A ideia é
aproveitar o bom momento para o turismo nacional e atrair para o país doentes
estrangeiros que queiram tratar-se nos hospitais privados nacionais. A Alemanha
será um dos principais mercados alvos, mas há outros, como o Reino Unido, França
ou os nórdicos.
Por Filomena
Lança, in Negócios de 20.09.2017
O Governo está a preparar
um conjunto de acções de promoção do turismo de saúde em Portugal e, num acordo
com a Câmara de Comércio Luso Alemã, recebe esta quinta-feira, em Lisboa uma
consultora alemã especialista em turismo de saúde.
A iniciativa integra-se
numa acção de sensibilização sobre o tema e serve também para conhecer a
experiência daquele país e lançar as bases para uma aposta nacional neste
segmento do turismo, em que Portugal está agora a dar os primeiros passos.
"Estamos no centro do
mundo e temos esperança de, à semelhança do que acontece com o turismo em
geral, aproveitar o bom momento que o país atravessa e levar o turismo de saúde
à boleia", explica José Manuel Boquinhas, coordenador do grupo de trabalho
para o turismo de saúde no Ministério da Saúde.
Este grupo foi criado em
Outubro passado e inclui representantes dos hospitais privados – quem tem a
oferta e beneficiará dos fluxos de turistas –, a Confederação do Turismo de
Portugal, a Secretaria de Estado do Turismo, o Turismo de Portugal e o Health
Cluster Portugal, que reúne público e privado e se dedica a promover a
competitividade da saúde no País nas diversas vertentes.
O mercado alemão é,
precisamente, um dos alvos a alcançar, afirma José Manuel Boquinhas. "Os
alemães vão trazer a sua experiência e o mercado alemão é muito interessante,
na medida em que exporta muito turismo e é um dos que temos assinalados".
Basicamente, fica mais barato às seguradoras alemãs mandarem os seus clientes
para serem tratados em Portugal, mesmo tendo de suportar os custos das viagens
e da estadia, admite o especialista.
"Portugal tem
uma oferta de topo em matéria de medicina, o que será fundamental."
JOSÉ MANUEL BOQUINHAS,
COORDENADOR NACIONAL PARA OS PROJECTOS INOVADORES EM SAÚDE
Por outro lado,
"Portugal tem neste momento uma oferta considerada de topo em matéria de
medicina, o que será fundamental na atracção deste tipo de turismo.
Além da Alemanha, o Governo
estuda aproximação a outros mercados, como o dos Emirados Árabes Unidos,
Qatar, Estados Unidos ou outros países europeus, como o Reino Unido, a
França ou os nórdicos, caso da Suécia, Finlândia ou Dinamarca.
"No Reino Unido, por
exemplo, o SNS é muito deficitário e há listas de espera muito grandes; em
França e em alguns países nórdicos, o país tem já sucesso junto de reformados
que passam cá uma parte do ano, um mercado que pode ser também potenciado,
acredita José Manuel Boquinhas.
Espanha é um dos
principais concorrentes
Há muito que países como a
Tailândia, a Índia ou a Turquia apostam no chamado turismo de saúde. Não só na
realização de exames, meios complementares de diagnóstico e tratamentos
propriamente ditos, mas também ao nível das cirurgias estéticas ou
do bem-estar, com os chamados SPA.
A Turquia, muito popular
entre os alemães, tem perdido quota de mercado por razões de segurança, o que
poderá ser também uma oportunidade para Portugal. Para já, os grandes
concorrentes são a Espanha, que já factura todos os anos mais de 500
milhões com turismo de saúde, a República checa e a Croácia.
Por cá, o Ministério da
Saúde criou já uma plataforma – a Medical Tourism in Portugal – direccionada
para estrangeiros e com informações sobre os grupos privados de saúde a
operar em Portugal e, em geral, sobre a oferta médica que existe no país. Além
disso, está preparada uma brochura destinada ao mercado estrangeiro e um vídeo
promocional a apresentar em breve, as "ferramentas para atacar o
mercado", remata José Manuel Boquinhas.
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