O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Portugal atual

Pobres em Portugal: 2 milhões de pessoas.
Desempregados: 1.000.000 indivíduos.
População ativa em Portugal: 5.587.300 indivíduos.
População Prisional: 12.681 reclusos.
Emigrantes Portugueses : 31,2 milhões pelo mundo fora.
Crianças portuguesas com fome assinalados nas escolas: 12 mil.
Portugueses com fome: 300.000
Idosos na solidão: 23 mil idosos a viverem sozinhos ou na solidão (Censo da GNR).
Portugueses sem Médico de família: 700 mil pessoas.
Pessoas sem-abrigo: 3.500.
Pessoas sem água canalizada ou esgotos ao domicílio: 700 mil.
Número de Abortos em 2012: 18.924 em 2012, 2.214 abortos em menores de 19 anos, e 70 por raparigas com menos de 15 anos, 52 abortos por dia.90 milhões de euros gastos com os cuidados médicos com os abortos e os subsídios pós-aborto.
Preços Combustíveis ( Gasolina e Gasóleo ): dos mais altos da Europa e do mundo.
Remunerações dos conselhos de Administração das 20 empresas portuguesas cotadas na Bolsa :
ganham, em média, cerca de 50 vezes mais do que os trabalhadores das empresas que administram.
As 100 maiores fortunas de Portugal valem 37 mil milhões de euros, o que corresponde a 23% da riqueza total nacional.
PIB Portugal em 2012: 165 mil milhões de euros (contração de 3,2% em relação a 2011).
25% dos habitantes em Portugal vivem com menos de 414 euros por mês ; são os considerados oficialmente como pobres. Vivem em privação material, (dificuldade, por exemplo, em pagar as rendas sem atraso, manter a casa aquecida ou fazer uma refeição de carne ou de peixe pelo menos de dois em dois dias).
16,5% por cento dos portugueses vivem em casas sobrelotadas.
População portuguesa abaixo do índice de pobreza: 20% - 2 milhões de pobres, sendo que 1/3 são reformados, 22% são trabalhadores remunerados e 21,2% são trabalhadores por conta própria.
6% da população portuguesa (530 mil pessoas) sofre sérias perturbações no acesso a alimentos.
Défice do Estado Português em 2012: 6,4% do PIB, ou seja 10,6 mil milhões de euros.
26% das crianças portuguesas que entram na escola em 2013 :(375 mil) vêm de famílias onde a pobreza é extrema.
Orçamento da Assembleia da República para 2013: 65 milhões e 18.000 euros.
Subsídios aos Partidos Políticos: 64 milhões e 195.000 euros.
Orçamento da Presidência da República Portuguesa para 2013: 16 milhões e 272.000 euros .
O Orçamento da Presidência da República portuguesa continua a ser assim superior em dobro ao da Casa Real espanhola
que, em 2012, dispôs de um total de 8.264 mil euros, implicando uma redução de 2% relativamente ao ano anterior
Dívida Pública Portuguesa: Dívida total (fim de Março de 2013) : 199.676.349.188€ (123,6% do PIB). Em 1974 eram de 10 mil milhões, correspondendo a 20% do PIB, ou seja, em 39 anos a dívida foi multiplicada por 20 vezes mais.
Juros anuais da dívida pública portuguesa: Segundo o INE, os juros da Divida Pública atingiram 6.849 milhões no final de 2012.
Reservas de Ouro do Banco de Portugal: 382.509,58 kg. Em 1974 eram de 865.936, ou seja, em 39 anos desapareceram 483.426,42 kg de ouro o que dá uma média de 13.428,5 kg por ano.
Dívida externa Portuguesa em Fevereiro de 2013: 734,3 mil milhões de euros (cada Português deve € 69.300 ao estrangeiro).
Em 2012, cada cidadão pagou só de juros da dívida pública 754 euros o que, no conjunto, equivale a 4,4 % do PIB.
Beneficiários do Rendimento Social de Inserção: 274.937 pessoas.
Salários dos principais gestores públicos em 2010:
Presidente da CGD (Faria de Oliveira) recebeu € 560.012,80 (igual a 50 anos de salário médio anual de cada português) e o seu Vice-Presidente (Francisco Bandeira) recebeu € 558.891,00, Salário anual do Governador do Banco de Portugal 243 mil Euros, Salário anual do presidente da Anacom 234 mil Euros.
Despesa total do Estado com reformas de ex-políticos e ex-governantes em 2010: 280 milhões de euros, passando a serem secretos, portanto desconhecidos os números reais desde então, por ordem do Governo e da Assembleia da República.
Toxicodependentes: 50 mil toxicodependentes em tratamento.
Criminalidade em 2012: 385.927 crimes, 22.270 crimes violentos e graves, 419 sequestros, 149 homicídios, raptos e roubos.
Portadores de HIV: 41.035.
Prostitutas e pessoas ligadas ao comércio do sexo: mais de 30.000.
Eletricidade 63% mais cara que a média da OCDE. Média da OCDE = 0,12 KVW, Portugal = € 0,17 KVW, Grécia = € 0,10 KVW, Espanha = € 0,14 KVW.
Petróleo Doméstico mais caro da Europa: Tonelada métrica em Portugal : € 386; Média da OCDE : € 333.
Gasolina com carga fiscal mais elevada da Europa, com 64% de impostos.
Gás natural mais caro da Europa : € 713; Média da OCDE : € 580 ; Grécia : € 333.


sexta-feira, 9 de maio de 2014

quinta-feira, 8 de maio de 2014

O Pedro é que abria as portas todas...


Abrir uma porta tem um significado que o povo conheçe bem, desde tempos imemoriais!

terça-feira, 6 de maio de 2014

quarta-feira, 30 de abril de 2014

O país que vivia "vida de rico" por José Pacheco Pereira, in jornal: Público de 29/03/2014


Falando num debate corporativo, Vítor Bento, economista, conselheiro de Estado, disse, no mesmo dia em que novos dados sobre a gravidade do empobrecimento dos portugueses vieram a público, que "o país empobreceu menos do que parece. O país já era pobre, vivia era com vida de rico" (…). "Criávamos a aparência de ser mais ricos".

Deixo de barato a questão do sujeito da frase, esse perverso "nós", que nos iguala a todos diante do professor com a palmatória na mão, mas volto-me para o que, nesta tese, é revelador dos discursos situacionistas dos nossos dias. Para além do desprezo e da nonchalance de falar assim do "empobrecimento" dos outros, e que tem entranhada uma condenação moralista dos maus hábitos dos portugueses, estes homens virtuosos como Vítor Bento dizem-nos coisas reveladoras. Uma é que, no actual empobrecimento, há duas razões: uma conjuntural – "teve de se ajustar a despesa para o rendimento que existe e, no processo, o rendimento caiu" –, que foi uma maçada ter acontecido; e a outra estrutural – "o resto é empobrecimento aparente, porque a riqueza também era aparente", ou seja, outra maneira de dizer que "vivíamos acima das nossas posses", que é um programa económico, social, político e… moral.

Num momento em que o conjunto de explicações simplistas e reducionistas à volta do "ajustamento" mostra os primeiros sinais de estar a perder força na sua circulação no espaço público, ele torna-se ao mesmo tempo mais defensivo e mais agressivo. Eu não menosprezo o seu sucesso mediático e a sua interiorização nas pessoas comuns, que foi e é maior do que os seus contraditores desejariam, muitas vezes como culpa, mas hoje pode-se ver como elas conduziram a um impasse quer no pensamento quer na acção. Ao passarem do imediato, da resposta quase pavloviana à bancarrota de Sócrates, para o mais longo prazo do pós-troika, elas revelaram enormes fragilidades a todos os níveis, do económico ao político.

Voltemos às teses de Vítor Bento. Elas começam por nos falar do passado e percebe-se que não é o passado imediato da actual crise. Se fossem apenas os desvarios de Sócrates, dificilmente se encontraria justificação para ir mais longe do que corrigi-los. Não, eles precisam de algo mais de fundo, para poderem fazer a revolução dos maus costumes portugueses. A coisa já vem de trás, mas desde quando? Desde quando é que os portugueses foram "ricos"? Quantos portugueses fizeram, como ele diz, "vida de rico"? Quando é que se viveu uma "riqueza que era aparente"? Em 2005, quando Sócrates começou a cortar o défice, com um aplauso hoje esquecido? Em 2004, no rápido reino de Santana Lopes quando anunciou ao Frankfurter Allgemeine que vinha aí a "retoma", o "fim da crise", a "economia a recuperar", "todos os sinais são bons" e "nova baixa de impostos"? Em 2002, quando estávamos de "tanga" e ou era ou estradas ou criancinhas? Nos anos de Guterres, onde se distribuiu o bodo (como aliás com Sócrates) aos mesmos empresários e banqueiros que louvaram esses governos com a mesma intensidade com que louvam o actual? No tempo de Cavaco Silva e dos milhões que chegavam todos os dias? Ou desde o 25 de Abril, em que se perdeu o respeito pelo ouro das caves do Banco de Portugal? Estamos a falar de Portugal?

Mas de que "riqueza" é que estamos a falar? Não é a dos ricos da Forbes. Eu sei o que é a "vida de rico" a que ele se refere, quer àquela que serve para ilustrar o moralismo do discurso, quer àquela que verdadeiramente o preocupa. Para agitar a bandeira moral, servem algumas patetices avulsas: as férias a Acapulco, os divãs da Conforama, os plasmas para ver jogos de futebol, os jipes do FEOIGA (atenção que aqui já se está a entrar por outro caminho perigoso, não vá a CAP protestar), comprar um molho numa loja gourmet para épater les bourgeois do emprego ou a bourgeoise, gastar dinheiro insensato nos centros comerciais, alguma capacidade de consumo lúdico a que pela primeira vez muitos portugueses tiveram acesso e que mostraram a marca do novo-riquismo e da silly season. Ele não se refere a isso, mas a "vida de rico" incluí também comprar o Expresso aos sábados, ter televisão por cabo, ser sócio do Benfica e ir aos jogos, ir ao restaurante de vez em quando, comer marisco, comprar livros do José Rodrigues dos Santos, ter expectativas europeias, de ser como os franceses que se vêem nos filmes, ter um carro, mandar os filhos à universidade e ser parte da muito escassa opinião pública.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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