e salutar para encontrar a redução do défice orçamental, insiste-se no aumento da receita como se a solução de “extorquir” mais receita ao cidadão-contribuinte não tivesse qualquer limite.

Naturalmente que a redução da despesa mexeria com muitos interesses instalados, na medida em que implicaria reformas sérias, mais racionalidade e eficiência.

Daria, por conseguinte, muito trabalho e implicaria competência bastante para tanto.

Activos estes em grande falta no mercado...

Ora, um partido como o PS, na posição em que se encontra na Câmara, tem poder bastante para negociar a sua abstenção face à proposta, pura e simples, de um aumento do IMI até ao limite.

Bem poderia exigir medidas sérias de redução da despesa para permitir que tal proposta de aumento exponencial do IMI passasse.

Certo é que tem poder suficiente para corrigir boa parte da asneirada desta maioria. Pelos vistos não quer – dando razão à CDU – ou não pode – por manifesta falta de arte para tanto-.

O PSD por seu lado bem poderia fazer acompanhar a sua proposta de outras medidas de redução da despesa, revelando um senso que realmente não tem tido, mas denotando alguma consciência e sobretudo responsabilidade face à situação económica e financeira do país.

Entretanto, nós cidadãos, assistimos a este espectáculo como se meros espectadores fossemos, como se nos fosse indiferente o resultado da competência ou incompetência, da responsabilidade ou da irresponsabilidade destes senhores que elegemos para representarem os nossos interesses, que são os únicos de que se deveriam ocupar.

sábado, 18 de setembro de 2010

Escola Básica 2/3 Dr. António da Costa Contreiras

Um ano lectivo que passou... outro que começa!
Trabalhar, de preferência com gosto, como fez a turma E do 6º ano, dá, habitualmente, bom resultado.


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