O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
sexta-feira, 4 de julho de 2025
"Obras Milionárias e Tesourinhos Infinitos: Crónica de um Casino que nunca mais é inaugurado"
O emblemático Casino de Armação de Pêra era anunciado a 15 de janeiro de 2024, no sempre otimista site do Município de Silves que anunciava, em tom triunfante, o arranque da reabilitação do edifício, com um custo superior a dois milhões de euros. Dois milhões. Prometiam que em 10 meses estaria tudo pronto. Pois bem: estamos em julho de 2025, os 10 meses já foram, voltaram e até já trouxeram lanche — e o Casino continua fechado, envolto em silêncio e tapumes.
Que se passou? O tempo passa mais devagar em Armação? Os meses por aqui têm 60 dias? Ou será que os prazos em obras públicas servem apenas para dar um ar de seriedade aos comunicados de imprensa?
É claro que há quem se ofenda por denunciarmos estas situações. Mas como não o fazer? Pedem-nos que sejamos brandos, que sejamos compreensivos, que sejamos… cúmplices? Não, obrigado. Enquanto as promessas forem feitas com tinta dourada e cumpridas com tinta invisível, cá estaremos. Tal como Joana Marques com os Anjos: nós não inventamos o conteúdo — limitamo-nos a comentá-lo.
E para quem acha que “não temos mais nada que fazer”, deixamos o convite: resolvam os problemas, cumpram os prazos, ponham o Casino ao serviço da comunidade — e prometemos calar-nos por um dia ou dois. Talvez até elogiemos.
Mas até lá… bem-vindos ao Cassino da Desilusão, aberto 24 horas no coração de Armação. Entrada livre. Saída, só com paciência.
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"Armação, esse paraíso intocável (de críticas)"
Fomos recentemente brindados com uma mensagem inflamável (e um tanto inflamada) de um armacenense muito ofendido, que, julgando ser um assíduo leitor do blogue Cidadania, decidiu fazer justiça com as próprias palavras — chamando-nos nomes que, por pudor e bom gosto, optamos por não reproduzir aqui. Afinal, há crianças que podem estar a ler.
Aparentemente, este nosso leitor considera que não temos mais nada que fazer do que apontar o dedo a tudo o que vai mal em Armação de Pêra. Como se isso fosse um problema! Ora bolas, se há coisa que esta terra não nos deixa, é falta de material. Armação é o Netflix dos "tesourinhos deprimentes": há sempre um novo episódio, uma nova personagem secundária que se julga protagonista, ou um cenário decrépito que ainda assim leva orçamento camarário para figurar como "melhoria urbana".
Dirão: “Mas porquê tanto azedume?” Não é azedume, é realismo com sabor a limão — ácido, sim, mas refrescante.
À semelhança de Joana Marques com os Anjos, também nós não saímos à caça de polémicas: elas aparecem, vestem-se mal, estacionam em cima do passeio e fazem selfies junto a rotundas artisticamente duvidosas. Se há quem se ponha a jeito, não somos nós que vamos virar a cara. Seria uma indelicadeza jornalística.
A verdade, caro armacenense indignado, é que enquanto os verdadeiros problemas desta vila continuarem a ser tratados com a mesma eficácia com que se limpa uma sarjeta em agosto, nós cá estaremos, de lupa na mão e ironia na ponta dos dedos. No dia em que Armação for um exemplo de boa gestão, civismo e visão urbana… prometemos dedicar-nos a atividades menos espinhosas. Tipo sudoku. Ou origami. Ou até, imagine-se, elogiar!
Até lá, estimado leitor, o melhor que tem a fazer é preparar-se: o verão ainda agora começou, e Armação ainda tem muito para nos oferecer — nem que seja mais um “tesourinho” para a coleção.
Com estima e um leve sarcasmo,
Os chatos do costume
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quinta-feira, 3 de julho de 2025
Em Armação de Pera: "Compre Local, Ignore o Local!"
As eleições estão à porta — ou talvez à soleira, com um pé já lá dentro — e eis que os senhores da Junta de Freguesia decidem lembrar-se que Armação de Pêra existe. A vila, até então esquecida em modo sesta prolongada desde o verão passado, reaparece como palco de slogans fresquinhos, diretos do departamento de marketing de última hora:
“Em Armação de Pêra? O comércio é local!”
Ah, que maravilha. Afinal, bastava atravessar a Rua do Comércio para salvar a economia, o ambiente, a identidade cultural, o planeta Terra e, quem sabe, a alma do comércio tradicional.
Sim, é reconfortante saber que, ao comprar um café aguado ou uma t-shirt "I ❤ AP" por 18€, estamos, segundo a Junta, “a contribuir para a sustentabilidade” — ignorando, claro, o lixo a esvoaçar nas ruas, os passeios esburacados dignos de trilhos de montanha, e as passadeiras tão gastas que já são praticamente um teste de visão.
E não se preocupe se não encontrar estacionamento no verão. É só mais uma forma criativa da freguesia promover o turismo de aventura. Afinal, quem precisa de um parque ordenado quando pode ter emoção grátis a cada manobra?
E é agora, quando o outono eleitoral se aproxima, que o comércio local volta a ser “o coração da vila”, mesmo que o resto do corpo esteja com falta de pulso. É bonito ver tanto amor... sazonal.
Sim, compre local. Valorize quem cá está o ano inteiro. Mas exija mais do que frases feitas e sorrisos em época de votos. Porque Armação de Pêra merece mais do que uma boa campanha publicitária: merece investimento, dinamismo e respeito contínuo. Resumindo um novo rumo.
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Calçadas Degradadas em Armação de Pêra Colocam Segurança dos Peões em Risco
A degradação crescente das calçadas em Armação de Pêra está a levantar sérias preocupações entre moradores, comerciantes e turistas. Buracos, pedras soltas e desníveis visíveis marcam diversas zonas pedonais da vila, tornando o simples ato de caminhar num verdadeiro desafio e colocando em causa a segurança de todos.
Vários residentes relatam que os problemas nas calçadas não são recentes. “Há buracos que estão ali há anos e nunca ninguém fez nada”, desabafa uma moradora da zona central. “Já vi pessoas tropeçarem, caírem, e até ambulâncias a serem chamadas por causa de quedas”.
A situação é particularmente preocupante em zonas de maior circulação, como junto à marginal, às praias e nos acessos a serviços públicos. A falta de manutenção adequada agrava-se ainda mais durante o verão, altura em que a população aumenta significativamente devido ao turismo.
“É inadmissível que uma vila que vive do turismo ofereça estas condições aos visitantes. Estamos completamente abandonados”, afirma um comerciante local.
Apesar dos apelos constantes da população, não se verificam intervenções visíveis por parte da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal para reparar os pavimentos danificados. Muitos temem que apenas um acidente mais grave leve, finalmente, à ação das autoridades.
A população apela a uma resposta urgente e eficaz, com um plano de reabilitação das calçadas e espaços públicos que garanta a segurança de todos e preserve a imagem de Armação de Pêra como destino turístico de qualidade.
“Manter as calçadas em bom estado não é só uma questão estética – é uma questão de dignidade e segurança”, reforça uma residente.
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quarta-feira, 2 de julho de 2025
Bem-vindos a Armação de Pêra: Estacione Como um Magnata, Pague Como um Sheik
É oficial: Armação de Pêra entrou para a elite das grandes metrópoles mundiais. Não, não foi pelo número de museus, pelo sistema de transportes ou pela oferta cultural – foi pelo preço do parque de estacionamento. Sim, leram bem. A pequena vila piscatória que outrora se orgulhava do seu peixe fresco e dos veraneantes em chinelos agora tem um parque privado com preços que fariam corar de vergonha os estacionamentos do Chiado em Lisboa.
Mas, sejamos justos: este parque não é um simples monte de betão. Não, senhor. Estamos a falar de um local junto à praia, onde o cheiro a maresia vem incluído no preço da tarifa. Um luxo que, pelos vistos, só deve estar ao alcance de quem estaciona um Tesla com matrícula estrangeira. Porque, claro, como se sabe, o verdadeiro charme da praia está em não ter de partilhar a areia com gente de toalha do Continente ou geleira de tampas amarelas.
E aqui entra o toque de génio: a Vila Vita – esse império de requinte que controla concessões como quem coleciona selos – não quer pés descalços a incomodar a paz dos seus clientes exclusivos. A areia é para quem a pode pagar, tal como o estacionamento. O resto? Que estacione nos arrabaldes da vila e vá a pé, de chinelo e alma penada, sonhando com um lugar ao sol… e à sombra, claro, da elite.
Agora, cabe perguntar: e a junta de freguesia? E a câmara municipal? Estavam todos de férias quando autorizaram esta maravilha de engenharia financeira? Ou talvez achassem que o melhor para o turismo local era afastar o povinho e apostar num nicho de mercado mais… gourmet?
Porque, convenhamos, o que Armação de Pêra precisava mesmo não era de acessibilidade, de ordenamento ou de bom senso. Era de um parque onde se pagam preços de boutique para se estacionar entre um Fiat descapotável e um Range Rover com vidro fumado.
Parabéns aos envolvidos. Armação de Pêra já não é um destino balnear. É um conceito. Uma experiência. Uma espécie de Saint-Tropez à portuguesa… mas com percebes a 50€/kg e estacionamento a preço de renda em Lisboa.
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Limpeza dos Esgotos em Armação de Pêra: “Trabalho que Devia Ser Feito na Época Baixa”
Os moradores e visitantes de Armação de Pêra têm manifestado o seu desagrado com os trabalhos de limpeza da rede de esgotos que estão atualmente a decorrer nas principais artérias da vila. O cheiro intenso a esgoto que se faz sentir em algumas zonas tem levantado preocupações, especialmente em plena época alta, quando a localidade recebe milhares de turistas.
Segundo relatos de comerciantes e residentes, o mau odor tem sido persistente, afetando o bem-estar de quem vive e trabalha na zona, bem como a experiência dos visitantes que escolhem Armação de Pêra como destino de férias.
“É incompreensível que este tipo de intervenção não tenha sido planeado para os meses de inverno, quando há muito menos movimento”, refere um comerciante local. “Agora, em plena época turística, dá uma péssima imagem e afasta clientes”.
Os trabalhos, que visam garantir o bom funcionamento do sistema de saneamento e prevenir problemas mais graves no futuro, são considerados necessários, mas a sua calendarização tem sido alvo de críticas.
A Junta de Freguesia e a Câmara Municipal ainda não se pronunciaram publicamente sobre os motivos da escolha desta altura do ano para realizar a intervenção. No entanto, várias vozes da comunidade apelam a uma melhor coordenação e planeamento futuro, de modo a minimizar os impactos negativos na economia local e na qualidade de vida da população.
Este episódio serve como lembrete da importância da gestão estratégica de obras públicas em zonas turísticas, onde o timing é essencial para garantir que as melhorias não se traduzam em prejuízos a curto prazo.
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As papeleiras são inteligentes. Mas quem manda nelas… nem por isso.
Em Armação de Pêra, há papeleiras com sensores, compactadoras e tudo. Supostamente “inteligentes”. Mas basta dar uma volta pela marginal ou perto da praia para ver o oposto: lixo a sair por todos os lados, sacos no chão, cheiro desagradável. E ainda há quem diga: “A culpa é das pessoas que não usam as papeleiras como deve ser.”
Mas espera lá… Se as papeleiras são inteligentes e avisam quando estão cheias, por que é que continuam a deitar lixo por fora?
O problema não é a tecnologia. É quem devia estar a cuidar disto e não está.
Investem em papeleiras high-tech, mas depois ninguém aparece para as esvaziar. Resultado? A tecnologia avisa, mas ninguém responde. E quem paga é a imagem da vila e quem cá vive ou visita.
Armação de Pêra merece mais do que promessas bonitas. Merece uma gestão que funcione — não só para as selfies, mas para a realidade do dia a dia.
Se queremos uma vila limpa, moderna e bem cuidada, temos de exigir mais de quem manda. Porque as papeleiras até podem ser inteligentes… mas isso de nada serve se quem devia fazer o trabalho estiver a dormir.
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terça-feira, 1 de julho de 2025
Em Armação de Pera ...O Lixo Está no Lixo… Mas os Contentores Estão um Lixo!
Quem anda por Armação de Pêra já deve ter reparado: muitos dos contentores de lixo estão num estado vergonhoso. Tampas partidas, puxadores que já eram, lixo à vista e até moscas a fazerem a festa. Dá mesmo vontade de evitar usar, não é?
A verdade é que, quando os próprios contentores estão sujos e danificados, é mais difícil manter a vila limpa. E a culpa não é das pessoas que tentam reciclar e colocar o lixo no sítio certo — é de quem devia cuidar desses equipamentos e simplesmente não o faz.
Será que custa assim tanto arranjar as tampas, lavar os contentores e fazer uma manutenção decente? Parece que quem devia tratar disso está a dormir, ou então acha que ninguém repara. Mas nós reparamos. E importa falar sobre isto.
Manter os contentores em bom estado é básico. É uma questão de respeito pela vila, pelas pessoas que aqui vivem e também por quem nos visita. Armação de Pêra é linda — mas com os contentores neste estado, perde pontos.
Está na hora de exigir mais. De partilhar fotos, de falar do assunto, de pressionar quem manda. Porque cuidar da nossa terra também é responsabilidade nossa.
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segunda-feira, 30 de junho de 2025
PARTICIPE HOJE NA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE ARMAÇÃO DE PÊRA – POR RUAS MAIS LIMPAS E SEGURAS!
📣 Moradores de Armação de Pêra!
Hoje é dia de fazermos ouvir a nossa voz! 💬
A Assembleia de Freguesia realiza-se hoje, 30 de junho, às 21h30, na sala polivalente do edifício da Junta de Freguesia.
Queremos ruas limpas, seguras e bem cuidadas para todos nós – e isso só será possível com a participação da comunidade.
👥 A presença de cada um é essencial para exigir melhores condições na nossa freguesia.
📍 Junta-te a nós e mostra que te importas com Armação de Pêra!
🗓 Hoje, 30 de junho
🕤 21h30
📌 Sala Polivalente da Junta de Freguesia
PARTICIPA! Juntos fazemos a diferença. 💪
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Câmara de Silves Inova: Turismo e Saneamento, Agora com Aroma Local!
Armação de Pêra, verão de 2025 — Num movimento audaz que mistura logística criativa com uma pitada de desafio ao bom senso, a Câmara Municipal de Silves decidiu surpreender locais e turistas com uma programação exclusiva para a época alta: a limpeza da rede pública de saneamento.
Porque, afinal, o Algarve não é só sol, mar e sardinha — é também esgoto, tubagem e cheiro a progresso!
Entre 30 de junho e 16 de julho, alguns arruamentos da pitoresca freguesia de Armação de Pêra vão ser palco de um espetáculo único: caros de limpeza de esgoto dançando entre esplanadas, tampas de saneamento abrindo como se fossem portas para o além, e um leve perfume no ar que, quem sabe, poderá ser lançado como aroma exclusivo nos souvenirs da região — Eau de Esgoto – edição limitada.
Segundo a autarquia, esta intervenção visa "garantir a qualidade, a continuidade e a eficiência dos serviços públicos". Um objetivo nobre, ainda que timidamente incompatível com a chegada em massa de turistas armados de toalhas de praia e intolerância a odores estranhos.
Fontes não confirmadas indicam que, na próxima fase, poderá ser criada uma rota turística temática: “O Circuito do Saneamento”, com paragens nos pontos de maior constrangimento e explicações ao vivo sobre o ciclo da água... e dos aromas.
A Câmara agradece a compreensão dos munícipes, dos visitantes e dos narizes mais sensíveis, prometendo que os trabalhos serão "célere e eficientes". Já os comerciantes locais aguardam com expectativa o impacto económico da nova modalidade de “turismo olfativo”.
No fundo, o que seria do verão sem uma pitada de imprevisibilidade municipal? Silves mostra, uma vez mais, que sabe surpreender — mesmo quando se trata de limpar aquilo que todos preferiam manter bem escondido.
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domingo, 29 de junho de 2025
“Papeleiras a Transbordar: É Assim que Servimos Armação de Pêra?”
Armação de Pêra, uma das vilas turísticas mais encantadoras do Algarve, recebe todos os verões milhares de visitantes atraídos pelas suas praias douradas, gastronomia e ambiente acolhedor. No entanto, basta um passeio pelo centro ou pela marginal para perceber uma triste contradição: papeleiras a transbordar, lixo espalhado pelo chão e um cheiro que compromete a experiência de quem cá vive e de quem nos visita.
A pergunta impõe-se: é esta a imagem que queremos dar ao mundo?
Não se trata apenas de estética — embora a imagem de sacos plásticos e copos de gelado amontoados cause repulsa. Trata-se de saúde pública, de sustentabilidade ambiental e de respeito por uma vila que sobrevive do turismo.
Numa época em que se fala tanto de valorização dos territórios e de experiências turísticas autênticas, como pode Armação de Pêra falhar no básico? A recolha do lixo em época alta tem de ser mais frequente. As papeleiras, que são claramente insuficientes para o volume de pessoas, devem ser aumentadas. É uma questão de planeamento e vontade política.
As fotografias que circulam nas redes sociais, mostrando a degradação dos espaços públicos, não são apenas embaraçosas — são um aviso. Se não cuidarmos da nossa casa, os turistas vão procurar outras mais limpas e organizadas. E nós, residentes, vamos continuar a pagar o preço do abandono e da má gestão.
Armação de Pêra merece melhor. Servi-la bem não passa apenas por cartazes de boas-vindas ou eventos culturais de verão. Passa por garantir que, todos os dias, os espaços públicos estão limpos, seguros e dignos de quem cá vive e de quem cá vem.
É tempo de agir. Porque esta não é — nem pode continuar a ser — a forma única de servir Armação de Pêra.
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sábado, 28 de junho de 2025
“UB6: O Novo Spa Termal de Armação de Pêra – Agora com Essência de Esgoto”
Banhos de mar, sol e... efluentes! Em plena praia de bandeira azul, a moda agora é o esgoto terapêutico.
Armação de Pêra voltou a surpreender os seus veraneantes. Conhecida pelas suas praias douradas, peixe fresco e filas intermináveis em agosto, a vila piscatória estreia agora a mais recente atração turística: o UB6 Conventinho – Centro de Esgototerapia Costeira, uma espécie de spa natural onde o luxo se encontra com a descarga doméstica.
Foi durante uma limpeza de terraços (ou será que foi um ritual secreto de invocação das águas negras?) que os nossos atentos repórteres, já com o nariz desconfiado, testemunharam a transformação mágica de um tubo aparentemente inofensivo numa fonte jorrante de civilização canalizada. E como se não bastasse, após a nossa denúncia, multiplicaram-se os vídeos, os relatos e os odores. Afinal, UB6 não está só. Há todo um circuito turístico de esgotos que brotam com orgulho para o mar.
As autoridades, numa demonstração de rara coerência, permanecem absolutamente consistentes na sua postura: cegas, surdas e ausentes. Segundo fontes não identificadas (porque estavam ocupadas a limpar os óculos de sol), “não há perigo para a saúde pública, apenas um ligeiro aroma a urbanismo mal tratado”. A bandeira azul, essa, continua a ondular estoicamente — provavelmente não tem olfato.
Especialistas em sarcasmo ambiental confirmam: “É uma inovação ecológica. Uma praia com biodiversidade química.” E já se fala até em criar uma nova distinção internacional: a Bandeira Castanha, atribuída a zonas balneares com personalidade forte e aroma persistente.
Apelo final:
Convidamos todos os leitores a visitar a UB6. Leve a família, o cão e uma pinça para o nariz. E, se possível, envie-nos vídeos. Afinal, a sátira pode ser nossa, mas o esgoto é real.
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sexta-feira, 27 de junho de 2025
Armação de Pera: Largo da Igreja Operação Coelho Verde
Armação de Pêra declara guerra às ervas daninhas… com um coelho.
Após meses de crescimento descontrolado, o Largo da Igreja em Armação de Pêra atingiu um novo patamar de naturalismo urbano: ervas daninhas, flores do acaso e até uma silva rebelde compõem agora o que alguns já chamam de “Jardim do Abandono”.
Apesar de sucessivos pedidos dos moradores à Junta de Freguesia para uma simples limpeza, a resposta tem sido... contemplativa.
Em nota enviada à população, a Junta esclareceu:
“Preferimos uma abordagem sustentável e filosófica à gestão do espaço público. As ervas têm direito à vida. Cortar seria uma forma de violência botânica.”
Questionados sobre o prolongado estado de abandono, outro porta-voz acrescentou:
“Há quem veja mato, nós vemos potencial. Está em estudo um projeto-piloto de permacultura espontânea.”
Cansados de esperar por uma ação concreta (ou mesmo simbólica), os moradores decidiram avançar com uma solução de base comunitária: adquirir um coelho, por subscrição pública, para pastoreio não-autorizado. O animal, que será batizado de Sr. Relvinhas, terá como missão roer democraticamente todas as ervas que a Junta insiste em proteger.
A Junta, confrontada com a ideia, reagiu com elegância:
“Desde que o coelho pague a taxa de ocupação da via pública e não exija recibos verdes, não nos opomos.”
A comunidade está unida. Já se fala na criação de uma Associação de Amigos do Relvinhas e de um evento anual — o Festival da Monda Lenta. O Largo, por sua vez, continua firme no seu papel: crescer para cima, para os lados, e para dentro dos sapatos de quem lá passa.
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quinta-feira, 26 de junho de 2025
Chega de promessas: Armação de Pêra precisa de segurança agora
O recente Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) revelou um dado preocupante: a criminalidade violenta e grave no Algarve aumentou 9,9% em 2024. Isto contrasta com uma ligeira descida na criminalidade geral e expõe uma realidade cada vez mais sentida em Armação de Pêra — a insegurança está a crescer, e a resposta tem sido, no mínimo, insuficiente.
Apesar de uma redução global de 1,8% nos crimes registados na região, com menos 478 participações que no ano anterior, o distrito de Faro continua a ocupar o quarto lugar no ranking nacional da criminalidade, com 26.666 ocorrências. Armação de Pêra, pequena vila à beira-mar, não tem escapado a esta realidade. Casos de furtos são cada vez mais frequentes, desde bilhas de gás levadas de estabelecimentos comerciais, como a drogaria Garrocho, até viaturas vandalizadas junto ao mercado local.
É legítima a pergunta: onde está o reforço prometido das forças de segurança? A presença da GNR continua limitada, e a sensação de impunidade entre os criminosos parece crescer a cada nova ocorrência. Os residentes e comerciantes estão cansados de palavras vazias. Precisamos de medidas concretas e imediatas.
A segurança não é um luxo; é um direito. Armação de Pêra, sendo também um destino turístico importante, não pode continuar vulnerável à criminalidade, ainda mais em época alta. A proteção de quem aqui vive e de quem nos visita deve ser prioridade absoluta para as autoridades locais e nacionais.
É tempo de agir. A comunidade clama por patrulhamento mais eficaz, mais visibilidade das forças policiais e, acima de tudo, resultados. Promessas não resolvem furtos. Segurança sim.
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O Deserto Médico no Algarve: Entre Despachos e a Realidade
A recente publicação dos despachos e avisos — nomeadamente o Despacho n.º 4741-A/2025, o Despacho 5868-A/2025 e os Avisos n.º 13280-A/2025 e 13280-B/2025 — que anunciam a abertura de procedimentos concursais para 642 vagas na carreira médica, surge como uma tentativa do Governo de reforçar os cuidados de saúde primários em Portugal. Contudo, a realidade mostra-nos que, no caso do Algarve, essa intenção falha de forma preocupante: das 34 vagas disponibilizadas na região, apenas 13 foram preenchidas. Vinte e uma continuam por ocupar. Um número gritante, especialmente quando se sabe que cerca de 100 mil algarvios continuam sem médico de família.
Esta discrepância entre o que é anunciado e o que efetivamente se concretiza evidencia um problema estrutural: o Algarve continua a ser uma região esquecida no que toca ao investimento em saúde pública. Apesar de possuir uma das maiores Unidades Locais de Saúde (ULS) do país, é também uma das menos financiadas. Como se justifica esta desproporção? Como pode uma região com forte afluência turística e um número significativo de residentes permanentes continuar a ser tratada como periférica pelas políticas centrais?
O problema não está apenas na falta de médicos, mas na falta de atratividade das condições oferecidas. Não basta abrir concursos — é preciso garantir que os profissionais de saúde queiram vir e, mais ainda, permanecer. Isso passa por oferecer condições salariais e de progressão de carreira competitivas, habitação acessível, apoio à família e estabilidade contratual. Nada disto pode ser feito com medidas pontuais ou paliativas.
O desinteresse em ocupar as vagas no Algarve deve servir de alerta. A saúde pública não se pode sustentar em números anunciados em Diário da República que depois não encontram correspondência na realidade. É preciso um plano estratégico sério e contínuo de valorização dos profissionais e de reequilíbrio territorial dos recursos humanos em saúde. O contrário disso é condenar milhares de cidadãos a uma contínua exclusão do direito básico à saúde.
Chega de medidas avulsas. O Algarve merece mais — e melhor.
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