O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

EU FAÇO DE CONTA QUE SOU... UM MARCO DO CORREIO!


Carnaval Trapalhão Armação de Pêra 2009





Carnaval Trapalhão Armação de Pêra 2009





CARNAVAL: DA ANTIGUIDADE A ISABEL SOARES...

Como facilmente se compreenderá terão havido tantos estudiosos, sobre a origem do Carnaval, quantos os intelectuais foliões. E as pesquisas sobre o assunto foram, provavelmente, tantas quantos os Carnavais.

As conclusões havidas de tanta pesquisa e estudo, geraram múltiplas teses que bem poderão resumir-se nas seguintes.

Há autores que defendem que estas celebrações, festas ou cultos, tiveram a sua origem na Grécia, entre os anos 605 e 527 a.c., com cultos a deuses da agricultura, e cuja finalidade era a de reclamar por boas colheitas.

Outros, acham que se iniciou, muito mais cedo, no Egipto, em homenagem à deusa Ísis e ao Touro Apis.

Na Pérsia, festas da deusa da Fecundidade Naita e de Mira, deus dos Pastores.
Na Fenícia, festa da deusa da Fecundidade Astarteia.
Em Creta, festa da Grande Mãe, deusa protetora da terra e da fertilidade, representada por uma pomba.
Na Babilônia, as Sáceas, festas que duravam cinco dias e eram caracterizadas pelo licenciamento do comportamento sexual e pela inversão dos papéis entre servos e senhores, e pela eleição de um escravo rei que era sacrificado no final da celebração.

Também justificam que poderá ter sido na Roma Antiga, em honra dos deuses Baco e Saturno.
Encontrou-se também o Carnaval associado às Bacanais ou Grandes Dionisíacas (festa da terra, do vinho e das florestas), efectuadas em Roma e na Grécia em louvor de Baco ou Dioniso (com a prova do vinho novo), que decorriam nos três meses de Inverno, celebradas, principalmente, pelos camponeses, que se apresentavam mascarados durante as festividades.

Com o cristianismo, a Igreja Católica transformou alguns desses rituais pagãos em homenagens aos santos, conferindo-lhes um carácter sagrado de acordo com os princípios cristãos.
Vários elementos das antigas festas pagãs, porém, foram preservados.

Esta tradição foi-se espalhando por todo o lado, pela Grécia, por Roma, por Veneza e, já no século VI d.c., as pessoas, no Carnaval, fantasiavam-se, mascaravam-se como forma de se disfarçarem, de se esconderem para poderem criticar os governos, os governantes. Surgem então os carros alegóricos, os desfiles.

Mas todas estas festas mantinham mais ou menos um ponto comum: “Pessoas mascaradas, danças, risos, bacanais, brincadeiras, excesso de bebida e comida, sexo, fantasias e todas essas manifestações de libertinagem e perniciosas”.

Etimologicamente falando, a origem da palavra "Carnaval", também tem várias versões...
Uns acham que deriva de "carne vale" (adeus carne), enquanto outros, justificam que se trata do início do período da Quaresma, época esta espiritual, de privação da carne na alimentação.
Há porém outras interpretações diversas.

De festa meramente pagã, condenada, na época, pela Igreja, passa a celebração mais ordeira, mais civilizada, se assim se pode considerar.

Com bailes, desfiles alegóricos e máscaras, mas com um sentido mais estético, não tão pernicioso.
Toda esta modificação deveu-se ao facto de, no séc. XV, o então Papa, Paulo II, permitir que se realizasse em frente ao seu Palácio, o carnaval romano, mas, de forma a que as pessoas fossem mais contidas nas suas atitudes e comportamentos.

Os Portugueses, também aqui têm uma palavra a ditar para a história. Tendo levado para o Brasil o festejo do Carnaval, fizeram-no tão grande quanto aquele país.


Nos dias de hoje, é, certamente, o país onde se comemora mais freneticamente esta festa, pelo impulso que deram na introdução dos seus ritmos sambistas e outros. E decerto pelo calor das gentes, pela mistura de raças e seus ritmos.

Cada país onde se celebra o Carnaval, festeja-o de maneira diferente, dando o seu cunho pessoal com a manifestação das suas tendências culturais.

A partir de 1545, o Carnaval é reconhecido como uma festa popular.

Foi então estabelecido, posteriormente, pelo Papa Gregório XIII as datas desta comemoração. Nunca poderia coincidir com o festejo da Páscoa Católica.

Na sequência de um cálculo, avaliado pelo equinócio da Primavera, o Carnaval deveria ser celebrado sempre no 7ª domingo que antecede ao domingo de Páscoa (Católica).

E assim...até aos dias de hoje o Carnaval continua a ser comemorado um pouco por todo o mundo, talvez por ostentar "alegria" à mistura com um sabor a "anarquia":”É Carnaval, ninguém leva a mal!”.

Depois do Egipto, o primeiro, do segundo em Grécia e Roma Antigas e do terceiro, no Renascimento Europeu, particularmente em Veneza, o Carnaval encontra no Rio de Janeiro o seu quarto centro de excelência resgatando o espírito de Baco e Dionisus e em tese de Hiram Araújo, estudioso do Carnaval e do samba, ao contar uma história que completa seu sexto milénio e que acompanha a própria história da humanidade, a história do Carnaval, considerando os seus Centros de Excelência, dividida em quatro períodos: o Originário, (4.000 anos a.C. ao século VII a.C.), o Pagão, (do século VII a.C. ao século VI d.C.), o Cristão (do século VI d.C. ao século XVIII d.C.) e o Contemporâneo (do século XVIII d.C. ao século XX).


E POR CÁ, NOS DIAS DE HOJE...

Haverá porém uma vocação do Carnaval, ainda não suficientemente estudada, com especial incidência em Portugal.

É o aproveitamento politico do Carnaval! Caracterizado pela “mistura” dos políticos com o povo que a folia permite, fazendo de conta que não têm qualquer responsabilidade no curso das nossas vidas, que são como todos nós, destinatários do que vem de cima.
Expoente desse aproveitamento é o caso, conhecido de gingeira, do Alberto João da famosa ilha da Madeira.

Menos conhecido é o caso de Isabel Soares, mas igualmente vocacionado aos mesmos fins daquela excrescência democrática.

De facto, em 2009, ano de eleições, a Rainha de Silves desfilou no corso armacenense, como se de uma personagem popular se tratasse.

Acompanhada à bateria pelo presidente da junta de freguesia, ufavam, como se de verdadeiros foliões se tratassem.
Nenhum outro carro jorrava confettis e serpentinas como aquele!!!

Com a sua presença secaram a contestação, tão evidente no ano anterior, a propósito do betão e outros que tais que esmagam Armação contra a porta de entrada da sustentabilidade e do direito à estética e à harmonia, dos quais aqueles são serventuários.

À cautela mandam os pregoeiros informar da presença da Senhora Presidenta no corso, para lembrar a todos que no Carnaval do Armacenense, podem ver, ao vivo e a cores, a candidata do poder, à conservação deste nas suas mãos.

Sentindo que Armação "tresmalhava" acautelaram-se impondo a sua participação nestes festejos populares, onde poucos os queriam, para porem "ordem na coisa" e reclamar a "propriedade" deste território que lhes tem sido fiel nas urnas. Só lhes faltou delimitarem a zona como qualquer canídeo.

Os papeis a que se prestam os que se querem eleger, são realmente dignos de espanto!

Que quiseram aqueles candidatos a representantes dos cidadãos-eleitores, demonstrar?

Que são como nós, simples e foliões? Que estão próximos do povo, divertindo-se nas festas populares e por conseguinte intímos dos seus anseios e preocupações?

Não! É muito mais dramático o conteúdo do seu entendimento: O que eles realmente pensam é que “com papas e bolos se enganam os tolos”! Que em períodos de grande afluência e audiência popular, com a sua presença e folia demonstram ao povo que são como ele, simples, que se divertem com coisas simples, participando do seu dia-a-dia!

E, neste desempenho, sempre parece que este "banho de multidão" é motivado pela sua presença!

O seu ego, agradeçe!

Que poderemos nós concluir perante tal aproveitamento?

Que para palhaços têm pouco talento! Que para quem pede têm pouca humildade! E, conhecendo nós o mérito que lhes assiste para responsáveis do concelho e da freguesia, que é muito pouco, não lhes vislumbramos outra vocação que não para...reformados deste triste trecho da nossa história!

O Carnaval que nos desculpe desta sua utilização para fins contrários à sua história e autenticidade, não obstante termos por certo e seguro que estes "foliões tóxicos" não conseguirão desvirtuar o verdadeiro sentido da festa popular.

Numa coisa porém, estão com o Carnaval: Fazem de conta como todos os outros foliões, que são o que não são... no seu caso: próximos, interessados, activos, participantes, atentos e virtuosos!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

BELMIRO COMPETITIVO EM TERRA DE CEGOS...

O Forum para a Competitividade, teve, ontem, o privilégio de contar com mais uma chocante participação reflexiva de Belmiro de Azevedo, o qual não esteve com meias medidas, e disse que a crise do nosso país é uma crise de liderança: no Governo, nos partidos, nos Sindicatos, nos empresários e Associações. Chegou mesmo a afirmar que, sem desprimor para os africanos – acautelou - parecemos um país africano.




Não deixa de nos surpreender este capitão da nossa indústria!

Acaba, apesar das cautelas, por ofender os africanos como se estivéssemos noutros tempos e começa por “morder na mão que lhe dá de comer”: a verdadeira “terra de cegos”que é a nossa pobre economia e realidade enquanto Pais, onde ele teve olho e sobretudo por isso, é rei.
Lugares comuns a certos portugueses quando a vida não lhes corre pelo melhor.

Entrevistado à saída afirmou que a Sonae dá todos os anos mais emprego. Insistindo o entrevistador pergunta-lhe se vai despedir empregados, ao que o Senhor Engº responde que não.
Mas precisou: se a economia o permitir! Isto é, se a economia não o obrigar a tal medida.

Até aqui qualquer um chega...se a economia não regredir e com ela o seu volume de negócios não haverá razão para reduzir empregos. Afinal o que sucede com qualquer empregador, micro, pequeno, médio ou grande. Monsieur de La Palisse não diria melhor.

E, sem estar em causa o mérito da frontalidade, quando usada com rigor, oportunidade e enquanto valor, não vemos que a frontalidade em que é useiro e vezeiro, com ou sem rigor, com ou sem oportunidade, quer como valor quer como desvalor, sendo uma das suas principais característica, seja um dos seus méritos.

Afinal e sem embargo daquele capitão de industria ser pessoa doutros méritos reconhecidos, em que pais que não temperado pelo anedótico(???) apesar de histórico atraso africano teria alcançado o que alcançou, como em Portugal?

Estamos, pelo contrario, plenamente convencidos que se existissem todos os lideres que o snr. Engº diz e bem, não existirem em Portugal para mal dos nossos pecados, a Sonae e o seu próprio líder, nunca teriam atingido o patamar em que se encontram, nesta economia poucochinha!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

ROBIN WOOD: O LOGRO DE ONTEM E O DE HOJE!

Ou de como as verdades de ontem podem ser mentiras hoje

Depois de aturadas investigações, assentes sobretudo na prova feita pelas denúncias de correligionários e escutas telefónicas de legalidade duvidosa, a Scotland yard concluiu que o famoso Robin Wood não passava de um vulgar ladrão.

Contrariando a ideia que, durante séculos, correu como verdadeira, acerca dos fins altruísticos da sua actividade criminosa, visando dar aos pobres o que roubava aos ricos, as autoridades inglesas obtiveram informações fidedignas através daqueles meios, que dão como absolutamente confirmada a existência de várias contas bancárias em paraísos fiscais, abertas com o intuito de branquear capitais e financiar as actividades terroristas do ocidente no médio oriente as quais foram conhecidas até hoje como cruzadas.

Na verdade Robin Wood não passava, à época, de um agente do terrorismo internacional ao serviço do Ricardo Coração de Leão, o qual com o orçamento completamente exaurido encontrou no roubo generalizado perpetrado por aquele vadio e sus muchachos da zona de Sherwood, fonte de rendimento para a sustentação da sua actividade terrorista.

Mais escandalosa foi a conclusão de que o alvo preferencial da acção criminosa dos gatunos de Sherwood, o Xerife de Nottingam, depois das entidades reguladoras da época, terem efectuado aturados estudos económicos e financeiros, terem concluído que a sua fama de rico assentava, não propriamente nos meios financeiros de que dispunha, mas sobretudo na pobreza generalizada da população gerada pelo esforço de guerra com as cruzadas que exauria o orçamento do estado.

O Xerife afinal não passava de um aristocrata rural de 3ª categoria que explorava a agricultura dando emprego a alguns servos da gleba, aliás os únicos que tinham emprego. Enfim não passava de um remediado.

O problema hoje, é explicar ao povo, o recurso ao nome do bandido ao serviço dos bons propósitos anunciados com o aumento da carga fiscal e a verdade que a investigação histórica descobriu.

Na verdade a carga fiscal anunciada como medida Robin Wood afinal dirige-se mais aos remediados que aos ricos, atingindo 0,7% dos contribuintes, e uma receita acrescida miserável.

Tinha no entanto, antes desta descoberta histórica surpreendente, uma utilidade: fazer beneficiar quem a toma do “elevado” conceito em que aquela personagem histórica era tida.
Círculos habitualmente bem informados afirmaram que provavelmente a medida irá cair, até pela pouca receita que faz arrecadar, e naturalmente, pelo efeito negativo que pode adicionar ao conceito que, com a novidade histórica agora difundida, perdeu o seu sentido.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A CRISE, AS TERAPIAS E AS POUCAS CERTEZAS...


Vimos, com esperança, os jornais anunciarem um conjunto de medidas tendentes a diminuir o peso da crise nas estruturas empresariais, com vista a conter a inevitabilidade do desemprego.
Ouvimos falar também que as medidas tem um peso extraordinário no orçamento geral do estado, agravando o seu défice.

As falências sucedem-se às dez por dia, em Portugal. O desemprego sobe vertiginosamente. Aqui e lá fora. Os clientes de Portugal também se retraem e agravam o défice da balança comercial, o qual, com o colapso da nossa principal exportadora (Quimonda) poderá atingir níveis nunca antes esperados. O turismo, exportador número um de Portugal, encontra-se perante uma expectativa deprimida, a qual, a concretizar-se, agudizará a situação.

“Eu tenho uma empresa com cinco colaboradores com idades compreendidas entre os 36 e os 43 anos.
Nenhum deles se encontra contratado a termo.”, dizia-nos um amigo outro dia. E continuou:” Não vejo que vantagem me poderão trazer as recentes medidas criadas pelo governo, senão construir um puzzle, despedindo quem me interessa, com custos elevados de imediato e admitindo gente que não me dá garantias e de quem dificilmente precisarei nos próximos tempos, parta beneficiar a longo prazo de uma redução de custos fixos absolutamente recomendável e necessária.”

As medidas contra ciclo empreendidas pelo Governo ajudarão certamente alguma coisa e alguém mas, estamos crentes, que dificilmente poderão inverter os números que as insolvências atingem diariamente.


O governo, instado a agravar o seu défice por via da despesa forçada a que se encontra obrigado e pela redução da receita decorrente da recessão e do decesso de tantos contribuintes, tem uma certeza: a pressão fiscal não pode abrandar, sob pena de se agravarem todos os dados deste cenário.

Com esta, aceleram-se hoje as decisões dos dez empresários sobre o caminho da insolvência, que engrossarão aquele número no dia seguinte...

Não se encontram longe os dias em que as teses neoliberais sustentavam que um cenário deste tipo tinha virtualidades enormes: as empresas que soçobravam robusteciam as que se mantinham, agora mais fortes.

Nesta lógica simples assentaram outras “certezas” que atribuíram ao determinismo mecânico do mercado que relegava o actor humano para um papel de espectador passivo e cujo resultado se encontra bem à vista.

Os que são a favor da pressão na cobrança fiscal que conhecemos ( da esquerda à direita) e os que se opõem à pressão na cobrança fiscal nos termos a que temos assistido (da esquerda à direita) arrolam os seus argumentos, fazendo ressaltar, de acordo com a bondade das suas teses, os aspectos que mais as servem.

Um observador popular, pouco versado em receitas e despesas, assegura que ”Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.”.

Quem terá razão? Uns, outros, todos?
Algumas certezas porém, temos:

Portugal tem muito pouca economia. Um pequeno sopro lá fora é uma tempestade cá dentro. E lá de fora, hoje em dia, vêm tempestades enormes.
As medidas anticrise são bem vindas, são pesadas para o erário público, mas, infelizmente, pouco significativas.

A pressão da cobrança fiscal com base numa carga fiscal exagerada exauriram os reduzidos capitais prórpios das micro, pequenas e médias empresas e das pessoas.

E sem alguma recuperação nos principais clientes de Portugal, dificilmente veremos este cenário alterar-se.Isto é, sem uma perspectiva de produção e criação de riqueza muito dificilmente a veremos e, muito menos, distribuida.

Sem prejuízo da tese “ou há moral ou comem todos” em que assenta a pressão fiscal e os mais elevados princípios em que assenta a legitimidade e obrigatoriedade das contribuições de todos para a construção do Estado, a distribuição de riqueza e a solidariedade típicos de um estado de direito social, não prescindimos da opinião de que a carga fiscal não se encontra adequada à dimensão desta economia (portuguesa) e à sua natureza pouco desenvolvida e dependente e, por consequência a pressão da cobrança fiscal é exagerada.

Exagero reforçado pela ansiedade determinada pelas consequências dos défices sobre cuja origem poucos reflectem, menos interferem e tantos acentuam.


Como dirá o mesmo observador popular: "Não será melhor cuidar da galinha dos ovos de ouro, para que ela os continue a pôr, antes de lhe impôr a produção de uma determinada quantidade de ovos por dia?"

A economia, segundo alguns autores não deve ser acusada de se ter sobreposto à politica. Dizem estes que o politico continua a dominar a economia, mas encontrando-se aquela ao serviço de interesses específicos e particulares, coloca a economia que condiciona, não ao serviço de todos, mas tão só de alguns.


Mas concluem mais. O caminho para o desenvolvimento humano não está assim em instaurar o primado do politico sobre a economia, mas o primado dos cidadãos sobre a politica para que esta reflicta realmente os interesses gerais e democráticos e não os particulares de alguns.

sábado, 31 de janeiro de 2009

SOL NA EIRA E CHUVA NO NABAL

Uma ambição nacional generalizada!

Um colunista de um semanário importante na micro realidade jornalística portuguesa teve a frontalidade de afirmar que Portugal é um Estado de Direito falhado.

Sustentou a sua conclusão no facto de o poder judicial, composto por titulares de um órgão de soberania, se comportarem como funcionários, reivindicando o direito de de sindicalizarem, ou desrespeitando a estrutura do edifício em que se aloja uma sociedade democrática, contestando e assim interferindo no poder legislativo que cria a legislação que têm o dever de aplicar, o que não lhes compete enquanto titulares de um poder diverso que é o de, sem contestarem de qualquer forma, aplicarem o direito criado pelos representantes do povo.

Em qualquer dos casos, de facto, estamos perante um anacronismo que habita o sistema.
Isto é, o que os criadores do sistema pretenderam, para os juízes, foi simplesmente serem titulares de um órgão de soberania com tanto poder e independência, como os demais: o executivo e o legislativo, tudo em ordem a contrariar o status quo donde vínhamos: a concentração destes três poderes no poder absoluto do Soberano.


Alguma coisa se passou entretanto!

O que terá feito esta gente pensar que tem o poder de, a coberto dos seus direitos de cidadania, pretender ter “sol na eira e chuva no nabal”?

Isto é, gozando dos privilégios de titulares um órgão de Soberania, para além dos privilégios do estatuto dos funcionários públicos ou equivalente o qual, só por si, já representa uma afronta aos restantes empregados por conta de outrem por via das vantagens comparativas que aquele estatuto tem em geral face ao estatuto destes, pretendem ainda gozar do estatuto reivindicativo dos empregados por conta de outrem, como se não integrassem um dos três poderes estruturais em que assenta o Estado democrático, perante quem aquele estatuto reivindicativo visaria ajustar direitos salariais, pela via da pressão e negociação.

Mais grave ainda, o que terá feito esta gente pensar que tem o poder de, a coberto dos seus direitos de cidadania, ter interferência legitima no resultado do exercício de funções do poder legislativo – a produção legislativa -.

O Presidente da República, eleito directamente pelos cidadãos, portanto com uma legitimidade democrática directa, não se dá ao luxo, porque não deve, nem pode, de fazer comentários segundo a sua real gana, a qualquer aspecto da vida nacional, designadamente sobre a produção legislativa.
Será que para se ser Presidente da República terá de se aceitar reverencialmente uma redução dos seus direitos e poderes de cidadania?

Não cremos que seja o caso!

Então o que conduzirá os magistrados a, a coberto do seus direitos de cidadãos, considerarem-se no direito de contestarem a bondade e com ela a legitimidade inquestionável, de certas leis?

Quanto a nós a resposta reside no facto de, realmente, não se assumirem como verdadeiros titulares de um órgão de Soberania!

O que, provavelmente, assenta no facto de não serem eleitos directa e democraticamente pelos cidadãos.

Na verdade, só assim se entende o escancarado desrespeito pelo poder legislativo, que emana do poder dos cidadãos elegerem directamente os seus mandatários para legislar.

Da Soberania conservam a autoridade, mas nenhuma outra imanência democrática.


Na verdade também só assim se entende a sua deriva sindicalista de empregados por conta de outrem.


A história e o direito atribuiram-lhes um poder que não têm, provavelmente, dimensão para exercer.



Este é um problema grave na sociedade democrática que conseguimos construir. Infelizmente não é privativo dos magistrados. É bem mais profundo e alargado.

Se calhar o jornalista, em desespero, não deixa de ter razão. O Estado português é, lamentavelmente, um Estado democrático ainda não falhado, dizemos nós, mas com muito do seu essencial por construir!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

FORTE COM OS FRACOS E FRACO COM OS FORTES...

Regra geral dos Governos de Portugal?

Em tempos de crise cumpre ser rigoroso, para além da normalidade!

Por isso não podemos deixar de revelar uma noticia da imprensa que causa alguma perplexidade.

"O preço médio aritmético na zona espanhola foi de 69,77 euros por megawatts/hora (MWh), enquanto na zona portuguesa ascendeu a 76,45 euros MWh."

De há muito que se questiona do real interesse para o cidadão-contribuinte-consumidor, da privatização da EDP.
Todos os dias, desde a sua privatização, o cidadão-consumidor assiste a aumentos sistemáticos da factura da electricidade e questiona acerca dos adiantamentos que faz áquela empresa milionária.

Todos os portugueses ficam contentes com os investimentos realizados por este grupo empresarial em matéria de energias renováveis, em Portugal e no estrangeiro, mas todos sabem também que ser consumidor da EDP não é sinónimo de ser accionista da EDP.


Todos, portugueses e estrangeiros, constataram acerca do que a economia de mercado é capaz de produzir se não tiver regulação à altura das necessidades, bem como as suas profundas consequências, as quais sabemos onde começaram e ninguém sabe onde irão terminar.

Em Portugal já existe entidade reguladora para o mercado da energia, a qual se tem, aparentemente, preocupado exclusivamente com os interesses da EDP porquanto se constata que A DIFERENÇA DE PREÇO DA ELECTRICIDADE ENTRE O MERCADO ESPANHOL E O PORTUGUÊS É SUPERIOR EM MAIS DE DEZ POR CENTO (10%) EM DESFAVOR DO CONSUMIDOR PORTUGUÊS.


Será que a actividade da regulação em geral, até aqui frouxa e comprometida, e de tão má memória e consequências, persistirá no alinhamento pelos interesses exclusivos de uma das partes do mercado, por acaso a mais forte?

Será que a entidade reguladora não tendo levado por diante a intenção, que teve no passado recente, de pôr os consumidores todos a pagar os 12 milhões de euros do crédito mal parado gerado por dividas à EDP, tolera um preço para o consumidor português superior em 10% ao que um consumidor espanhol suporta, com vista a compensar os danos desse crédito mal parado?

Se o Governo se quiser ver livre da acusação de que é sistematicamente forte com os fracos e fraco com os fortes, será melhor agir rapidamente no que às entidades reguladoras diz respeito, o que, quanto a nós, constitui uma intervenção absolutamente necessária e verdadeiro esteio das medidas contra ciclo que pretende implementar.

Com uma vantagem. Nesta sede não precisa de gerar despesa, mas tão só legislar com competência, o que não será certamente dificil a avaliar pelos milhares de milhões de euros que despende com estudos e assessorias.

sábado, 24 de janeiro de 2009

POR LÁ..., POR CÁ... E POR AQUI...

  • POR LÁ...


Tal como em nós, o discurso do Presidente Obama tem suscitado rasgados e generalizados elogios, por virtude da substancialidade do seu conteúdo, nos mais diversos “
opinion makers” nacionais. De José Saramago a Vital Moreira, de António Pinto Leite a Henrique Monteiro, passando por Miguel Sousa Tavares.

“Este discurso merece figurar doravante em qualquer antologia do republicanismo cívico.” diz Vital Moreira com entusiasmo e permita-se-nos, com total justeza!

“assente nos valores da liberdade e da igualdade, da responsabilidade individual e colectiva, do trabalho e da virtude, da convicção e da tolerância, do patriotismo e do universalismo, e por último (mas mais importante) da cidadania, essa palavra-chave dos discurso republicano de todos os tempos.”, continua aquele constitucionalista, no elogio sentido e na surpresa assumida.

Na verdade o repositório de princípios e opções (com destaque para a dicotomia segurança/ideais, decidindo claramente pela segunda) se por um lado é e
vidência da degradação a que a vida pública, a classe politica e económica, chegaram é por outro um compromisso-programa à face do qual o percurso da sua administração será avaliado e por isso mesmo um enunciado de esperança.

Sem o rigor de um cientista politico, não andaremos longe se dissermos que nenhum outro politico com responsabilidades governativas a este nível teve a coragem, sem embargo de alguns terem tido o propósito, de colocar a aparada tão elevada, sabendo de antemão que se propôs a ser avaliado ao nível a que colocou a fasquia!




Ingenuidade? Longe disso! Desespero? Certamente que a realidade que vai
ter de gerir é provavelmente mais desesperante que aquilo que já nos parece!

Em qualquer dos casos e apesar do entusiasmo que gerou, serão nas medidas concretas que a sua administração tomar que se verão (ou não) os princípios aplicados.

Se o realismo não irá deixar de imperar, por exemplo em matéria de politica externa, o que é para já evidente é que Guantanamo e as suas vergonhas já começaram a ser tratados de acordo com os princípios de um Estado de Direito, o que se espera vir a prosseguir em harmonia com os mesmos.

A importância de um exemplo como este – a consolidar-se – não tem medida. Será de esperar que os lideres dos países democráticos, ajudados pela “ginástica” a que são obrigados pelos efeitos da crise, afinem o seu diapasão discursivo por Obama.

De ficar atento será sobre se o discurso mais substantivo, destes, a existir e daquele, tem tradução prática.
De Obama, que ousou trilhar este caminho novo, começamos por ver que tem expressão prática condizente, dos outros, esperamos que os ajustamentos, sinceros de preferência, se façam e que a sua concretização se processe em conformidade.

O mundo ficará melhor, o que os cidadãos agradecem!


  • POR CÁ...


Em obediência aos mais sãos princípios da administração participativa ou tão só manifestação de incapacidade e desespero em conseguir implementar uma gestão eficiente na generalidade das autarquias, o SIMPLEX, permitirá vir-se a expor a qualidade da gestão autárquica on line, ao criar condições para os cidadãos participarem na gestão da sua rua.

Sem prejuízo de constituir uma medida de grande utilidade que visa a participação dos cidadãos e a melhoria da gestão pública, é por via da denuncia dos particulares relativas a
incumprimentos, más práticas ou omissões das autarquias, isto é: colocando a nu as incompetências ou desleixo, que, pensa o SIMPLEX, se atingirá a diligência, a eficiência, a responsabilidade, enfim melhores condições de vida, naquilo que depende da Câmaras ou Juntas de Freguesia.

Sempre achámos que cada terra devia ter um blog! Na verdade a denuncia de anomalias, que a classe politica tantas vezes abomina, tem a virtualidade de trazer para a praça pública matérias que sendo de interesse público são tratadas habitualmente como se de concessões se tratassem, no sossego dos gabinetes com desdém e à velocidade do caracol, como se os destinatários: cidadãos-eleitores-contribuintes-utentes-consumidores, por serem beneficiários dessas mesmas medidas, devessem aguardá-las paciente e humildemente, como se de privilégios se tratassem.
“Pobres e mal agradecidos!” é um epíteto antigo no vocabulário nacional do poder para qualificar a “piolheira” (parafraseando Carlos I).

Ora, será para amenizar os efeitos destas tradições tão antigas quanto arreigadas na prática autárquica que o SIMPLEX pretende agora criar condições para expor publicamente a (in)competência das administrações autárquicas, visando a regeneração do sistema que os sucessivos governos não inspiram ou conseguem.

Os
Blogues, pioneiros no desbravar da opacidade típica do poder, demonstraram tal ser possível e desejável. Constituindo assim um contributo inestimável para a eficiência, o desenvolvimento e a satisfação de direitos inalienáveis dos cidadãos, inspiraram o SIMPLEX o qual, pragmatica e implicitamente o reconheceu por esta via, adoptando aquele modelo de participação/exposição e pulverizando-o oficialmente, tentará pôr esta rapaziada na ordem.



Estes instrumentos seriam muito mais saborosos se tivessem sido impostos de baixo para cima e não de cima para baixo.
Sendo assim e sem prejuízo da sua utilidade, tornam-se mais concessões que conquistas, sem prejuízo também do facto de terem sido os eleitos que o implementaram.
O que é certo e seguro é que o sistema parece vir a existir e será a participação dos cidadãos que dele fará um êxito ou um
flop!


  • POR AQUI...



As obras continuam a um ritmo que não temos condições de avaliar.

As condicções de segurança no atravessamento das ruas intervencionadas continuam deploráveis e os riscos para os peões aumentam à medida que aquelas se multiplicam. De pouco valem as reclamações dos moradores perante a total indiferença dos responsáveis. A imbecilidade pré histórica destes senhores (construtores, fiscalização e Câmara) só tem uma excepção: no preço da empreitada, esse é do Sec. XXI! A lei sobre a segurança nas construções é ignorada como se estivessemos na selva. Na selva porém não se pagam impostos e os seus senhores são selvagens!

Para além deste deserto de regras, podemos ainda assegurar o descontentamento dos comerciantes em geral sobre as indefinições acerca do andamento das obras, não lhes permitindo qualquer previsão sobre os impedimentos gerados na sua zona de trabalho.

O presidente da Junta não tem informações credíveis e altera as poucas que tem, como um cata vento.

Os responsáveis da obra não estão por cá e os trabalhadores poucas ou nenhuma informações têm para dar.

A Câmara, apesar do dever de coligir, coordenar e difundir informação com precisão, atenta a relevância económica para os interessados, é como se não existisse!

Os comerciantes, esses, estão entregues à bicharada!
Os princípios da eficiência e os interesses de múltiplas pequenas empresas impedidas de planear o seu futuro próximo de forma a reduzir os seus prejuízos ao mínimo, são, pelos responsáveis, descartados como se de privilégios se tratassem!


Não por esta “piolheira” ser “pobre e mal agradecida”, mas porque a C. M. Silves é habitualmente omissa, sistematicamente ineficiente e absolutamente indiferente ao destino dos agentes económicos de Armação de Pêra.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

Visite as Grutas

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Património Natural

Algarve