O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sábado, 6 de junho de 2015

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Haja Deus(2)! Agora as galinhas!


O Ditador que vai pagar o ordenado ao Jorge Jesus


Teodoro Obiang surge associado à ida de Jesus para o Sporting. A Guiné Equatorial é um país do tamanho do Alentejo, que é governada há 36 anos por um dos piores ditadores africanos.
Teodoro Obiang vai ser o dono do Sporting?

A Guiné Equatorial, país africano de 680 mil habitantes, tem uma área ligeiramente inferior à do Alentejo. Aos comandos da nação - composta pela ilha de Bioko, onde fica a capital, Malabo, e uma zona continental entre os Camarões e o Gabão - está, há 36 anos, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, considerado um dos piores ditadores africanos por várias organizações internacionais. Nascido durante a era colonial na então Guiné Espanhola, fez formação militar em Saragoça e foi um elemento importante do Governo do seu tio Francisco Macías Nguema, primeiro Presidente após a independência, conquistada em 1968. Em 1979, Obiang depôs o tio num golpe de Estado sangrento.

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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Haja Deus! e Caracóis também!

O grupo de activistas Acção Directa usou a sua página no Facebook para reagir às críticas de que tem sido alvo. Em causa está uma campanha em defesa dos caracóis, um petisco muito apreciado pelos portugueses nesta altura do ano.

A associação defende no Facebook que “estes animais sentem e por tal sofrem nas circunstâncias em que são instrumentalizados”. A campanha foi muito partilhada nas redes sociais – uns defendendo-a, outros ridicularizando-a.

“Só tenho uma coisa a dizer: atrasados mentais. Ah e outra coisa: Mudem de fornecedor porque a que vocês andam a fumar deve estar estragada” e “Isto é gente que come calhaus da calçada e mesmo assim não podem ter fungos...” são alguns dos comentários divulgados na página da Acção Directa.

“Infelizmente muito do feedback que obtivemos foi-nos dado de forma violenta, agressiva, ameaçadora e profundamente ignorante. Sabemos que esse é um claro sinal da eficiência da nossa iniciativa mas sabemos também que muitos dos activistas que deram a cara por esta campanha foram vítimas de comentários vários, impregnados de baixo nível e má educação. Este tipo de campanha veicula o respeito por todos os animais e, incompreensivelmente numa parte da população, está a gerar a antítese daquilo que defendemos. Questionamos como pode a defesa de um animal gerar uma onda de tanto ódio?! Todavia, a nossa página é “A nossa Casa” por isso não toleramos o tipo de linguagem que tem aqui sido proliferada”, escreve o grupo de activistas na sua página oficial naquela rede social.

“Pedimos desculpa a todos os activistas que participaram e especialmente a quem nos apoia. Pretendemos proteger quem connosco luta, por isso estamos também a apagar certos comentários e a proceder ao bloqueio e denúncia de muitas das pessoas que comentaram ofensivamente. Contamos com a vossa paciência e compreensão, este tipo de acção torna-se bastante polémica, especialmente por ainda vivermos numa sociedade retrógrada e discriminatória. No entanto, a vulnerabilidade a que possamos estar sujeitos é positivamente contrabalançada pela repercussão que podemos alcançar e estamos, assim, mais motivados a continuar com a nossa campanha. Manteremos a publicação das inúmeras fotos que temos em nossa posse e daremos continuidade à mesma sempre que nos for possível. Estamos também a planear uma próxima acção no âmbito desta campanha”, acrescentaram.

“Lembrem-se que isto não é sobre nós. É sobre os animais não-humanos que defendemos e pelos quais damos a nossa cara. É sobre Libertação Animal, seja ela humana ou não-humana. Somos todos animais. E com a certeza que nenhum de nós deve ser explorado e instrumentalizado, continuaremos a lutar até todos os animais serem livres”, conclui o grupo.
Joana Marques Alves in: ”Sol” 03/06/2015

terça-feira, 2 de junho de 2015

Portugal visto por António Lobo Antunes

Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.

Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.

Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos.

Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.

Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estoico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade.

O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.

Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.

O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal.
Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.

Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver:
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo
que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores, que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.

As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos semdificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha.

Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram. Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.
Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.

Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.

Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar de D. José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar.

Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho.

Agradeçam a Linha Branca.

Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.

Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.

Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa.
Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto.
Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?

O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes.

António Lobo Antunes


terça-feira, 26 de maio de 2015

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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Algarve