Corre por aí, à boca pequena, que uma das iniciativas que o
snr. Presidente da Junta de Armação se prepara para desencadear é a
revitalização do Casino...
Recorde-se que tal revitalização constituía uma das
propostas eleitorais do Paulo Vieira, o qual se propunha devolver ao Casino a
sua vocação inicial (turismo e lazer), acrescida de outras valências que espaço
permite e a Vila carece.
De algum modo seguindo uma lógica a que hoje se convencionou
chamar de espaço multiusos.
Na verdade a Vila cresceu em volume e betão, mas também em
população, residente e em resultado dos movimentos pendulares de visitantes,
sem contudo apresentar uma oferta proporcional do ponto de vista do lazer, do
recreio, do turismo numa palavra, mas também de outras opticas o mesmo sucedeu.
Ou melhor nada aconteceu.
O poder central de Silves sempre entendeu e manteve Armação
como uma vaca (no sentido do rendimento natural) profana (no sentido do
abandono resultante de um enfoque estritamente financeiro sem qualquer
preocupação séria por um desenvolvimento harmonioso e proporcionado em
beneficio da população, ou sequer em favor da sua economia, assente
essencialmente no turismo, que podia ser de outra qualidade e augurar um outro
futuro, o que seria a mesma coisa).
Aquela que bem podia ser a vaca sagrada do concelho, não
passou de uma vaca profana e como tal tem sido tratada.
Com efeito, foram sempre as receitas da tesouraria da Câmara
quem desenhou o desenvolvimento de Armação. O resultado está à vista de todos.
Na proposta do candidato vencido sobre o Casino,
reconhecia-se implicitamente que a Vila carece de iniciativas sociais em geral
e culturais em particular. Tudo aquilo que os critérios de qualquer tesouraria
pública põem “à borda do prato”.
Sem perder de vista os critérios de tesouraria- muito menos
hoje em dia – mas tentando colocar o “comboio(do desenvolvimento harmonioso e
da sustentabilidade) nos carris” que o poder central do concelho fez de há
muito, descarrilar, o Casino pode ser um “instrumento” bissectriz...
Enquanto espaço multiusos pode constituir um instrumento da
intervenção social, cultural e recreativa inexistentes a custos relativamente
reduzidos porquanto existe, bem localizado e com o essencial das aptidões para
tais finalidades.
Bom, este era, tal como a entendemos, a perspectiva do
candidato Paulo Vieira. Sublinhe-se candidato vencido, nas ultimas eleições para
a Junta de Freguesia.
Será que, apesar da derrota eleitoral do autor desta perspectiva acerca da função do Casino na Vila, estará a ser recuperada pelo
candidato vencedor que nunca abordou esta temática na sua campanha?
Se assim for, não seria a primeira vez no mundo que tal
sucederia e, tendo acontecido tantas vezes, é até vulgar...
Mas será que aquilo que se diz à boca pequena acerca das
intenções do snr. Presidente da Junta, corresponde ao projecto de Paulo Vieira?
Parece-nos, a dar crédito a outras “bocas” que correm, que
não!
O entendimento do snr. Presidente é diverso, pragmático, e,
uma vez de realização possível, de uma
extraordinária eficácia na concretização: é ceder a exploração a uma VILAVITA qualquer
e pronto, está resolvido!
Ora, cá volta a Vilavita à berlinda!
Recordamos que nada nos move contra essa empresa, ou
qualquer outra que, em concorrência no mercado, mantenha emprego, pague os seus
impostos e se dedique com competência e qualidade ao seu desenvolvimento. Se
for poderosa economicamente tanto melhor: pagará melhores salários, mais
impostos e mais contribuirá para a dinamização económica da região onde se
insere e até do pais.
Não pensamos o mesmo de uma empresa, qualquer que seja a sua
dimensão, com poder político, derive este do seu poder económico ou não!
Pensamos que tal circunstância entorpece o mercado, criando
a prazo, quando não desde logo, maiores prejuízos que benefícios.
Não nos surpreende, por outro lado, que Ricardo Pinto opte
por soluções do tipo “pronto-a-vestir” tão típicas desta geração de políticos
de que aqueles que nos governam actualmente serão referencias históricas per omni seculum, seculorum.
Na verdade esta gente entende que tudo o que é público se
encontra necessariamente melhor na esfera privada que na esfera pública, ponto!
Qualquer um pode dizer que, na esfera pública, o Casino,
esteve ao serviço do nada, durante décadas, em estado de conservação
deplorável, prestando à Vila um péssimo serviço atenta a sua evidência de
abandono e degradação.
Mas também é verdade que esteve na mão de nadas, de
verdadeiras nulidades, os quais, para além de nada fazerem, impediram
objectivamente que o seu destino fosse outro que não o decesso. A Fábrica do
Inglês está aí para evidência e aferição da dimensão social e cultural das
últimas administrações no trono de Silves, para além do estafado resultado
desastroso em sede de finanças públicas.
Mas, se pende hoje em dia à sociedade civil bastas vezes a
acusação de omissão sistemática e demissão dos poderes de cidadania que
permitem a representação miserável por parte da classe política que elege, essa
acusação não pode ser imputável à comunidade de Armação de Pêra que tratou de
acautelar a vocação do Casino através da sua classificação como imóvel de
interesse municipal, devidamente fundamentada nos valores que representa.
À boca pequena também se fala da crescente influência e
poder da vilavita na Vila, mais célere neste período deprimido da nossa
economia e do poder financeiro do estado, o que é do domínio público. E também
da arrogância com que os exercem...
Sabemos que o numero de multimilionários tem tendência a
crescer neste estado de coisas, em Portugal ou noutro pais qualquer em
idênticas circunstâncias.
Sabemos também que as crises são por natureza ricas em
oportunidades. Sobretudo porque o número de pessoas com capacidade para
aproveitarem oportunidades é menor.
Mas sabemos também que a Vila deve ser administrada de
acordo com princípios e valores, donde se destacam, ao caso concreto, aqueles
que fundamentam a classificação do Casino como imóvel de interesse municipal.
Como também sabemos que comunidade não tolerará qualquer disposição do Casino sem
uma discussão pública e tempestiva, prévia a qualquer intenção de afectação privada de tal património municipal.
Convenhamos que este assunto não pode ser resolvido, atenta a dimensão pública daquele património,
em capelinhas, rodas de amigos, ou correligionários políticos, não é verdade senhor presidente?