O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O TOQUE FEMININO


Aviso de antemão que esta crónica pode perturbar almas sensíveis, pelo que não é recomendável àquelas e àqueles que, na senda de Edite Estrela, acreditam tão piamente que “haverá mais paz no mundo com mais mulheres em altos cargos políticos” quanto as as senhoras do MNF tinham a crença inabalável no slogan “Angola é nossa!” Começo por uma adivinha: o que têm em comum Margaret Thatcher, Angela Merkel e Christine Lagarde? Em 1º lugar, são mulheres; em 2º lugar, têm poder; em 3º lugar, são reacionárias, se me é permitido ainda usar o termo. Recorde-se que Thatcher, autora do “no such thing as society”, é, das gtrês, embora retirada, a única com pensamento politico

articulado. Merkel limita-se a empurrar(-nos)com a barriga e Lagarde administra dinheiro alheio enquanto nos ameaça com a antiquíssima tirada de Paul Fével, “Si tu ne viens pas à Lagardère, Lagardère ira à toi!”

Entrevejo já algumas das almas sensíveis – femininas, masculinas e/ou “transgéneras” – correndo a diagnosticar-me o mal da misoginia, versão

jewish self-hatred adaptada “ao segundo sexo”. Antes que me condenem a ler de fio a pavio o livro de Cavalcanti Filho onde a “putativa homossexualidade” de Pessoa terá sido finalmente revelada, invoco em minha defesa:onde está o feminine touch de Merkel quando o Ministério da Economia do seu governo chega a propor, como solução para a crise, a formação de “zonas económicas especiais”, variante update do modelo esclavagista em exercício na China? E que dizer das declarações de Lagarde (logo ela que, enquanto funcionária internacional do FMI, não paga impostos) sobre gregos e pretinhos esfomeados do Níger que lhe partem o coração? Desculpem-me o fr

ancês: feminine touch, my ass.

Ana Cristina Leonardo, in Expresso de 02.06.012

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